sexta-feira, 27 de março de 2015

4 fabulosos mini-kus!


O título deste "post" soa pessimamente a sexista, ainda mais quando são quatro autoras! Ah, e não! Não estou a lamber o "ku" a esta malta por terem feito o número especial Portugal / "Desassossego"! Como é normal em qualquer colecção nem sempre tudo o que é editado poderá ser do agrado do público e convenhamos, nem tudo terá a mesma qualidade mesmo que o editor tenha seleccionado as obras segundo um programa que ele ache coerente. Com a mini kuš! já aconteceu isso, números menos bons do que outros, outros geniais (muito poucos) e muitos outros sem graça nenhuma. A colecção para quem não sabe é de formato A6 impresso a cores e com uma BD completa de um autor.
Nesta nova leva de quatro títulos temos um pico de qualidade incrível, os quatro números / as quatro BD's / as quatro autoras são do melhor! A começar por duas finlandesas "veteranas", a Amanda Vähämäki e Terhi Ekebom, a primeira com o seu habitual registo sobre o quotidiano quase-mágico em It's Tuesday mas colorido (o desenho) fugindo à técnica do registo natural a grafite. Ekebom, autora que já esteve presente no saudoso Salão Lisboa 2005, neste Logbook faz uma parábola sobre a dor e doença (e morte?) bastante poderosa e num estilo gráfico diferente do que estava habituado - na verdade há imenso tempo que nada via desta autora e sem dúvida que este mini-livro é um grande regresso. A norte-americana Lala Albert e a francesa Marie Jacotey são uma surpresa como mostram o que são as relações humanas em 2015 com os seus grafismos sujos e desagradáveis (para muitos). Em R.A.T. o "Big Brother" está em grande, mostra um software em que podemos espiar o computador com câmara de outras pessoas - quem espiona, é para eles um passatempo aliás, e é conhecido por ser um "rato". No final a questão quem é que não é "rato" no mundo dos agarrados ao mundo digital. Um mini-livro que deixa em aberto questões de ética. BFF é um triângulo amoroso tão frio que deixa o voyerismo do pecado desarmado, as figuras humanas de Jacotey são tão parecidas com aqueles andróides parvos (vulgo, modelos) das revistas Umbigo ou Dif que nada interessa se andam ou não a comer o cu uns dos outros. Mas com isto não quero deixar a impressão que BFF é fútil, não, é o Ocidente que chegou a este ponto letárgico, e este mini-livro regista isso com perfeição tal como acontece com as BDs de Ruppert & Mulot.

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