sábado, 18 de fevereiro de 2017
ccc@GENTRIFORNICAÇÃO
Vamos estar neste evento da Nariz Entupido: Semana após semana não há edifício que, sob o pretexto de requalificação, não esconda uma expropriação ou uma especulação. Com ele actividades com história, que conformam as vivências de um bairro, que permitem a convivência geracional. O Palmeiras no Chiado, o Pirata nos Restauradores serão os exemplos mais significativos, porque agarrado a cada laje vêm histórias aos magotes. E muitos outros edifícios que a um ritmo diário vão sendo transformados e na maior parte das vezes aniquilados. Exemplos não faltam.
Outro que vai desaparecer é o Lusitano Clube. Clube centenário, paredes meias com a muralha da Sé e vizinho das casas de fado de Alfama dará origem a apartamentos de luxo. A Nariz Entupido organizou aqui vários concertos - Jennifer Castle, Medeiros/Lucas, Hannah Epperson + Paper Beat Scissors, Viking Moses + Daily Misconceptions, ICH BIN N!NTENDO. Não poderíamos dizer não ao convite do Lusitano para organizar um último concerto. Tudo isto surgiu de uma proposta ao Nuno Afonso que decidiu abrir discussão a mais artistas, em forma de colectivo; os amigos responderam e assim se ergue a Gentrifornicação. Um título que tem tanto de irónico como de chamada de atenção. Tanto de despedida como de alerta. Mais uma associação que fecha, mas que longe de ser uma inevitabilidade, deverá ser ponto de partida para mais discussão, para acções concretas, para mostrar que a ideia de um pretenso futuro se faz por um caminho de sentido único.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
Nubes de Talco / Bruma / Brume
Nubes, Brume e Bruma lado a lado... |
Em Novembro de 2016 a autora Amanda Baeza esteve no Graf Madrid onde apresentou o livro Nubes de Talco, edição da prestigiada Fulgencio Pimentel, sendo uma colectânea em castelhano de vários trabalhos seus realizados entre 2013 e 2016.
Entretanto a autora esteve no último Tenderete a representar a Chili Com Carne / QCDA... E em MARÇO sairão as novas versões deste livro em português (versão mais alargada que cobre o período de 2012 a 2016) pela Chili Com Carne na colecção Mercantologia e uma versão reduzida em inglês pela pequena-mas-pujante Kuš! da Letónia, serão intituladas de Bruma e Brume, respectivamente.
Eis imagens das provas da gráfica
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E de Espanha... bons casamentos:
Siempre se mantiene una constante en su narración, que es igualmente antinaturalista. Es decir, lo que se cuenta no es una reconstrucción de su recuerdo como si la estuviera reproduciendo de un modo objetivo, desde fuera, siguiendo un modelo de narración neutro y cinematográfico. Las escenas no responden a una lógica, porque Baeza parte de una certeza que muchos otros autores autobiográficos soslayan: los hechos tal y como sucedieron se han perdido para siempre y son irrecuperables. ¿Qué queda, entonces? Las emociones, las imágenes deformadas tras años de anidar en nuestro cerebro, a veces algo inconexas. Baeza no reconstruye lo que pasó, sino la impronta que dejó en ella. Es una autobiografía emocional, por inventar algún palabro que alcance a explicar un poco su trabajo. The Watcher
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Artigo na Cactus
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El deslumbrante debut de Baeza (...) Autobiografía de vanguardia para el siglo XXI. Melhor de 2016 / The Watcher
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
Os 500 paus de 2016
Os cinco membros do Juri desta edição do concurso interno da CCC, Toma lá 500 paus e faz uma BD já decidiram sobre o projecto vencedor!
O vencedor é Pinheiro-Bravo (título provisório) de autoria de Tiago Baptista, futuro livro de 50 páginas a publicar no final do ano na Colecção CCC, que trata da Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934.
