segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Graphzines.pt

Foi quase uma década quase que exclusiva de produção de graphzines cá em Portugal com a Opuntia Books e Imprensa Canalha a liderarem o movimento... No entanto o ritmo abrandou ou ficaram menos visíveis, não sei porque tirando as publicações daquelas duas saudosas editoras raramente me interessaram os conteúdos dos graphzines portugueses. Recentemente vieram-me parar às mãos algumas peças que acho interessantes. "PT"? Pois, nem por isso...



Xunga Tropik #0 do italiano residente em Lisboa Saba é segundo defenido por ele próprio como: A journey on the [sunny] postfordistik/ postapokaliptik side of the river Cacilhas/ Lisboa 2015. Zine A5 com fotografias de equipamentos industriais abandonados e decadentes que sob um olhar estrangeiro e/ou artístico ganha uma dimensão melancólica e romântica mesmo que os grafitos modernos nas paredes das fábricas destruam esse sonho anacrónico e das ruínas a serem dominadas de forma rasteira e discreta pela natureza. É preciso ser de fora e "apunkalhado" para visitar estes sítios e achar que vale a pena registar de alguma forma embora seja natural esta relação entre o Punk e os detritos urbanos. Outro graphzine de Saba que prova isso, mesmo que o lixo seja digital, é Blitch - sim, como ninguém se tinha lembrado de juntar "bitch" com "glitch" (erros de sistemas de computador e afins)? Também em A5 as suas páginas estão repletas de imagens com erros sistemáticos fazendo estranhas colagens digitais que se o Sniffin' Glue tivesse saído em 2014. Quando um graphzine consegue transmitir um ambiente ou energia vale a pensa ter imagens agrafadas! Estes zines provam que não é à toa que Saba está em contacto com artistas de rua "brutos" como os Cane Morto ou que ele se prepara para organizar um festival de ruído de três dias em que estará presente o nosso Camarada Balli! Tudo gente com pica!


Nem sei o nome deste zine do Binau, será Tatto Fever ou Fanzinélias? Ou será Screaming Shouting Stupid Man? Ou apenas o "zine do Binau"? Não sei nem se dá a conhecer nos sítios oficiais deste ilustrador que muitas vezes encontro na rua a vender desenhos pela dinheiro que quisermos dar. Deve ser assim com os zines dele, não sei, fizemos intercâmbio. Este glorioso zine anónimo é um A6 num papel com uma boa gramagem, o que lhe dá um corpo forte, quente e agradável de manusear. A capa pode alternar de cor como se pode ser pela imagem acima. O trabalho é feito com fotografias encontradas em que Binau passa-lhe tinta correctora e desenha por cima, numa longa tradição que pode ser acompanhada dos trabalhos da Camarada Jucifer, um zine do Burnay & cia até uma capa de Black Taiga - que brevemente verá edição em k7. O resultado é algo cómico na sobreposição com as fotografias que tem quase sempre um ar sério ou a imortalizar um momento importante. É "streeta" e é "naice" mais do que eu pensava. Entretanto já saiu um "volume II"...

Do lado oposto da sujidade DIY + Punk, temos uma Oficina do Cego a sair do armário finalmente! Tem editado um bocado mais do que cadernos vazios e lá encontraram uma Colecção Abstrusa para apresentar algumas surpresas editoriais. Formatinho A6 sempre com alta exigência de trabalho gráfico - mal seria se não fosse afinal de contas é uma oficina para isso mesmo - tem publicado trabalhos muito diferentes desde desenhos de crianças até este pseudo-conceptual (volume 6) Notes iOS de Filipe Matos (aka G3) sobre grafismo digital de ecrãs.
Para um gajo como eu que não usa "fezesbook" nem "aifone" admito este universo passa-me ao lado e parece-me superficial. Acho que preferia um livro com cenas divertidas com gatos porque o que vejo nisto é uma colectânea de piadas para "nerds" tecnocratas. No fun!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

