As edições Humeurs tem um catálogo de "humor negro" em que tanto podemos encontrar novos autores como velhos. Este ano a Chili Com Carne fez trocas com o seu editor Sylvain Gerand (ele próprio autor versátil já publicado em Portugal pela Opuntia Books) em que nos chegou o material mais visual e a inevitável antologia L'Horreur est Humaine.
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O que tem Poupées de Papier (2006) de Medi Holtrop e Appétit (ed. aumentada, 2004) de Willem em comum?
Apenas uma coisa, os autores são mulher e marido, ambos pertencentes à geração Provo, consequentemente à do Maio de 68, e à loucura editorial das revistas Hara-Kiri e Charlie. Depois disso, cada um tem a sua voz: no caso dela, o trabalho dela tem um valor narcisista quase a roçar o freak, onde a autora norueguesa se representa sem pudor - muitas vezes nua - com orgulho no seu corpo velho, rodeada de obcessões fálicas, maternais (a lembrar Paula Rego) e mutações corporais. A dedicatória no livro a Topor não é inocente, porque se nota influências temáticas - influências ou zeitgeist? Willem é um ícone do humor gráfico europeu - até já foi publicado em Portugal embora suspeito que foi sem querer e claro, foi ignorado pela crítica e pelo público. O trabalho deste holandês é profundamente político, social e sexual. Quase que diria que é o avô dos Bazoukas, Dernier Cri e afins... Com dúvidas? É só espreitar este ARREPIANTE livro A6!
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Por fim, o tijolo L'Horreur est humaine #1 (2008) é uma segunda série já longe do formato mutante de zine que existiu no príncipio do milénio. E se nessa altura fotocopiada o "L'HeH" já esticava os limites do "fanzine médio" (um dos números tinha 400 e tal páginas!), a nova série é capa dura, livro cosido, uma fita-marcador, páginas a cores e todo o tratamento de luxo para ser uma antologia de referência - aliás, é de visitar o Ler BD para saber mais e de forma isenta.
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