v/a: "BTLS.cvrs.rwks" (F. Leote; 2006)
Primeiro havia Jesus, depois vieram os Beatles, e ao que parece entretanto vieram os Oasis e os Arcade Fire sabe-se lá porquê... Deste grupo sem dúvida que os Beatles são os mais interessantes (Jesus não deixou registos fonográficos... e dos outros: "sem comentários") a julgar por esta compilação que junta versões e reconstruções das músicas dos "Fab Four"...
Esta compilação deve ter sido feito num Soulseek ou algo assim, foi colocada "beatles covers" no "procurar" e... pimba! Ao contrário das compilações limpinhas de "covers" de uma Mojo, esta é feita sobretudo com as versões dos "perdidos da História" como gajas que cantam em falsete (Cathy Berberian, Tiny Tim), concurso de talentos escolares (Tangley School), um fadista (sem creditação - um anónimo que pagaremos a peso de ouro pelo seu nome) com alguns sérios problemas de inglês no "Hey Jude" (hilariante!), malta mais dada para a dança seja funk-soul ou electro-disco (Shirley Scott & the Souls Saxes, Cassetteboy/Hylda Baker, Cristina)... Mas também há nomes sonantes como Buttholes Surfers (muito boa quando eles também eram muito bons), Siouxie & the Banshees, Cornershop, Residents, Daniel Johnson, Feelies e Chris Eckman (dos Walkabouts) cada um no seu tom e estilo. Há ainda o polémico plunderphonic John Oswald que (des)constroi os de Liverpool.
A melhor versão de sempre é a "She loves you" de Peter Sellers a recitar a letra em tom de alemão nazi - mesmo de chorar por mais!
terça-feira, 26 de dezembro de 2006
domingo, 24 de dezembro de 2006
Incentivando a Pirataria em duplicado
Psychic TV [Splinter Test]: "Electric Newspapers - Issue 1-4" (F.Leote; 2006)
Os Electric Newspapers foram projectados pelos Psychic TV (fase Genesis P-Orridge e Larry Trasher, 1994-1997) usando outra designação, os Splinter Test, para servir vários propósitos. O mais egoísta foi para guardar samplers não utilizados pela banda após o trauma do incêndio de uma mansão Houdini (de Rick Rubin) que destruiu toda a sua colecção de samplers e colocou em risco a vida de P-Orridge; e o mais altruísta, oferecer ao mundo samplers que possam ser usados por quem quiser para fazer nova música. F. Leote compilou os únicos quatro "números" (originalmente projectados como seis volumes) desta série fonográfica para um CD-R.
Verdadeiro catálogo (desorganizado) de sons aleatórios, ouve-se de forma agradável e eclética, sons atrás de sons sem que isso seja uma má experiência non-sense. Desde de um órgão ácido de estilo Mod ao Voodoo de Exuma, guitarradas a percussões industriais, loops a vozes com ou sem manifesto político, linhas de baixo ou batidas electrónicas,... E por fim uma interessante entrevista de P-Orridge a favor do anti-copyright da Música e da Arte. Algo foi remontado em 5 faixas pelo Leote (alguns "números" tinham 90 faixas!) mas não sei o quê /como - espero que o Leote edite um CD-R com manipulações sonoras deste material!
Os Electric Newspapers foram projectados pelos Psychic TV (fase Genesis P-Orridge e Larry Trasher, 1994-1997) usando outra designação, os Splinter Test, para servir vários propósitos. O mais egoísta foi para guardar samplers não utilizados pela banda após o trauma do incêndio de uma mansão Houdini (de Rick Rubin) que destruiu toda a sua colecção de samplers e colocou em risco a vida de P-Orridge; e o mais altruísta, oferecer ao mundo samplers que possam ser usados por quem quiser para fazer nova música. F. Leote compilou os únicos quatro "números" (originalmente projectados como seis volumes) desta série fonográfica para um CD-R.
Verdadeiro catálogo (desorganizado) de sons aleatórios, ouve-se de forma agradável e eclética, sons atrás de sons sem que isso seja uma má experiência non-sense. Desde de um órgão ácido de estilo Mod ao Voodoo de Exuma, guitarradas a percussões industriais, loops a vozes com ou sem manifesto político, linhas de baixo ou batidas electrónicas,... E por fim uma interessante entrevista de P-Orridge a favor do anti-copyright da Música e da Arte. Algo foi remontado em 5 faixas pelo Leote (alguns "números" tinham 90 faixas!) mas não sei o quê /como - espero que o Leote edite um CD-R com manipulações sonoras deste material!
sábado, 23 de dezembro de 2006
Bíblia #25
T. Gomes; Nov'06?
É triste repetir a mesma lenga-lenga mas é o que se pode fazer pela Bíblia, a revista de arte-a-rodos e rodízio de literatura. Perdeu a garra dos primeiros 8 números, arrasta-se desde então, onde com sorte num número ainda podemos encontrar um trabalho interessante no meio de páginas e páginas de criação sem talento ou piada...