DIOGO SEIXAS LOPES


Foto de Rui Cunha

Os jornais recordaram o arquitecto que se desdobrava em projectos, curadorias e ensaios profundos. Aqui ou ali surgiram menções ao livro Cimêncio, que publicou com o fotógrafo Nuno Cera (Fenda, 2002), e muitos ainda terão presente o seu trabalho jornalístico como crítico de música e cinema.
Cabe-nos a nós lembrar que Diogo Seixas Lopes se revelou desde cedo como um notável provocador intelectual, cujo talento se manifestou também na banda desenhada, na ilustração e na edição de fanzines.
Tivemos o privilégio de colaborar com o Diogo num tempo incipiente, de constante descoberta e troca de referências, em que tudo era pensado em conjunto. Discutíamos música e banda desenhada, desporto e cinema (que ele via, na altura, como um projecto de vida, mais tarde colocado de parte). Reuníamos numa casa vaga à Rua Luciano Cordeiro. Com poucos meios, traçávamos os planos de uma ofensiva cultural que queríamos grandiosa. Do raid fálico pela Feira do Livro de Lisboa (1989) à inédita epopeia em quadradinhos O Gorila Ajuda a Polícia (1989-1990), as iniciativas a que então nos propúnhamos visavam experimentar certas liberdades, subverter conteúdos estabelecidos e precipitar o choque, a desconfiança, a aversão. Preferíamos o popular ao artístico, a explosão à elaboração. A própria autoria se revelava questão incómoda, tornada propositadamente difusa para impedir veleidades carreiristas. Numa altura em que a publicidade e a autopromoção emergiam como estratégias de sobrevivência, escolhíamos o anonimato.
Das muitas ideias que então partilhámos, sobraram algumas páginas meteóricas nas publicações que editámos: Novos Panoramas do Globo / Baladas de Hollywood (1992) e Beijos Sonhos Vertigem Amnésia (1994). Aí é possível reconhecer — ou descobrir — a tremenda força expressiva dos desenhos do Diogo, mistura de humor e tragédia que sobressai com uma clareza quase incómoda para nós.
Infelizmente não foi possível contar com o seu tributo a Mário-Henrique Leiria, a Bocage e a Alexandre O’Neill no volume Heróis da Literatura Portuguesa (Íman, 2002), o qual foi germinado a três, por vezes nas horas mortas desses ateliers onde o arquitecto ia começando a sua carreira, outras no bar Geronte, ao Bairro Alto. Aí elaborámos a fórmula que se previa imbatível: três autores, nove narrativas, um extenso trabalho recriando em banda desenhada os ambientes literários de nove escritores portugueses. Desenhos colectivos, intermutáveis. As capacidades visionárias e combativas do Diogo seriam decisivas para dar corpo a este volume. Entretanto fomo-lo perdendo pelas mil curvas do caminho e o livro acabou por sair apenas a duas mãos. A arquitectura desafiava-o, com novas e profícuas parcerias que lhe trariam o merecido reconhecimento, enquanto a vida lhe pregava algumas partidas duras. 
Mas o contacto e, sobretudo, a amizade, mantiveram-se: almoçávamos frequentemente, de vez em quando íamos à praia, cruzávamo-nos em manifestações e concertos. Mais importante ainda, nunca esquecemos nem renegámos o que fizemos juntos. Mesmo que tudo não tenha passado de juventude, daí retirámos lições elementares que depois fomos explorando a outros níveis e noutros campos.
A morte deste grande amigo, embora esperada, deixa-nos destroçados e sem saber que mais dizer...
À sua mulher Patrícia, à sua mãe Maria João, à sua filha Mariana, assim como a todos os que acompanharam o Diogo nestes últimos meses, enviamos os nossos sinceros sentimentos.

Até sempre, Senhor Soberba!
Saravá, Jalomo!
Uga!

