"É preciso ir ao Peru para encontrar um verdadeiro fanzine!" - Esta seria a frase de algum tarado nostálgico por este tipo de publicações poderia dizer acerca de Lima Enferma #6 (2011). O fanzine é mesmo aquilo que já não se consegue fazer na Europa: folhas A5 com entrevistas a bandas de música, bds e resenhas críticas a discos impressas em fotocopiadora tão manhosa que se topam as falhas de impressão tornando o usufruto do objecto completamente anacrónico. Tudo composto em corta e cola manual-Punk-anos 70/80/90, antes da vulgarização do DTP e das fotocopiadoras a lazer, que nos volta a lembrar questões estéticas e tecnológicas colocadas aqui. Anunciam um blogue que não existe e como não sei nada de "facepoops" fica o e-mail como contacto: limaenferma@hotmail.com
Como se tinha mostrado aqui há vida em quadradinhos por aquelas bandas. E mais uma prova disso é este Islas (Contracultura; 2010) de Rodrigo La Hoz, um livro de bd auto-conclusiva, formato norte-americano de quase 70 páginas. O universo do autor é bastante próprio e enigmático com influências formais de Chris Ware e Al Columbia. O tema é que se desloca para uma "bisexualidade esquizofrénica" (parece que o tema está na moda) que mistura sexo homo & heterosexual, drogas & cogumelos e o sentido da vida. Há qualquer de desagradável por estas páginas mas o meu castelhano não deve ter apanhado bem a coisa...
Por fim, e para não parecer que a bd de autor no Peru é um fenómeno muito recente, recebemos também El Hada (Derminetod; 2003) de Markus, um caderno A4 a preto e branco com uma bd Gótica de difícil leitura para quem não está com muita paciência para prosa poética em castelhano, especialmente quando ela é colocada numa estrutura pesada como esta - há três textos a ler paralelamente nesta bd: as imagens da própria bd, o texto da bd (sob forma de conto) e uma poesia que se lê nas linhas verticais da vinheta. É um estranho e curioso exercício que nos leva para psicadelismos europeus dos anos 70 (alguma coisa de Metal Hurlant) e um Manga / anime "abonecado" (uma figura do conto). As abordagens gráficas vão variando entre um "look" de gravura, pontilhismo e algumas imagens digitais.
Não tendo conseguir acompanhar o texto por completo fica-se por um desfruto estético. Curiosamente o autor, como poderão verificar no blogue dele, não continuou nesta onda Gótica, e ao que parece o seu trabalho acaba por estar ligado à sátira da vivência urbana.
Gracias a los dos Lope/s/z pelos regalos!
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