O seu editor Tiago Gomes devia puxar pelas pessoas para trabalharem e não devia mendigar para darem trabalho. Ainda assim, é incrível que a revista continue quando o apoio à Cultura de meios pequenos é cada vez mais reduzido. Como as baratas, a Bíblia talvez sobreviva a um holocausto nuclear mas como sabemos, ninguém gosta de baratas. Enfim...
PS
Entretanto, espreitei o #21 e não me pareceu mal (em relação aos últimos números), tinha até um autor de bd da Canicola...
2,8
É triste repetir a mesma lenga-lenga mas é o que se pode fazer pela Bíblia, a revista de arte-a-rodos e rodízio de literatura. Perdeu a garra dos primeiros 8 números, arrasta-se desde então, onde com sorte num número ainda podemos encontrar um trabalho interessante no meio de páginas e páginas de criação sem talento ou piada...
O seu editor Tiago Gomes devia puxar pelas pessoas para trabalharem e não devia mendigar para darem trabalho. Ainda assim, é incrível que a revista continue quando o apoio à Cultura de meios pequenos é cada vez mais reduzido. Como as baratas, a Bíblia talvez sobreviva a um holocausto nuclear mas como sabemos, ninguém gosta de baratas. Enfim...
PS
Entretanto, espreitei o #21 e não me pareceu mal (em relação aos últimos números), tinha até um autor de bd da Canicola...
2,8
quinta-feira, 21 de dezembro de 2006
Toing! Toing!
Mais ressaca Laica, esta mais virada para os campos experimentais.
Começo com o horror sónico de Resonant objects (Sirr-ecords; 2005) de André Gonçalves & Kenneth Kirschner. A explicação do projecto está neste link - objectos suspensos ressoam e esse som é processado - o resultado é puro "white noise" irritante durante 50 e tal minutos, em que o único momento de interesse é quando ao minuto 36 um tipo do público tosse - e mais tarde outro - dando um sentimento monty-pythiano à coisa. Serve este CD para registro da performance de uma exploração sonora, de resto também serve para irritar os vizinhos brasileiros ao fim-de-semana, o que é bom...
Dissolution (Fario; 2005) de Troum e Christian Renou enquadra-se na veia ambiental electrónica criadora de ligeiras opressões anti-new-age, drones misturados com restos de industralismo poético e que se prolongam por uma hora fantasmagórica. O francês Christian Renou inicia o "caminho para o céu", o alemão Troum acompanha-o nesse caminho até concluir a obra com uma peça de 27 minutos, IN-GALEIKON. Nada de novo para quem já tiver Coil na sua colecção de discos. De salientar a agradável embalagem (simples cartão dobrado e impresso com imagens fotográficas, formato ao alto) que me fez comprar o produto via Thisco.
Uma das pessoas com quem gostei falar na Laica foi o Nuno Moita, da editora de "freelectronica" Grain of Sound, pessoa bastante simpática e que me ofereceu dois CD's da "série mutante". A ideia principal é pegar numa peça com pouco tempo de duração, como o 747 de Noto ou Creamy burst de Rafael Toral, e usá-la para criar uma maior - mas tendo exclusivamente os sons da peça original como matéria-prima. Assim Etch, PL, Draftank e João Castro Pinto originam One mutant minute: based on Noto's 747 (Grain of Sound; 2003) enquanto Richard Chartier, Ent, Ian Epps, John Kannenberg, Stapletape, @C, Kim Cascone, Sawako, Blake Stickland, Pita e Allto exploram "35 mutant seconds: based on Rafael Toral's Creamy Burst (Grain of Sound + Baskaru + Fonoteca de Lisboa; 2005). No primeiro caso a maior partes da (re)composições assumem em média 15 minutos de duração, o que não deixa de ser curioso se a peça original só tem 1 minuto. Em regra, os sons são "minimalistas" e "concretos", ruídos de quotidiano electrónico alinhados em repetição estática. João Castro Pinto revela-se o mais audaz sacando um ritmo (funcional) seguído de ambientes (de) líquidos e Noise. O segundo CD, tem maiores variações de tempo (dos 3m aos 8m) e começa com a peça original do Rafael Toral para podermos comparar - o que é uma boa ideia! Mais próximo do conceito de "landscape" electro-acústico (a marca de Toral é difícil de suprimir) mas ainda assim há mais "biodiversidade" neste disco do que no primeiro: da barulheira à melodia, do white noise aos blips soluçados, do silêncio à irritação auditiva...
