terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Vídeo do lançamento de DJ Cat Gosshie World Tour e Na Prisão


Conversa em inglês porque havia mais público estrangeiro que português... go figure!
Arigato Sendai e Tinta nos Nervos.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

3 (+1) perguntas ao Harukichi


1. Senhor Harukichi, começou a fazer banda desenhada quando tinha 37 anos. Qual era o seu trabalho  e que relação tinha com a BD antes disso? Era um leitor apaixonado e o que lhe fez vir para a BD?

Primeiro, não era um leitor apaixonado por BD embora tenha lido os grandes nomes como Osamu Tezuka ou Shigeru Mizuki quando era jovem.
Estive em Tóquio a trabalhar em livrarias e em lojas de discos como ainda fui também assistente editorial para revistas durante 15 anos desde que conclui a Licenciatura. Durante esse tempo, o meu desejo era ser compositor de música clássica e concorri a vários concursos mas sem êxito. Um dia, talvez quando tinha 33 anos, li um livro do artista vanguardista Taro Okamoto. Ele dizia: “Tens de pintar agora. Tu podes dizer que o farás depois, ou que o irás fazer quando tiveres um bom tema. Não importa. Nada importa a não ser decidires para o fazer agora. Tu consegues facilmente fazer pinturas como as minhas." Fiquei muito impressionado e comece a pintar, não era BD. Passado algum tempo, estava mais interessado em pinturas de outros artistas e visitava sempre o sítio da Last Gasp que distribuía vários livros de Arte. E lá estava esta BD estranha (numa perspectiva japonesa e do Manga) intitulada Cão Capacho Bósnio [publicada em Portugal apenas a primeira parte na revista Quadrado #6 (3ª série)]. Comprei o livro, isto foi a primeira vez que comprei uma BD estrangeira - e já respondo a mais na segunda pergunta...

2. Quando começou a trabalhar em BD e qual era o seu motivo inicial?
Eu não sabia nada sobre a Guerra na Bósnia nem da desintegração da Jugoslávia na altura que comprei o livro mas achei a história muito interessante e fiquei atraído pelo estilo de pincel bruto de Max Andersson e Lars Sjunnesson. E senti uma mensagem da BD: “Tu consegues desenhar assim.” Mas não tinha uma história para fazer tantas páginas. Entretanto comprava mais e mais BD estrangeira, um dia comprei uma BD do Jeffrey Brown. O seu estilo era também cru e fazia histórias curtas de uma ou duas páginas. Ouvi também uma mensagem daí: “Consegues fazer isto: desenhos amadores e pequenas histórias". Então comecei a fazer BD. Espero que elas enviem as mesmas mensagens para quem não faz BD.

3. E como descobriste o trabalho do Aleksandar Zograf? O que achaste de interessante no seu trabalho?
Como disse na reposta anterior eu continuava a comprar BDs estrangeiras como por exemplo da Fantagraphics, Drawn & Quarterly, First Second, Top Shelf, etc..., Um dos livros foi o seu Regards from Serbia. Nunca tinha lido algo assim. O seu estilo gráfico é também muito cru e o seu texto é muito informativo para quem não sabe dos temas de que ele trata. E também, Regards, conta a verdade do lado vencido. Poucos o podem fazer como Joe Sacco, Peter Kuper e Seth Tobocman. O Aleksander Zograf é a resposta sérvia a estes artistas.

pergunta extra (Marcos Farrajota). Ficaste fascinado com o Cão Capacho Bósnio e autores estrangeiros pelo seu fulgor mas no Japão há a "tradição" do estilo Heta e a revista Garo. Não conhecias isso?
Conhecia  estilo Heta e a revista Garo (ou AX lançada mais tarde pelo ex-editor da Garo) antes de encontrar o Cão Capacho Bósnio. Não sei porque é que essas BDs não me inspiraram a desenhar. Admito que não conhecia BD estrangeira antes do Cão, que me apresentou a mundo ENORME de BD estrangeira. Foi uma espécie de epifania ou revelação para mim. Ao mesmo tempo, já tinha mais de 30 anos e era e ainda é tarde demais para ser um autor de BD no Japão. Mas pensei que teria uma pequena chance de me tornar autor no estrangeiro. Por isso comecei a fazer BD.

As perguntas iniciais foram feitas para o Festival Nova 2019 em Pančevo.

