Dino Felipe: "is sleeping" (Marvellous Tone; 2007)
A Marvellous Tone, editora DIY portuense de música electrónica, regressou à actividade e pela primeira vez com um lançamento de um projecto estrangeiro. Dino Meira, digo, Dino Felipe é um gajo do Equador que arrasta lixo sonoro ao longo de uma hora sem nos deixar dormir dado à desprogramação onírica de sons Noise e Glitch. Esquizofrénico e irritante até ao fim, o disco vai deambulando a um passo zombificante tal quando um tipo está a tentar dormir e afinal descobre que está com insónias. Este músico está a dar-nos uma tanga, Dino Felipe não está a dormir, não senhor, estão acordado e obriga-nos a ficarmos acordados com ele, o filho-da-puta! Mais uma excelente embalagem em serigrafia, e obviamente uma edição limitada... um mimo de objecto! Ou será antes um maldito pesadelo?
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Amanhã é dia de trabalho, caragu!
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
ccc@bdporcalhota2007
Alguns títulos da CCC e associados (El Pep, Imprensa Canalha e MMMNNNRRRG) estarão disponíveis no eternamente imaturo Festival de BD da Amadora 2007 através do stand comercial da livraria Dr. Kartoon.
Na compra de qualquer título das editoras mencionadas, oferta do fanzine A Mosca #4 (uma raridade fanzinista dos anos 90 ou o melhor zine nacional nos idos anos 90). É um número especial de autores brasileiros, com Fábio Zimbes como editor convidado. Já agora a única de jeito para ver neste festival são mesmo os originais de Zimbres (e comparsas da exposição "dividir para curtir" ou isso). Ainda assim, valerá a pena o esforço? Sei lá...
Na compra de qualquer título das editoras mencionadas, oferta do fanzine A Mosca #4 (uma raridade fanzinista dos anos 90 ou o melhor zine nacional nos idos anos 90). É um número especial de autores brasileiros, com Fábio Zimbes como editor convidado. Já agora a única de jeito para ver neste festival são mesmo os originais de Zimbres (e comparsas da exposição "dividir para curtir" ou isso). Ainda assim, valerá a pena o esforço? Sei lá...
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Italianati noizi, due
Fotos da exposição internacional e colectiva "European Comics Cartography" no Museo Nazionale de Ravenna, por Filipe Abranches. + umas do Filipe aqui e dos romenos-locos do Hardcomix aqui.
Italianati noizi, uno
fotos do Komikazen + vídeo da inauguração LdC (Kindergarden orgy: Pakito sampler persona + 2 bateristas italianos muita-novitos): www.flickr.com/photos/15062347@N07/sets/72157602422575492 ... www.flickr.com/photos/gianlucacostantini ... www.dropshots.com/Ines#albums
fotos da Inguine Crew e da Inês (www.stripopeka.com) e vídeo-móvel de Gianluca Costantini
fotos da Inguine Crew e da Inês (www.stripopeka.com) e vídeo-móvel de Gianluca Costantini
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Zoolywoodland in CCC site
Pedro Zamith inaugura amanhã, entre as 19h e as 23h, um nova exposição individual na Galeria Arqué (Av. Miguel Bombarda, 12ºA, junto à Gulbenkian).
Intitulada de "Zoolywood" a exposição contará com um catálogo (com um texto de Ana Ruivo) a lançar durante a inauguração.
A exposição estará patente até ao dia 10 de Novembro, de Segunda a Sábado das 12h às 20h.
Entretanto no site da CCC, desde do final do mês passado, podem espreitar algumas fotografias da preparação das telas que estarão em exposição.
Intitulada de "Zoolywood" a exposição contará com um catálogo (com um texto de Ana Ruivo) a lançar durante a inauguração.
A exposição estará patente até ao dia 10 de Novembro, de Segunda a Sábado das 12h às 20h.
Entretanto no site da CCC, desde do final do mês passado, podem espreitar algumas fotografias da preparação das telas que estarão em exposição.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Campo di Babà
Amanda Vähämäki
Canicola; 2006
Amanda Vähämäki é a debutante do grupo Canicola na edição de livros monográficos. O talento dela já era uma constante na revista homónima ao colectivo italiano e mais do que isso, as suas colaborações eram (são!) um prazer misterioso. Se a "escrita automática" na banda desenhada surgiu nos anos 60 com Robert Crumb e Moebius, ela já percorreu vários patamares de criação, como o traço "ratty" Garry Panter ou o "minimalismo" de Lewis Trondheim. Agora temos uma finlandesa que mora em Itália (estão justificados os tremas!) que usa o lápis para desenhar e redesenhar e (também) escrever e rescrever bd's surrealistas em que a infância é tratada em colisão com um mundo indefinível. Há um urso blasée a guiar um carro, há operações dentárias a cães e a crianças como quem acende um cigarro, há ainda uns legumes com caras muito expressivas, enfim, e também há um comportamento normal a toda esta anormalidade por parte dos personagens. O tratamento do carvão lembra alguns efeitos estéticos dos últimos trabalhos da alemã Anke Feuchtenberger, o desenho é bastante atraente e expressivo. Uma prova de vitalidade na cena "indie" internacional.
