J. Rubim; Jun'06
Uma coisa porreira que aconteceu na Feira Laica é que os editores que lá estavam representados tinham propostas completamente diferentes entre eles, mostrando que apesar da cena portuguesa ser pequena pelo menos é rica. Numa dessas mesas de editores estava o João Rubim a representar o seu zine Aqui no canto e a sua novidade para a Feira, o Aqui no cantinho #1, um zine de bd para crianças! O que é publicado é uma bd "underground" para crianças em que os personagens voam, vão ter com Deus que está a pescar, ... Cenas maradas que ainda por cima tem diálogos e textos que rimam: «- Moranga, que surpresa! Pensava que Deus não existia! - E au achava que no Ribatejo não havia pescaria...». Se os putos não delirarem com isto, não sei o que se passará com os putos dos dias de hoje.
Só é pena o preço exorbitante do zine que não tem mais do que 28 páginas A6 mal dobradas & agrafadas.
quarta-feira, 30 de agosto de 2006
Em Portugal o Hip hop não tem armas e putas finas...
v/a: "Sensei D apresenta Hip Hop - Estratégias de auto-evolução - Parte 1: Mixtape" (Sensei D + Breakfast; 2006)
v/a: "Horizontal Records apresenta Poesia Urbana, vol.1" (Horizontal; 2004)
Duas colectâneas, uma comprada e outra de oferta, resultado da visita à loja Low Budget situada no (abandonado) Centro Comercial Portugália. Comprei a Poesia Urbana e o simpático dono da loja ofereceu a "mix-tape" Estratégias de auto-evolução, em formato CD-R (possível de descarregar na 'net pelo link do Sensei D). O que comprei acabou por ser menos interessante que a oferta... Ao contrário da Poesia que tem os grandes cromos da cena HipHop nacional (como Sam the Kid, Fuse, Kacetado, Tekilla) em Estratégias não me parece que haja "estrelas" sendo eu leigo na cena - tirando os Factos Reais (identificados como FR) que reconheci em algumas faixas nunca ouvi falar em nenhum dos participantes. Sendo uma mix-tape (*) é natural a fluidez da sessão ou da gravação, e até os erros da improvisação. Aqui há de isso tudo e corre sinceramente bem mesmo quando haja momentos mais fracos ou imbirrantes. Consegue ser eclético com doses de Rap, Scratch, R'n'B, Ragga, discursos inflamados ou divertidos ou óbvios que batem no ceguinho ou convencidos e outros poemas. Até se ouve crioulo e francês algures nas várias faixas. Mas é sobretudo a parte instrumental que é a mais-valia desta "mix". É forte, batendo num HipHop mais "clássico" - mais som Black e old-school do que o "sinfónico foleiro samplado" que tem sido tendência nas produções dos últimos anos.
Poesia urbana também é eclético só que funciona com demasiados altos e baixos. Os altos são passantes como o Kuduro-Hop Ragga-crioulo debitado em energia ultra-veloz dos Nigga Poison que depois da faixa lamechas-paneleira de NBC ganha logo o título da "melhor música do CD". É um power aquilo! Mas dizia que este disco andava numa montanha-russa, cujo pico é atingido com a faixa de Valete que rapa a letra mais imbecil que já ouvi em 33 anos de vida!!! Nem que fosse uma brincadeira provocatória teria piada: juntar o sentimento anti-americano à barbárie Taliban é bastante estúpido e infantilóide, demonstra sobretudo uma ignorância do pior! Felizmente em contra-picado temos a Anarquia propagada por Ikonoclasta que demonstra inteligência. Ignorem Lince, outra paneleirice pegada e tirando o "verdadeiro poeta urbano" Xeg, o resto é mediano - o que em Portugal, HipHop mediano significa estar acima da média da música urbana que passa nos mass-media. A militância deste movimento e até alguma mensagem de alguns destes projectos lembram-me o dogmatismo do Hardcore Straight Edge dos anos 90... A amplitude do movimento já mostrou ser capaz de gerar génios, imbecis e talentos medianos - o retrato recente (mesmo já sendo de 2004) é este, para o melhor e para o pior.
