quarta-feira, 29 de abril de 2015

MÁ ONDA E SUJIDADE #666

O Camarada Pereira da Narcolepsia começou com esta secção mas abandonou-a sabe-se lá porquê. Como provocação eis um "número" especial para instigá-lo a voltar! Talvez uma das razões da desistência do Narcolepsia Man ter continuado com estes "posts" foi porque anda a editar muita K7, CD e zines como estes três pela sua Black Blood Press:


Absurdum Compil Decembre 2013 (!) é de Romain Perrot, ou seja, Vomir, ou seja, aquele gajo do Harsh Noise que actua com um saco de plástico na cabeça... Perrot será mais um caso in extremis do punk / outsider art / etc... ou seja, admite que não sabe fazer nada mas isso não o faz desistir de fazer Noise violentíssimo, tocar guitarra como um Neandertal (embora este duo da Estónia tenham mais piada) e desenha pessimamente. O seu charme transcende o trabalho e Pereira editou um zine enorme A4 de cento e tal páginas de desenhos de meter medo ao susto. E o "zinão" ainda vem com um suplemento intitulado France Lucifer que pode ser visto como um "catálogo" de grafismos da label de Perrot remisturado por Manuel Pereira. Não curti nada porque estou a ficar um velho conservador, claro...



The repetition of unappealing moments de Andy Krupinski (metade da banda "outsider black metal" Crooked Necks) é estranhamente narrativo apesar de se perceber que se trata uma compilação de colagens sem essa ligação. Mas "lendo" as imagens de seguida chega-se ao tema do "trabalho das 9 às 5" e os tempos modernos da rotina. Pena a impressão ser a fotocópia barata que deixa pouca definição sobre estes trabalhos...




Dog-Tired de Kevin McEleney (da Heavy Psych) é o contrário, uma fotocópia (e/ou papel) xunga iria dar-se bem com as composições mais abstractas e "graphic-glitch". Deve ser uma das poucas edições da Black Blood que foge ao cliché da escatologia da cultura Noise. Interessante...




Ainda mais inesperado, sobretudo prós puristas do Harsh Noise é a edição em CD [Que heresia! Harsh Noise tem de ser editado em k7 ou vinil, NUNCA em CD diz a Bíblia dos "noisers"] de Great Northern Love de Fecalove que está com uma produção super-limpa - quer de imagem, com capa do próprio Fecalove - aka Nicola Vinciguerra - quer no som. Mas "limpo" não significa que não seja um terror sonoro que fazem as obras no prédio parecer melodias para crianças. Uma besta este disco co-editado entre a Narcolepsia e a finlandesa Untergeschoss.


Da Finlândia chegou-me umas ricas peças!... DES (Institute of Paraphilia Studies; 2013) é um livro de Arte que recolhe um trabalho do artista sueco Martin Bladh envolta do "serial killer" inglês Dennis Nilsen preso em 1983. Reúne fotografias, desenhos, correspondência com o criminoso e ainda com o filho de uma das suas vitimas. Bladh cria discursos sobre as relações entre Arte e assassinato que no mínimo provocam perturbações intelectuais mais do que as imagens que são publicadas. Já agora, para os mais distraídos Bladh já colaborou com Sektor 304 no Sonores e no recém-lançado disco Ruby.


Erotic Perversion #1 (2002) é um fanzine finlandês sobre sexo perverso, que pouca utilidade terá quem quiser masturbar-se a não ser que goste de ver pás a serem enfiadas numa vagina, S/M a roçar o snuff, piercings na genitalia, resenhas a filmes de Bukkake, etc... Diz no editorial, que o fanzine é feito para satisfazer os desejos pessoais do editor, o que torna o acto editorial numa perversão erótica por ela própria. A entrevista a Nalle Virolainen é interessante como quem está metido neste tipo de cena sexual é (ou pode) ser crítico à pornografia - como uma arma do capitalismo e da monocultura - mas já a Alexia que gosta de levar com urina e fezes, enfim...


Por fim, para quem não aguenta tanta violência, pode-se ficar pelo split-7" de Hellbastard e Perpetratör lançado pela "joint-venture" Chaosphere / Raging Planet / Hellprod. A primeira banda é inglesa e uma instituição do Punk-Crust de fusão com o Metal - como os seminais Discharge - e mostra que os punks à muito que sabem tocar além de que são capazes até de fazer uma balada para acalmar os nervos. A segunda banda é música para tomar speeds regados com tintol da terra, ou seja Thrash à séria! Num país de paradinhos como o nosso é de ficar embasbacado com este trio pois cumprem todos os requisitos do género: barulheira, complexidade e velocidade. A melhor banda do momento de Metal daqui do canto? É bem capaz... Procurem esta pérolazinha!