4,5
Canicola; 2006
Amanda Vähämäki é a debutante do grupo Canicola na edição de livros monográficos. O talento dela já era uma constante na revista homónima ao colectivo italiano e mais do que isso, as suas colaborações eram (são!) um prazer misterioso. Se a "escrita automática" na banda desenhada surgiu nos anos 60 com Robert Crumb e Moebius, ela já percorreu vários patamares de criação, como o traço "ratty" Garry Panter ou o "minimalismo" de Lewis Trondheim. Agora temos uma finlandesa que mora em Itália (estão justificados os tremas!) que usa o lápis para desenhar e redesenhar e (também) escrever e rescrever bd's surrealistas em que a infância é tratada em colisão com um mundo indefinível. Há um urso blasée a guiar um carro, há operações dentárias a cães e a crianças como quem acende um cigarro, há ainda uns legumes com caras muito expressivas, enfim, e também há um comportamento normal a toda esta anormalidade por parte dos personagens. O tratamento do carvão lembra alguns efeitos estéticos dos últimos trabalhos da alemã Anke Feuchtenberger, o desenho é bastante atraente e expressivo. Uma prova de vitalidade na cena "indie" internacional.
4,5
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Mercado português de bd, os autores da realidade e… tudo mais num texto curto!
Apesar da História da banda desenhada portuguesa remontar ao génio incontornável de Raphael Bordallo Pinheiro (1846-1905), o certo é que passadas as “épocas douradas” chega-se aos anos 70 do século XX sem mercado nem indústria de bd. O nosso estado geográfico periférico acompanhado do historial de isolamento imposto pelo fascismo (entre as décadas de 30 a 70) faz com que Portugal seja mais “insular” que continental. É uma metáfora que complementa outra: os trabalhos da bd portuguesa são barcos perdidos num Atlântico que raramente estabelecem laços entre eles ou que encontram uma continuidade de trajecto.
Será justo achar positivo o facto de não termos indústria nem mercado? Por um lado é aflitivo assistir o desnorteio de alguns “autores-capitães” face ao “oceano”, por outro a bd portuguesa não deixa de ter uma riqueza de obras e autores justamente pela ausência de vícios da formatação - um mercado obriga sempre a uma formatação de estilo ou tema! Assim, cada autor português tem encontrado o seu caminho individual.
No que respeita à “bd realista” (tema que interessa para este festival) e encurtando uma História rica e longa, temos desde logo o “pai da bd portuguesa” (Raphael Bordallo Pinheiro) já fazia autobiografia, em 1881, no seu segundo álbum No Lazareto de Lisboa – onde desenha a sua experiência de quarentena regressado do Brasil, essa quarentena era obrigatória para os viajantes que vinham de países onde havia epidemias. Tal como na origem da bd, Raphael eram um cronista sátiro da política de um tempo ainda dividido entre a Monarquia e os Republicanos mas também retratava os aspectos culturais, como o Teatro.
Saltando para os modernistas temos Stuart Carvalhais (1887-1961) e Carlos Botelho (1899-1982). O primeiro inventou a série «Quim e o Manecas» que apesar de seguir a tradição dos rapazes traquinas Max und Morritz tem a proeza de denunciar os acontecimentos do seu tempo como a miséria das ruas ou a 1ª Guerra Mundial. O segundo, entre 1928 e 1950, cria as crónicas Ecos da Semana (no jornal Sempre fixe) que critica e testemunha os acontecimentos culturais, sociais e culturais em bd, fossem uma “Volta a Portugal em Bicicleta” fosse a situação política internacional - em que até Mussolini aparece. Dedicou 22 anos a este trabalho até ao seu desgaste graças à censura do Estado Novo.
Seguem-se duas rápidas passagens pelo tempo. Nos anos 50, tal nos EUA ou em França, os cómics portugueses também tinham um código de conduta. As «Instruções sobre a literatura infantil» (1950). A bd portuguesa tal como no resto do mundo foi transformada num médium destinado ao público infanto-juvenil predominando as duas linhas mais conhecidas de cómics popular: o estilo “realista” explorado no género de aventuras, que no caso português significou na sua maioria cómics enquadrados nos temas de história ou adaptação literária desde que enaltecessem o espírito nacionalista e o estilo caricatural que é usado no humor ou ainda, hibridamente, na aventura humorística. Daqui pouco haverá de interesse para contar. Depois, veio a Revolução do 25 de Abril de 1974 e não faltaram “cronistas-cartunistas” da situação que se vivia.
A liberdade permitiu o aparecimento de uma bd contemporânea perdida durante 40 anos de fascismo. A “primeira geração livre” materializou-se na revista Visão, influenciada pela Pilote e por outras revistas francesas “adultas”. Era, no entanto, um periódico demasiado luxuoso para um país pobre e demasiado vanguardista para um país atrasado. Um oásis impensável. Teve apenas 12 números e um ano de vida (Abr. 75 / Maio 76). Nas suas páginas encontraremos algumas das poucas bd’s sobre a Guerra nas Colónias por Victor Mesquita (1939) e Machado da Graça (que também realizaram outra sobre a guerra do Vietname), e por Pedro Massano (1948).
