sábado, 23 de outubro de 2010
Imprensa Freak (2)
A redação do jornal alemão Jungle World esteve em Portugal (que como todos sabem resume-se a Lisboa, Porto e Fátima) e fez um apanhado dos nossos temas contemporâneos. Mas para estarmos aqui a falar deste periódico maroto de esquerda? Por duas simples razões:
1) foi dada exposição à ilustração/bd portuguesa e à Chili Com Carne nas suas páginas. Conhecemo-nos em Berlim durante a tournê da CCC e rapidamente perceberam a importância do nosso trabalho, daí que nas páginas centrais publicaram bd's de Filipe Abranches, Marco Mendes e Ana Biscaia (autores que já publicámos em antologias) e ilustrações de Ana Ribeiro, David Campos, José Feitor, Ricardo Martins e Ana Menezes.
Mas mais importante: 2) foi o único jornal no mundo (!) que tratou do fecho e destruição da casa ocupada lisboeta SPCC. Apesar da Chili Com Carne ter enviado e-mails para a sua lista de contacto de imprensa (que não é de desprezar, diga-se) não houve nenhum interesse da parte dos meios de comunicação ou dos jornalistas - até a nível pessoal - pelo assunto.
Ambos assuntos mostram a total ignorância e falta de interesse pela cultura alternativa da parte dos meios de comunicação que cada vez mais agem como animais domésticos. Dóceis e desinteressados para tudo que seja fora da casa e do quintal, aliás, um gato ou peixinho dourado não sabe ler os e-mails ou as facturas da EDP dos donos. Um dia quantos os donos são expulsos de casa com uma mão à frente e outra atrás, ou um dia sem dinheiro para ração, lá vão eles pró meio da rua ou pela sanita abaixo! Um gato ou um piriquito ainda se safam... um jornalista precisará de uma casa para dormir! Infelizmente será tarde demais, para encontrarem ou montarem uma casa ocupada porque não ligaram aos e-mails da CCC. É um final de estória triste, terão de dormir com os papeis do jornal que os abandonou...
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Imprensa Freak (1)
Em Portugal, a impressa especializada ou generalista, ignorou o projecto inédito da Tour Europeia da CCC, noutros países não, como num jornal sérvio (não sabemos o nome, os caracteres cirílicos não ajudam...). O sorriso-pasta-dentrífico da Crew CCC não é assim tão farçolas, em Pancevo fomos mesmo muito bem recebidos!
sábado, 16 de outubro de 2010
F.E.I.A.
cartaz: David Campos
no Hey Joe (Montijo). às 22h, o unDJ MMMNNNRRRG mete som até a coisa começar a ficar feia!!! editores confirmados: Chili Com Carne, João Ortega, Mariana a miserável, MMMNNNRRRG, Paracetamol e A Peste.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Os bons é que são sempre esquecidos...
Algumas mudanças de casa e de repente saltam meia-dúzia de edições que foram acumulando algures que não atraia a memória e a vontade de escrever sobre elas. Alguns casos, sei que as edições esgotaram mas dada a qualidade das mesmas tinham de ser divulgadas nem que seja para dar a conhecer os autores e adquirir trabalhos seus de futuros projectos.
No caso de Corpus (Lézard Actif; 2ªed. 2008) do francês Albert Foolmoon é um livro de autor com 16 desenhos de sobreposições de imagens de corpos (ou partes dele) criando um efeito surrealista de contemplação. Os desenhos são virtuosos e realistas, um trabalho sólido que poderá convencer qualquer um que esteja farto de "graphzines" degenerados. A edição é cuidada e forte - o papel que é impresso é bastante grosso.
Do mesmo autor e editor de The Walls are the publishers of the poor, Corpus encontra-se esgotada mas o trabalho de Foolmoon pode ser encontrado em outras antologias gráficas francesas espalhadas por aí...