Uma sinopse possível segundo as palavras do autor:
Cresci numa aldeia perto de Leiria e quando era criança para irmos à praia passávamos geralmente pela Marinha Grande. O meu pai costumava contar, quando parávamos nos semáforos, que ali naquelas ruas tinha sido a primeira vez que tinha visto mulheres a conduzir bicicletas, ou pelo menos várias ao mesmo tempo.
Eu era uma criança sem noção de que a Marinha Grande era um forte centro da Esquerda em Portugal devido ao grande número de operários naquela zona, sobretudo da industria vidreira. Só mais tarde me apercebi disso e a partir daí vejo a cidade com outros olhos, com respeito, talvez. Bem, as mulheres que o meu pai via, iam para as fábricas trabalhar. Eu imaginava-as vigorosas, cheias de energia, decididas. Emancipadas. Sei eu agora que era isso que pensava, mas não conhecia a palavra nem o seu significado.
Esta imagem ficou marcada na minha cabeça! Há poucos anos tropecei, por acaso, num livro sobre uma Greve Geral que houve, ou que foi convocada em Portugal, durante o Estado Novo, a 18 de Janeiro de 1934. Em 1933 há uma "salarização" dos sindicatos que passam para o domínio do estado, face a isto é convocada uma Greve Geral. Essa Greve foi um fracasso, a maior parte dos dirigentes sindicais, anarquistas e comunistas são presos e alguns deles vão inclusive estrear o Campo de Concentração para presos políticos no Tarrafal em Cabo Verde.
A partir daqui tento desenvolver, uma estória do que aconteceu na Marinha Grande, contando com alguns documentos e teses do que se passou. Não se assegura a realidade dos facto. Este não será um documento válido para estudo catedrático. É uma pequena homenagem.
Foram entregues dezasseis propostas, a maior participação de sempre desde que começamos a promover este concurso em 2013, sendo que o nível médio da qualidade das propostas é bastante aceitável.
A maioria do Júri inclinou-se para o trabalho de Baptista por tantas razões que tornaria este acto de oficialização do vencedor deste concurso num ensaio! Invés dos argumentos fúteis (forte documentação e pesquisa, percurso do autor e a sua qualidade gráfica e narrativa, obra inédita e tema político) preferimos dois aspectos que são mais sólidos como a abordagem poética do autor sobre um tipo de trabalho que normalmente se insere na categoria de "BD Histórica" e pela ousadia do autor em querer reavivar episódios revolucionários nacionais que vão sendo saneados com as ideias tolas de que as revoluções em Portugal devem ser pacíficas ou feitas nas redes sociais.
Uma sinopse possível segundo as palavras do autor:
Cresci numa aldeia perto de Leiria e quando era criança para irmos à praia passávamos geralmente pela Marinha Grande. O meu pai costumava contar, quando parávamos nos semáforos, que ali naquelas ruas tinha sido a primeira vez que tinha visto mulheres a conduzir bicicletas, ou pelo menos várias ao mesmo tempo.
Eu era uma criança sem noção de que a Marinha Grande era um forte centro da Esquerda em Portugal devido ao grande número de operários naquela zona, sobretudo da industria vidreira. Só mais tarde me apercebi disso e a partir daí vejo a cidade com outros olhos, com respeito, talvez. Bem, as mulheres que o meu pai via, iam para as fábricas trabalhar. Eu imaginava-as vigorosas, cheias de energia, decididas. Emancipadas. Sei eu agora que era isso que pensava, mas não conhecia a palavra nem o seu significado.
Esta imagem ficou marcada na minha cabeça! Há poucos anos tropecei, por acaso, num livro sobre uma Greve Geral que houve, ou que foi convocada em Portugal, durante o Estado Novo, a 18 de Janeiro de 1934. Em 1933 há uma "salarização" dos sindicatos que passam para o domínio do estado, face a isto é convocada uma Greve Geral. Essa Greve foi um fracasso, a maior parte dos dirigentes sindicais, anarquistas e comunistas são presos e alguns deles vão inclusive estrear o Campo de Concentração para presos políticos no Tarrafal em Cabo Verde.
