terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Como é possível?

v/a : Metropolis Club 79-89 (Chaosphere + Metropolis Club + Raging Planet; 2009)

Porque odeio tantos os 80's? Simples... porque há 30 anos que oiço os 80's e parece que ninguém tem juízo para achar que em qualquer discoteca ou festa ainda há razões para ouvir a pior música dessa década. Se soubesse nunca tinha começado as Xungas Partys quando os meus pais deixavam-me em casa nos meados dos anos 90. Por alguma razão absurda - e esta colectânea colabora nisso - instituiu-se que os 80's não foram uma década rica em sons. Que não houve grandes evoluções no Punk, no Dub, no Metal (Slayer? por favor!!!), Hip Hop, Industrial (ninguém conhece Foetus?), Indie... Ou seja, querem uma visão limitada de que nesses tempos só houve Pop Xunga (Kim Wilde, Europe, etc...) ou Rock Dark (Cult, Sisters of Mercy, etc...).
Se o projecto até tem a sua piada ao pedirem a bandas nacionais para versionarem o que quiserem do período de 1979 a 1989, a verdade é que fica tudo a fazer a versão tró-ló-ró que nada acrescenta (CineMuerte, Mofo, Secrecy, Tarantula) ou a versão javardada óbvia (Twenty Inch Burial acelera bem o rabo e as mamas à Samantha Fox!), começando pelos Moonspell que dão um tiro nos pés ao fazerem de Love Will Tear Us Apart (Joy Division) - música que já mete nojo porque até nos supermercados Continente se ouve - uma versão tão asquerosa que parece um ensaio de uma banda de liceu. E quando disse começando, é porque o CD abre com os Moonspell... depois disso é o bordel cheio de gonorréia de mediocridade e putedo "kitsch" do pior.
Safam-se os Darks, curiosamente... Os [f.e.v.e.r.] com uma complexa versão de Cure, os góticos Phantom Vision repescam Lene Lovich (quem? exacto! seja quem for não é óbvio e a versão é solida!), N3xu5 que reduz os Sisters of Mercy a Techno Gó-Gó (é nestas alturas que é verdadeira a afirmação: "mais vale ser estúpido do que não ter tomates") e La Chanson Noire que transforma Hollow Hills (Bauhaus) num piano mais voz a caminho do cabaret - interessante, resta saber o que poderá reservar mais esta "Canção Negra" de futuro...
Com este disco é de chegar à conclusão que pior que a "música dos anos 80" só mesmo a da década passada porque apresenta-se sem imaginação, cheia de tiques e profissionalismos que só a levarão ao grandioso buraco do esquecimento. Um buraco imundo e profundo tão funcional como da mesma forma que nos impingem que os 80's foram os Frankie Goes to Hollywood*!
Por fim, resta dizer que o grafismo do CD está ao nível do "Fido Dido Apresenta Mega Remixes'97". Estamos mesmo na discoteca da província portanto...

*Por acaso um versão Doom do Power of Love feita por uns Desire teria ficado giro mas enfim...

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