O amigo Dice Industries (autor que participou na åbroïderij! HA! – International Graphic Arts Exhibition e em alguns números do Mesinha de Cabeceira) lançou mais números do seu "zine" Qwert, ou em auto-edição como Low Frenquencies (#13; 2008) ou por outras editoras como a austríaca Kabinett que editou Der Große Malspaß (#14; 2008). Em ambas publicações continua o seu trabalho de "remix" de imagens de bd's populares (Disneys, Mangas,... e do Casper já agora!) com resultados desconcertantes. Talvez possa não ser muito diferente da lógica surrealista das colagens de Max Ernst (A mulher das 100 cabeças, &etc; 2002) ou o Dry and Free from Greese (Opuntia Books; 2009) do André Lemos mas a diferença natural surge graças à matéria-prima com que Dice trabalha, 100% Pop e por isso redondinha e de formas "infanto-fofinhas". A maior parte das vezes é representada destruição e violência (de mesas, mobílias e casas mas as personagens (destruídoras) foram apagadas, ficando todo o sentido narrativo e pictórico descontextualizado. São eflúvios humorísticos, representações gráficas demagógicas, magia infantil em ácidos, são as entranhas do Rato Mickey reviradas ao contrário e sem hipótese de por na ordem. Será assim a Disneylândia se um tufão der cabo daquilo. Dá gozo... no caso do "Der grosse Malspass" ainda podemos gozar algo mais porque podemos colorir o livro, pelo menos em teoria...
No caso de Corpus (Lézard Actif; 2ªed. 2008) do francês Albert Foolmoon é um livro de autor com 16 desenhos de sobreposições de imagens de corpos (ou partes dele) criando um efeito surrealista de contemplação. Os desenhos são virtuosos e realistas, um trabalho sólido que poderá convencer qualquer um que esteja farto de "graphzines" degenerados. A edição é cuidada e forte - o papel que é impresso é bastante grosso.
Do mesmo autor e editor de The Walls are the publishers of the poor, Corpus encontra-se esgotada mas o trabalho de Foolmoon pode ser encontrado em outras antologias gráficas francesas espalhadas por aí...
O amigo Dice Industries (autor que participou na åbroïderij! HA! – International Graphic Arts Exhibition e em alguns números do Mesinha de Cabeceira) lançou mais números do seu "zine" Qwert, ou em auto-edição como Low Frenquencies (#13; 2008) ou por outras editoras como a austríaca Kabinett que editou Der Große Malspaß (#14; 2008). Em ambas publicações continua o seu trabalho de "remix" de imagens de bd's populares (Disneys, Mangas,... e do Casper já agora!) com resultados desconcertantes. Talvez possa não ser muito diferente da lógica surrealista das colagens de Max Ernst (A mulher das 100 cabeças, &etc; 2002) ou o Dry and Free from Greese (Opuntia Books; 2009) do André Lemos mas a diferença natural surge graças à matéria-prima com que Dice trabalha, 100% Pop e por isso redondinha e de formas "infanto-fofinhas". A maior parte das vezes é representada destruição e violência (de mesas, mobílias e casas mas as personagens (destruídoras) foram apagadas, ficando todo o sentido narrativo e pictórico descontextualizado. São eflúvios humorísticos, representações gráficas demagógicas, magia infantil em ácidos, são as entranhas do Rato Mickey reviradas ao contrário e sem hipótese de por na ordem. Será assim a Disneylândia se um tufão der cabo daquilo. Dá gozo... no caso do "Der grosse Malspass" ainda podemos gozar algo mais porque podemos colorir o livro, pelo menos em teoria...
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
A Grande Explosão
Depois de 15 dias por essa Europa a apresentar um novo trabalho a pessoas diferentes e esquisitas, eis que ficou disponivel a toda a comunidade alargada o meu novo Ep, que da exactamente pelo nome de "A Grande Explosão" depois de uma breve referência a Tó Neto e ao seu album "Big Bang" de 1986. Ideal para quem gosta de drogas naturais...
carregar na imagem ou link:
http://www.phonotactics.info/?p=409
Ceci n'est pas un editorial pour Destruction
Costuma-se dizer que nos anos zero dos séculos (e dos milénios) não costuma "acontecer nada" que marque a História. Engane-se aquele quem quiser ser enganado porque pelos menos desta vez, os dez primeiros anos do Novo Milénio foram cheios de acontecimentos trágicos e geradores de paradigmas. Invés de acabar com um “bang” começou-se antes com dois "bangs", o 11 de Setembro, que serviu de mote para muito do que veio depois como a gradual perda dos Direitos Civis, sobretudo no campo da privacidade, sempre com desculpas de questões de segurança.
