Random Pages (Zine Arcade; 2014) é um mini-zine inglês com um "remix" de várias páginas da produção de banda desenhada de Amanda Baeza que produz desde 2011. Em formato A6 várias páginas de Baeza são misturadas em novas sequências, excepto a mais velha, uma BD feita em lógica e estética de jogo de computador, "Tomás : Myth and Videogames", e que aqui se encontra também completa, ao contrário de todas as outras que se apresentam fragmentadas como Our Library, Nubes de Talco e das participações na antologia de BD do Panda Gordo e Zona de Desconforto (a sair a 5 de Abril!). É um estranho objecto editorial este, por um lado não acrescenta nada de novo na possível releitura (remix?) das BDs de Baeza, por outro, serve como uma espécie de catálogo do seu trabalho, dando até a possibilidade de ver as páginas de Our Library a preto e branco (que foi uma das surpresas da exposição da autora no Festival Rescaldo / Trem Azul). Ao que parece a editora inglesa, a Zine Arcade, quer é divulgar o trabalho dos autores que gostam - até oferecem a bibliotecas que o peçam. Uma generosidade pouco britânica mas nada como o mundo dos fanzines para mudar as regras da cultura da mitragem inglesa.
Completamente oposto ao zine da Baeza está Purga de Heitor Joshua (7 números; Abr'13-Fev'14) de André Pacheco, com BD e desenho tradicionais deste autor, numa onda mista de realista com bonecada. O zine não tem quase nenhuma selecção e edição sobre os trabalhos a publicar, mesmo quando existem números dedicados só a BD (#1, 5 e 6) outros dedicados a um tipo de desenho (#3 e 4), a sensação é que é publicado "tudo ao molho e fé em Deus", fazendo destes zines uma duplicação total do trabalho metido no blogue do autor. Receber os 7 números de enchurrada ainda assim impressiona pela energia que eles transmitem mas infelizmente vai desiludindo por essa falta de coerência nos trabalhos e nas edições. Desconfio que Macedo será alguém a seguir na BD (mais convencional) no futuro de certeza, quando começar a orientar melhor o que quer fazer e sobretudo o que quer mostrar. Gostei mais do #1 porque era repleto de BD (falta-me a paciência para graphzines como já sabem) e mostrava um trabalho mais pessoal - ao contrário de outros de BD que são resultados para os concursos de "BD amadora" - e as melhores capas são do 4, 6 e 7 por serem mais orgánicas, isto porque como todos sabemos um zine é para ser à mão! Fuck DTP!
Para este fim-de-semana que passou, o Filipe Felizardo lançou um mini-zine na Feira Bastarda. Além da proeza de conseguir ter feito uma publicação de apenas 6 páginas, A Pérola! E o Olho! é das poucas BDs portuguesas em 2014 que é "leftfield" - enquanto esperamos por mais obras de Van Ayres, Baeza e pouco mais. Realmente é preciso não ser um autor de BD para se fazer alguma BD de jeito! Como sabem o autor é mais conhecido por ser (fantástico) músico, para além de algumas incursões em vídeo e desenho. Obrigado Filipe! Espero que o regresso à BD seja mais que esta miserável publicação!
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