sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing

A Shhpuma lança actualmente a melhor música "toing toing" neste canto europeu, daquela pica-miolos buéda intelectual e de outros abusadores. Por exemplo, não se percebe o conceito a 100% do que a artista Helen Mirra e o músico Ernst Karel fizeram para o CD Maps of Parallels 41º and 49ºN (2014).
Sabe-se que por cada pedaço de terra ou rio ou floresta por onde passam (num risco paralelo) substituíram esses elementos por sons de guitarra, baixo e geradores, numa espécie de "dronaria" ambiental - esta música era a banda sonora de uma instalação de Mirra em 2002 num museu norte-americano. O resultado é um agradável "toing toing" que não irrita, pelo contrário até induz a uma viagem qualquer, não definida dada a simplicidade da edição, sob o ponto de vista visual (onde está a peça ou a instalação representada?) ou textual (uma explicação maior do trabalho?). Que mitrice editorial para tão boa "não-música"...

Currents & Riptides (Shhpuma; 2016) de André Gonçalves ao princípio irrita um cochinho mas depois entra e desabrocha numa flor - sim porque o "toing toing" não precisa de ser sempre uma porra desagradável.
Há algo de (No Pussyfooting) aqui sem ser uma comparação directa às técnicas de composição de Eno e Fripp. Só um cheirinho... talvez com Propofol porque estamos em Portugal onde tudo é mais calmo. Cheio de detalhes e intervenções inesperadas, estamos perante uma natureza morta da Era da Electricidade, Informação e dos Insectos. Esta seria a música de fazer o amor no universo de Vós, Luminosos e Elevados Anjos de William T. Vollmann.



Mas se querem má-onda e bater mal eis que saiu a k7 Pestmortum (Harvest of Death; 2016) dos Funebrüm, que me tentaram vender como "Funeral Doom mas é o que vais sentir quando voltas da morte e estás num caixão"... Jesus! Quem quer isso!? Esta malta não leu o Contra os cristãos de Celso!? Mortos são mortos, não há volta a dar! Nem com intervenção divina um gajo quer estar consciente num corpo decomposto! São 80 minutos de música, 40m de cada lado. O lado A lembra sun0))) se estes tivessem bateria marcial - o que é estranho porque num funeral não se espera "headbaging" - ou ainda os "nossos" Desire sem a parte da telenovela. O lado B é um drone mais irritante que o "loop" estúpido de (Let's talk) Physical dos Revolting Cocks. Este drone já se encontrava submerso no lado A mas no B é omnipresente quase sem intervenções por cima dele. É um desespero tal ouvir o labo B, tal como ninguém quer ser cristão... Porque raios um gajo se submete a esta tortura? Se Lou Reed criou o Heavy Metal também sabemos que também ele o matou em 1975 com o seu Metal Machine Music. Claro que metaleiros só conhecem o Reed daquela merda que ele fez com os Metallica e não se espera que fiquem envergonhados de os comparar a coisas já feitas há 40 anos.
Já o pessoal do Jazz esperava-se um bocado mais de bom gosto e que não tentassem vender tretas com paleio espectacular como a estreia de ROJI, o CD The Hundred Headed Women (Shhpuma; 2016). Mandam um "name-dropping" de tudo o que é fixe da cultura contemporânea para vender aquilo que é apenas mais Free Jazz chato. Falam em Metal, Punk, Mick Harris, PIL, sunn0))), Lars von Triers e até usam o título de um dos primeiros romances gráficos da História - A mulher 100 cabeças de Max Ernst - para nada, nem chega a ser "toing toing". Que pretensão, go away!

Em compensação recebi o CD Flip side (of Sophism) (G33G; 2012) inesperado pica-miolos para quem espera as "pastiches" de Pascal Comelade, conhecido pela sua música feita com instrumentos que são brinquedos. Como é um disco com Richard Pinhas, a coisa muda de figura.
Realmente começa com um piano de Comelade mas cedo a música evolui para caminhos tortuosos, cheios de silvas, plantas com picos e bichos que zumbem sadicamente em frequências indesejáveis. Volta meia volta, mudam de registo a meio para nos fazerem perder o "name-dropping": Noise? Improv? Prog? Gótico? Drone? No Wave? Who cares, é tão bom como o "artwork" do maiorquino Lluís Juncosa.

Sem comentários:

Enviar um comentário