A Cultura tem vindo a desmaterializar-se para formatos digitais e democratizado - quem pensaria que hoje pudessemos ouvir raridades dos antípodas com um clique de rato - rato? quem ainda usa isso com os portáteis? Estamos numa Era da Informação mas que curiosamente onde as religiões oficiais endureceram os seus discursos ignorantes. Para não falar da desesperante procura do Cidadão por novas espiritualidades ou modos de vida saudáveis mas completamente inadequados e pervertidos pela vida competitiva da cidade. O Monstro Capitalista disfarça-se já de New Age oferecendo talismãs de PVC numa caixa de cereais.
Boas notícias, parece que temos uma maior consciência do desastre ecológico iminente, e apesar de algumas medidas de prevenção e remendo, parece que já é tarde demais e dentro de alguns poucos anos estaremos perante um Apocalipse, embora uma parte da humanidade pensará que está a sonhar submersa em CGI's pós-Matrix. Felizmente o que não falta são comprimidos para adormecer que empilhados poderíamos subir até à Lua - mas como não há lá nada...
É neste espaço de paradoxos que propomos o livro Destruição ou bandas desenhadas de como foi horrível viver entre 2001 e 2010, uma antologia de bd que não querendo ser um documento histórico dos primeiros 10 anos do terceiro milénio nem um compêndio de futurologia bacoca, quer apanhar pelo menos 10 novos autores da banda desenhada portuguesa para reflectirem a sua existência nestes tempos "estranhos" (os tempos não são sempre estranhos?) já que a produção nacional, devido a demasiados defeitos para agora aqui referir, quase nunca reflecte o zeitgeist. O tema pueril pode lembrar os temas rídiculos dos concursos de bd que pupulam por aí mas na realidade é um "não-tema" - bastava a participação ter um sabor contemporâneo - e foi uma forma de eliminar bd's históricas ou de fantasia barata que voltaram a ser o "b-a-bá" da bd portuguesa.
Houve uma busca árdua em que foi preciso ESCAVAR à procura por estes novos talentos na bd portuguesa - conseguimos 15 autores, 17 de contarmos com dois escritores. Felizmente os apoios da Câmara Municipal de Cascais e da Hülülülü não nos escaparam porque foi preciso um ano de procura constante em sítios físicos e virtuais! Nas situações mais incomuns lá aparecia a pergunta «conheces algum puto novo que faça bd!?» Foram feitos pedidos às "escolas de bd" que além de não terem apresentado NENHUM resultado, a dada altura, ainda atrapalharam o processo - é de questionar para que elas servem realmente?
MAS conseguimos! Serão poucas páginas (não chegam a 100) mas são escolhas ecléticas e certeiras. Novas vozes e novas caras? Sim e novos traços e técnicas de trabalho que irão surpreender para quem julgava a bd portuguesa morta e a viver das velhas glórias dos anos 90. Todos eles mais ou menos seguros de si, a maior parte são multi-disciplinares - sobretudo com ligações à Música, alguma dela de cariz experimental - e com capacidades para projectarem uma obra no futuro. Não poderíamos estar mais orgulhosos de termos sido os primeiros a mostrá-los, sem pirotecnia circense nem paternalismos. Acho que a edição tem a sobriedade e dignidade que este grupo de autores mereciam. Obrigado por terem-se deixado apanhar!
Marcos Farrajota
(editor do Destruição)
...