(*) Conjunto de músicas misturadas pelo DJ para que os MC's possam cantar/rapar por cima.
v/a: "Horizontal Records apresenta Poesia Urbana, vol.1" (Horizontal; 2004)
Duas colectâneas, uma comprada e outra de oferta, resultado da visita à loja Low Budget situada no (abandonado) Centro Comercial Portugália. Comprei a Poesia Urbana e o simpático dono da loja ofereceu a "mix-tape" Estratégias de auto-evolução, em formato CD-R (possível de descarregar na 'net pelo link do Sensei D). O que comprei acabou por ser menos interessante que a oferta... Ao contrário da Poesia que tem os grandes cromos da cena HipHop nacional (como Sam the Kid, Fuse, Kacetado, Tekilla) em Estratégias não me parece que haja "estrelas" sendo eu leigo na cena - tirando os Factos Reais (identificados como FR) que reconheci em algumas faixas nunca ouvi falar em nenhum dos participantes. Sendo uma mix-tape (*) é natural a fluidez da sessão ou da gravação, e até os erros da improvisação. Aqui há de isso tudo e corre sinceramente bem mesmo quando haja momentos mais fracos ou imbirrantes. Consegue ser eclético com doses de Rap, Scratch, R'n'B, Ragga, discursos inflamados ou divertidos ou óbvios que batem no ceguinho ou convencidos e outros poemas. Até se ouve crioulo e francês algures nas várias faixas. Mas é sobretudo a parte instrumental que é a mais-valia desta "mix". É forte, batendo num HipHop mais "clássico" - mais som Black e old-school do que o "sinfónico foleiro samplado" que tem sido tendência nas produções dos últimos anos.
Poesia urbana também é eclético só que funciona com demasiados altos e baixos. Os altos são passantes como o Kuduro-Hop Ragga-crioulo debitado em energia ultra-veloz dos Nigga Poison que depois da faixa lamechas-paneleira de NBC ganha logo o título da "melhor música do CD". É um power aquilo! Mas dizia que este disco andava numa montanha-russa, cujo pico é atingido com a faixa de Valete que rapa a letra mais imbecil que já ouvi em 33 anos de vida!!! Nem que fosse uma brincadeira provocatória teria piada: juntar o sentimento anti-americano à barbárie Taliban é bastante estúpido e infantilóide, demonstra sobretudo uma ignorância do pior! Felizmente em contra-picado temos a Anarquia propagada por Ikonoclasta que demonstra inteligência. Ignorem Lince, outra paneleirice pegada e tirando o "verdadeiro poeta urbano" Xeg, o resto é mediano - o que em Portugal, HipHop mediano significa estar acima da média da música urbana que passa nos mass-media. A militância deste movimento e até alguma mensagem de alguns destes projectos lembram-me o dogmatismo do Hardcore Straight Edge dos anos 90... A amplitude do movimento já mostrou ser capaz de gerar génios, imbecis e talentos medianos - o retrato recente (mesmo já sendo de 2004) é este, para o melhor e para o pior.
(*) Conjunto de músicas misturadas pelo DJ para que os MC's possam cantar/rapar por cima.
quarta-feira, 23 de agosto de 2006
Outros baratos #1
Baratos do Ribeiro; Inverno'06
A visita mensal à loja de discos Carbono revelou-me este título no molho de publicações gratuitas. Do que vem do Brasil não é só xungaria e Festas de Forró-Beer, pelos vistos, também vai passar a ser distribuído a sua cultura alternativa. Editado por um "sebo" (alfarrabista em português do Brazzzil), situado no Rio de Janeiro, tem o formato e tipo de papel parecido com outros zines brasileiros que já vi (o Orbe que participou no Mutate & Survive ou o Tarja Negra). O conteúdo deste zine é mais virado para a literatura, ainda que um bocado ingénuo na maior parte dos textos - embora seja forte a dedicação e ética DIY. Destaco os seguintes textos sobre a editora Editio Princeps, a "Carta a Charlie Chaplin" de Peter Orlowsky e Allen Ginsberg, o conto "Moisés, o atravessador de ruas" (*) de Fernando Gerheim e a conversa entre dono de "sebos" e lojas virtuais de livros.
