Perdoem-me o título mais xunga de sempre neste blogue mas é que estes zines foram adquiridos na Feira das Almas, onde na realidade onde se reúne mais pedaços de corpos femininos na cidade à procura do "monokini" mais anacrónico para ser o mais "hipster" possível... Alma? Pouca e a Façam Fanzines e Cuspam Martelos tentou colocar cultura no meio destes mil seios, tatuagens parvas do Bart Simpson, pernocas, rabiosques e afins, tudo em frenesi por roupa e acessórios. Chamava-se "Solideriedade Fanzinista" e reuniu algumas produções alternativas como os da malta do Clube do Inferno que aproveitaram para lançar novos títulos Mori de Hetamoe e Freak Scene #1 de André Pereira. O primeiro é uma BD a cores desta autora que duvido justamente à cor chamou-me à atenção. Ela já tinha feito alguns outros dois zines mas que admito que tinham um ar demasiado "nerd" mangaka que não me entrava. Mori mostra ninfetas e símbolos perdidos num texto "teeny boopy" que não me afectando acho sinceramente bonito num sentido formal e estético - a lembrar o aspecto degradado de Mutant Hanako de Makoto Aida. Pereira também tenta fazer um trabalho degradante e espontâneo, como se fosse uma espécie "do seu Musclechoo" mas não consegue ser trashy o suficiente. Se este é o seu "caixote do lixo" então irá mesmo longe a fazer BD algures neste planeta. Ainda assim sabe a pouco e fica-se à espera do número dois!
Não sei porque não atinei com o primeiro número do Preto no Branco (do Cuspam Martelos) mas estes dois novos números estão como qualquer zine colectivo urbano deveria ser: um bocado de tudo mas com interesse! BD, desenho, poesia, artigos sobre música (excelentes os textos sobre Crass e Swans, ainda é possível escrever sobre eles com novas perspectivas), tudo bem compactado em páginas A5 (muitas e cosidas à mão). Encontramos muitos conhecidos e habitués neste tipo de publicações como Ana Biscaia, Bruno Borges, André Pereira, Hetamoe mas também um regresso confirmado de Felipe Felizardo - afinal isto não era tanga - que promete estranhas cosmogonias de futuro. E ele passa por este zine? Espero que sim embora o texto de Tiago Baptista (no número dois) revele a fragilidade que um fanzine costuma ser e isso lembra que nunca mais saia um número deste ou qualquer outro título. Mas um fanzine, anti-corpo da edição, é um acto poético, ele aparece vindo do nada, só precisamos de esperar...
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