Sobre os participantes: Ana Biscaia (1978) é ilustradora e designer gráfica. Estudou Design de Comunicação na Universidade de Aveiro, Design Gráfico e Ilustração na Konstfack University College of Arts, Crafts and Design (Estocolmo) --- Rodolfo Brito (1988; Oeiras) em 2005 em conjunto com o Chico, lançaram o zine Fantástico Michael agrupando desenhos de vários bandalhos. Participou também no Gatafunho (zine da António Arroio). Agora estou a fazer Artes Plasticas nas Caldas da Rainha. Ah, e já fui Escuteiro. --- David Campos (1979; Medons La Florett, França) aos 4 anos veio para Portugal, crescendo no Montijo. Tirou o curso de Formação Profissional de Desenho Animado (ETIC) e também o de Escrita para Multimédia e Audiovisuais, e na Ar.Co o curso de Ilustração e BD com uma pequena paragem de um ano para fazer voluntariado na Guiné-Bissau, actualmente faz umas bd's sobre as memórias da Guiné. --- Christina Casnellie (1982; Seattle, EUA) em 1994 veio para Portugal viver. Tirou o curso de Design de Comunicação na FBAUP. Recebeu uma bolsa Erasmus para estudar animação na Faculdade de Belas Artes de Budapeste (2003/04). Licenciada, em 2005 formou o Alfaiataria com o Rui Silva. Entre 1999 e 2006 realizou vários cursos e workshops nas áreas de Ilustração, BD, Animação e Serigrafia no Porto e Lisboa. Em 2006 recebeu uma bolsa Leonardo da Vinci e foi para Holanda trabalhar para o Studio Kluif como Designer e ilustradora onde ficou três anos. Agora trabalha como freelancer. --- Chico (Lisboa, 1989) co-editou o zine Fantástico Michael. --- André Coelho nasceu na infame década de 80 e continua a espalhar o seu terror gráfico hoje em dia na zona do Porto, estando sempre à espera do Armagedão participou também no MASSIVE (Chili Com Carne, 2009) entre capas para discos e a edição de zines sob a etiqueta Latrina do Chifrudo. --- Gonçalo Duarte (Setúbal, 1990) --- Afonso Ferreira (Portugal, 1988) Tem trabalhos de ilustração e BD publicados na Playboy, Cais e várias antologias. --- Bárbara Fonseca (1989, Caldas da Rainha) ganhou vários prémios nos concursos do Festival Internacional de BD da Amadora (2005, 2007 e 2009) e na Vírus (Menção Honrosa) e participou no Evasão!'zine e revista Big Ode. --- Sara Gomes nasceu em 9891 e desde então crê louvar o Santo Anás. --- Rui Madeira designer gráfico, nascido e cultivado em Portugal desde 1982. --- Ricardo Martins (1984) depois do Secundário na António Arroio aventura se pelo curso de Produção musical na Restart, de seguida reencontra o desenho e entra no curso de Ilustração e BD da Ar.Co. Paralelamente sempre esteve a música, tocou (bateria) em mais de 20 bandas nestes ultimos 8 anos e de momento está envolvido em Lobster, Adorno, Suchi Rukara, I had plans, Vrbls, R-, The Living Dead Orchestra. Participou nas exposições Adorno/ Suchi Rukara (2007), Furacão Mitra (2008) e Sobreviventes do Furacão Mitra (2009). Criou junto com a Margarida Borges a Hülülülü, onde tem vindo a ter o prazer de editar zines de amigos, dar os primeiros passos em stopmotion, organizar concertos, e a co-editar, em 2009 a antologia de desenho MASSIVE. Particpou no zine Chili Bean (2007) e antologia Crack On (2009) ambas pela Chili Com Carne. --- Sílvia Rodrigues (1984) licenciou-se em Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa; faz o curso de Ilustração e BD do Ar.Co. Participou em diversas exposições de ilustração com o colectivo Janelas Grandes. Publicou ilustrações na revista Cais, tendo ilustrado o livro Os InDiferentes de José de Matos-Cruz, no âmbito do 15º aniversário da mesma revista. Participou na antologia internacional de bd Crack On (Chili Com Carne + Forte Pressa; 2009). --- Rudolfo da Silva (1991) é um verdadeiro Mestre dos mais variados ofícios: desde a BD, passando pela Música e pela Agro-Pecuária, Rudolfo já de tudo fez e mostrou ser um excelente técnico desses variados assuntos. Adora ajudar o avô no seu mini-mercado. --- Uganda Lebre (26 anos, Portugal) --- José Smith Vargas (1981, Lisboa) formou-se em pintura na ESAD das Caldas da Rainha. Desde o final dos anos 90 que se dedica, à parte de outros ofícios, à bd e à ilustração. Publicou ilustrações no Mutate & Survive e Crica Ilustrada (pela Chili Com Carne) no Jornal de Sintra, no portal Sintra Cultural e em dezenas de zines. Na sua obra gráfica consta também a produção de cartazes e capas de discos e revistas. Fundou e cantou em bandas como Focolitus, Mal D´Vinhos e Casal do Leste. Dedica-se desde 2008 à pintura de murais em conjunto com Nadine Rodrigues.
