domingo, 9 de novembro de 2008

Punk'zines not dead!

Riot Not Quiet! #1/2 (R.G. + J.A.; Jun'07/Jun'08)
Ou os fanzines sempre andaram por aí (e não desapareceram nos últimos 10 anos) ou então está haver um "fanzine revival". Eis que lá apanhei os dois números do RNQ dedicado ao Punk/Hardcore na Feira de Fanzines de Almada - evento a decorrer até 15 de Novembro.
O primeiro número é no formato A4, o segundo A5 (claro), fotocópia manhosa (pois...), entrevistas a bandas, críticas e textos - a maior parte redundantes, sendo os mais interessantes os de opinião. Mas alguém já deve ter apercebido que ler no papel é mesmo muito mais agradável do que num monitor, mas ainda não perceberam que devem ser mais "formativos" do que "informativos". Falta mais audácia e trabalho (anunciar uma bd de uma página, como acontece no #2, sabe a pouco!) para ser mais "riot" ainda quando oferecem CD-R's com bandas que estão representadas no fanzine, sejam contemporâneos como Simbiose ou os Adorno (onde pára o camarada Ricardo "Lobster") seja de stars punks (Operation Ivy ou Bikini Kill), mega-stars (Police) pirateados assim mesmo sem medos! Grande misturada que até têm os eXtintos X-Acto que ainda hoje gostaria de perceber porque raios tiveram tanto impacto sendo uma das bandas mais horríveis que já ouvi na minha vida.
É porreira, a capa do CD-R do segundo número (vejam no myspace) - um desenho da R.G. que assina as bd's? Ah! No primeiro aparece uma bd que adapta TV Party dos Black Flag. Bem, pá! Não fiquem calmos, pá! Saltem lá com o terceiro número, pá!

Beat Motel #8 (Beat Motel / Corndog; Ago'98)

Beat Motel é um fanzine Punk/Core inglês dedicado a 90% à música e com todos os clichés de um fanzine do género: A5 preto e branco fotocopiado, resenhas a discos, zines, livros e concertos, entrevistas a bandas, "scene-reports" (neste número sobre a cena Hardcore na Indonésia - que por acaso já sabia que é uma das maiores do mundo) e textos variados - neste número dedicado ao "Nacionalismo" com vários escritores de outros fanzines a darem o seu contributo.
Para quem pensava que na sociedade da hiper-informação virtual que objectos editoriais como este já não existiam, engane-se... Não será por acaso que o editor anuncia o projecto como «80 páginas, 67 resenhas a zines, 142 resenhas de CD's, 10 de concertos, 18 escritores e 69,400 palavras» (resta saber se é com espaços ou sem espaços entre as palavras). A hiper-informação continua mas fotocopiada em gloriosa tecnologia retro e que proporciona bons momentos de leitura mesmo quando algum do conteúdo chega a ser vulgar ou aborrecido. Infelizmente em termos gráficos o fanzine é um bocado pobre apesar de prometer imenso com a capa porreira de Joel Millerchip, pelos vistos não é só em Portugal que os ilustradores são mal-usados.
O editor deste fanzine, o simpático Andrew Culture, é um activista Punk na cidade de Ipwich onde edita e distribui zines, organiza concertos, toca numa banda (creio) e ainda tem tempo para escrever alguns mini-zines como A Multi Story Tale of a NCP Carpark Nightmare (Corndog; Abr'08) - formato A6, 16 páginas - sobre uma infeliz noite em que Andrew ficou fechado num parque de carros (aquels silos de vários andares) numa zona violenta de Londres.


Arredores (zine; Jan'07)

Formato A5 fotocopiado às três pancadas com imagens mal digitalizadas e entrevistas repetitivas a skins e punks... Só falta um apartado manhoso para a Reboleira ou Alfragide mas não, temos como contacto um e-mail: pcc_arredores@sapo.pt Fixe e avanti!
A produção de objectos culturais nos finais dos anos 90 sofreram uma mudança gradual da substituição do formato físico para o virtual. Os fanzines passaram para sites (e blogues), as demo-tapes para CD-R's e agora o famoso myspace.com... Os amontoados de fotocópias que tivessem um caractér informativo (ou seja, mesmo fanzines) quase que desapareceram - ficaram sobretudo os zines dedicados à arte e criação (zines, livros de autor, micro-edição). Mas pelos vistos ainda há malta com um pancada anacrónica e é com gosto que li o número zero do Arredores que não só entrevista aos organizadores AEZ e aos Brixton Cats (ambos de França) como entrevista o rapper Biru - dos The Shadow Lights - mostrando que quem gosta mesmo da cultura de rua não tem preconceitos com os géneros de música. Espero que continuem!

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