DJ CAT GOSSHIE a ser lançado na TINTA NOS NERVOS - dia 19 Fevereiro!!!


Sendo ainda apenas o terceiro volume publicado pela Sendai, esta pequena editora tem já marcado uma diferença fundamental na oferta de BD japonesa, indo muito além da sua percepção mais popular, dada a presença esmagadora da mangá de aventura para um público juvenil. Na prisão é uma autobiografia de um autor maior do circuito independente, Kazuichi Hanawa, sobre a sua estada como recluso, por posse de arma (ilegal no Japão). Um retrato da vida diária no estabelecimento prisional, é ao mesmo tempo uma busca pela tranquilidade e o modo como nos construímos, e ao mundo, todos os dias.

A Chili Com Carne contribui igualmente para a oferta neste território com as aventuras semi-reais, semi-alucinadas do DJ Gato Gosshie, cujas pequenas histórias se reúnem todas neste volume. Menos observação documental e etnográfica do que de um imaginário globalizante e alternativo, acompanhamos aqui uma estrela em ascenção do scratch por toda uma série de palcos à volta do mundo, inclusive num festival em Portugal.

Os editores Cassiano Soares (Sendai) e Marcos Farrajota (Chili Com Carne) estarão presentes neste lançamento na Tinta nos Nervos, para uma conversa informal sobre estes projectos, e os diálogos e presenças da mangá no circuito nacional

Entrada gratuita. Lugares sentados limitados. Não se fazem reservas.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Arte e Pandemia em três livros ilustrados

 


Arte e pandemia em três livros ilustrados: Hoje Não, Vírus e Diário de uma Quarentena

Conversa com a participação dos autores Ana Margarida Matos, André Ruivo e Nuno Saraiva e moderação de Gabriel Martins. 

Hoje, às 18h30 na Tigre de Papel. 

Neste encontro reunimos os autores de três livros ilustrados, cada um no seu estilo pessoal, marcantes tanto pela qualidade artística como pela forma como relatam as transformações vividas durante a pandemia. Para a moderação desta conversa convidámos Gabriel Martins, que escreve sobre e para banda desenhada.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Vencedor 500 paus 2022 - "Sinapses" de Ivo Puiupo



Foram entregues onze propostas  e os cinco membros do Júri desta edição do concurso interno da CCC Toma lá 500 paus e faz uma BD decidiram por unanimidade como projecto vencedor:

Sinapses 
de Ivo Puiupo

Será um livro de cerca de 150 páginas a sair este ano na Mercantologia.


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Segundo a sinopse do projecto:

Sinapses é um apanhado de Bandas Desenhadas que produzo desde 2019 e publico no meu Patreon mensalmente e que nunca foram impressos antes. O projeto inclui Vermilio: uma BD de 34 páginas que acompanha a jornada de Sôfi, uma jovem pessoa que tenta lidar com um acidente de trabalho que a deixou sem memórias; e uma série de histórias curtas, de 4 a 10 páginas cada uma.


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Eis testemunhos de alguns membros do Júri sobre a obra:

"É de um imaginário rico (...) o formato de histórias curtas funciona muito bem. Dá para saltar de história em história, registo em registo, sempre sem aborrecer. (...) Apesar desta cacofonia, há uma voz que nos conduz e essa é sempre a mesma."

"(...) sofisticada graficamente. Os desenhos são lindíssimos e as passagens de BD são frequentemente inspiradas."

"(...) proposta madura e refrescante, tanto a nível narrativo como gráfico."


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Ficam aqui algumas páginas:






A Associação Chili Com Carne agradece a todos os sócios que participaram nesta iniciativa, em especial aos que pagaram a sua quota anual e permitiram o prémio monetário - há mais de seis anos que as quotas anuais dos sócios têm como objectivo financiar o concurso "Toma lá 500 paus!" ao invés de serem apenas um mero "investimento" para o consumo das nossas publicações.