A Grain, além de editora de discos e uma revista PDF, Sonic Scope Quarterly, ainda organiza um festival de Freelectronica e Improv. Sonic Scope 04: the portable edition (Grain of Sound + Fonoteca; 2004) é a "versão caseira e transportável" da edição de 2004 onde vamos encontrar ainda mais ecletismo em relação às antologias já referidas. Além das experimentações & improvisações electrónicas que entram em óbvias referências e situações já ouvidas noutros sítios - é estranho falar em Música Experimental quando se seguem cânones - entram também projectos menos ortodoxos como as "baladinhas com loops" de Audiopixel (o mais sofisiticado), Davide Balula e The Patriotic Sunday, verdadeiros nenúfares depois da asfixia no lago do transístores torturados, acabando com beats contidos dos The Producers. Dos 18 projectos que enchem este CD destaco ainda Soundtrap, por nenhum motivo especial...
Começo com o horror sónico de Resonant objects (Sirr-ecords; 2005) de André Gonçalves & Kenneth Kirschner. A explicação do projecto está neste link - objectos suspensos ressoam e esse som é processado - o resultado é puro "white noise" irritante durante 50 e tal minutos, em que o único momento de interesse é quando ao minuto 36 um tipo do público tosse - e mais tarde outro - dando um sentimento monty-pythiano à coisa. Serve este CD para registro da performance de uma exploração sonora, de resto também serve para irritar os vizinhos brasileiros ao fim-de-semana, o que é bom...
Dissolution (Fario; 2005) de Troum e Christian Renou enquadra-se na veia ambiental electrónica criadora de ligeiras opressões anti-new-age, drones misturados com restos de industralismo poético e que se prolongam por uma hora fantasmagórica. O francês Christian Renou inicia o "caminho para o céu", o alemão Troum acompanha-o nesse caminho até concluir a obra com uma peça de 27 minutos, IN-GALEIKON. Nada de novo para quem já tiver Coil na sua colecção de discos. De salientar a agradável embalagem (simples cartão dobrado e impresso com imagens fotográficas, formato ao alto) que me fez comprar o produto via Thisco.
Uma das pessoas com quem gostei falar na Laica foi o Nuno Moita, da editora de "freelectronica" Grain of Sound, pessoa bastante simpática e que me ofereceu dois CD's da "série mutante". A ideia principal é pegar numa peça com pouco tempo de duração, como o 747 de Noto ou Creamy burst de Rafael Toral, e usá-la para criar uma maior - mas tendo exclusivamente os sons da peça original como matéria-prima. Assim Etch, PL, Draftank e João Castro Pinto originam One mutant minute: based on Noto's 747 (Grain of Sound; 2003) enquanto Richard Chartier, Ent, Ian Epps, John Kannenberg, Stapletape, @C, Kim Cascone, Sawako, Blake Stickland, Pita e Allto exploram "35 mutant seconds: based on Rafael Toral's Creamy Burst (Grain of Sound + Baskaru + Fonoteca de Lisboa; 2005). No primeiro caso a maior partes da (re)composições assumem em média 15 minutos de duração, o que não deixa de ser curioso se a peça original só tem 1 minuto. Em regra, os sons são "minimalistas" e "concretos", ruídos de quotidiano electrónico alinhados em repetição estática. João Castro Pinto revela-se o mais audaz sacando um ritmo (funcional) seguído de ambientes (de) líquidos e Noise. O segundo CD, tem maiores variações de tempo (dos 3m aos 8m) e começa com a peça original do Rafael Toral para podermos comparar - o que é uma boa ideia! Mais próximo do conceito de "landscape" electro-acústico (a marca de Toral é difícil de suprimir) mas ainda assim há mais "biodiversidade" neste disco do que no primeiro: da barulheira à melodia, do white noise aos blips soluçados, do silêncio à irritação auditiva...