LA TXT ZINE FESTIVAL :: BERGEN


A Chili participa com a distribuição de alguns dos seus melhores álbuns no festival LA TXT de zines, livros e auto-edição na cidade de Bergen (Noruega). Esta semana até 03 de maio.
http://galleribokboden.net/

sábado, 25 de abril de 2015

sexta-feira, 24 de abril de 2015

ccc@mercado.de.música.independente


O Mercado da Música Independente vai realizar-se nos próximos dias 25 e 26 de Abril, em Lisboa, no Picadeiro Real do Antigo Colégio dos Nobres, parte do complexo do Museu de História Natural. 

O Mercado da Música Independente pretende não apenas facilitar a comunicação entre o público e algumas das mais importantes editoras nacionais, mas também promover a troca de experiências entre os vários agentes independentes desta indústria. E até, através da editora internacional convidada, a Drag City, facilitar a troca de conhecimentos e experiência com quem opera num mercado mais global.

O espaço do Mercado estará aberto ao público das 11 às 20 horas no Sábado, dia 25 e das 12 ás 18 horas, no domingo dia 26. Além das editoras, o espaço contará com a presença de bancas igualmente independentes de bebidas e comida. A entrada nos três dias do evento é inteiramente livre.

A Chili Com Carne estará presente na pessoa do Filipe Felizardo, com as nossas edições relacionadas com música - ou de outras editoras amigas como a Thisco, MMMNNNRRRG, Marvellous Tone, entre outras...

domingo, 19 de abril de 2015

BD de Francisco Sousa Lobo no jornal Próximo Futuro


Como já se sabe o ciclo de programação da Fundação Gulbenkian o Próximo Futuro irá incluir uma conferência de BD - com participação do "Joe Dog" - mas o que não estávamos à espera era que o seu orgão de comunicação oficial (um jornal grátis com título homónimo) tivesse também uma BD (autobiográfica) de Francisco Sousa Lobo!

Agora é só andar à procura da publicação por aí - já a vimos na Cinemateca - e entretanto arranjamos vários exemplares para oferecermos! Prá semana vamos à Feira Morta e Mercado Musical Independente onde iremos oferecer exemplares.

sábado, 11 de abril de 2015

ccc@Feira.do.Livro.Manuseado.na.Cinemateca

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A Feira do Livro Manuseado vai regressar à Cinemateca em Abril, com algumas novidades. A próxima edição da Feira terá lugar no sábado, dia 11 de Abril, entre as 11h e as 17h, e contará com o apoio da Linha de Sombra, que é desde o início do ano a nova concessionária da livraria da Cinemateca.

Para esta edição renovada da Feira do Livro Manuseado, a oferta vai ser alargada a novas áreas. Além da venda de livros, revistas, cartazes, cartonados ou edições DVDs relacionadas com Cinema, a partir desta edição as bancas dos participantes podem também disponibilizar obras de outras áreas culturais, nomeadamente Banda Desenhada, Poesia, Fotografia, Artes Plásticas, Artes do Espectáculo, entre outras.

As edições da Chili Com Carne e MMMNNNRRRG vaão estar representadas pela Linha de Sombra.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Awesome tapes from Portugal

Parte da música má-onda do Norte capotou, ou pelo menos está completamente dormente com muita pena nossa. Falo de Ghunagangh, Rudolfo e Sektor 304 que ou morreram os projectos ou nada fazem há imenso tempo, deixando a música portuguesa rendida aos patetas alegres que pupulam por aí. Patetas esses que aliás agora até editam todos em vinil porque acham que a boa música só é editada em vinil - logo se editarem em vinil a música deles será melhor? Esqueçam esta "máxima" mas fiquem com outra: a música mais provocante (gravada em suporte físico) nos dias de hoje está nas k7s - aló Black Taiga e Melanie is Demented?

Rewind! Das cinzas do Porto surge AtilA com um novo álbum intitulado V e com selo da Bisnagaque vem colmatar a tal falta de música "má-onda". Ou até consegue suplantar a falta, de tão pujante que é este disco - já o considero um dos melhores do ano! Ao contrário dos outros discos de Atilla, este parece estar muito concentrado nos seus "beats" vindos do Techno mas com uma manha Industrial. O disco soa a um "mash-up" entre um campo de concentração e uma festa Rave, por isso se os velhos Laibach nesta sua longa fase Electro precisarem de um puto para lhes dar energia nas batidas, é aqui que se devem dirigir. Por mim, não consigo deixar de ouvir esta má-onda no "auto-reverse" da aparelhagem!

