Pedro Franz
ed. de autor; 2009-12
Este nem meto nas discussões da bd brasileira porque é mesmo um OVNI à escala global. Franz, que participou no MASSIVE, elaborou uma BD distópica nada longe da nossa realidade, ou seja, uma sociedade pseudo-democrática manipulada pelos media e por um estado policial sofisticadamente repressivo, em que a esperança aparece de um grupo de anarquistas / piratas intitulados de "Jolly Roger" - cujo discurso político segue os ideais Zapatistas e do Sub-comandante Marcos.
O traço pode ser reconhecido pelas influências de Paul Pope ou de Taiyo Matsumoto, o universo ao ser uma amalgama de referências fantásticas lembra o Malus e estas Promessas (...) situam-se no mesmo campo temático da "revolta dos escravos" de Piracy is Liberation. Posicionamentos estes que não invalidam uma voz singular, antes pelo contrário. Tanto que Franz ainda introduz alguma inovações à forma como publica o seu trabalho. A começar por disponibilizar todos os conteúdos para descarga grátis em linha (ide ao sítio sacar o material, ide!!!) mas também porque cada livro tem formatos diferentes de publicação física.
O primeiro volume, Limbo, sendo mais tradicional na forma de bd é publicada numa espécie de "comic-book" impresso em papel jornal como se fosse uma produção popular. O segundo volume, Underground, são 55 láminas soltas (folhas soltas) em que o próprio autor incentiva a serem colocadas em ordens diferentes (ao gosto de cada um) enfiadas num envelope - e que dará em breve a uma referência na segunda parte deste artigo. Serão estas láminas soltas um simulacro das folhas volantes - outra forma popular de desseminação cultural? Serão estes formatos formas de homenagem aos media dos últimos dois séculos? Se for, impõe-se uma diferença ao Piracy (...) que trata da revolta pelos meios electrónicos, na tradição do romance cyberpunk.
Por fim, apareceu o terceiro e último volume, Potlatch, um álbum agrafado a cores com uma dimensão superior ao A4, perfeito para quem explora gestos bruscos e expressivos a pastel e lápis de cera. Como último volume da série transmite uma sensação de vazio dada à "inconclusão linear" da história até agora narrada. É certo que se esperava algum "classicismo" de história de aventura / acção como mostrava o primeiro volume, em que o segundo volume seria apenas um desvio experimental e como tal a "trama" se retomaria agora no terceiro volume para completar a "série". Felizmente isso não acontece (mas lá bem no fundo o "nerd" dentro de mim acha que não!) e o trabalho deixa as revoltas populares, as violências policiais e as paixões em aberto. Tão aberto que como o mundo que vivemos...
O primeiro volume, Limbo, sendo mais tradicional na forma de bd é publicada numa espécie de "comic-book" impresso em papel jornal como se fosse uma produção popular. O segundo volume, Underground, são 55 láminas soltas (folhas soltas) em que o próprio autor incentiva a serem colocadas em ordens diferentes (ao gosto de cada um) enfiadas num envelope - e que dará em breve a uma referência na segunda parte deste artigo. Serão estas láminas soltas um simulacro das folhas volantes - outra forma popular de desseminação cultural? Serão estes formatos formas de homenagem aos media dos últimos dois séculos? Se for, impõe-se uma diferença ao Piracy (...) que trata da revolta pelos meios electrónicos, na tradição do romance cyberpunk.
Por fim, apareceu o terceiro e último volume, Potlatch, um álbum agrafado a cores com uma dimensão superior ao A4, perfeito para quem explora gestos bruscos e expressivos a pastel e lápis de cera. Como último volume da série transmite uma sensação de vazio dada à "inconclusão linear" da história até agora narrada. É certo que se esperava algum "classicismo" de história de aventura / acção como mostrava o primeiro volume, em que o segundo volume seria apenas um desvio experimental e como tal a "trama" se retomaria agora no terceiro volume para completar a "série". Felizmente isso não acontece (mas lá bem no fundo o "nerd" dentro de mim acha que não!) e o trabalho deixa as revoltas populares, as violências policiais e as paixões em aberto. Tão aberto que como o mundo que vivemos...
eu quero o primeiro e talvez o segundo...aconselhas?
ResponderEliminardavid campos