A Cultura tem vindo a desmaterializar-se para formatos digitais e democratizado - quem pensaria que hoje pudessemos ouvir raridades dos antípodas com um clique de rato - rato? quem ainda usa isso com os portáteis? Estamos numa Era da Informação mas que curiosamente onde as religiões oficiais endureceram os seus discursos ignorantes. Para não falar da desesperante procura do Cidadão por novas espiritualidades ou modos de vida saudáveis mas completamente inadequados e pervertidos pela vida competitiva da cidade. O Monstro Capitalista disfarça-se já de New Age oferecendo talismãs de PVC numa caixa de cereais.
Boas notícias, parece que temos uma maior consciência do desastre ecológico iminente, e apesar de algumas medidas de prevenção e remendo, parece que já é tarde demais e dentro de alguns poucos anos estaremos perante um Apocalipse, embora uma parte da humanidade pensará que está a sonhar submersa em CGI's pós-Matrix. Felizmente o que não falta são comprimidos para adormecer que empilhados poderíamos subir até à Lua - mas como não há lá nada...
É neste espaço de paradoxos que propomos o livro Destruição ou bandas desenhadas de como foi horrível viver entre 2001 e 2010, uma antologia de bd que não querendo ser um documento histórico dos primeiros 10 anos do terceiro milénio nem um compêndio de futurologia bacoca, quer apanhar pelo menos 10 novos autores da banda desenhada portuguesa para reflectirem a sua existência nestes tempos "estranhos" (os tempos não são sempre estranhos?) já que a produção nacional, devido a demasiados defeitos para agora aqui referir, quase nunca reflecte o zeitgeist. O tema pueril pode lembrar os temas rídiculos dos concursos de bd que pupulam por aí mas na realidade é um "não-tema" - bastava a participação ter um sabor contemporâneo - e foi uma forma de eliminar bd's históricas ou de fantasia barata que voltaram a ser o "b-a-bá" da bd portuguesa.
Houve uma busca árdua em que foi preciso ESCAVAR à procura por estes novos talentos na bd portuguesa - conseguimos 15 autores, 17 de contarmos com dois escritores. Felizmente os apoios da Câmara Municipal de Cascais e da Hülülülü não nos escaparam porque foi preciso um ano de procura constante em sítios físicos e virtuais! Nas situações mais incomuns lá aparecia a pergunta «conheces algum puto novo que faça bd!?» Foram feitos pedidos às "escolas de bd" que além de não terem apresentado NENHUM resultado, a dada altura, ainda atrapalharam o processo - é de questionar para que elas servem realmente?
MAS conseguimos! Serão poucas páginas (não chegam a 100) mas são escolhas ecléticas e certeiras. Novas vozes e novas caras? Sim e novos traços e técnicas de trabalho que irão surpreender para quem julgava a bd portuguesa morta e a viver das velhas glórias dos anos 90. Todos eles mais ou menos seguros de si, a maior parte são multi-disciplinares - sobretudo com ligações à Música, alguma dela de cariz experimental - e com capacidades para projectarem uma obra no futuro. Não poderíamos estar mais orgulhosos de termos sido os primeiros a mostrá-los, sem pirotecnia circense nem paternalismos. Acho que a edição tem a sobriedade e dignidade que este grupo de autores mereciam. Obrigado por terem-se deixado apanhar!
Marcos Farrajota
(editor do Destruição)
...