Os anos 80 são reconhecidos pelo o lento fim dos periódicos dedicados à bd e o começo de mais novas abordagens estilísticas pelos autores portugueses. Os universos abrem-se para questões mais intimistas, urbanas e marginais embrulhadas com grafismos ousados e experimentais. Apesar de serem autores com estruturas narrativas e estéticas ainda tradicionais, gostaria de referir Fernando Relvas (1954) com L123 e Cevadilha Speed, duas obras que tratam com algum realismo fenómenos como a delinquência juvenil, as drogas ou as alemãs no Algarve. Relvas acabou por criar uma obra carismática sobre as novas gerações nos anos 80. Arlindo Fagundes (1955) no seu álbum La Chavalita e o seu personagem “Pitanga, barbeiro a domicílio” escreveu-nos sobre a prostituição e escravatura branca - sobre o tráfico de mulheres portuguesas para bares de prostituição em Espanha, tema que na altura ninguém falava. Esta abordagem urbana e suburbana continuou, uma década depois com “Loverboy”, de Marte (1973) e João Fazenda (1979), histórias de geração dos anos 90, da ressaca grunge, pré-universitários, drogas e Raves. Os autores são precisamente dessa geração dos anos 90 que durante essa década foram influenciados pelos alternativos norte-americanos e a movimentação das editoras independentes, criando entre 1997 e 2001 um verdadeiro boom dos cómics portugueses. Desta fornada que também foi ajudada pela intensa actividade da Bedeteca de Lisboa e pelo Salão Internacional de BD do Porto, que por exemplo mostrou pela primeira vez em Portugal o trabalho de editoras alternativas norte-americanas Fantagraphics e Drawn & Quarterly, e os seus autores que tratavam de autobiografia e reportagem como Joe Sacco, Julie Doucet, Chester Brown,… o que para foi sem dúvida uma inspiração para autores como Pedro Brito (1975) ou Isabel Carvalho (1977), por exemplo.
Em 2002 o mercado implodiu. A Bedeteca de Lisboa perdeu protagonismo, as editoras de bd comercial abafaram as pequenas editoras, com material que nem sequer interessava ao público mas que ocupavam bastante espaço comercial nas livrarias – a distribuição de edição de bd em Portugal é feita em livrarias generalistas, há poucas lojas especializadas que para além do mais importam sobretudo comics norte-americanos e quase nunca tem edição nacional nas suas prateleiras. O mercado encontra-se moribundo seja para bd comercial seja para a “alternativa”. Ainda assim as resistências continuam com algum número de projectos editorais de tiragens pequenas: a Associação Chili Com Carne, El Pep, Opuntia Books, Nova Comix, Imprensa Canalha, MMMNNNRRRG, A Mula são algumas sobreviventes do “apocalipse 2002”.
É neste quadro, em que queremos mostrar uma bd portuguesa em sintonia com o resto mundo e em especial com a “realidade”. É uma tarefa difícil de empreender porque apesar da contemporaneidade dos temas retratados pelos autores dos anos 90, foram poucos a que se propuseram a explorar a “reportagem”, o “jornalismo”, a “crónica” ou a “autobiografia segundo a lógica Pekar”. Ainda assim, de assim podemos relatar alguns projectos como Para além dos Olivais (Bedeteca de Lisboa; 2000), um trabalho colectivo dedicado ao bairro lisboeta dos Olivais, a maior parte do material divide-se mais para a ficção do que para a “realidade”; Nós somos os Mouros (Assírio & Alvim; 2003), um projecto ibérico sobre várias questões islâmicas com a participação de autores portugueses e espanhóis sobre argumentos do espanhol Felipe Hernández Cava (1963) e o português João Paulo Cotrim (1965); Á Esquina (Campo das Letras; 2003) de João Paulo Cotrim e Pedro Burgos (1968; autor publicado em Itália no segundo número da revista Orme) que é uma colectânea que reúne tiras/crónicas sobre o dia-a-dia lisboeta publicadas no maior jornal nacional Público (entre 1998 e 1999), na tradição de Carlos Botelho; e, Cotrim com Miguel Rocha (1968) produziram o livro Salazar : Agora, na hora da sua morte (Parceria A. M. Pereira; 2006), um "best-seller" (dentro dos parâmetros do mercado da bd) e chamaram os media para um livro de bd, coisa rara, como bem sabemos.
Ainda assim, foram escolhidos outros autores, dois autores das duas principais cidades portuguesas, Lisboa e Porto, que tem trabalhado em projectos em comum, como as Feiras Laicas (um evento de edição alternativa) ou partilhado formatos editoriais pouco convencionais como são zines e pequenas editoras.
Filipe Abranches (1965), tendo o trabalho espalhado de várias formas, a sua obra de peso será História de Lisboa (Assírio & Alvim, Bedeteca de Lisboa; 2 volumes, 1998-2000; primeiro volume editado pela editora francesa Amok) que trabalhou com o recém-falecido historiador A.H. Oliveira Marques. As diferenças formais e de conteúdo deste trabalho em relação ao resto das bd’s históricas da velha-guarda ou da indústria francesa Glénat são muitas, a começar que a personagem principal que é a Cidade de Lisboa e não figuras emblemáticas. Também não temos a grandiosidade telúrica ou o charme de lenda como geralmente são retratadas os factos e figuras históricas no pior sentido da cultura institucionalizada. Daí que até tudo pareça mundano: os muçulmanos defecam de uma torre entre insultos com os cristãos na tomada da cidade. Graficamente as várias páginas desta bd são camaleónicas (como muitas experiências de Abranches foram ao longo dos anos 90) porque simulam a iconografia de cada época da cidade: páginas vermelhas para a Peste Negra, páginas a branco e azul como se azulejos do século XVIII se tratassem, as caricaturas feitas de Bordalo Pinheiro também são “sampladas” para tratar o capítulo “A cidade renovada” que se decorre por volta de 1886.