A Grain, além de editora de discos e uma revista PDF, Sonic Scope Quarterly, ainda organiza um festival de Freelectronica e Improv. Sonic Scope 04: the portable edition (Grain of Sound + Fonoteca; 2004) é a "versão caseira e transportável" da edição de 2004 onde vamos encontrar ainda mais ecletismo em relação às antologias já referidas. Além das experimentações & improvisações electrónicas que entram em óbvias referências e situações já ouvidas noutros sítios - é estranho falar em Música Experimental quando se seguem cânones - entram também projectos menos ortodoxos como as "baladinhas com loops" de Audiopixel (o mais sofisiticado), Davide Balula e The Patriotic Sunday, verdadeiros nenúfares depois da asfixia no lago do transístores torturados, acabando com beats contidos dos The Producers. Dos 18 projectos que enchem este CD destaco ainda Soundtrap, por nenhum motivo especial...
PS - de referir o óptimo trabalho de fotografia de Nuno Moita (também responsável pelas fotos do CD de André Gonçalves & Kenneth Kirschner)
Por fim, ainda temos Calenda (Rudimentol; 2006) que é mais um CD de barulheira e outros poemas Improv com um conceito engraçado de ter sido dado a cada participante uma faixa que representa um mês do ano. Sendo assim temos então 12 faixas com 12 autores: F.Leote, nalalana, Guilherme Proença, Miguel Cabral (mentor deste projecto, bem como do Nevermet Ensemble, dono desta interessante editora e que em tempos editou um zine de bd!), Rodrigo Magalhães, Iff + Travassos, Paulo Razoável + João Matos, Frango, Miguel Leiria Pereira, Pedro Alçada, João Silva + Carlos Santos e Emídio Buchinho. Como o projecto é apresentado: «um calendário ilustrado com as visões de vários autores sobre cada mês do ano. Da electrónica, passando pelos instrumentos convencionais, eléctricos e acústicos, até à samplagem ou às gravações de ambientes, tudo cabe neste calendário. Uma viagem sonora ao longo de um ano. Do ano que quisermos.» A faixa que gostei mais foi do F.Leote - não só porque o gajo é fixe! O Leote é fixe! - mas porque consegue fazer Noise com humor!
Por fim, ainda temos Calenda (Rudimentol; 2006) que é mais um CD de barulheira e outros poemas Improv com um conceito engraçado de ter sido dado a cada participante uma faixa que representa um mês do ano. Sendo assim temos então 12 faixas com 12 autores: F.Leote, nalalana, Guilherme Proença, Miguel Cabral (mentor deste projecto, bem como do Nevermet Ensemble, dono desta interessante editora e que em tempos editou um zine de bd!), Rodrigo Magalhães, Iff + Travassos, Paulo Razoável + João Matos, Frango, Miguel Leiria Pereira, Pedro Alçada, João Silva + Carlos Santos e Emídio Buchinho. Como o projecto é apresentado: «um calendário ilustrado com as visões de vários autores sobre cada mês do ano. Da electrónica, passando pelos instrumentos convencionais, eléctricos e acústicos, até à samplagem ou às gravações de ambientes, tudo cabe neste calendário. Uma viagem sonora ao longo de um ano. Do ano que quisermos.» A faixa que gostei mais foi do F.Leote - não só porque o gajo é fixe! O Leote é fixe! - mas porque consegue fazer Noise com humor!
quarta-feira, 20 de dezembro de 2006
«Dentes de ouro e flow de platina»
Eis uma ressaca sonora da 5ª Feira Laica, que reuniu algumas das principais editoras de livros, zines e discos. É impossível não afirmar que dada à recessão da indústria fonográfica (auto-infligida, nunca esqueçamos!) são as pequenas editoras que tem feito o trabalho todo de apostar em novos nomes e tendências nacionais com boas edições e artistas interessantes ou projectos coerentes. O que é «Nacional é bom!» é um obtuso dogma - diria antes que na maior parte dos casos que «não é mau» - e enquanto estes editores não venderem discos de platina como os bostas dos "David Fonseca's & Mariza's" merecem todo o nosso respeito por arriscarem capital em excelentes discos - muitas vezes a música é capaz de não maravilhar mas como objectos são sempre bastante cuidados e bonitos, o mesmo não se pode dizer das "majors" em que a música e a embalagem são igualmente vulgares.
Começo pela colectânea Bota'sentido! 1995-2014 (Matarroa; 2006) que foi lançada para comemorar os 5 anos de existência da editora de Hip Hop Matarroa. Hip Hop? Não só, na realidade a editora tem apostado em mestiçagens de sons Black através da edição de artistas angolanos (Verbal, Crewcial, Conjunto Ngonguenha) e ritmos jamaicanos (Prince Wadada, Bezegol) em que se ouve crioulo (Factos Reais) ou a "pronúncia do Norte (MataZoo).
