segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Só vejo monstros por todo lado...
A escatologia, paganismo e mau-gosto andam de boa saúde. Nunca antes na História da Humanidade se criou e editou tanta arte "degenerada" e "herege", graças às tecnologias baratas (ou demográficas como as impressoras, k7s e CD-Rs) ou às digitais e à cultura DIY. A censura não pode controlar a produção "underground", tanto que se pode comprar, por exemplo, o disco Urine Junkies dos Abscess na Amazon - por acaso gamaram-me este CD na única vez que me assaltaram o carro, os agarrados devem ter ficado a pensar que estava a gozar com eles... E o que se pode fazer quando há bandas portuguesas com nomes como Vai-Te Foder ou Putas Bêbadas? De repente Holocausto Canibal, Presidente Drógado ou Traumático Desmame parecem nomes inocentes, não? E o festival Colhões de Ferro? Querem ninfetas a serem fornicadas por Diabos com enormes falos? Procurem os livros do Stud Mead pelo Le Dernier Cri - aliás, são os livros mais vendidos da editora. Querem o Jesus Cristo a ser sodomizado? O nome de Mike Diana diz-vos alguma coisa?
"É o sinal do Final dos Tempos" dirão os religiosos de direita. No caso dos cínicos de esquerda poderão dizer: "fala-se muito e cria-se muito ruído para os temas importantes serem abafados". Pouco importa, ao menos um gajo diverte-se muito mais a ler, ver e ouvir livros, zines e discos do que nos tempos em que fábricas de discos recusavam a prensar os discos dos Crass ou quando juízes da Florida proíbiam o Diana de desenhar. Claro que vídeo-clips banidos e outras censuras continuam por aí mas já ninguém mete mão em tanto excesso editorial de bandas e zines com virgens ensanguentadas e cruzes invertidas. De Espanha, surgiu um molho de publicações dedicadas ao Satanismo-porque-podemos-mandar-o-Cristianismo-às-favas, editadas pelo Petit Comitê Del Terror que se sub-intitula de Disavant-garde Publishing. Fazem antologias como Vomitorium - que neste #3 mostra que é um zine mesmo à maneira com oferta de lámina de barbear para suicídio higiénico, bds e ilustrações porcalhonas (com montes de bodes, caveiras e pilas), experiências gráficas interessantes e assemblagens. O nome dos artistas está num índice tão fodido de se ler que não dá para identificar quem é quem. Muito bom! Depois há monográficos, dois de Victor Dvnkel Frvctvoso (que desconfio que deve ser o Monge Negro desta casa editorial) com uma bd gótico-esotérica, Katabasis, e um mini-zine de desenho Magical Mystery Träsh - e "trash" resume o conteúdo. Outro mini-zine é La chute de Laura Höldein, parece uma novena dedicada a uma carta do Tarot, creio.
Mas há mais... O Monge não se fica pelo campo visual e faz também CD-R diabólicos como Sonor Potestas (Demonodrome; 2011), uma compilação pós-Satânica-Industrial-Black-Metal-techno-punk em que nada do que conheciamos por estes géneros sobrevive à lixeira mental e tecnológica de gente como DJ Muerte, Misa Negra, Contador Geiger, Las Barbas Indomitas, etc... que fazem um chamamento ao Chifrudo da forma correcta, isto é, com o som todo lixado em que não há aqui respeito por dogmas pelo Noise, Drone, Dark Ambient, Black Metal e essas paneleirices. Tanto que o ponto mais alto é um "pasodoble" com glitches. O Diabo até se passa com estes espanhóis, é caso para gritar: Olé Satã!
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