Daniel Lopes & João Chambel

'Feijoada Completa' (Novos Panoramas do Globo, 1992)

'Pedrados' (Baladas de Hollywood, 1992)
'Sempre em Festa' (Beijos Sonhos Vertigem Amnésia, 1994)

Mário-Henrique Leiria (inédito, 1996)


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Adeus "Paulinho"! Morreu o único gringo bom deste planeta.

ilustração-homenagem de Bráulio Amado


Num princípio de um ano que já nos tem levado tantos Heróis acarinhados universalmente, o Lemmy e o Bowie, outros menos conhecidos como ainda na semana passada foi-se o jovem Alvin Buenaventura - que só dois sítios em linha portugueses anunciaram a sua morte, delimitando assim em que ponto de formação a BD portuguesa se encontra... Perco-me... acabei de saber pelo Bráulio Amado que o Nevada Hill deixou-nos para sempre.

Destes Heróis todos acima referidos, o Nevada é que era o Meu Herói, quase Super porque tinhas umas unhas compridas que deviam ter um super-poder, o da super-empatia certamente. Foi uma pessoa que sobreviveu à educação texana mas não o cancro que combateu nos últimos três anos.

Começamos por trocar zines e discos. Um dia ele lembrou-se de vir cá a Portugal! A Feira Laica foi a boa desculpa, onde ele tocou com vários músicos da cena portuguesa (Travassos, Nuno Moita, Gabriel Ferrandini, Ricardo Martins, Pedro Sousa, "Óscar" e Manuel Gião) em dois concertos, um deles memorável! Nevada tocava violino mas a dada altura, inesperadamente, começou a urrar como um misantropo do Black Metal. Ó 'tugas betinhos... Improv anyone? Isto foi na Trem Azul onde também tinha uma bela exposição de cartazes em serigrafia que ele desenhava e imprimia. Também, pintou um mural na Bedeteca de Lisboa que ainda hoje sobrevive devido à decadência da própria instituição, menos mal...

Amigos dele antes de ele partir para Lisboa, perguntaram-lhe "vais para casa de um português que não conheces pessoalmente? E se o gajo for um serial-killer?" Risotas! Passamos a noite no Estádio a contar pelos dedos da mão quantos serial-killers existiram em Portugal... desde o século XIX... e um deles era galego... não conta!

Noutras conversas, disse-me que as escolas públicas nos EUA eram uma merda, que os professores eram mais janados que os alunos, que a única hipótese de ter boa educação é meter os putos em colégios privados onde dominam programas criacionistas e onde as aulas de História só ensinam a História do Texas - nem dos EUA quanto mais da Humanidade! Nevada aprendeu a ter um passado humano graças ao "História do Universo", essa grandiosa BD de Larry Gonick. Foi lá que ele viu pela primeira vez que os humanos fodiam e procriavam ou que procriavam porque fodiam. Mesmo no baile do "prom" da escola, os casais ao dançar ao Slow de praxe, uma boa desculpa para se agarrarem e terem um período de sensualidade, ainda assim tinham de deixar espaço entre eles, o espaço de "um corpo" para Cristo estar entre vós - disse-lhe o Reitor. Era nos finais do século XX, pouco deve ter mudado...

Numa sociedade alienada como a americana, ele era das pessoas mais queridas e doces que tive o prazer de conhecer. Uma pessoa! Não um distribuidor de cartões de negócios como quase todos os outros gringos que conheci. Cá veio pra casa, perdeu-se numa ilha do Tejo - outra história incrível! - e na última noite em Lisboa, um bêbado vi-o e gritou-lhe: Paulinho! Estava mesmo a reconhecer-te! Ele não se desmanchou. Nem repudiou o velhote com copos a mais, tudo na boa!

Em tão pouco tempo que estivemos juntos, deu-me a conhecer o DJ Screw (que tanto inspirou Black Taiga) e os malucos dos irmãos Gonzalez que tanto giram pelo Jazz como pelo Grindcore.

Voltou alegre para Denton por ter conhecido a Lisboa e as suas gentes, tanto que quis representar a Chili Com Carne nas terras malditas do Novo Continente com o ciclo de exposições not Tex not Mex mas sobretudo o que ele queria era voltar cá um dia destes...

Good morning, Captain

Lisboa, 19 Fevereiro 2016
Marcos Farrajota

Mangalho!