Sobre os participantes: Ana Biscaia (1978) é ilustradora e designer gráfica. Estudou Design de Comunicação na Universidade de Aveiro, Design Gráfico e Ilustração na Konstfack University College of Arts, Crafts and Design (Estocolmo) --- Rodolfo Brito (1988; Oeiras) em 2005 em conjunto com o Chico, lançaram o zine Fantástico Michael agrupando desenhos de vários bandalhos. Participou também no Gatafunho (zine da António Arroio). Agora estou a fazer Artes Plasticas nas Caldas da Rainha. Ah, e já fui Escuteiro. --- David Campos (1979; Medons La Florett, França) aos 4 anos veio para Portugal, crescendo no Montijo. Tirou o curso de Formação Profissional de Desenho Animado (ETIC) e também o de Escrita para Multimédia e Audiovisuais, e na Ar.Co o curso de Ilustração e BD com uma pequena paragem de um ano para fazer voluntariado na Guiné-Bissau, actualmente faz umas bd's sobre as memórias da Guiné. --- Christina Casnellie (1982; Seattle, EUA) em 1994 veio para Portugal viver. Tirou o curso de Design de Comunicação na FBAUP. Recebeu uma bolsa Erasmus para estudar animação na Faculdade de Belas Artes de Budapeste (2003/04). Licenciada, em 2005 formou o Alfaiataria com o Rui Silva. Entre 1999 e 2006 realizou vários cursos e workshops nas áreas de Ilustração, BD, Animação e Serigrafia no Porto e Lisboa. Em 2006 recebeu uma bolsa Leonardo da Vinci e foi para Holanda trabalhar para o Studio Kluif como Designer e ilustradora onde ficou três anos. Agora trabalha como freelancer. --- Chico (Lisboa, 1989) co-editou o zine Fantástico Michael. --- André Coelho nasceu na infame década de 80 e continua a espalhar o seu terror gráfico hoje em dia na zona do Porto, estando sempre à espera do Armagedão participou também no MASSIVE (Chili Com Carne, 2009) entre capas para discos e a edição de zines sob a etiqueta Latrina do Chifrudo. --- Gonçalo Duarte (Setúbal, 1990) --- Afonso Ferreira (Portugal, 1988) Tem trabalhos de ilustração e BD publicados na Playboy, Cais e várias antologias. --- Bárbara Fonseca (1989, Caldas da Rainha) ganhou vários prémios nos concursos do Festival Internacional de BD da Amadora (2005, 2007 e 2009) e na Vírus (Menção Honrosa) e participou no Evasão!'zine e revista Big Ode. --- Sara Gomes nasceu em 9891 e desde então crê louvar o Santo Anás. --- Rui Madeira designer gráfico, nascido e cultivado em Portugal desde 1982. --- Ricardo Martins (1984) depois do Secundário na António Arroio aventura se pelo curso de Produção musical na Restart, de seguida reencontra o desenho e entra no curso de Ilustração e BD da Ar.Co. Paralelamente sempre esteve a música, tocou (bateria) em mais de 20 bandas nestes ultimos 8 anos e de momento está envolvido em Lobster, Adorno, Suchi Rukara, I had plans, Vrbls, R-, The Living Dead Orchestra. Participou nas exposições Adorno/ Suchi Rukara (2007), Furacão Mitra (2008) e Sobreviventes do Furacão Mitra (2009). Criou junto com a Margarida Borges a Hülülülü, onde tem vindo a ter o prazer de editar zines de amigos, dar os primeiros passos em stopmotion, organizar concertos, e a co-editar, em 2009 a antologia de desenho MASSIVE. Particpou no zine Chili Bean (2007) e antologia Crack On (2009) ambas pela Chili Com Carne. --- Sílvia Rodrigues (1984) licenciou-se em Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa; faz o curso de Ilustração e BD do Ar.Co. Participou em diversas exposições de ilustração com o colectivo Janelas Grandes. Publicou ilustrações na revista Cais, tendo ilustrado o livro Os InDiferentes de José de Matos-Cruz, no âmbito do 15º aniversário da mesma revista. Participou na antologia internacional de bd Crack On (Chili Com Carne + Forte Pressa; 2009). --- Rudolfo da Silva (1991) é um verdadeiro Mestre dos mais variados ofícios: desde a BD, passando pela Música e pela Agro-Pecuária, Rudolfo já de tudo fez e mostrou ser um excelente técnico desses variados assuntos. Adora ajudar o avô no seu mini-mercado. --- Uganda Lebre (26 anos, Portugal) --- José Smith Vargas (1981, Lisboa) formou-se em pintura na ESAD das Caldas da Rainha. Desde o final dos anos 90 que se dedica, à parte de outros ofícios, à bd e à ilustração. Publicou ilustrações no Mutate & Survive e Crica Ilustrada (pela Chili Com Carne) no Jornal de Sintra, no portal Sintra Cultural e em dezenas de zines. Na sua obra gráfica consta também a produção de cartazes e capas de discos e revistas. Fundou e cantou em bandas como Focolitus, Mal D´Vinhos e Casal do Leste. Dedica-se desde 2008 à pintura de murais em conjunto com Nadine Rodrigues.
domingo, 3 de outubro de 2010
SPCCC - paint the f*ck up - primeiras imagens
Nos passados dias 24 e 25 a CCC esteve na okupa SPCC, a preparar a demolição. Este é um pequeno vídeo com algum do trabalho que foi feito. O final, claro está, virá quando conseguirmos apanhar o edifício todo destruído, adeus SPCC, olá TGV. São as "prioridades nacionais".