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Esta iniciativa tem ainda o apoio da Tinta nos Nervos e relembramos que graças a este concurso foram já publicados oito livros:

O Cuidado dos Pássaros / The Care of Birds (vencedor 2013, com edição espanhola pela Penguin-Random House e francesa pela Rackham) de Francisco Sousa Lobo
Askar, o General de Dileydi Florez
 O Subtraído à Vista de Filipe Felizardo
 Acedia (vencedor 2015) de André Coelho
 Nódoa Negra (vencedor 2018) de várias autoras
All Watched Over By The Machines of The Loving Grace (vencedor 2019) de vários autores.
Bottoms Up (vencedor 2020) de Rodolfo Mariano
Hoje não (vencedor 2021) de Ana Margarida Matos


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Sobre o autor: nasceu em 1996, em Lisboa e actualmente reside em São Paulo onde
desenvolve sua pesquisa com foco em narrativas sequenciais. O seu trabalho dialoga com BD, fotografia, pintura, som e suas intersecções. Faz parte do selo editorial Pepito Corp, do projeto musical FUGA e do coletivo de arte contemporânea BASA2.

9ª edição Toma lá 500 PAUS e faz uma BD!!

As candidaturas para a nona edição do concurso 500 paus fecharam!

Foram recebidos 11 propostas por 14 autores.

Obrigado!

agora é esperar por dia 14 de Fevereiro pela decisão do Júri.




A Associação Chili Com Carne lançou a ideia de um concurso para fazer um livro em Banda Desenhada para matar a modorra na cena portuguesa, tendo sido publicados já vários livros como Askar o General de Dileydi Florez e O Subtraído à vista de Filipe Felizardo, trabalhos que participaram no concurso. 

Em Outubro de 2015 saiu a primeira obra vencedora (do primeiro concurso, de 2013) ou seja, The Care of Birds / O Cuidado dos Pássaros de Francisco Sousa Lobo - que entretanto teve uma edição em Espanha e em breve uma em França. Em Outubro de 2016 saiu o romance gráfico Acedia de André Coelhoem Outubro de 2018 a antologia Nódoa Negra, em Novembro 2019 a antologia All Watched Over By Machines of Loving Grace, em 2020 Bottoms Up do vencedor do ano passado Rodolfo Mariano e agora o Hoje não da vencedora deste ano Ana Margarida Matos.

Cá estamos de novo à espera de novas aventuras editoriais!





Instruções (não muito complicadas):
Para quem? 
Para Sócios da CCC com as quotas em dia - não é sócio? Então é clicar neste LINK.
No caso das antologias, todos os autores devem ser sócios!

O prémio é monetário? 
É sim! São 500paus! 500 Euros!
Para além de que o trabalho será publicado!
E, para a próxima edição, o vencedor é convidado a fazer o cartaz e a integrar o júri!

Quem decide o vencedor?
Ana Margarida Matos (autora, vencedora deste ano), André Pereira (autor e professor de BD), Amanda Ribeiro (jornalista, P3/Público), Dois Vês (autora de BD, Vice-presidente da Direcção) e Frederico Duarte (da livraria e galeria Tinta nos Nervos).
O Júri reserva-se o direito de não atribuir o prémio caso não encontre qualidade nos trabalhos propostos.
Que projecto pode ser apresentado? 
- Uma BD longa de um autor ou com parceiros
- Um livro com várias BDs do mesmo autor (desde que tenham uma ligação estética ou de conteúdo)
- Uma antologia de vários autores com um tema comum (ver Nódoa ou All como exemplos)
 Regras de apresentação dos trabalhos
- O livro não tem limite de páginas e de formato mas porque desejamos inseri-lo nas nossas colecções já existentes como a Colecção CCC,QCDA, LowCCCost, RUBI, THISCOvery CCChannel - o projecto terá mais hipóteses de ganhar se for apresentado num formato das colecções.
- Preferimos o preto e branco mas a cor não está totalmente afastada!
- Envio do seguinte material:
a) texto de apresentação do(s) autor(es),
b) sinopse do projecto
c) planeamento por fases (com datas)
d) envio, no mínimo de 4 páginas seguidas e acabadas, e 20% das páginas BD planeada.
- Todos estes elementos devem ser entregues em PDF, em serviço de descarga em linha (sendspace ou wetransfer) cujo endereço deve ser enviado para o e-mail ccc@chilicomcarne.com
Datas?
4 de Fevereiro 2022 é a entrega dos projectos!
14 de Fevereiro 2022 é anunciado o vencedor!
O livro é publicado em 2022!?

Boa sorte!
CCC

Este projecto tem o apoio da Tinta nos Nervos.