A partir daqui tento desenvolver, uma estória do que aconteceu na Marinha Grande, contando com alguns documentos e teses do que se passou. Não se assegura a realidade dos facto. Este não será um documento válido para estudo catedrático. É uma pequena homenagem.
Foram entregues dezasseis propostas, a maior participação de sempre desde que começamos a promover este concurso em 2013, sendo que o nível médio da qualidade das propostas é bastante aceitável.
A maioria do Júri inclinou-se para o trabalho de Baptista por tantas razões que tornaria este acto de oficialização do vencedor deste concurso num ensaio! Invés dos argumentos fúteis (forte documentação e pesquisa, percurso do autor e a sua qualidade gráfica e narrativa, obra inédita e tema político) preferimos dois aspectos que são mais sólidos como a abordagem poética do autor sobre um tipo de trabalho que normalmente se insere na categoria de "BD Histórica" e pela ousadia do autor em querer reavivar episódios revolucionários nacionais que vão sendo saneados com as ideias tolas de que as revoluções em Portugal devem ser pacíficas ou feitas nas redes sociais.
A Associação Chili Com Carne agradece a todos os sócios que participaram nesta iniciativa, em especial aos que pagaram a sua quota anual e permitiram o prémio monetário - relembramos que actualmente as quotas anuais dos sócios tem como objectivo financiar o concurso "Toma lá 500 paus!" invés de serem apenas um mero pequeno investimento para o consumo com descontos das nossas publicações.
Esta iniciativa tem o apoio do IPDJ e relembramos que graças a este concurso foram publicados quatro livros, a saber: O Cuidado dos Pássaros / The Care of Birds (vencedor de 2013) de Francisco Sousa Lobo, Askar, O General de Dileydi Florez, O Subtraído à Vista de Filipe Felizardo e Acedia (vencedor de 2015) de André Coelho.
foto: Catarina Domingues |
Vencedor do Prémio Aquisição Amadeo de Souza-Cardoso 2015 e do Prémio Fidelidade Mundial Jovens Pintores em 2009. Das suas exposições destacam-se em 2016 Obscuro ver, Edifício do Banco de Portugal, Leiria e Questionamentos, Palácio Vila Flor em Guimarães e na Sala de Arte Joven em Madrid; em 2015 A pequena realidade, Galeria 3+1, Lisboa; em 2013 Prémio EDP Novos Artistas, Fundação EDP e Casa da Música, Porto, Under the influence of, João Cocteau, Berlim; em 2012 Tem calma, o teu país está a desaparecer, Galeria Zé dos Bois, Lisboa; em 2011 Guimarães Arte Contemporânea 2011, Palácio Vila Flor e Laboratório das Artes, Guimarães; em 2010 A culpa não é minha - Obras da Colecção António Cachola, Museu Colecção Berardo.
Em 2013 participou na residência artística da Culturia em Berlim e desde 2010 está em residência artística na Galeria Zé Dos Bois.
Em 2012 a publicação Fábricas, baldios, fé e pedras tiradas à lama co-editada pela Oficina do Cego e pelo colectivo a9)))) ganhou o Prémio de Melhor fanzine do Festival Amadora BD, que compilava bandas desenhadas suas feitas entre 2008 e 2012. Participou na antologia Zona de Desconforto da Chili Com Carne.
Bibliografia
- Fábricas, baldios, fé e pedras tiradas à lama (Oficina do Cego + a9)))); 2012)
- Stalker (col. O Filme da Minha Vida, Ao Norte; 2015)
- Imagem Viagem (col. Toupeira, Bedeteca de Beja; 2016)
colectivos:
- Zona de Desconforto (Chili com Carne; 2014)
- Maga (entrevista, Chili Com Carne + Clube do Inferno + Thisco; 2015)
sábado, 11 de fevereiro de 2017
Colecção zinefest.pt @ Mundo Fantasma a partir de Sábado!