Para uma colectânea de comemoração - em que os limites temporais foram esticados para a pré-história da editora e para o futuro - temos uma selecção um bocado preguiçosa (não há raridades ou versões alternativas) nem bota-tanto-sentido-como-isso (nem tudo o que foi editado é reapreciado). Realmente parece que o que se ouve aqui é pensado para 2014 e não para 1995. A tendência da Matarroa é cada vez mais o Reggae / Dancehall / Ragga do que propriamente o Hip Hop - parece-me! Entretanto as escolhas de Hip Hop neste disco (curiosamente) tratam mais de temas sobre gajas e noitadas do que as habituais diatribes da cena - embora também haja no tema (sacado para o título deste "post") de Pródigo & Virus. Faixa porreira é do(s) Nerve com uns samples Jazz bem esgalhados. O futuro são fumaradas jamaicanas o que me deixa curioso do que vai ser a Matarroa de futuro... PS: e como sempre: excelente trabalho gráfico do Chemega.
No campo do Rock pesado (Metal, Hardcore), o especialista do momento é a Raging Planet do qual a última novidade é o álbum Volume II: The hollow dos More than a Thousand. Após um CD-EP de estreia com um título engraçado como Trailers are always more exciting than movies (Raging Planet; 2004) dá vontade de dizer que o segundo registo desta banda Emocore deveria ser Don't judge a record by it cover porque é a melhor capa dos discos da Raging (que o Zamith me perdoe!) autoria do norte-americano Sam Weber mas sem o correspondente musical. Igual a mil e uma bandas do género Emocore - tipo as últimas edições da Victory - com tudo certinho e no lugar, melodioso & orelhudo até à medula, sem emoção apesar das letras serem consideradas "negras", voz plástica e aborrecida como o mundo ocidental... Não temos aqui nem Lynch ou o selecionado do ano do Festival de Sundance mas sim um filme vindo de Holywood com tudo previsível do príncipio ao fim. Foda-se, o que se passa com os putos de hoje?
Surpresa foi a edição de Sucess in cheap prices (Bor Land; 2006) do projecto Most people have been trained to be bored, aka, Gustavo Costa, aka, papa-bandas e colaborações (Genocide, Stealing Orchestra, Três Tristes Tigres, John Zorn, ...) . Este novo projecto começa com Noise inesperado - da Bor Land espera-se as melodias-mais-melodias de índios e alt.countreiros - e revela-se pelos campos do Improv electro-acústico, Jazz não-purista, Glitch e lixo sónico cheio de fantasmas, ready-mades e peças de composição clássica contemporânea entre outras mil-e-uma fontes. O que se sente ao ouvir todo o álbum é que se concentrou quase todos restos mortais das vanguardas do século XX sem nunca parecer colocá-lo num cânone. Música Experimental? Sem dúvida, agora se começarem com as sub-variações, a coisa complica-se e ainda bem.
Começo pela colectânea Bota'sentido! 1995-2014 (Matarroa; 2006) que foi lançada para comemorar os 5 anos de existência da editora de Hip Hop Matarroa. Hip Hop? Não só, na realidade a editora tem apostado em mestiçagens de sons Black através da edição de artistas angolanos (Verbal, Crewcial, Conjunto Ngonguenha) e ritmos jamaicanos (Prince Wadada, Bezegol) em que se ouve crioulo (Factos Reais) ou a "pronúncia do Norte (MataZoo).
Para uma colectânea de comemoração - em que os limites temporais foram esticados para a pré-história da editora e para o futuro - temos uma selecção um bocado preguiçosa (não há raridades ou versões alternativas) nem bota-tanto-sentido-como-isso (nem tudo o que foi editado é reapreciado). Realmente parece que o que se ouve aqui é pensado para 2014 e não para 1995. A tendência da Matarroa é cada vez mais o Reggae / Dancehall / Ragga do que propriamente o Hip Hop - parece-me! Entretanto as escolhas de Hip Hop neste disco (curiosamente) tratam mais de temas sobre gajas e noitadas do que as habituais diatribes da cena - embora também haja no tema (sacado para o título deste "post") de Pródigo & Virus. Faixa porreira é do(s) Nerve com uns samples Jazz bem esgalhados. O futuro são fumaradas jamaicanas o que me deixa curioso do que vai ser a Matarroa de futuro... PS: e como sempre: excelente trabalho gráfico do Chemega.