Heta-Uma / Mangaro
v/a
Le Dernier Cri + MIAM; 2015

Ainda estamos em Valência... Esteve lá também o Le Dernier Cri em modo de azar, uma vez que os seus livros tinham ficado por entregar pelos correios (é o que dá privatizar um serviço destes!) e por isso ficaram com uma banca reduzida mas onde encontrei esta deliciosa edição dedicada ao grafismo e BD underground do Japão.
São dois catálogos num só livro excessivo graficamente como é apanágio do LDC representando duas exposições em França, uma no "Museu das Artes Modestas" em Sète e outra na sede do LDC em Marselha.
A primeira era dedicada à arte à margem de criativos japonesas que "desenham mal" (é o estilo "heta" - daí termos uma tal de Hetamóe para quem não tinha ainda descodificado o significado do pseudónimo desta autora) com alguns autores já nossos conhecidos como Shuehiro Maruo, Yusaku Hanakuma, Daisuke Ichiba, Norihiro Sekitani, Shintaro Kago, Nekojiru - lembram-se quando a Chili em 2009 tinha uma loja com isto tudo?
A segunda mostra era dedicada à revista Garo criada em 1964 que é seminal para uma primeira vaga de artistas na BD japonesa. Até 1996 passaram nesta publicação autores tão importantes como Seiichi Hayashi ou os recentemente falecidos Shigeru Mizuki (1922-2015) e Yoshihiro Tatsumi (1935-2015).
Claro que está tudo um caos no livro... perceber de quem são alguns dos créditos ou que situações são as que estão representadas é tarefa de cromo... desculpa-se porque isto faz parte do telurismo do Pakito Bolino, a cabeça e o mangalho do LDC. Descarga de informação à fartazana para um gajo se desenrascar! Felizmente existem um grupo de textos com informação limpa e bem colocada para se poder mergulhar nisto tudo. São loucos os japoneses e os franceses, especialmente quando estão juntos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Chatos colados

Da Alemanha já recebi há uns bons meses a K7 (amarela, linda!) Jugend Schorft dos Acid Lindgren - existem mais uns DJs com este nome, de resto esqueçam informação na 'net sobre este grupo que inclui Arvild Baud e o nosso conhecido Dice Industries. Nem bandcamps, nem facebook, nem uma capa em linha (excepto este "post"), meus, this is underground shit!

Música que intercepta colagem sonora, sampling e instrumentos reais, a coisa é tão entranhada que lembra os nossos Stealing Orchestra. Só que no caso de Acid Lindgren existe um total falta de estilo, de algo que se reconheça que são eles que tocam e não outros, tal é a disparidade de estilos que compilam na k7. Há momentos ambientais com sintetizadores como Garcia da Selva como há spoken-word à Ken Nordine constipado, um estranho sapateado cyber-medieval (Sherwood Sisters Clog Ritual), hinos à liberdade (em Pas De palm está samplado o icónico poema Jibaro de Felipe Luciano) e beats "clubbing" que lembram os anos 90 e os seus Fila Brazillia e os "Dorfmeiters". E resulta? Se resulta! Até cola cientistas ao tecto! E é das melhores k7s para se ouvir a conduzir como uma verdadeira rádio que nos vai picando com o inesperado.

Pedidos? Tentem este e-mail: diceindustries(arroba)chezlinda(ponto)de

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Carcaças do Metal



Delírios (2009) é um split-CD de Crystalline Darkness e Pestilência editado pela War Arts, uma editora portuguesa de Black Metal. Para quem acha que o Black é Cradle of Filth (o antigo que ainda era de endurance) esquece-se que existe mais de 50 sombras de pretos neste sub-género musical. Por exemplo, os "black metaleiros" preferem chamar ao seu lado lunar de "avantgarde" que é que ambas bandas praticam. Ambas querem escrever o poema espera - bandas? Aí está, a figura de misantropo que é alimentada pelo Black, oferece a oportunidade de se cagar para bandas e ser um só gajo (muito chateado) a fazer o seu projecto do principio ao fim... Ou ainda convida um amigo lá prá cave para tocar a bateria porque ninguém pode ser multi-instrumentista e tocar bem todos os instrumentos, né? Mais estranho de ser um True Black Metal é pensar que são estes tipos que usam mais artefactos teatrais para fazer espectáculo ao vivo e é o que acontece aqui, estamos num "happening" de dano psicológico que só nos resta assistir. Talvez por isso que metam algures na embalagem do CD a divertida inscrição "total fucking apathy". Aja paciência para estes jovens...