Marcos Farrajota (1973) desde 1994 que explora a “realidade” na bd. Começou com pequenos episódios, sagas de amores de verão, e documentação da “má-vida” no seu zine Mesinha de Cabeceira. Considera-se o “pior desenhador de Portugal” para fazer auto-promoção, isto porque as pessoas dizem que gostam das suas histórias mas não dos seus desenhos nitidamente naífs. Desde 1998 que começou a documentar o mundo da música ora com bd’s no tradicional formato de tiras humorísticas (embora o humor nunca acaba por ser um fim em si) fazendo crítica a concertos a discos, de gente tão diferente como Boyd Rice, Dälek, Antibalas, Brujeria, bandas locais, ou até a conferências sobre música, locais (o Museu de Instrumentos Musicais de Bruxelas), teatro (Jesus Christ Super Star) e instalações sonoras (Forty Part Motet no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona). Algumas das tiras são feitas por encomenda para periódicos de música portugueses e filandeses, outras são feitas apenas porque o autor se divertiu num concerto.
O dionísiaco Janus (1971) tem O Macaco Tozé (MMMNNNRRRG; 2000) a sua obra principal, não só porque é o único registo oficial – o resto do trabalho tem sido espalhado em vários zines, alguns auto-editados – mas também porque nas suas 72 páginas retrata a cidade do Porto como nenhum outro autor conseguiu. O cinzentismo e aspecto bruto da cidade é mostrada não só pela estética “underground” de um autor auto-didacta cujas influências são imprevisiveis – e não, não revelarei o segredo. O retracto do Porto é completado com as desaventuras do“looser” proletário Macaco Tozé, que nada mais são as desaventuras do próprio autor. O mundo é povoado por macacos (antropomorfos das pessoas) talvez para o autor contra com alguma distância física, as suas tragédias. [as pranchas de Janus expostas acabaram por ser as que saíram no Mutate & Survive]
Em comum, com todos estes autores, Marco Mendes (1978) também ele um autor de “slices-of-life”. Se uma bd perdida no número cinco da revista Quadrado (2003) mostrava ser um virtuoso desenhador “Pop Art”, desde 2004, através dos zines com os nomes escabrosos, que o choque estético é evidente. A perícia técnica classicista a que a maior parte da bd está associada está lá é certo, no entanto, os desenhos estão inacabados, estão “ainda” a lápis, não estão passados a preto, algumas pranchas até tem cor como se o autor estivesse a ensair um resultado. Mais: os textos parecem estar cheios de erros, algumas palavras são riscadas porque o autor enganou-se a escrever. A urgência de puxar a realidade para uma folha de papel ultrapassa os formalismos e convenções de escrita e desenho da bd porque o que é necessário é colocar o Janus, outros autores, os amigos e os conhecidos de Mendes nas bd’s a falarem uma banalidade, de preferência bêbados. A boémia e a cena artística do Porto são aqui mostradas com alguma inocência mordaz.
Bibliografia internacional:
Em francês:
Le Portugal en Bulles : Un siècle et demi de bande dessinées (Bedeteca de Lisboa ; 2000), João Paulo Paiva Boléo & Carlos Bandeiras Pinheiro.
Em inglês:
Portuguese Comics in the 90’s (IPLB ; 2000), João Paulo Cotrim
Em castelhano:
A Banda Desenhada portuguesa: um universo paralelo (www.absysnet.com/recursos/comics/esp2ptgal.html; 2006), Adalberto Barreto & Marcos Farrajota
Portugal Paradójico: el panorama del cómic portués (La Guia del Cómic; Mai’03), Marcos Farrajota
Em italiano:
Sobre o Salão Lisboa 2003 e Feira Laica 2007, respectivamente em Scuola di Fumetto #13, 56 (Coniglio; 2003, 2007), Alberto Corradi
Texto publicado no catálogo do Komikazen 2007
Será justo achar positivo o facto de não termos indústria nem mercado? Por um lado é aflitivo assistir o desnorteio de alguns “autores-capitães” face ao “oceano”, por outro a bd portuguesa não deixa de ter uma riqueza de obras e autores justamente pela ausência de vícios da formatação - um mercado obriga sempre a uma formatação de estilo ou tema! Assim, cada autor português tem encontrado o seu caminho individual.
No que respeita à “bd realista” (tema que interessa para este festival) e encurtando uma História rica e longa, temos desde logo o “pai da bd portuguesa” (Raphael Bordallo Pinheiro) já fazia autobiografia, em 1881, no seu segundo álbum No Lazareto de Lisboa – onde desenha a sua experiência de quarentena regressado do Brasil, essa quarentena era obrigatória para os viajantes que vinham de países onde havia epidemias. Tal como na origem da bd, Raphael eram um cronista sátiro da política de um tempo ainda dividido entre a Monarquia e os Republicanos mas também retratava os aspectos culturais, como o Teatro.
Saltando para os modernistas temos Stuart Carvalhais (1887-1961) e Carlos Botelho (1899-1982). O primeiro inventou a série «Quim e o Manecas» que apesar de seguir a tradição dos rapazes traquinas Max und Morritz tem a proeza de denunciar os acontecimentos do seu tempo como a miséria das ruas ou a 1ª Guerra Mundial. O segundo, entre 1928 e 1950, cria as crónicas Ecos da Semana (no jornal Sempre fixe) que critica e testemunha os acontecimentos culturais, sociais e culturais em bd, fossem uma “Volta a Portugal em Bicicleta” fosse a situação política internacional - em que até Mussolini aparece. Dedicou 22 anos a este trabalho até ao seu desgaste graças à censura do Estado Novo.