No campo do Rock pesado (Metal, Hardcore), o especialista do momento é a Raging Planet do qual a última novidade é o álbum Volume II: The hollow dos More than a Thousand. Após um CD-EP de estreia com um título engraçado como Trailers are always more exciting than movies (Raging Planet; 2004) dá vontade de dizer que o segundo registo desta banda Emocore deveria ser Don't judge a record by it cover porque é a melhor capa dos discos da Raging (que o Zamith me perdoe!) autoria do norte-americano Sam Weber mas sem o correspondente musical. Igual a mil e uma bandas do género Emocore - tipo as últimas edições da Victory - com tudo certinho e no lugar, melodioso & orelhudo até à medula, sem emoção apesar das letras serem consideradas "negras", voz plástica e aborrecida como o mundo ocidental... Não temos aqui nem Lynch ou o selecionado do ano do Festival de Sundance mas sim um filme vindo de Holywood com tudo previsível do príncipio ao fim. Foda-se, o que se passa com os putos de hoje?
Surpresa foi a edição de Sucess in cheap prices (Bor Land; 2006) do projecto Most people have been trained to be bored, aka, Gustavo Costa, aka, papa-bandas e colaborações (Genocide, Stealing Orchestra, Três Tristes Tigres, John Zorn, ...) . Este novo projecto começa com Noise inesperado - da Bor Land espera-se as melodias-mais-melodias de índios e alt.countreiros - e revela-se pelos campos do Improv electro-acústico, Jazz não-purista, Glitch e lixo sónico cheio de fantasmas, ready-mades e peças de composição clássica contemporânea entre outras mil-e-uma fontes. O que se sente ao ouvir todo o álbum é que se concentrou quase todos restos mortais das vanguardas do século XX sem nunca parecer colocá-lo num cânone. Música Experimental? Sem dúvida, agora se começarem com as sub-variações, a coisa complica-se e ainda bem.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2006
Laica no Espaço - Dezembro
2 DEZ
- Concerto: The Great Lesbian Show
Às 18h30. Entrada: 3,5€
7 DEZ
- Pintura mural com Mina Anguelova e Teresa Amaral
- banca de zines e edição independente
Às 19h. Entrada livre
- Festa da Troca de Discos com unDJ GoldenShower.
Às 22h. Entrada livre.
9 DEZ
- Concerto: Anjo Cão
Às 18h. Entrada: 3,5€
14 DEZ
- Experiência de desenho automático com trabalhos de José Feitor, Teresa Amaral, Lars Henkel, Mina Anguelova, Filipe Abranches, Luís Henriques, João Maio Pinto, Joana Figueiredo, Marcos Farrajota, S.G., Piggy e Rosa Baptista.
- Banca da zines e edição independente
- Pintura mural com Lucas Barbosa
A partir das 19h. Entrada livre
16 e 17 DEZ (Sábado e Domingo)
- 5ª FEIRA LAICA: feira de fanzines, edição independente (livros, discos), artesanato urbano e artigos em segunda mão
- Inauguração das exposições de serigrafia do atelier MIKE GOES WEST e da colectiva ANIMAIS NO ESPAÇO: DESASTRES GENÉTICOS, resultado da experiência de desenho automático (até 23 Dez.)
Entrada livre. Horário: Sábado 15H-24H - Domingo 15h-22h
22 DEZ
- Festa com o colectivo unDJ’s OSAMAsecretLOVERS
- Pintura mural com Rosa Baptista
- banca de zines e edição independente
Às 22h, entrada livre
23 DEZ
- Concerto: Latex 25
Às 18h30, entrada: 3,5€
- Concerto: The Great Lesbian Show
Às 18h30. Entrada: 3,5€
7 DEZ
- Pintura mural com Mina Anguelova e Teresa Amaral
- banca de zines e edição independente
Às 19h. Entrada livre
- Festa da Troca de Discos com unDJ GoldenShower.
Às 22h. Entrada livre.
9 DEZ
- Concerto: Anjo Cão
Às 18h. Entrada: 3,5€
14 DEZ
- Experiência de desenho automático com trabalhos de José Feitor, Teresa Amaral, Lars Henkel, Mina Anguelova, Filipe Abranches, Luís Henriques, João Maio Pinto, Joana Figueiredo, Marcos Farrajota, S.G., Piggy e Rosa Baptista.
- Banca da zines e edição independente
- Pintura mural com Lucas Barbosa
A partir das 19h. Entrada livre
16 e 17 DEZ (Sábado e Domingo)
- 5ª FEIRA LAICA: feira de fanzines, edição independente (livros, discos), artesanato urbano e artigos em segunda mão
- Inauguração das exposições de serigrafia do atelier MIKE GOES WEST e da colectiva ANIMAIS NO ESPAÇO: DESASTRES GENÉTICOS, resultado da experiência de desenho automático (até 23 Dez.)