Costuma-se dizer que África começa em Portugal, geralmente a comparação é feita porque pena-se em África como corrupta e preguiçosa. Indo para outro estereótipo, também África é vista como o continente do ritmo, se o título deste "post" brinca com este excelente sítio, o Atillla merece ser chamada do africano porque em Portugal na realidade as expressões artísticas adoram o "silêncio" e a "ausência de acção" até ao Santo Gregório do Fadinho. Ser chamado de africano neste país deveria ser motivo de orgulho - e até o novo livro do Camarada Dionísio merece ser aqui mencionado para reflexão... Isto tudo para chegar também a Mineral Music (Urubu; 2015) de Garcia da Selva que poderia ser mais uma prova do português bucólico que odeia movimento, isto porque esta música ignora batidas com os seus samplers e sintetizadores. Felizmente existe movimento e ele é de outro tipo com um "Sexy Sadie" a arrotar postas de pescada Zen que são manipuladas com um humor subtil. Tal a volta que é dada que não se entra em tretas estáticas (há a mania que música ambiental/ experimental tem de ser monótono ou "parado") e consegue ser sempre imprevisível na audição da k7. E encontrá-la? Falem com o André Trindade porque acho que na realidade esta música é uma banda sonora de uma exposição sua ainda patente na Galeria 3+1.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

"Askar, o General" Inauguração da Exposição e Lançamento do Livro @ el pep store & gallery













Assim foi o Lançamento do livro Askar, o General na El Pep Store & Gallery, no dia 4 de Abril. O evento contou com a presença da autora e uma exposição de originais patente até 17 de Abril. A intervenção nas janelas da galeria encontra-se em work in progress durante esta semana! Ide ver.

domingo, 5 de abril de 2015

Energia morta!


A Feira Morta não pará de dar cartas nem que seja pelas ideias mórbidas (imagem acima) mas sobretudo pela energia que está gera com os seus participantes. Os editores / autores sabem que vale a pena ter sempre novidades editoriais em cada evento porque a Morta é um sítio privilegiado (senão o único) para mostrar trabalho - e vendê-lo... Daí que os zines apareçam de formas pouco ortodoxas também, como a Se Mente que lançou o E Tudo o Comboio Levou como um "auto-benefit" por ter perdido computador e tralhas num comboio - sim, o dinheiro será para a miúda ficar menos miserável tecnologicamente. O design do zine é estranho, um A6 horizontal com folhas recortadas em rectângulos em que apresentam os desenhadores que ilustraram o episódio de Se Mente... só visto! O artista Xavier Almeida curtia era ser autor de BD como o Álvarez Rabo e não um "arteist" a julgar pelo mini-zine Eu Sou o Maior / Eu Sou uma Merda (na realidade isto é de 2012), verdadeira galhofa binária... Júlia Reis (das Pega Monstro) fez um zine de uma recente tournê das bandas da Cafetra por Espanha, é um zine A5 anímico intitulado Tour Life - falta-lhe a vida porque são apenas 5 páginas de BD-caderno-de-viagem, vá lá! Faz mais!!! Nada de preguiça, para isso já basta o Lazy Bastard, zine clássico na forma mas de preguiçoso nada tem tantas são as colaborações com textos, arte, BD (do Tiago Baptista!), colagens (Manuel Pereira), fotografia, desenho, etc... uma compilação luxuosa organizada por André TrindadeO Gato Mariano juntou-se ao Gréc num zine marado divido em dois cadernos, unidos por uma pasta em serigrafia, BD a quatro mãos (como as duplas Dupuy-Berberian ou Max Andersson e Lars Snujesson) e com "jogos de óptica" (aquele em que se enrola o papel com um lápis de forma a dar a ilusão de movimento). Processo de Contágio é sobre isso mesmo, doenças transmissíveis por animais e/ou homens mas não percebi lá muito bem mas 'tá-se bem! É energia colorida pura e dura... ao contrário deste "post" que não tem imagens das publicações e os links nem sempre vão dar ao que escrevo, etc... mas olha, caramba, se querem mesmo estas pérolas comecem a aparecer mais vezes na Morta para ver tudo isto in loco!

PS - também apareceu para troca um zine polaco de Eukasz Kowalczuk com Vrekless Vrestlers, que é um misto de Rudolfo, Zé Burnay e Afonso Pereira num só - ouvi dizer que os polacos são grandes e gordinhos! BD tão parva como a dos outros três chavalos 'tugas costumam fazer mas divertida para quem curte Trash Metal em 2015!