Älforjs: Jengi (Silent Water + BurroDiscos; 2016)
Este trio de freaks limpinhos foi uma das surpresas deste ano, quer dizer, vi-os ao vivo e já fazem parte das boas recordações de concertos de 2016 que achei surpreendentes. Isto num ano que ainda nem vai a meio e já ofereceu prestações maravilhosas de Plus Ultra, HHY & Macumbas, Putan Club, Jucifer ou Sly & Family Drone... O difícil é bater o som ao vivo numa audição domiciliaria senão é que é impossível. Acho que em Portugal falta sempre aquele "oomph" que os bifes e gringos conseguem fazer nas suas produções fonográficas e basta ouvir Cut Hands dentro do mesmo universo de "voodoo-noisers" para perceber as diferenças.
O projecto também pode ser comparado aos Macumbas, só que estes bons selvagens dos Älforjs não querem o pessoal de tanga feita de cânhamo lá em casa a derrubar cinzeiros. Propõem levar-nos mais para o sofá fumar a tanga (já que é de cânhamo) e ver um canal de cabo com uma paisagem exótica no ecrã. Disco composto por dois temas, um para cada lado no vinil, é de referir que o primeiro, Natura Ruidosa, tem quatro momentos dedicados a personagens literárias que discutem as relações entre civilização e o selvagem: Papalagi (os leitores deste blogue devem de certeza conhecer a edição ilustrada por Joos Swarte, certo?), Próspero, Crusoé e Marlow (d'O Coração das Trevas de Joseph Conrad). Será em jeito de homenagem ou são apenas referências de coordenadas culturais para estes neo-nativos da capital portuguesa?
Os nativos são Bernardo Álvares (de Zarabatana, ao qual se pode fazer também comparações entre as bandas), o Mestre André (o gajo da loja!?) e Raphael Soares (The Sound of Typewriters e Sunflare) que prometem outro álbum dia destes. Até lá aproveitem que este mês eles andam na estrada a promover este Jengi, ide lá vê-los!
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