Quando soube que os The Dirty Coal Train iam participar no CD Punk Comix pensei "olha mais uns garageiros tristes, ainda por cima vou ter de os aturar um dia destes"... Mal sabia eu que já tinha conhecido o simpático casal Reverend Jess e Conchita Coltrane (hum... Coal Train? I get it!) e que em conversa na Dona Edite iria comprar o EP 7" Weird (Zip-a-dee-doo-dah; 2015)... O que me convenceu foi pelo facto de me terem dito que este disco foi gravado em casa e ter percebido que havia da parte destes Coltranes sujos uma profunda ética DIY. O vinil é branco virgem e tem seis temas que soam naturalmente ao espectro Garage/Blues/Surf mas pelo lo-fi e falta de dogmatismo pelos cânones dos géneros revelam ser mais interessantes do que a média "retro" de que já não cu que aguente. Este pode ser um bom disco para se começar a apreciar a banda... Nice to meet you!
A k7 Música testada em animais (Baby Yoga; 2016) do Banana Metalúrgica é um retomar de insanidade musical em Portugal que há muito se perdeu com os Kromleqs - e retomado timidamente pelos nado-mortos dos Go Suck a Fuck... Num país de gente séria, poseur e/ou beta - as opções não são muitas nem muito boas - é saudável ouvir música psicótica, se desculparem o contra-senso. Isto para além que uma capa com uma pila/vagina a ejacular e com duas bolas vermelhas sci-fi são sempre uma vantagem contra qualquer capa "photoshopada" ou com ilustrações da modinha. Entre Nurse With Wound com dificuldades e MMP dado ao MDMA, são 11 temas absurdos que desfilam perante ouvidos cépticos. De asséptico isto não tem nada, foi uma boa descoberta nesse grande evento que foi o Zinefest Pt.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
sábado, 24 de dezembro de 2016
Natalixo b.s.o.
Depois de uns discos virtuais e umas k7s este é a primeira vez que um disco de AtilA sai imediatamente em CD e em LP (para 2017) como se fosse quase o seu primeiro disco "oficial" - só V é que depois de sair em k7 é que depois foi lançado em CD.
Body (Dissociated + Hið Myrka Man; 2016) é um disco algo estranho ao que AtilA habitou com IV e V, não que tenha ficado mais suave ou menos Dark, nada disso... Apenas ficou mais sofisticado e complexo, menos bruto, o que lhe dá menos impacto nas primeiras audições e quem sabe até desilusão aos fãs mais primários. Tal como o "artwork" do disco é feito de nus artísticos também o som é mais dado a uma pose coreográfica e um ambiente controlado. Ironia dos destinos, para um disco intitulado de "corpo" este será o disco menos físico de AtilA. Dupla ironia é que um corpo humano é daquelas coisas mais sujas que há no Universo, segrega ranhocas ilimitadas e liberta gases inesperados que é coisa estúpida, isso é o que este disco não faz...
Body (Dissociated + Hið Myrka Man; 2016) é um disco algo estranho ao que AtilA habitou com IV e V, não que tenha ficado mais suave ou menos Dark, nada disso... Apenas ficou mais sofisticado e complexo, menos bruto, o que lhe dá menos impacto nas primeiras audições e quem sabe até desilusão aos fãs mais primários. Tal como o "artwork" do disco é feito de nus artísticos também o som é mais dado a uma pose coreográfica e um ambiente controlado. Ironia dos destinos, para um disco intitulado de "corpo" este será o disco menos físico de AtilA. Dupla ironia é que um corpo humano é daquelas coisas mais sujas que há no Universo, segrega ranhocas ilimitadas e liberta gases inesperados que é coisa estúpida, isso é o que este disco não faz...
sábado, 17 de dezembro de 2016
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Mucomorphia #1
Se tivesse de fazer as listas dos melhores do ano, este primeiro número do zine de Filipe Felizardo merecia estar no Top 3 de Melhores Fanzines de BD ao lado do Outro Mundo Ultra Tumba de Rudolfo Mariano e A Day de Mariana Pita... Com a ligeira vantagem de que editorialmente Mucomorphia é um desafio como poucos nos dias de hoje. Tal como o Gato Mariano (raios, o Mariano #1 devia estar também nesse Top 5 e o catano!) também eu não faço listas de zines no final de ano...