O SPCC foi um espaço okupado aberto à intervenção artística. Infelizmente, apesar de nos terem dito que tínhamos 2 anos até à demolição, após 6 meses de trabalho e com o palco, bar, free shop, biblioteca e chill out já prontos a serem utilizados, disseram-nos para sair que tudo ia abaixo daí a duas semanas. Já só tivemos tempo de chamar o pessoal e pintar o edifício. As obras ainda estão atrasadas, quem quiser ir lá pintar ainda tem muito espaço para o fazer. Apesar disso, organizámos workshops, debates, albergámos mais de 150 viajantes de mais de 20 países. Até a polícia gostava de lá ir (até apanhámos um bófia anarquista! só neste país!), de onde se prova que só falta é motivação, porque okupar em Lisboa é possível (se precisarem de dicas, é só perguntar).
Continuaremos o esforço de criar espaços deste tipo em Lisboa, apesar de estarem em extinção, talvez em moldes menos habitacionais, e mais virados para intervenções espontâneas.
Agradeço a todos os que participaram, em especial ao pessoal da Chili que nos apoiou neste projecto desde o início e que "embelezaram" o edifício antes das grandes máquinas do governo irem partir aquilo tudo!
João (pela equipa SPCC)
O SPCC foi um espaço okupado aberto à intervenção artística. Infelizmente, apesar de nos terem dito que tínhamos 2 anos até à demolição, após 6 meses de trabalho e com o palco, bar, free shop, biblioteca e chill out já prontos a serem utilizados, disseram-nos para sair que tudo ia abaixo daí a duas semanas. Já só tivemos tempo de chamar o pessoal e pintar o edifício. As obras ainda estão atrasadas, quem quiser ir lá pintar ainda tem muito espaço para o fazer. Apesar disso, organizámos workshops, debates, albergámos mais de 150 viajantes de mais de 20 países. Até a polícia gostava de lá ir (até apanhámos um bófia anarquista! só neste país!), de onde se prova que só falta é motivação, porque okupar em Lisboa é possível (se precisarem de dicas, é só perguntar).
Continuaremos o esforço de criar espaços deste tipo em Lisboa, apesar de estarem em extinção, talvez em moldes menos habitacionais, e mais virados para intervenções espontâneas.
Agradeço a todos os que participaram, em especial ao pessoal da Chili que nos apoiou neste projecto desde o início e que "embelezaram" o edifício antes das grandes máquinas do governo irem partir aquilo tudo!
João (pela equipa SPCC)
PEQUENO É BOM encontros sobre edição independente (6ª sessão)
Esta sessão terá dois temas:
- FOTOGRAFIAS DAS FÉRIAS (por favor, leiam isto com ironia e não na pior tradição familiar solipsista!). Parte do grupo que partiu na aventura da tournê europeia da Chili Com Carne, Spreading Chili Sauce around Boring Europa, vai mostrar as fotografias e "carnets de voyage" mas tentando que ninguém boceje falará-se dos espaços e dos grupos alternativos ligados à bd, ilustração, grafismo e música que os receberam.
A banca de edições irá incindir nas edições que trouxeram: zines, discos e livros, alguns da melhor produção europeia como a Argh! (Espanha), Canicola (Itália) e Stripburger (Eslovénia), outras de grupos novos como os aústriacos Tonto - uma surpresa muito interessante vindo de um país com tradição nula em bd ou ilustração.
As vendas destas edições servirão para financiar o livro da tournê, que está a ser feito e será lançado em Dezembro deste ano. Na compra destas edições serão oferecidos "prints" dos desenhos que estiveram nas exposições da tour.