Já a banda Nuklear Goat e a sua estreia Genocidal Storm (2012) pela mesma editora vem da tradição do punk necrófilo, bateria sempre a abrir e tudo o mais "in your face". É música agressiva para cristãos bem comportados e já que falo nisso, as letras tem todos os clichés para ofender os adoradores do porco nazareno desde berrarem o número famoso "666" à referência "porco cristão", o que é sempre uma mais-valia e nunca é tarde demais para relembrar mesmo que haja mais de 666 discos de Black a dizerem o mesmo - alguém está a contá-los? O 666º disco será o melhor deles todos? Eis uma pergunta teórica que alguém deveria responder! Mais vai ler The Rainbow (1915) de D.H. Lawrence (1885-1930) que é muito mais herético mas o disco tem pedalada e é fixe para chatear os vizinhos!



Mais irritante é Vaee Solis em estreia com Adversarial Light (Signal Rex; 2015) porque a vocalista Sophia faz os vocais mais tenebrosos algumas vez feitos na Lusitânia (não acredito que escrevi isto!). Há quem diga que ela soa que está a morrer e temos de tomar isso como um elogio se esta malta faz música com sabor metalizado. Entretanto saiu agora mesmo à coisa de uma hora, um "disco" (em linha apenas?) de remisturas que é melhor que o original porque a parte instrumental foge ao estilo batido Doom/Sludge da banda. Entre as misturas estão cromos pesados como AtilA e o André Coelho (dos extintos Sektor 304 e vencedor dos 500 paus!). Relembro que ainda temos promos deste disco para quem comprar livros nossos "satânicos" ou q.b.


Nagual (Shhpuma; 2015) pode até ser um título pretensioso mas é um disco que muito punk e metaleiro alguma vez conseguiram fazer. Os Albatre mostram que o Jazz mais ardente não precisa de ser "música aleatória" (usando palavras de um amigo meu) a disparar contra tudo e todos, na maior parte das vezes sem os músicos ouvirem os seus parceiros - bem vale a pena ler o graphzine Evan Parker - X Jazz. O trio luso-alemão residente em Roterdão têm uma direcção rítmica bem definida para que o Alto Saxofone possa berrar à vontade e para que tudo soe a uma bomba detonada. Este segundo disco é um LP que permite a capa do Travassos (fundador da editora e designer da Cleanfeed) finalmente tenha o impacto visual que já merecia - para quando um livro com as suas ilustrações?

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Os 500 paus de 2015!


Os cinco membros do Juri desta edição do concurso interno da CCC, Toma lá 500 paus e faz uma BD já decidiram sobre o projecto vencedor! 

O vencedor é ACEDIA de autoria de André Coelho, livro de mais de cem páginas a publicar neste primeiro semestre de 2016 na Colecção CCC, onde aliás, o autor já publicou várias vezes em antologias e o seu primeiro livro "a solo".

A sinopse deste novo livro: Um homem, Daniel, sofre de distorções na sua percepção visual devido a um corpo estranho alojado algures na cavidade ocular. Apesar da insistência das notificações hospitalares para dar início aos seus tratamentos, ele vê-se confrontado com a hipótese das suas alucinações estarem a proporcionar-lhe uma fuga para uma nova percepção da realidade. Daniel terá que optar entre encarar a sua doença como um sinal evidente da sua mortalidade ou como uma intensificação da vida.


Eis algumas páginas da obra:


Foram entregues onze propostas, a maior participação de sempre desde que começamos a promover este concurso em 2013, sendo que o nível médio da qualidade das propostas é bastante aceitável e provoque pequenas e animadas discussões no seio do Júri.