Seguem-se duas rápidas passagens pelo tempo. Nos anos 50, tal nos EUA ou em França, os cómics portugueses também tinham um código de conduta. As «Instruções sobre a literatura infantil» (1950). A bd portuguesa tal como no resto do mundo foi transformada num médium destinado ao público infanto-juvenil predominando as duas linhas mais conhecidas de cómics popular: o estilo “realista” explorado no género de aventuras, que no caso português significou na sua maioria cómics enquadrados nos temas de história ou adaptação literária desde que enaltecessem o espírito nacionalista e o estilo caricatural que é usado no humor ou ainda, hibridamente, na aventura humorística. Daqui pouco haverá de interesse para contar. Depois, veio a Revolução do 25 de Abril de 1974 e não faltaram “cronistas-cartunistas” da situação que se vivia.
A liberdade permitiu o aparecimento de uma bd contemporânea perdida durante 40 anos de fascismo. A “primeira geração livre” materializou-se na revista Visão, influenciada pela Pilote e por outras revistas francesas “adultas”. Era, no entanto, um periódico demasiado luxuoso para um país pobre e demasiado vanguardista para um país atrasado. Um oásis impensável. Teve apenas 12 números e um ano de vida (Abr. 75 / Maio 76). Nas suas páginas encontraremos algumas das poucas bd’s sobre a Guerra nas Colónias por Victor Mesquita (1939) e Machado da Graça (que também realizaram outra sobre a guerra do Vietname), e por Pedro Massano (1948).
Os anos 80 são reconhecidos pelo o lento fim dos periódicos dedicados à bd e o começo de mais novas abordagens estilísticas pelos autores portugueses. Os universos abrem-se para questões mais intimistas, urbanas e marginais embrulhadas com grafismos ousados e experimentais. Apesar de serem autores com estruturas narrativas e estéticas ainda tradicionais, gostaria de referir Fernando Relvas (1954) com L123 e Cevadilha Speed, duas obras que tratam com algum realismo fenómenos como a delinquência juvenil, as drogas ou as alemãs no Algarve. Relvas acabou por criar uma obra carismática sobre as novas gerações nos anos 80. Arlindo Fagundes (1955) no seu álbum La Chavalita e o seu personagem “Pitanga, barbeiro a domicílio” escreveu-nos sobre a prostituição e escravatura branca - sobre o tráfico de mulheres portuguesas para bares de prostituição em Espanha, tema que na altura ninguém falava. Esta abordagem urbana e suburbana continuou, uma década depois com “Loverboy”, de Marte (1973) e João Fazenda (1979), histórias de geração dos anos 90, da ressaca grunge, pré-universitários, drogas e Raves. Os autores são precisamente dessa geração dos anos 90 que durante essa década foram influenciados pelos alternativos norte-americanos e a movimentação das editoras independentes, criando entre 1997 e 2001 um verdadeiro boom dos cómics portugueses. Desta fornada que também foi ajudada pela intensa actividade da Bedeteca de Lisboa e pelo Salão Internacional de BD do Porto, que por exemplo mostrou pela primeira vez em Portugal o trabalho de editoras alternativas norte-americanas Fantagraphics e Drawn & Quarterly, e os seus autores que tratavam de autobiografia e reportagem como Joe Sacco, Julie Doucet, Chester Brown,… o que para foi sem dúvida uma inspiração para autores como Pedro Brito (1975) ou Isabel Carvalho (1977), por exemplo.
Em 2002 o mercado implodiu. A Bedeteca de Lisboa perdeu protagonismo, as editoras de bd comercial abafaram as pequenas editoras, com material que nem sequer interessava ao público mas que ocupavam bastante espaço comercial nas livrarias – a distribuição de edição de bd em Portugal é feita em livrarias generalistas, há poucas lojas especializadas que para além do mais importam sobretudo comics norte-americanos e quase nunca tem edição nacional nas suas prateleiras. O mercado encontra-se moribundo seja para bd comercial seja para a “alternativa”. Ainda assim as resistências continuam com algum número de projectos editorais de tiragens pequenas: a Associação Chili Com Carne, El Pep, Opuntia Books, Nova Comix, Imprensa Canalha, MMMNNNRRRG, A Mula são algumas sobreviventes do “apocalipse 2002”.
É neste quadro, em que queremos mostrar uma bd portuguesa em sintonia com o resto mundo e em especial com a “realidade”. É uma tarefa difícil de empreender porque apesar da contemporaneidade dos temas retratados pelos autores dos anos 90, foram poucos a que se propuseram a explorar a “reportagem”, o “jornalismo”, a “crónica” ou a “autobiografia segundo a lógica Pekar”. Ainda assim, de assim podemos relatar alguns projectos como Para além dos Olivais (Bedeteca de Lisboa; 2000), um trabalho colectivo dedicado ao bairro lisboeta dos Olivais, a maior parte do material divide-se mais para a ficção do que para a “realidade”; Nós somos os Mouros (Assírio & Alvim; 2003), um projecto ibérico sobre várias questões islâmicas com a participação de autores portugueses e espanhóis sobre argumentos do espanhol Felipe Hernández Cava (1963) e o português João Paulo Cotrim (1965); Á Esquina (Campo das Letras; 2003) de João Paulo Cotrim e Pedro Burgos (1968; autor publicado em Itália no segundo número da revista Orme) que é uma colectânea que reúne tiras/crónicas sobre o dia-a-dia lisboeta publicadas no maior jornal nacional Público (entre 1998 e 1999), na tradição de Carlos Botelho; e, Cotrim com Miguel Rocha (1968) produziram o livro Salazar : Agora, na hora da sua morte (Parceria A. M. Pereira; 2006), um "best-seller" (dentro dos parâmetros do mercado da bd) e chamaram os media para um livro de bd, coisa rara, como bem sabemos.
