terça-feira, 21 de junho de 2011

Brasil XI

Nova fornada de zines brasileiros em linha directa para uma banda desenhada de autor e grafismo louco. Quase viream todos ao mesmo tempo em perfeito sincronismo de intercâmbio luso-atlântico.

Manufatura #2 (ed. de autor; 2011) de Flávio Grão é um atraente zine A6 (para mim fetichista-otário por zines, o A6 é sempre uma beleza!) impresso em papel amarelo e que compila ilustrações do autor. Seres humanos de corte urbano mas que lhes atravessam pontes, faroís e alegorias freaks. O registo gráfico roça um desenho que podemos encontrar em autores portugueses como Carlos Pinheiro ou Nuno de Sousa. A capa não faz relação ao inteiror.

Talvez se possa encontrar algum imaginário saturado neste mundo de M.C. Escher ou outros psico-artistas mas a simplicidade das formas não é de toda juvenil como acontece com muita malta drogadita que decide fazer psicadelimos futeis. Cuidado gráfico numa produção singela mas senti firmeza!

Já os mamados dos La Permura! (3 números, 2010/Jan'11) não devem saber o que é fazer um livro ou zine de bd porque todas as páginas que editam são duplas e ficam (mal-)cortadas. Em compensação o humor Kyle Baker de Pôneis e a escatologia underground de Lobo são poderosas o suficiente para esquecer os erros de design.
Para completar o ramalhete, usam stencil para inundarem as capas (e páginas interiores) de cores shock que à primeira vista parecem os melhores zines do mundo (até vermos as bds cortadas a meio e já acharmos que afinal não são os melhores zines do mundo).

Ano do Bumerangue (Prego; 2010) é um livro de Diego Gerlach, este sim o grande mamado brasileiro porque não dá para seguir o raciocínio do bicho. Que doidão! Ainda por cima este livro mete-se a usar o Fantasma (aquela persoangem template de heróis mascarados ultra-famosa na Índia e Suécia)... eu nem sei do que ele narra, marra, esparra, esporra! Tal como o seu zine Pinacoderal da Parahyba - resenhado aqui - não se percebe nada o que vai por aqui. Os desenhos no entanto têm uma energia e estilo que nos fazem esquecer tudo o resto. A espontâneadade do traço tanto pode nos levar para um género caricatural de Lauzier como o estilo trendy de Paul Poppe. Se juntarmos o Pedro Franz ao molho temos aqui uma nova escola de quadrinhos psicóticos brasileiros... Parem com as drogas no Brasil! Ou então enviem para cá o excedente de narcóticos para fazermos bd parecida!

zines brasileiros à venda aqui mas o melhor é pedir lista.

2 comentários:

  1. Ó, o gibi do gerlach é dividido assim:
    1º contexo político de bengala, tensão social.
    2º personagens se apresentam: células terroristas, feitiçaria albina, estagiário agente-duplo, epidemia de simbolos ocultos e doença do sono.
    3º revelaçoes: o estagiário que investiga a epidemia trabalha pro fantasma, é agente duplo; a célula terrorista se liga e manda sua irmã feiticeira albina fazer uma vudu tribal erótico com pimenta no rapz..
    4º Ação: O fantasma acha a vilã da história se espanta e vai atrás da puta pra salvar seu agente...
    5º Resolução: na minha opinião ao chegar lá o fantasma sabe que vai morrer e se entrega como qq heroi, mesmo assim, pela tradição imortal do safado isso fica ambíguo.
    Perceba que o tempo é bastante distorcido nessa hq, temos visões, delírios e passagens bruscas de estado, talvez isso evidencie mais o clima atordoante gerado pela doença do sono... e por ai vai..
    Realmente é uma nova escola, muito bom o destaque mas depois faz uma resenha mais profunda, rapá! Abração.. =]
    ch malves

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  2. pronto, agora está resolvido o argumento!
    M

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