Pretende-se serializado, tiragem ilimitada (yes! é d'omem!!!) e é uma publicação smörgåsbord do output desta área de criação de Felizardo, não esquecendo que ele é mais conhecido por músico mas também como artista plástico e fotógrafo. Nestas páginas também está incluído a construção do seu próximo romance gráfico, A Conference of Stones and Things Previous. Muito mais solto do que em O Subtraído à Vista não deixa de estar também muito mais rigoroso no plano técnico. De resto tal como na música e outras áreas de intervenção de Felizardo, há processos de pesquisa que se vão metamorfoseando num plano cosmogónico que nem toda a gente está a fim de lá entrar. Azar! Título a acompanhar esperando o seu editor cartas à antiga [R. dos Douradores, 202, 5ºD, 1100-208 Lisboa] para uma secção de leitores (ó que belo gesto anacrónico que desejo que corra bem!) e encomendas à séc. XXI [ardo.zilef@gmail.com].
domingo, 11 de dezembro de 2016
Diz Mantra
Continua a série de edições de Rasalasad em colaboração com algum cromo deste planeta. Desta vez é com o francês Amantra e em formato mini-CD - as outras edições foram em k7. Infelizmente pela negativa continua o grafismo pobre que se tem pautado desde sempre e o que é mais infeliz é que a Thisco tem escolhido formatos e embalagens bem giras que permitiriam ter "algo mais" (seja lá isso que quer dizer) a acompanhar o objecto.
Resta-nos a música que é de qualidade, "mash-up" de guitarra em registo drone com um "ambient" em sintonia. E quem espera ficar em posição fetal engane-se, a "coisa" começa com ruído e só depois é que acalma (spoiler sorry!), o que não deixa de fascinar para apenas 19 minutos de música desta rodelinha perfeitinha intitulada de Thisturbia!
Resta-nos a música que é de qualidade, "mash-up" de guitarra em registo drone com um "ambient" em sintonia. E quem espera ficar em posição fetal engane-se, a "coisa" começa com ruído e só depois é que acalma (spoiler sorry!), o que não deixa de fascinar para apenas 19 minutos de música desta rodelinha perfeitinha intitulada de Thisturbia!
sábado, 10 de dezembro de 2016
Pipocas Botox Neve Doce
Ricas edições que me chegaram recentemente! Tudo graças ao facto das capas serem feitas pelo Camarada Uránio! Esse monstrinho da colagem bling bling sci-fi moino-mutante! Felizmente a música é bem fixe e pode-se falar dela, ufa...
DW Robertson é a nova personagem de Ergo Phizmiz, um reconhecido ilusionista sonoro que trabalhou com People Like Us, por exemplo. Disco Carousel, vol. 1 é a sua estreia e foi lançado numa pequena editora inglesa, a Discrepant. A segunda coisa mais bonita deste disco depois da capa (claro) é a contra-capa que, à antiga, tem uma sinopse do que se propõe a rodela deste mini-LP. E é música mecânica levada in extremis, apenas porque dizem que esta é a forma de entretenimento mais gratificante de sempre, infelizmente abandonada pelo machismo da electricidade e pelo euro-dance. Eis a alavanca vinilica para isso mudar!
A dupla k7 Samboia Kanguick é mais atinada e cerebral, como os portugueses preferem. O músico é português embora Gonzo soe a marreta anglo-saxónico. Sem sabermos quais os nomes dos temas nem que ordem seguir, é pegar numa das k7 e siga para bingo, ou melhor para "memórias distorcidas da infância & sonhos inventados", diz muito bem a parte detrás da embalagem. Realmente um gajo perde-se a ouvir estes quatro lados das k7s, entre frases cortadas e ambientes oníricos, sem saber muito bem o que pensar. Ao mesmo tempo a música tem corpo presente para quem espera adormecer a ouvir isto. Um corpo de Cristo V.A.L.I.S. que não poder ser ignorado, não foi assim na infância? [Não sabe/ Não responde]
A Discrepant é distribuída pela Matéria-Prima, que já reabriu o seu espaço físico no Porto mas não é uma loja aberta ao público. Infelizmente vai ser preciso agora bater à porta, tipo segredinho da cidade do loúcóst... Mas porquê!?