Ainda assim, foram escolhidos outros autores, dois autores das duas principais cidades portuguesas, Lisboa e Porto, que tem trabalhado em projectos em comum, como as Feiras Laicas (um evento de edição alternativa) ou partilhado formatos editoriais pouco convencionais como são zines e pequenas editoras.
Filipe Abranches (1965), tendo o trabalho espalhado de várias formas, a sua obra de peso será História de Lisboa (Assírio & Alvim, Bedeteca de Lisboa; 2 volumes, 1998-2000; primeiro volume editado pela editora francesa Amok) que trabalhou com o recém-falecido historiador A.H. Oliveira Marques. As diferenças formais e de conteúdo deste trabalho em relação ao resto das bd’s históricas da velha-guarda ou da indústria francesa Glénat são muitas, a começar que a personagem principal que é a Cidade de Lisboa e não figuras emblemáticas. Também não temos a grandiosidade telúrica ou o charme de lenda como geralmente são retratadas os factos e figuras históricas no pior sentido da cultura institucionalizada. Daí que até tudo pareça mundano: os muçulmanos defecam de uma torre entre insultos com os cristãos na tomada da cidade. Graficamente as várias páginas desta bd são camaleónicas (como muitas experiências de Abranches foram ao longo dos anos 90) porque simulam a iconografia de cada época da cidade: páginas vermelhas para a Peste Negra, páginas a branco e azul como se azulejos do século XVIII se tratassem, as caricaturas feitas de Bordalo Pinheiro também são “sampladas” para tratar o capítulo “A cidade renovada” que se decorre por volta de 1886.
Marcos Farrajota (1973) desde 1994 que explora a “realidade” na bd. Começou com pequenos episódios, sagas de amores de verão, e documentação da “má-vida” no seu zine Mesinha de Cabeceira. Considera-se o “pior desenhador de Portugal” para fazer auto-promoção, isto porque as pessoas dizem que gostam das suas histórias mas não dos seus desenhos nitidamente naífs. Desde 1998 que começou a documentar o mundo da música ora com bd’s no tradicional formato de tiras humorísticas (embora o humor nunca acaba por ser um fim em si) fazendo crítica a concertos a discos, de gente tão diferente como Boyd Rice, Dälek, Antibalas, Brujeria, bandas locais, ou até a conferências sobre música, locais (o Museu de Instrumentos Musicais de Bruxelas), teatro (Jesus Christ Super Star) e instalações sonoras (Forty Part Motet no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona). Algumas das tiras são feitas por encomenda para periódicos de música portugueses e filandeses, outras são feitas apenas porque o autor se divertiu num concerto.
O dionísiaco Janus (1971) tem O Macaco Tozé (MMMNNNRRRG; 2000) a sua obra principal, não só porque é o único registo oficial – o resto do trabalho tem sido espalhado em vários zines, alguns auto-editados – mas também porque nas suas 72 páginas retrata a cidade do Porto como nenhum outro autor conseguiu. O cinzentismo e aspecto bruto da cidade é mostrada não só pela estética “underground” de um autor auto-didacta cujas influências são imprevisiveis – e não, não revelarei o segredo. O retracto do Porto é completado com as desaventuras do“looser” proletário Macaco Tozé, que nada mais são as desaventuras do próprio autor. O mundo é povoado por macacos (antropomorfos das pessoas) talvez para o autor contra com alguma distância física, as suas tragédias. [as pranchas de Janus expostas acabaram por ser as que saíram no Mutate & Survive]
Em comum, com todos estes autores, Marco Mendes (1978) também ele um autor de “slices-of-life”. Se uma bd perdida no número cinco da revista Quadrado (2003) mostrava ser um virtuoso desenhador “Pop Art”, desde 2004, através dos zines com os nomes escabrosos, que o choque estético é evidente. A perícia técnica classicista a que a maior parte da bd está associada está lá é certo, no entanto, os desenhos estão inacabados, estão “ainda” a lápis, não estão passados a preto, algumas pranchas até tem cor como se o autor estivesse a ensair um resultado. Mais: os textos parecem estar cheios de erros, algumas palavras são riscadas porque o autor enganou-se a escrever. A urgência de puxar a realidade para uma folha de papel ultrapassa os formalismos e convenções de escrita e desenho da bd porque o que é necessário é colocar o Janus, outros autores, os amigos e os conhecidos de Mendes nas bd’s a falarem uma banalidade, de preferência bêbados. A boémia e a cena artística do Porto são aqui mostradas com alguma inocência mordaz.
Bibliografia internacional:
Em francês:
Le Portugal en Bulles : Un siècle et demi de bande dessinées (Bedeteca de Lisboa ; 2000), João Paulo Paiva Boléo & Carlos Bandeiras Pinheiro.
Em inglês:
Portuguese Comics in the 90’s (IPLB ; 2000), João Paulo Cotrim
Em castelhano:
A Banda Desenhada portuguesa: um universo paralelo (www.absysnet.com/recursos/comics/esp2ptgal.html; 2006), Adalberto Barreto & Marcos Farrajota
Portugal Paradójico: el panorama del cómic portués (La Guia del Cómic; Mai’03), Marcos Farrajota
Em italiano:
Sobre o Salão Lisboa 2003 e Feira Laica 2007, respectivamente em Scuola di Fumetto #13, 56 (Coniglio; 2003, 2007), Alberto Corradi
Texto publicado no catálogo do Komikazen 2007
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Lançamento de cd catálogo
A exposição on the other hand / sombra_clara decorreu no Museu dos Biscainhos entre meados de Maio e Junho de 2007. O Museu dos Biscainhos é um palácio setecentista transformado em casa-museu localizado no centro de Braga. Além do traço arquitectónico e dos magníficos jardins, o Museu tem para oferecer aos visitantes diverso mobiliário, pinturas, louças, objectos decorativos, utensílios domésticos, etc., numa montagem que procura ilustrar o que seria a vivência numa casa senhorial dos sécs. XVII/XVIII.
