Logo no início do Punk, criou-se também os estilos anarcho-punk e o crust, mais politizados, militantes e anti-burgueses. Os "crusters" conhecidos por serem os mais radicais da cena, ironicamente fizeram o primeiro "franshising" musical (muito antes dos Devo ou dos Revolting Cocks) porque é preciso ter muita pouca cera no ouvido para distinguir uns portugueses Simbiose dos suecos Driller Killer que partilham o split-EP Terrorismo de Estado / Ruled by None (Anti-corpos DIY + Power It Up; 2006) ou que se perceba as diferenças entre os brasileiros Social Chaos e os Wormrot de Singapura? Ou qualquer outra banda do género... Todos metem caveiras nas capas, a estética preto e branco das capas fotocopiadas já lá vai mas ainda exite restos mortais dessa estética aqui e acolá, as letras minimal-apocalípticas são cuspidas como uma tempestade nuclear, tudo é barulhento, e todos usam os meus penteados e fatiotas,... Se isto não resume o Crust falta pouco.
Claro que em dias como os nossos em que é mais fácil editar - porque é mais barato imprimir as capas, porque se pode gravar discos em estúdios caseiros com qualidade, porque é mais fácil contactar interessados para distribuir e promover - algumas das características acima referidas passaram a ser diluídas ou passaram a ser "figuras de estilo" ou compromissos com o passado. Daí que se pegarmos em Ciclo de Traição (Criminal Attack + Filth Ear + Zerowork; 2009) dos Social Chaos ou Fake Dimension (Rastilho + Zerowork + Your Poison + RVH; 2009) dos Simbiose não deixamos de reparar nos bons padrões de produção de ambos LP's, especialmente do último que é impresso no vinil pesadinho e a capa é toda a cores. Os brasileiros são mais directos ao assunto e tem uma escola já bem antiga de Hardcore/ Trash do "Brazil" sendimentada em bandas míticas como Ratos de Porão e Sepultura, onde a pica é construída num "power trio" que não deixam ossos para os cães roerem. Sacanagem! Os Simbiose são uma instituição portuguesa no género Hardcore / Crust mas falta-lhes elasticidade, tudo parece pensado até ao último pormenor e por isso acho menos poderoso que os outros "exemplos deste post". A faixa Evolução é regressão com o Sr. Ribas (Censurados, Tara Perdida) parece um mau "mash-up" entre um Portugal que quer sofisticação à força toda e uma realidade eternamente rural. Não é mau disco mas como poderia ser sendo um disco de Crust? Não é tudo igual ao mesmo? Resta dizer que se há um disco português BEM FEITO a nível gráfico é este, é impossível ficar indiferente na sua presença. Desde que o vi a primeira vez fiquei sempre em pulgas para descobrir o que aí se podia ouvir! O ilustrador é espanhol já agora...
Continuando pelos LP's, o último deste anda a fazer furor à escala global! Abuse (Global Thrasher Dealer; 2009) é a estreia dos Wormrot e já lhe valeu um contrato com a Earache - a editora que basicamente criou o Grindcore no final dos anos 80 e que na última década só editava paneleirices. Wormrot é um trio que tem a brutalidade, velocidade, técnica e estupidez necessárias para serem grandes na cena Grind - o que só mostra quando se é mesmo bom consegue-se destacar mesmo num género tão "manhosamente ruídoso". Mesmo para um leigo como eu, este disco sobressaíu do lote ainda nem sabendo do hype à volta destas bestas asiáticas. Os desenhos do disco são do vocalista, que consegue grunhir tão bem como desenhar - sem ironia... Ah! Parece que fazem uma versão dos Yeah Yeah Yeahs mas como nunca ouvi essa gente não posso comentar mais nada.
Continuando pelos LP's, o último deste anda a fazer furor à escala global! Abuse (Global Thrasher Dealer; 2009) é a estreia dos Wormrot e já lhe valeu um contrato com a Earache - a editora que basicamente criou o Grindcore no final dos anos 80 e que na última década só editava paneleirices. Wormrot é um trio que tem a brutalidade, velocidade, técnica e estupidez necessárias para serem grandes na cena Grind - o que só mostra quando se é mesmo bom consegue-se destacar mesmo num género tão "manhosamente ruídoso". Mesmo para um leigo como eu, este disco sobressaíu do lote ainda nem sabendo do hype à volta destas bestas asiáticas. Os desenhos do disco são do vocalista, que consegue grunhir tão bem como desenhar - sem ironia... Ah! Parece que fazem uma versão dos Yeah Yeah Yeahs mas como nunca ouvi essa gente não posso comentar mais nada.
Acabamos pelos mais softs, os italianos Diluvio com Senza ombrello (Bitten By the Rest + Respira + Sonatine + Basura DIY + Zerowork; 2009) que nada tem de Crust ou afins, é Hardcore acelerado cantado em italiano - que soa bem, diga-se de passagem - com a proeza típica de conseguir meter 13 temas em menos de 20 minutos - o que se coloca a questão porque não gravaram um EP em vinil invés de um CD. A produção limpa com realce para a voz, lembra muita banda dos anos 80 e 90 mas ouve-se bem, tanto que vou limpar a cera e ir para a cama ter menos pesadelos a ouvir estes tipos do que se fosse ouvir os outros.
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