DW Robertson é a nova personagem de Ergo Phizmiz, um reconhecido ilusionista sonoro que trabalhou com People Like Us, por exemplo. Disco Carousel, vol. 1 é a sua estreia e foi lançado numa pequena editora inglesa, a Discrepant. A segunda coisa mais bonita deste disco depois da capa (claro) é a contra-capa que, à antiga, tem uma sinopse do que se propõe a rodela deste mini-LP. E é música mecânica levada in extremis, apenas porque dizem que esta é a forma de entretenimento mais gratificante de sempre, infelizmente abandonada pelo machismo da electricidade e pelo euro-dance. Eis a alavanca vinilica para isso mudar!
A dupla k7 Samboia Kanguick é mais atinada e cerebral, como os portugueses preferem. O músico é português embora Gonzo soe a marreta anglo-saxónico. Sem sabermos quais os nomes dos temas nem que ordem seguir, é pegar numa das k7 e siga para bingo, ou melhor para "memórias distorcidas da infância & sonhos inventados", diz muito bem a parte detrás da embalagem. Realmente um gajo perde-se a ouvir estes quatro lados das k7s, entre frases cortadas e ambientes oníricos, sem saber muito bem o que pensar. Ao mesmo tempo a música tem corpo presente para quem espera adormecer a ouvir isto. Um corpo de Cristo V.A.L.I.S. que não poder ser ignorado, não foi assim na infância? [Não sabe/ Não responde]
A Discrepant é distribuída pela Matéria-Prima, que já reabriu o seu espaço físico no Porto mas não é uma loja aberta ao público. Infelizmente vai ser preciso agora bater à porta, tipo segredinho da cidade do loúcóst... Mas porquê!?
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
Keep it boring, make it fast!
Com a web 0.2 e a revolução digital, a produção de informação aumentou que é coisa doida, numa escala inacreditável que não tem equivalente à explosão DIY do Punk nos anos 70 e décadas seguintes. Eis-nos numa Aldeia Global em que todos produzem e consomem conteúdos em simultâneo, sem pensamento crítico e moral - essa é feita pelos Padrecos da 'Net que nos tiram fotos de mamas (com ou sem cancro) do "fezesbook".
Há documentários de tudo, sobre queijo ou a vida sexual dos rinocerontes ou sobre o punk português como é o caso deste Bastardos: Trajetos do Punk português (1977-2014) produzido pelo projecto KISMIF. Todos acabam por ter o mesmo apelo e qualidade estética quando a máxima é "filma-se, edita-se, mete-se na 'net e tá feito".
É positivo que a informação apareça e no caso do punk português que vivia de obscuridade, é de salutar qualquer tipo de iniciativa. Só que ficamos por aqui no que diz a Bastardos, os agentes que se envolveram em fazer Punk sucedem em filmagens em locais feios e sem imaginação, a maior parte é do Norte (abaixo de Lisboa nem se fala!), com discurso fragmentado e pouca ou nenhuma documentação visual a ser mostrada. E quando mostrada é de forma tão fria que nem dá para perceber os artefactos. Ah! E sempre tudo centrado na música, como se o Punk se reduzisse a isso... Felizmente Joe Corré recentemente relembrou-nos que não, que a música não tinha nada haver com o Punk! Cheers, mate!
Este tipo de produção poderia vir de um amador, o que tudo lhe seria perdoado mas infelizmente este documentário veio do meio académico, onde deveria haver mais rigor e discurso, sobretudo de quem se está a tornar (em teoria, ó dupla ironia) na referência sobre o assunto. Nem o Sid Vicious era inocente nem o KISMIF o é. Entre pontos de avaliação pró CV e subsídios da praxe, o que vale é apenas fazer por fazer para que essa máquina de pontinhos e dinheiro não pare.
De resto, a edição em DVD (2015) com as chancelas da Chaosphere, Raging Planet e Zerowork é de uma pobreza atroz, em o que safa ainda é a capa do Esgar Acelerado (espero que tenha sido pago!) porque de resto é isso, uma rodela dentro de uma caixa de DVD. Pelo conteúdo ou pelo objecto o que se pode resumir é que Bastardos não é o "livro branco" do Punk português, é apenas uma marca branca.
Há documentários de tudo, sobre queijo ou a vida sexual dos rinocerontes ou sobre o punk português como é o caso deste Bastardos: Trajetos do Punk português (1977-2014) produzido pelo projecto KISMIF. Todos acabam por ter o mesmo apelo e qualidade estética quando a máxima é "filma-se, edita-se, mete-se na 'net e tá feito".