O desafio lançado aos artistas foi conceberem trabalhos específicos que se integrassem no percurso expositivo habitual da instituição, criando novas relações, tensões, narrativas, enfim, que convocassem um outro olhar sobre o Museu.
Com o intuito de editar um catálogo da exposição, documentámos extensivamente todo o evento. A dada altura, constatámos que não seria disponibilizado qualquer orçamento para a impressão do catálogo.
Terminada a exposição, seria decepcionante não ficar qualquer registo do evento, para mais quando dispúnhamos de centenas de fotografias da Joana Pinheiro, diversos textos dos autores, gravações sonoras, etc.
O cd catálogo que agora apresentamos é a nossa resposta à inexistência de orçamento para imprimir um catálogo em papel. Aquilo que, à partida, parecia uma contrariedade inultrapassável acabou por impulsionar um objecto-novo, interactivo, com muitas mais imagens e conteúdos do que os que caberiam num catálogo em papel. O lançamento do cd catálogo encerra com chave de ouro este projecto e permanece como testemunho e homenagem a todos aqueles que connosco partilharam este desafio.
A edição é limitada e à borla, como quase tudo o que é bom na vida.
Apresentação dia 12 de Outubro às 22h na Velha-a-Branca - estaleiro cultural (Largo da Senhora-a-Branca nº 23, Braga) e no dia 27 de Outubro às 19h na Cooperativa Gesto (Rua Cândido dos Reis nº 64, Porto).
O desafio lançado aos artistas foi conceberem trabalhos específicos que se integrassem no percurso expositivo habitual da instituição, criando novas relações, tensões, narrativas, enfim, que convocassem um outro olhar sobre o Museu.
Com o intuito de editar um catálogo da exposição, documentámos extensivamente todo o evento. A dada altura, constatámos que não seria disponibilizado qualquer orçamento para a impressão do catálogo.
Terminada a exposição, seria decepcionante não ficar qualquer registo do evento, para mais quando dispúnhamos de centenas de fotografias da Joana Pinheiro, diversos textos dos autores, gravações sonoras, etc.
O cd catálogo que agora apresentamos é a nossa resposta à inexistência de orçamento para imprimir um catálogo em papel. Aquilo que, à partida, parecia uma contrariedade inultrapassável acabou por impulsionar um objecto-novo, interactivo, com muitas mais imagens e conteúdos do que os que caberiam num catálogo em papel. O lançamento do cd catálogo encerra com chave de ouro este projecto e permanece como testemunho e homenagem a todos aqueles que connosco partilharam este desafio.
A edição é limitada e à borla, como quase tudo o que é bom na vida.
Apresentação dia 12 de Outubro às 22h na Velha-a-Branca - estaleiro cultural (Largo da Senhora-a-Branca nº 23, Braga) e no dia 27 de Outubro às 19h na Cooperativa Gesto (Rua Cândido dos Reis nº 64, Porto).
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
ccc@HELLsinki-&-komikazen or how Portuguese and Italians work together...
Chili Com Carne editions and other great Portuguese labels like Imprensa Canalha, MMMNNNRRRG [site not working due to server problems!] and Opuntia Books, will be sold at the Canicola stand in the Helsinki Comics Festival.
...
In October, Marcos Farrajota and Filipe Abranches will be present in Komikazen. They'll have a exhibition along with other artists and also other two Portuguese comics authors: with Janus and Marco Mendes.
KOMIKAZEN: 3rd INTERNATIONAL FESTIVAL OF REALITY COMICS
European Comics Cartography
From the 12th to the 13th of October, the most important European comic writers of magazines and underground Festivals will be on show in Ravenna.
On Friday, the 12th of October, the 3rd International Festival of Reality Comics will open with a workshop involving authors and promoters coming from all over Europe. Authors of well-known magazines like Strapazin (Switzerland), Babel (Athens), Glomp (Finland), Chili Com Carne (Portugal) and new self-productions coming from new members of the EU, like Romania, active with the magazine Hard Comics and with various festivals, will participate at the meeting at the Albergo Cappello in Ravenna. For the first time in Italy, there will be the young authors of Stripoteka, a Bosnian collective based in Sarajevo. It will be a very important day to closely get to know stories and projects of European Magazines editors and to organize a common plan for the future (authors exchange, exhibitions…). The participation in the event is open to the public upon registration.
The Festival highlight will be on Saturday the 13th of October, with the opening of the collective exhibition European Comics Cartography at the Museo Nazionale of Ravenna. This prestigious institution hosts an exhibit of about 50 European authors working in all the invited magazines. The exhibit opens up to a virtual journey, through the youth imaginary, in Europe, a country that widened its borders allowing the flow of comics’ styles and stories.
At 3.30 p.m. there will be the meeting with the author of Martin Luther King, Ho Che Anderson: this Canadian author will present the book, published in Italy with Becco giallo in the Mirada gallery, and will show his original plates at the Biblioteca Classense. A masterly biographical work, which closely follows the light and shade of the Afro-American leader and points out how everyone seems to have forgotten about the political lab of non-violent conflicts. Considered the most important Graphic Novel after Maus, it is a book that touches the boundaries of the political essay, the annotated biography and the novel.