- CURTAS CHILENAS (1ª sessão), em parceria com a Asociacion Cortometrajista de Chile voltamos ao Cinema na CCC! Será uma mostra de uma série de curtas-metragens do Chile onde encontramos ficção, cinema de animação e documentário. No PEQUENO de Novembro haverá mais filmes para ver.
Porque não chamamos a esta mostra de CHILE com carne? porque es un chiste horroroso, tío! Com o retorno da democracia no ano 1990 abrem-se no Chile novas perspectivas para o desenvolvimento de expressões culturais que tinham sido apagadas durante os obscuros anos da ditadura militar. O Cinema participa activamente dessa regeneração cultural com a criação de novas escolas de Cinema, o retorno do exílio de profissionais da área, mediante apoios institucionais e colaborações estrangeiras da UE e de Cuba por exemplo. Assim surge uma nova geração de cineastas e profissionais do Cinema que permitem que hoje o Chile seja junto com a Argentina um dos principais motores do novo cine latino-americano. Nesse contexto é criada a "Associação de Curta-metragistas do Chile" em 1992 e que se dedica a promover as curta-metragens do Chile tanto no país de origem como em festivais internacionais. A selecção que iremos apresentar faz parte da itinerância 2010 das ultimas produções, já exibidas em Clermont-Ferrand (França), Segóvia (Espanha) e Flandres (Bélgica).
Filmes a mostrar:
- D-Construir, de Eduardo Bunster (26', 2009)
- Aseo General, de Paulina Costa M (22', 2008)
- Videojuego, de Dominga Sotomayor (5', 2009)
- El Hombre Imaginário, de Marcelo Porta (19', 2009)
- FOTOGRAFIAS DAS FÉRIAS (por favor, leiam isto com ironia e não na pior tradição familiar solipsista!). Parte do grupo que partiu na aventura da tournê europeia da Chili Com Carne, Spreading Chili Sauce around Boring Europa, vai mostrar as fotografias e "carnets de voyage" mas tentando que ninguém boceje falará-se dos espaços e dos grupos alternativos ligados à bd, ilustração, grafismo e música que os receberam.
A banca de edições irá incindir nas edições que trouxeram: zines, discos e livros, alguns da melhor produção europeia como a Argh! (Espanha), Canicola (Itália) e Stripburger (Eslovénia), outras de grupos novos como os aústriacos Tonto - uma surpresa muito interessante vindo de um país com tradição nula em bd ou ilustração.
As vendas destas edições servirão para financiar o livro da tournê, que está a ser feito e será lançado em Dezembro deste ano. Na compra destas edições serão oferecidos "prints" dos desenhos que estiveram nas exposições da tour.
- CURTAS CHILENAS (1ª sessão), em parceria com a Asociacion Cortometrajista de Chile voltamos ao Cinema na CCC! Será uma mostra de uma série de curtas-metragens do Chile onde encontramos ficção, cinema de animação e documentário. No PEQUENO de Novembro haverá mais filmes para ver.
Porque não chamamos a esta mostra de CHILE com carne? porque es un chiste horroroso, tío! Com o retorno da democracia no ano 1990 abrem-se no Chile novas perspectivas para o desenvolvimento de expressões culturais que tinham sido apagadas durante os obscuros anos da ditadura militar. O Cinema participa activamente dessa regeneração cultural com a criação de novas escolas de Cinema, o retorno do exílio de profissionais da área, mediante apoios institucionais e colaborações estrangeiras da UE e de Cuba por exemplo. Assim surge uma nova geração de cineastas e profissionais do Cinema que permitem que hoje o Chile seja junto com a Argentina um dos principais motores do novo cine latino-americano. Nesse contexto é criada a "Associação de Curta-metragistas do Chile" em 1992 e que se dedica a promover as curta-metragens do Chile tanto no país de origem como em festivais internacionais. A selecção que iremos apresentar faz parte da itinerância 2010 das ultimas produções, já exibidas em Clermont-Ferrand (França), Segóvia (Espanha) e Flandres (Bélgica).
Filmes a mostrar:
- D-Construir, de Eduardo Bunster (26', 2009)
- Aseo General, de Paulina Costa M (22', 2008)
- Videojuego, de Dominga Sotomayor (5', 2009)
- El Hombre Imaginário, de Marcelo Porta (19', 2009)