quinta-feira, 18 de julho de 2013
ATENÇÃO : Livros + Baixa lisboeta = DESVIO!!!
Já se esperava mas quando a notícia caiu-me de manhã, foi como uma bomba!
Há dois anos que a Livraria Sá da Costa (1913-2013) estava em processo de falência, devido ao excelente trabalho danoso de um gestor - daqueles da mesma linha que tem levado as nossas empresas, bancos ou o país inteiro para a sarjeta...
No entanto a livraria estava melhor do que nunca, ora como bem refere no recente livreto-manifesto Manifesto contra o desastroso encerramento das livrarias da Cidade de Lisboa no centenário da Livraria Sá da Costa (seguido de Palavras proferidas na inauguração da nova sede da Livraria Sá da Costa, Rua Garrett, 100-102 no dia 10 de Julho de 1943) editado pela Letra Livre, a livraria Sá da Costa estava a dar destaque às edições da Chili Com Carne, & etc, Mariposa Azual, Orfeu Negro, entre outras entidades que não lançam livrinhos para gajas e teenagers - que é o que o nosso mercado livreiro está reduzido desde há algum tempo para cá.
A Livraria Sá da Costa nos dois anos que não teve um gestor tecnocrata, que daria primazia aos Bestsellers e outros fenómenos paranormais, em compensação teve cinco livreiros (funcionários da empresa) em AUTO-GESTÃO que ficaram a tomar do barco a afundar, abrindo as portas para os editores que são recusados nas grandes lojas de "livros". Graças a isso provaram que os "nossos" livros vendem bem e até são capazes de sustentar uma casa ali mesmo no coração de Lisboa. Provaram também que não precisamos de gestores para nada mas isso já é outra conversa...
Este Sábado a Sá da Costa irá fechar as portas e lançará o tal livro-manifesto, redigido por Vitor Silva Tavares (da & etc) e pelos cinco livreiros. Não vão encontrar pieguices no texto apenas uma denúncia de como a Baixa de Lisboa está-se a tornar numa enorme Forum Almada ou coisa que lhe valha. Cada vez haverá menos razões para passear por lá a não ser para ser de passagem para outro ponto da cidade que seja mais interessante. Espero que a CML ponha lá um daqueles bófia balofos com bigodão a dirigir os leitores para as zonas de putas porque haverão poucos sítios na cidade onde poderemos ter algum prazer...
Quanto às Palavras proferidas em 1943 por Augusto Sá da Costa, não é só o tom de confiança e esperança no futuro ou no progresso da Humanidade, que assitimos. São palavras lúcidas que apontam para os defeitos da leitura em Portugal, da necessidade do sector editorial, livreiro e alfarrabista (o termo usado é "antiquário") sendo concorrente em si mesmo conter uma missão social de educação, e saluta os concorrentes sejam livreiros sejam editores, por esse trabalho comum que os une. Setenta anos depois será impossível ouvir tal coisa dos porta-vozes de qualquer outra empresa privada ou até das instituições que representam os livros como a ineficiente APEL.
Não é ingenuidade de Sá da Costa ou minha, é apenas o fim de uma Era e o arranque à séria da monocultura capitalista em Portugal - vamos ficar mais norte-americanos que os próprios em muito pouco tempo!
Para quem goste de livros, é favor de evitar a Baixa Lisboeta a partir de Domingo.
A CCCapital agradece!
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