Ainda assim a maioria do Júri inclinou-se para o trabalho de Coelho que consegue estabelecer um equilíbrio entre experimentação e tradição na banda desenhada estabelecendo um paradoxo entre a sua energia criativa com o ambiente mórbido da narrativa. Especulamos que a personagem do livro seja um alter-ego do autor e que alguns episódios sejam autobiográficos mas na essência estamos no domínio da ficção - ou da auto-ficção?

A Associação Chili Com Carne agradece a todos os sócios que participaram nesta iniciativa, em especial aos que pagaram a sua quota anual e permitiram o prémio monetário - relembramos que actualmente as quotas anuais dos sócios tem como objectivo financiar o concurso "Toma lá 500 paus!" invés de serem apenas um mero pequeno investimento para o consumo das nossas publicações com descontos.

Esta iniciativa tem o apoio do IPDJ e relembramos que graças a este concurso foram já publicados três livros, a saber: O Cuidado dos Pássaros / The Care of Birds (vencedor de 2013) de Francisco Sousa Lobo, Askar, O General de Dileydi Florez e O Subtraído à Vista de Filipe Felizardo.



André Coelho nasceu em 1984 em Vila Nova de Gaia, onde reside. Tem vindo a desenvolver o seu trabalho como ilustrador no âmbito do Rock, Punk, Metal e música experimental, criando capas de discos, merchandising e cartazes.

Paralelamente faz edições de pouco ou nenhum sucesso através da Latrina do Chifrudo, editora que mantém com Sara Gomes, na qual edita fanzines e discos. Tem vindo a trabalhar regularmente com a Witchcraft Hardware e com a Malignant Records. Entre várias bandas que fez parte destacam-se os Sektor 304 e Profan. Têm participado nas várias antologias da Chili Com Carne com desenho, BD e textos e em exposições pelo Reino Unido, Finlândia, Suécia, EUA, Espanha, Itália, Portugal e Brasil.

A sua estreia monográfica foi com Terminal Tower, em 2014, em parceria com Manuel João Neto. Neste mesmo ano, os originais do livro foram mostrados no Festival de BD de Beja, Amplifest (Porto) e no Treviso Comics Fest.
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Bibliografia:
SWR Chronicles (SWR; 2014)
Terminal Tower c/ Manuel João Neto (Chili Com Carne; 2014),
Sepultura dos Pais c/ David Soares (Kingpin; 2014)
Evan Parker - X Jazz (c/ prefácio de Rui Eduardo Paes, Chili Com Carne + Thisco; 2015)

Colectivos:
MASSIVE (Chili Com Carne; 2010)
Destruição (Chili Com Carne; 2010)
Subsídios para MMMNNNRRRG #1 (MMMNNNRRRG, 2010)
Futuro Primitivo (Chili Com Carne; 2011)
É de noite que faço as perguntas c/ David Soares et al. (Saída de Emergência, 2011)
Inverno (Mesinha de Cabeceira #23, Chili Com Carne; 2012)
Antibothis, vol.4 (Chili Com Carne + Thisco; 2012)
"a" maiúsculo com círculo à volta c/ Rui Eduardo Paes et al (Chili Com Carne + Thisco; 2013)
Zona de Desconforto (Chili Com Carne; 2014)
PostApokalyps (AltCom; 2014)
Quadradinhos : Looks in Portuguese Comics (Treviso Comics Fest + MiMiSol + Chili Com Carne; 2014)
Altar Mutante #3 (2015)

sábado, 13 de fevereiro de 2016

ccc@fff


nostros zines en Fun Fan Fest, en Barcelona...
pero nostra presencia solo será mas tarde en Graf... 
hasta luego amigos!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

3º Concurso interno de Banda Desenhada da Chili Com Carne

cartaz de José Smith Vargas

A terceira edição do concurso 500 paus abriu a recepção de trabalhos! Até 5 de FEVEREIRO de 2016 estaremos para receber propostas de livros de BD.

A Associação Chili Com Carne lançou a ideia de um concurso para fazer um livro em Banda Desenhada para matar a modorra na cena portuguesa. Esta ideia do concurso é realmente boa mas decidimos atrasar o evento deste ano porque queríamos mostrar resultados das edições anteriores.