É positivo que a informação apareça e no caso do punk português que vivia de obscuridade, é de salutar qualquer tipo de iniciativa. Só que ficamos por aqui no que diz a Bastardos, os agentes que se envolveram em fazer Punk sucedem em filmagens em locais feios e sem imaginação, a maior parte é do Norte (abaixo de Lisboa nem se fala!), com discurso fragmentado e pouca ou nenhuma documentação visual a ser mostrada. E quando mostrada é de forma tão fria que nem dá para perceber os artefactos. Ah! E sempre tudo centrado na música, como se o Punk se reduzisse a isso... Felizmente Joe Corré recentemente relembrou-nos que não, que a música não tinha nada haver com o Punk! Cheers, mate!
Este tipo de produção poderia vir de um amador, o que tudo lhe seria perdoado mas infelizmente este documentário veio do meio académico, onde deveria haver mais rigor e discurso, sobretudo de quem se está a tornar (em teoria, ó dupla ironia) na referência sobre o assunto. Nem o Sid Vicious era inocente nem o KISMIF o é. Entre pontos de avaliação pró CV e subsídios da praxe, o que vale é apenas fazer por fazer para que essa máquina de pontinhos e dinheiro não pare.
De resto, a edição em DVD (2015) com as chancelas da Chaosphere, Raging Planet e Zerowork é de uma pobreza atroz, em o que safa ainda é a capa do Esgar Acelerado (espero que tenha sido pago!) porque de resto é isso, uma rodela dentro de uma caixa de DVD. Pelo conteúdo ou pelo objecto o que se pode resumir é que Bastardos não é o "livro branco" do Punk português, é apenas uma marca branca.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
Demónios
Como já deviam saber aqui na Chili Com Carne adoramos o murciano Magius - tanto que ajudamos a sua visita à Santa Terra do Metal este ano. Tem dois novos zines, como sempre A5 capa a cores, títulos autónomos, caramba, são zines ou "chapbooks"?
America infelizmente não trata directamente do tramposo novo presidente dos EUA como a capa promete. A história que é contada é influenciada pelo Gangues de Nova York (2002) de Martin Scorsese mas por analogia inconsciente chega intacta de racismo, violência, xenofobia e corrupção. Do século XIX para o XXI, eis uma América "devoluída" ou "involuída" que Magius tão bem contrasta entre capa e miolo.
Ehieh é um bacanal mitológico do Génesis cristão com as divindades Sumérias com uma narração tão fluída como as de Larry Gonick ou David B., nomes que surgem também pelo esforço cosmográfico - nesse caso deveria-se meter ao barulho também o Rodolfo Mariano, porque não?
De resto, Magius é um obcecado pela sua terra natal, a Múrcia, ao ponto de de ter feito umas cartas Tarot com temas da região. Quem as tiver terá um futuro mais glorioso e acertado certamente! Com o Tarot não se brinca!
America infelizmente não trata directamente do tramposo novo presidente dos EUA como a capa promete. A história que é contada é influenciada pelo Gangues de Nova York (2002) de Martin Scorsese mas por analogia inconsciente chega intacta de racismo, violência, xenofobia e corrupção. Do século XIX para o XXI, eis uma América "devoluída" ou "involuída" que Magius tão bem contrasta entre capa e miolo.
Ehieh é um bacanal mitológico do Génesis cristão com as divindades Sumérias com uma narração tão fluída como as de Larry Gonick ou David B., nomes que surgem também pelo esforço cosmográfico - nesse caso deveria-se meter ao barulho também o Rodolfo Mariano, porque não?
De resto, Magius é um obcecado pela sua terra natal, a Múrcia, ao ponto de de ter feito umas cartas Tarot com temas da região. Quem as tiver terá um futuro mais glorioso e acertado certamente! Com o Tarot não se brinca!
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
ccc@zine.fest.pt
Lá estaremos... nos dias 2 e 3 de Dezembro!
Dia 2, às 19h temos conversa Help me please! com Marcos Farrajota, moderador (Chili Com Carne), João Pedro Azul (Flanzine), André Pereira (Clube do Inferno), Sofia Neto e Marco Mendes ( Carne & Osso) e Rudolfo (Ruru Comix e zine Lodaçal Comix) sobre A edição de trabalhos colectivos versus a explosão das publicações monográficas na produção contemporânea de edição independente.
+ info aqui