Gostei da designação "órfão" para a música "independente" (actualmente insuficiente) e "alternativa" (ingénuo) que Maurício Gouveia usa num texto sobre a programação musical no "sebo".
A atitude destes lojistas é de salutar e é um exemplo a seguir para muitos sebentos que andam por cá em Portugal.
3,4
* Não sei até que ponto é verdade este conto... trata de um desporto radical urbano brasileiro de atravessar avenidas plenas de carros a alta velocidade!!!
A visita mensal à loja de discos Carbono revelou-me este título no molho de publicações gratuitas. Do que vem do Brasil não é só xungaria e Festas de Forró-Beer, pelos vistos, também vai passar a ser distribuído a sua cultura alternativa. Editado por um "sebo" (alfarrabista em português do Brazzzil), situado no Rio de Janeiro, tem o formato e tipo de papel parecido com outros zines brasileiros que já vi (o Orbe que participou no Mutate & Survive ou o Tarja Negra). O conteúdo deste zine é mais virado para a literatura, ainda que um bocado ingénuo na maior parte dos textos - embora seja forte a dedicação e ética DIY. Destaco os seguintes textos sobre a editora Editio Princeps, a "Carta a Charlie Chaplin" de Peter Orlowsky e Allen Ginsberg, o conto "Moisés, o atravessador de ruas" (*) de Fernando Gerheim e a conversa entre dono de "sebos" e lojas virtuais de livros.
Gostei da designação "órfão" para a música "independente" (actualmente insuficiente) e "alternativa" (ingénuo) que Maurício Gouveia usa num texto sobre a programação musical no "sebo".
A atitude destes lojistas é de salutar e é um exemplo a seguir para muitos sebentos que andam por cá em Portugal.
3,4
* Não sei até que ponto é verdade este conto... trata de um desporto radical urbano brasileiro de atravessar avenidas plenas de carros a alta velocidade!!!
terça-feira, 22 de agosto de 2006
Inguine @ Lisbon
Até dia 8 de Outubro está patente a exposição “Banda Desenhada política: esboços sobre a realidade por Gianluca Costantini” na (biblioteca da) Bedeteca de Lisboa.
Gianluca Costantini nasceu 1971, é Director de Arte da revista inguineMAH!gazine, é autor de bd underground, mas também é comissário de várias exposições (como as do Joe Sacco e Marjane Satrapi) e web-designer. O projecto “Political Comics” é um dos projectos que lançou na internet que será publicado na forma de livro em breve. O autor participou na antologia internacional de bd e ilustração, Mutate & Survive.
Inguine começou em Itália em 2001 como um site e depois como uma revista, em 2003. É um contentor de bd’s, imagens, poesia e palavras. É a evolução natural das experiências feitas com a bd e a sua relação com a web. Convictos das suas potencialidades enquanto autores de vanguarda, não tem havido limites de linguagens para este colectivo: música, VJ’s, arte digital, filmes de animação e projectos para exposições.
Alguns autores são conhecidos outros não. Alguns tem reconhecimento internacional, outros não. Algumas histórias são inéditas, outras não – foram editadas pela primeira vez na web. Alguns números são temáticos como o ultimo sobre Mussolini, o #3 sobre os EUA, ou outro sobre a Máfia, publicada durante o Festival Comicon (Nápoles) e distribuído durante as eleições na Sicília.