At 7 p.m. on Saturday the 13th, there will be the prize giving of the GAER (Giovani Artisti dell'Emilia Romagna) selection, comics’ section 2007 in the exhibition room of the Assessorato Politiche Giovanili. The commission chose Marino Neri (Modena) and Leonardo Guardigli (Massa Lombarda - Ravenna) as the young authors whose works will be published (Kappa Edizioni and Centro Fumetto Andrea Pazienza). On show there will be 10 authors coming from Emilia Romagna.
In the same room there will be the exhibition Honey Talks, organized by the Slovenian magazine Stripburger and promoted by the Slovenial Cultural Department. A work in between comics and anthropology. The decorated beehives of the Slovenian beekeepers inspire the original plates. Anke Feuchtenberger, Danijel Zezelj, Rutu Modan, Matthias Lehmann and many others artists took part in the project.
At midnight the collective from Marseilles Le Dernier Cri, will inaugurate at the Mirada gallery, with absinth tasting and live music. The Stakhanovites of limited edition books create a wild chaos of anomalous esthetic. On show and on sale their original serigraphies, the latest fashion.
The 13th of October festival events will intersect the Notte d’Oro Festival, organized by the Ravenna Municipality and by the city centre shopkeepers. Artists will go around town to draw books, show videos and surprises and Ravenna will be an open city until dawn.
The exhibitions will stay open until the 15th of November, except for the Dernier Cri that will close the 6th of November.
For the closing of the Festival “L'uomo cane suda olio” – personal exhibit by Stefano Ricci, opening the 10th of November at the Mirada gallery. Stefano Ricci is in Ravenna for a project with Ravennateatro.
For biographies and information about the festival, the authors on show and guests contact:
www.mirada.it/komikazen
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In October, Marcos Farrajota and Filipe Abranches will be present in Komikazen. They'll have a exhibition along with other artists and also other two Portuguese comics authors: with Janus and Marco Mendes.
KOMIKAZEN: 3rd INTERNATIONAL FESTIVAL OF REALITY COMICS
European Comics Cartography
From the 12th to the 13th of October, the most important European comic writers of magazines and underground Festivals will be on show in Ravenna.
On Friday, the 12th of October, the 3rd International Festival of Reality Comics will open with a workshop involving authors and promoters coming from all over Europe. Authors of well-known magazines like Strapazin (Switzerland), Babel (Athens), Glomp (Finland), Chili Com Carne (Portugal) and new self-productions coming from new members of the EU, like Romania, active with the magazine Hard Comics and with various festivals, will participate at the meeting at the Albergo Cappello in Ravenna. For the first time in Italy, there will be the young authors of Stripoteka, a Bosnian collective based in Sarajevo. It will be a very important day to closely get to know stories and projects of European Magazines editors and to organize a common plan for the future (authors exchange, exhibitions…). The participation in the event is open to the public upon registration.
The Festival highlight will be on Saturday the 13th of October, with the opening of the collective exhibition European Comics Cartography at the Museo Nazionale of Ravenna. This prestigious institution hosts an exhibit of about 50 European authors working in all the invited magazines. The exhibit opens up to a virtual journey, through the youth imaginary, in Europe, a country that widened its borders allowing the flow of comics’ styles and stories.
At 3.30 p.m. there will be the meeting with the author of Martin Luther King, Ho Che Anderson: this Canadian author will present the book, published in Italy with Becco giallo in the Mirada gallery, and will show his original plates at the Biblioteca Classense. A masterly biographical work, which closely follows the light and shade of the Afro-American leader and points out how everyone seems to have forgotten about the political lab of non-violent conflicts. Considered the most important Graphic Novel after Maus, it is a book that touches the boundaries of the political essay, the annotated biography and the novel.
At 7 p.m. on Saturday the 13th, there will be the prize giving of the GAER (Giovani Artisti dell'Emilia Romagna) selection, comics’ section 2007 in the exhibition room of the Assessorato Politiche Giovanili. The commission chose Marino Neri (Modena) and Leonardo Guardigli (Massa Lombarda - Ravenna) as the young authors whose works will be published (Kappa Edizioni and Centro Fumetto Andrea Pazienza). On show there will be 10 authors coming from Emilia Romagna.
In the same room there will be the exhibition Honey Talks, organized by the Slovenian magazine Stripburger and promoted by the Slovenial Cultural Department. A work in between comics and anthropology. The decorated beehives of the Slovenian beekeepers inspire the original plates. Anke Feuchtenberger, Danijel Zezelj, Rutu Modan, Matthias Lehmann and many others artists took part in the project.
At midnight the collective from Marseilles Le Dernier Cri, will inaugurate at the Mirada gallery, with absinth tasting and live music. The Stakhanovites of limited edition books create a wild chaos of anomalous esthetic. On show and on sale their original serigraphies, the latest fashion.
The 13th of October festival events will intersect the Notte d’Oro Festival, organized by the Ravenna Municipality and by the city centre shopkeepers. Artists will go around town to draw books, show videos and surprises and Ravenna will be an open city until dawn.
The exhibitions will stay open until the 15th of November, except for the Dernier Cri that will close the 6th of November.
For the closing of the Festival “L'uomo cane suda olio” – personal exhibit by Stefano Ricci, opening the 10th of November at the Mirada gallery. Stefano Ricci is in Ravenna for a project with Ravennateatro.
For biographies and information about the festival, the authors on show and guests contact:
www.mirada.it/komikazen