Entrada livre. Horário: Sábado 15H-24H - Domingo 15h-22h
22 DEZ
- Festa com o colectivo unDJ’s OSAMAsecretLOVERS
- Pintura mural com Rosa Baptista
- banca de zines e edição independente
Às 22h, entrada livre
23 DEZ
- Concerto: Latex 25
Às 18h30, entrada: 3,5€
Stone Comics #2
[zine] auto-edição; Out'04
Quando o camarada Rattus apareceu na 5ª Feira Laica com este zine, pensei: «fogo! ainda há disto e continua a ser verdade que isto dos zines são mesmo incontroláveis.» Já não via um zine destes há anos - desde dos tempos do pessoal de Castelo Branco do colectivo "Humanóides Associados" (creio... ou era Androídes?) que editavam o Reator [sic] até aos meados dos anos 90.
Bd de fantasia / aventura / ficção científica com desenhos de quem está a começar e que cria universos do tipo «no sistema solar 25.784, lua central 9» (I shit you not!), coisas irritantes como legendas feitas no computador, a história até parece mais bem construída que a média habitual (é a primeira parte de três de uma saga intitulada "Os Errantes") o que mostra um esforço da parte do autor, Luís Sanches.
A edição é mesmo da velha guarda: 16 páginas A5, fotocópia ranhosa e não tem contacto - o Ratus deve arranjar, suponho... Ah! Há gajos com jactos nas costas (Rocketer?) e espada na mão (como?), há lutas / massacres com monstros numa onda de arena romana, vilões que deitam raios das mãos (como é possível?) mas infelizmente de "pedra" nada tem.
2,1
Quando o camarada Rattus apareceu na 5ª Feira Laica com este zine, pensei: «fogo! ainda há disto e continua a ser verdade que isto dos zines são mesmo incontroláveis.» Já não via um zine destes há anos - desde dos tempos do pessoal de Castelo Branco do colectivo "Humanóides Associados" (creio... ou era Androídes?) que editavam o Reator [sic] até aos meados dos anos 90.
Bd de fantasia / aventura / ficção científica com desenhos de quem está a começar e que cria universos do tipo «no sistema solar 25.784, lua central 9» (I shit you not!), coisas irritantes como legendas feitas no computador, a história até parece mais bem construída que a média habitual (é a primeira parte de três de uma saga intitulada "Os Errantes") o que mostra um esforço da parte do autor, Luís Sanches.
A edição é mesmo da velha guarda: 16 páginas A5, fotocópia ranhosa e não tem contacto - o Ratus deve arranjar, suponho... Ah! Há gajos com jactos nas costas (Rocketer?) e espada na mão (como?), há lutas / massacres com monstros numa onda de arena romana, vilões que deitam raios das mãos (como é possível?) mas infelizmente de "pedra" nada tem.
2,1
domingo, 17 de dezembro de 2006
CCC na 5ª Feira Laica
cartaz por José Feitor
A CCC está a dividir mesa com a Imprensa Canalha e disponibiliza todo o seu catálogo bem como de alguns dos seus associados (MMMNNNRRRG, Opuntia Books, ...) e ainda várias edições nacionais e estrangeiras (Stripburger, Glomp, C'est Bon, L'employ du moi).
O Mesinha de Cabeceira Popular #200 é a novidade editorial da CCC.
:::
Samizdata Club / especial Espaço After-hours
No Espaço - Centro de Desastres: rua Maria Andrade nº5:: (aos Anjos) Lisboa::: Sábado 16 de Dezembro:::: 00h-02hTatsuMaki vs. Sci Fi Industries - hardware machines warfare!
Para o lançamento oficial do split CD Seek and Thistroy! de TatsuMaki, Devhour e City of Industry, o "Ciclone de Braga" e SFI repetem duelo travado anteriormente, usando exclusivamente maquinaria, desta vez em Lisboa e no contexto da 5ª Feira Laica (ver + informação abaixo).
quarta-feira, 6 de dezembro de 2006
segunda-feira, 4 de dezembro de 2006
O hábito faz o monstro #7
Lucas Almeida; Nov'06
Zine já referido aqui ainda recentemente, neste novo número saltitante (não se sabe dos números 4 e 6) é no entanto especial, todo ele preenchido com uma bd de Lucas Almeida intitulada "O jovem queria dor de amor". Trata-se de um épico 18 páginas de bd - e que continua no próximo número - feito pelo Lucas em que se discute sobre o que é o Amor aproveitando alguns textos de um trabalho sobre o mesmo tema que o autor fez para uma cadeira de Teoria da Cultura lá prás Caldas da Rainha.