Gianluca Costantini nasceu 1971, é Director de Arte da revista inguineMAH!gazine, é autor de bd underground, mas também é comissário de várias exposições (como as do Joe Sacco e Marjane Satrapi) e web-designer. O projecto “Political Comics” é um dos projectos que lançou na internet que será publicado na forma de livro em breve. O autor participou na antologia internacional de bd e ilustração, Mutate & Survive.
Inguine começou em Itália em 2001 como um site e depois como uma revista, em 2003. É um contentor de bd’s, imagens, poesia e palavras. É a evolução natural das experiências feitas com a bd e a sua relação com a web. Convictos das suas potencialidades enquanto autores de vanguarda, não tem havido limites de linguagens para este colectivo: música, VJ’s, arte digital, filmes de animação e projectos para exposições.
Alguns autores são conhecidos outros não. Alguns tem reconhecimento internacional, outros não. Algumas histórias são inéditas, outras não – foram editadas pela primeira vez na web. Alguns números são temáticos como o ultimo sobre Mussolini, o #3 sobre os EUA, ou outro sobre a Máfia, publicada durante o Festival Comicon (Nápoles) e distribuído durante as eleições na Sicília.
terça-feira, 1 de agosto de 2006
Mollusk - encyclopedia de Bongoût 01
Bongoût; Nov'05
Sem publicidade, (muito bem) impresso em papel amigo do ambiente, bilingue (inglês e francês), esta é a revista que faltava para deleite dos nossos olhos sedentos de Arte visual sem inibições do establishment cultural que só nos oferece, pelo menos cá em Portugal, modinhas já fora de moda ou trabalhos resultantes de favores sexuais (e não exagero por mais que venham dizer o contrário, auf auf rrrrrrrrrrrg).
É fácil verificar: a) abre-se uma janela para o Google ("Google imagens" facilita ainda mais!), e b) faz-se um "cut'n'paste" deste nomes: Moolinex, Karin Granstrand, Brent Wadden, Zeloot, Eileen Wunderlich, Keith G Herzik, Dave 2000, Antoine Bernhart, Dat Politics, Tetsunori Tawaraya, Kristoffer Busch, Eugene Kerozen, Miron Zownir, Nick Garrard, Jorge Alderete (este faço link directo porque até o sei de cor) e Sérigraphie Populaire - mais uma pequena investigação sobre os cartazes de filmes cubanos que é para uma pré-comemoração-anti-castro-666. Depois digam o que acham...
Claro que melhor que ver coisas giras na 'net, o melhor ainda é vê-las em papel, com um grafismo sem defeitos que mete as revistas das novas tendências onde elas deveriam estar: no rabinho. Concisa como esta resenha, Amén!
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Sem publicidade, (muito bem) impresso em papel amigo do ambiente, bilingue (inglês e francês), esta é a revista que faltava para deleite dos nossos olhos sedentos de Arte visual sem inibições do establishment cultural que só nos oferece, pelo menos cá em Portugal, modinhas já fora de moda ou trabalhos resultantes de favores sexuais (e não exagero por mais que venham dizer o contrário, auf auf rrrrrrrrrrrg).
É fácil verificar: a) abre-se uma janela para o Google ("Google imagens" facilita ainda mais!), e b) faz-se um "cut'n'paste" deste nomes: Moolinex, Karin Granstrand, Brent Wadden, Zeloot, Eileen Wunderlich, Keith G Herzik, Dave 2000, Antoine Bernhart, Dat Politics, Tetsunori Tawaraya, Kristoffer Busch, Eugene Kerozen, Miron Zownir, Nick Garrard, Jorge Alderete (este faço link directo porque até o sei de cor) e Sérigraphie Populaire - mais uma pequena investigação sobre os cartazes de filmes cubanos que é para uma pré-comemoração-anti-castro-666. Depois digam o que acham...
Claro que melhor que ver coisas giras na 'net, o melhor ainda é vê-las em papel, com um grafismo sem defeitos que mete as revistas das novas tendências onde elas deveriam estar: no rabinho. Concisa como esta resenha, Amén!
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