terça-feira, 13 de setembro de 2016

Olha a "concorrência"...





Uma concorrência na cena "indie" portuguesa não passa pelo dinheiro ou dimensão das "empresas" - é o que dá ter um mercado precário. Em compensação a concorrência mostra-se pela qualidade dos trabalhos e das edições apresentadas. Por isso, é mais quem tem a maior pila...
Não! Nem isso! É mais "pipis" e estão tapados... Not so Nude - Nus Vestidos (Serrote; 2016) saiu na mesma altura que o Harvested onde se atiçam as relações (sexuais?) entre Arte e pornografia - isto se quisermos votar as obras da pintura entre os séculos XVI e XX como pornográficas. Mas o autor Neo Nuvens (tem pinta de anagrama, quem será?) acha que sim e maravilhosamente desenhou com umas banais canetas esferográficas um livro que é uma homenagem a Daniele da Volterra - "o pinta-cuecas", odiado pintor maneirista italiano, encarregue de cobrir a genitália das personagens do Juízo Final de Miguel Ângelo na Capela Sistina, com andrajos e folhas de figueira, daí a sua alcunha. O autor deste livro foi além das recomendações do Concílio de Trento (que condenou a nudez na pintura religiosa e que empregou Volterra) e desenhou, a esferográfica, roupa interior em treze nus reclinados da pintura profana. Odaliscas, deusas, ninfas, amantes, prostitutas e esposas, expostas nas paredes de museus famosos, ficaram assim, de um momento para o outro, vestidas com combinações, camisas de dormir, soutiens, cuecas e meias. A única coisa que a edição peca é justamente este texto em itálico que sacamos do sítio oficial da editora não estar algures no livro para contextualizar melhor o trabalho publicado. De resto é bem divertido, menos genial que o Porno-Tapados e mostra que em Portugal há mais malta marota do que se pensa.

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