Graficamente o trabalho é bastante desconexo, ora tendo desenhos de um amadorismo desnecessário ora até mostrando algum virtuosismo. O ritmo do texto é igualmente desigual sobretudo com páginas cheios de texto, tipo massacre. O resultado final não chega a ser completamente satisfatório formalmente. A história em si parece ser porreira, apesar do tom trágico e esotérico de segunda, há humor e estupidez que nos diverte. O jovem encontrou o diabo, cortou-lhe a pila e saiu de lá uma tipa que lhe concede um desejo... O Elvis está metido ao barulho no próximo número - A date with Elvis!
3,5
Zine já referido aqui ainda recentemente, neste novo número saltitante (não se sabe dos números 4 e 6) é no entanto especial, todo ele preenchido com uma bd de Lucas Almeida intitulada "O jovem queria dor de amor". Trata-se de um épico 18 páginas de bd - e que continua no próximo número - feito pelo Lucas em que se discute sobre o que é o Amor aproveitando alguns textos de um trabalho sobre o mesmo tema que o autor fez para uma cadeira de Teoria da Cultura lá prás Caldas da Rainha.
Graficamente o trabalho é bastante desconexo, ora tendo desenhos de um amadorismo desnecessário ora até mostrando algum virtuosismo. O ritmo do texto é igualmente desigual sobretudo com páginas cheios de texto, tipo massacre. O resultado final não chega a ser completamente satisfatório formalmente. A história em si parece ser porreira, apesar do tom trágico e esotérico de segunda, há humor e estupidez que nos diverte. O jovem encontrou o diabo, cortou-lhe a pila e saiu de lá uma tipa que lhe concede um desejo... O Elvis está metido ao barulho no próximo número - A date with Elvis!
3,5
O tempo não espera por mim, pt. 2
Phil Von: "Deadline now" (Thisco + Fonoteca de Lisboa; 2006)
Talvez por também samplar Scanner e/ou por ser uma banda sonora de uma peça de teatro e/ou o tema da peça ser sobre as questões relacionais entre o Tempo e o Homem que não consigo deixar de achar um paralelo com Os Ladrões do Tempo de L'Ego. «Please feel free to sample me as I already sampled you!» escreve Phil Von (dos Von Magnet) neste disco enquanto descrimina alguns dos projectos musicais que samplou: Meat Beat Manifesto, Scott Walker, Erik Satie, Kronos Quartet... atitude idêntica no citado disco de L'Ego.
Tão semelhante é também a minha relação entre os dois discos que dava vontade de fazer aquele divertido exercício de "copy'n'paste". Pegava na crítica de L'Ego e despejava nesta, seguído de alguns ajustes como substituir os nomes dos eventos (este é referente à peça "Deadline now" apresentada no Festival Imaginarius, em Sta Maria da Feira e produzido pela Sete Sóis Sete Luas) e mudar as questões biográficas. Ou até podia discutir como concordo com o texto do livreto sobre o facto de apesar de nós (humanos) estarmos cada vez em contacto permanente (via tlm's e 'net) mas também cada vez mais estamos isolados neste mundo. Mas não faço nada do que proponho por preguiça de começo de Inverno... Uááá
Talvez por também samplar Scanner e/ou por ser uma banda sonora de uma peça de teatro e/ou o tema da peça ser sobre as questões relacionais entre o Tempo e o Homem que não consigo deixar de achar um paralelo com Os Ladrões do Tempo de L'Ego. «Please feel free to sample me as I already sampled you!» escreve Phil Von (dos Von Magnet) neste disco enquanto descrimina alguns dos projectos musicais que samplou: Meat Beat Manifesto, Scott Walker, Erik Satie, Kronos Quartet... atitude idêntica no citado disco de L'Ego.
Tão semelhante é também a minha relação entre os dois discos que dava vontade de fazer aquele divertido exercício de "copy'n'paste". Pegava na crítica de L'Ego e despejava nesta, seguído de alguns ajustes como substituir os nomes dos eventos (este é referente à peça "Deadline now" apresentada no Festival Imaginarius, em Sta Maria da Feira e produzido pela Sete Sóis Sete Luas) e mudar as questões biográficas. Ou até podia discutir como concordo com o texto do livreto sobre o facto de apesar de nós (humanos) estarmos cada vez em contacto permanente (via tlm's e 'net) mas também cada vez mais estamos isolados neste mundo. Mas não faço nada do que proponho por preguiça de começo de Inverno... Uááá