Depois de Askar o General de Dileydi Florez e O Subtraído à vista de Filipe Felizardo, trabalhos que participaram no concurso, em Outubro de 2015 saiu a obra vencedora da edição de 2013, ou seja, The Care of Birds / O Cuidado dos Pássaros de Francisco Sousa Lobo.

Cá estamos de novo à espera de novas aventuras editoriais!





Instruções (não muito complicadas):
Para quem? 
Para Sócios da CCC com as quotas em dia - não é sócio? então é clicar neste LINK.

O prémio é monetário? 
É sim! 500 paus! 500 Euros!
Para além de que o trabalho será publicado!
E, para a próxima edição, o vencedor é convidado a fazer o cartaz e a integrar o júri!

Quem decide o vencedor?
Uma parte da actual Direcção da Associação Chili Com Carne e o vencedor da edição passada - a saber: Amanda Baeza, Marcos Farrajota, Afonso Ferreira, Dileydi Florez e José Smith Vargas.
O Júri reserva-se o direito de não atribuir o prémio caso não encontre qualidade nos trabalhos propostos.

Datas?
5 de Fevereiro 2016 é a entrega dos projectos!
14 de Fevereiro 2016 é anunciado o vencedor!
O livro é publicado em 2017!?

 Regras de apresentação dos trabalhos
- O livro não tem limite de páginas e de formato mas porque desejamos inseri-lo nas nossas colecções já existentes - Colecção CCC, QCDA, LowCCCost, THISCOvery CCChannel - o projecto terá mais hipóteses de ganhar se for apresentado num formato das colecções.
- Preferimos o preto e branco mas a cor não está totalmente afastada!
- Envio do seguinte material:
a) texto de apresentação do(s) autor(es),
b) sinopse do projecto
c) planeamento por fases (com datas)
d) envio de 20% do total da BD, sendo que o mínimo serão 4 páginas seguidas e acabadas e 16 planeadas.
- Todos estes elementos devem ser entregues em PDF, em serviço de descarga em linha (sendspace, wetransfer,...) cujo endereço deve ser enviado para o e-mail ccc@chilicomcarne.com

Que projecto pode ser apresentado? 
- Uma BD longa de um autor ou com parceiros
- Um livro com várias BDs do mesmo autor (desde que tenham uma ligação estética ou de conteúdo)
- Uma antologia de vários autores com um tema comum

Boa sorte!
CCC
Este projecto têm o apoio do IPDJ

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Franky (et Nicole) 3

v/a
Les Requins Marteaux; Verão 2015

Os "tubarões martelo" serão a faceta mais javardoca dos movimentos de edição independente dos anos 90 que apareceram no mercado franco-belga da BD. Longe da seriedade e do confronto da L'Association ou das "Belas-Artes" da Fréon, traçaram um caminho pela comicidade em que o Pop era o fascínio e sem pudor de fazer "xixi e cócó" - onde poderiam estar os "quatro chavalos do aPOPcalipse", diga-se de passagem!
É um brutal calhamaço este Franky, título dedicado a uma personagem inventada tipo xunga dos anos 80 e editor de revistas foleiras como esta antologia tenta "imitar" ou melhor que serve de veículo para lhe dar vida. No entanto o que o "Franky" publica é meta-xungaria e não mera porcaria porque, por exemplo, Marko Turunen, Xavier Bouyssou ou Morgan Navarro pervertem imagens da Pop para colocar outros sentimentos mais intimistas. Ou Olivier Texier explora a Pop para dar revirar os papeis machistas dos Mad Max para um "Gay Chic" - é quase uma resposta a Benjamin Marra se não fosse talvez o contrário porque Texier vem dos tempos da L'Horreur est Humaine. Já Johnny Ryan (com direito a uma entrevista merdosa) é assumido pela sua divertida escatologia sobre-humana mas de tão excessivo torna-se tão intocável que a "xunga escorre-lhe por ali abaixo sem se sujar... E pelo meio há muitas mais páginas (são muitas!) e autores para descobrir provando que os "tubarões" sabem oferecer "Fun Fun Fun" neste Novo Milénio que nada tem de divertido!