sábado, 12 de dezembro de 2009
Um ano cru...
Gnu : Quem tem pressa come cru
Norman
(Skinpin; 2009)
Não escrevo mais para revistas, não compro mais CD's, não sei o que se passa pelo mundo a nível de música. É triste e mais triste é que só tenho acompanhado edição nacional - e isso não seria uma coisa propriamente má se a edição portuguesa não tivesse quase desaparecido - falo da Bor Land, da Matarroa e da Thisco, por exemplo. Entretanto parece que este foi o ano da Skinpin Records que anda toda lançada em edições baratas mas de qualidade Rock assumida, independentemente de depois gostar-se mais deste ou daquele género.
Mas não é por o animal andar no deserto português que os Gnu merecem pancadinhas nas costas... ehm... no dorso? Não, não! Para começar há uma coisa que esta banda tem e que raramente podemos ver isso, que são três gajos que curtem tocar ao vivo - e não há nada mais penoso que ver bandas nacionais por causa daquele ar de frete que costumam ter. À parte, por acaso tive a sorte de os ver quando fiz um cartaz para os tipos sem os conhecer, e daí posso afirmar que esta é uma banda para se ver ao vivo mesmo! Os Gnu fazem música instrumental com uma bateria, dois sintetizadores, baixo e guitarra eléctrica, estes últimos quatro instrumentos são divididos por dois músicos, e que assenta em bandas como Aavikko (felizmente menos histérico e circense), Messer Chups (menos electrónico e experimental) e Man...or Astro-man? ou já agora os nacionais Dr. Frankenstein (pelo exotismo/ surf). Sem ficar numa situação de desconforto das comparações, esta música é para curtir sem ser linear ou preguiçosa, tendo sido feita uma boa gravação que capta a energia desta besta tricéfala.
Vai ser bom voltar a ver esta banda ao vivo desta vez na Feira Laica - ok, ok lembrei-me agora: há uma coisa afinal que a banda não é boa! Andaram a tirar poderosas fotos homoeróticas vestidos de talhantes "serial-killers" para depois colocar uma "fotografia-encontrada" bastante parva e pouco atraente para a capa do disco. Acho melhor o gnu meter-se com a cadela-zombie-soviética e perguntar-lhe o que deve fazer para a próxima edição!
Já a capa fotográfica dos Norman tem uma qualidade e definição suficiente para funcionar como capa. Sendo uma banda que se espera melancolia instrumental por estar metidos lá todos Lobos - Norberto à cabeça - acaba por impressionar pelo seu universo rico de psicadelismo lúdico e difícil de colocar nas caixas dos "géneros". É um disco que poderá agradar um "nerd" do Jazz, um pedante da Electrónica, um falhado pós-rock (os Slint não estão na moda? ou isso foi no ano passado?), o novo-frique pseudo-intelectual e toda uma multidão de gente odiosa e pseudo-elitista, que infelizmente vou ter de os gramar a todos se quiser ver um concerto dos Norman. Outro grande disco! Talvez haja Esperança para a música portuguesa sem ter de ir queimar uma vela em Fátima.
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