sábado, 30 de setembro de 2006
Túbaros bells
Samuel Jerónimo: "Rima" (Ed. autor + Thisco; 2006)
Se no disco de estreia, Redra andra endre de fase (Thisco; 2004), Samuel Jerónimo surpreendeu muita gente com o seu minimal-repetitivo cheio de energia e saúde, não sei qual será a reacção a este recente Rima. Já em Symptom of thisease (Thisco; 2005) onde assina a melhor faixa da colectânea sob o cognome de Bio havia pistas do que poderia a acontecer a seguir, ou seja, a aproximação às composições electrónicas ambientais soturnas. O que é estranho em Rima é que o próprio disco é assumido como bipolar: é composto por duas peças (Verso 1 e 3) que são ambientais electrónicas e duas outras (Verso 2 e 4) que são composições para órgão de estética clássica - digo eu, perfeito ignorante nas questões desse género-monstro que é a Música Erudita.
Intelectualmente, Jerónimo assina um texto sobre o seu trabalho, em que assume a vontade de materializar a sua opinião sobre as questões do modernismo e outros ismos tentando confrontar o modernismo (passado-presente) com o pós-modernismo (presente-futuro), o que por si só parece um pântano fedorento de ideias e de discussão pela forma como o autor consegue ser tão confiante sobre as definições do tempo - o que é o passado? Ou o que é o tempo? Por que raios o pós-modernismo terá de ser chancelado como "presente-futuro" - quando este se atira a uma entropia voraz dos símbolos e das ideias? Seja como for o que Jerónimo pretendia, conseguiu atingir, todo o disco é assumidamente uma cisão do moderno com o antigo e não uma fusão, em que as duas peças de carne (não) se complementam com as duas outras de peixe. As peças de órgão são estridentes e irritantes tal como se um gajo fosse parar à casa da avô lá na aldeia e tivesse de ouvir música de igreja na rádio sem poder mudar de canal. Os ambientes electrónicos são interessantes mas tenho sérias dúvidas de conseguir ouvir este disco como um "todo" sem ficar irritado com alguns Versos...
A nível gráfico estamos perante uma das melhores produções dessa editora eternamente e injustamente ignorada que é a Thisco. A pintura orgánica-psicadélica de Ricardo Pacheco dá uma bela capa.
Se no disco de estreia, Redra andra endre de fase (Thisco; 2004), Samuel Jerónimo surpreendeu muita gente com o seu minimal-repetitivo cheio de energia e saúde, não sei qual será a reacção a este recente Rima. Já em Symptom of thisease (Thisco; 2005) onde assina a melhor faixa da colectânea sob o cognome de Bio havia pistas do que poderia a acontecer a seguir, ou seja, a aproximação às composições electrónicas ambientais soturnas. O que é estranho em Rima é que o próprio disco é assumido como bipolar: é composto por duas peças (Verso 1 e 3) que são ambientais electrónicas e duas outras (Verso 2 e 4) que são composições para órgão de estética clássica - digo eu, perfeito ignorante nas questões desse género-monstro que é a Música Erudita.
Intelectualmente, Jerónimo assina um texto sobre o seu trabalho, em que assume a vontade de materializar a sua opinião sobre as questões do modernismo e outros ismos tentando confrontar o modernismo (passado-presente) com o pós-modernismo (presente-futuro), o que por si só parece um pântano fedorento de ideias e de discussão pela forma como o autor consegue ser tão confiante sobre as definições do tempo - o que é o passado? Ou o que é o tempo? Por que raios o pós-modernismo terá de ser chancelado como "presente-futuro" - quando este se atira a uma entropia voraz dos símbolos e das ideias? Seja como for o que Jerónimo pretendia, conseguiu atingir, todo o disco é assumidamente uma cisão do moderno com o antigo e não uma fusão, em que as duas peças de carne (não) se complementam com as duas outras de peixe. As peças de órgão são estridentes e irritantes tal como se um gajo fosse parar à casa da avô lá na aldeia e tivesse de ouvir música de igreja na rádio sem poder mudar de canal. Os ambientes electrónicos são interessantes mas tenho sérias dúvidas de conseguir ouvir este disco como um "todo" sem ficar irritado com alguns Versos...
A nível gráfico estamos perante uma das melhores produções dessa editora eternamente e injustamente ignorada que é a Thisco. A pintura orgánica-psicadélica de Ricardo Pacheco dá uma bela capa.