Ena! Uma exposição da Colecção do Zinefest.pt na Mundo Fantasma. Que fixe! O Porto organiza-se finalmente! Lá estão os nossos Malmö Kebab Party e o Mesinha de Cabeceira... e afirmar que o ZineFest.Pt foi O EVENTO de 2016 no que diz respeito a edição independente!!!
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
4º Concurso interno de Banda Desenhada da Chili Com Carne § 16 trabalhos recebidos!
A quarta edição do concurso 500 paus recebeu 16 propostas de livros de BD - a maior recepção de trabalhos desde a criação deste concurso interno.
Destes foram aceites 13 trabalhos que o Júri está a avaliar e que anunciará o vencedor no dia 14 de FEVEREIRO de 2017
Destes foram aceites 13 trabalhos que o Júri está a avaliar e que anunciará o vencedor no dia 14 de FEVEREIRO de 2017
A Associação Chili Com Carne lançou a ideia de um concurso para fazer um livro em Banda Desenhada para matar a modorra na cena portuguesa, tendo sido publicados já vários livros como Askar o General de Dileydi Florez e O Subtraído à vista de Filipe Felizardo, trabalhos que participaram no concurso. Em Outubro de 2015 saiu a primeira obra vencedora (do primeiro concurso, de 2013) ou seja, The Care of Birds / O Cuidado dos Pássaros de Francisco Sousa Lobo, que terá uma edição espanhola em 2017.
O último resultado deste concurso foi lançado no dia 6 de Outubro de 2016, ou seja o romance gráfico Acedia de André Coelho, obra vencedora do concurso do ano passado.
Cá estamos de novo à espera de novas aventuras editoriais!
Instruções (não muito complicadas):
Para quem?
Para Sócios da CCC com as quotas em dia - não é sócio? então é clicar neste LINK.
O prémio é monetário?
É sim! 500 paus! 500 Euros!
Para além de que o trabalho será publicado!
E, para a próxima edição, o vencedor é convidado a fazer o cartaz e a integrar o júri!
Quem decide o vencedor?
Uma parte da actual Direcção da Associação Chili Com Carne, o vencedor da edição passada e alguns associados, a saber: André Coelho, Filipe Felizardo, Hetamoé, Marcos Farrajota e Ondina Pires.
O Júri reserva-se o direito de não atribuir o prémio caso não encontre qualidade nos trabalhos propostos.
Datas?
5 de Fevereiro 2017 é a entrega dos projectos!
14 de Fevereiro 2017 é anunciado o vencedor!
O livro é publicado em 2018!?
Regras de apresentação dos trabalhos
- O livro não tem limite de páginas e de formato mas porque desejamos inseri-lo nas nossas colecções já existentes - Colecção CCC, QCDA, LowCCCost, THISCOvery CCChannel - o projecto terá mais hipóteses de ganhar se for apresentado num formato das colecções.
- Preferimos o preto e branco mas a cor não está totalmente afastada!
- Envio do seguinte material:
a) texto de apresentação do(s) autor(es),
b) sinopse do projecto
c) planeamento por fases (com datas)
d) envio de 20% do total da BD, sendo que o mínimo serão 4 páginas seguidas e acabadas e 16 planeadas.
- Todos estes elementos devem ser entregues em PDF, em serviço de descarga em linha (sendspace ou wetransfer) cujo endereço deve ser enviado para o e-mail ccc@chilicomcarne.com
Que projecto pode ser apresentado?
- Uma BD longa de um autor ou com parceiros
- Um livro com várias BDs do mesmo autor (desde que tenham uma ligação estética ou de conteúdo)
- Uma antologia de vários autores com um tema comum
Boa sorte!
CCC
Este projecto têm o apoio do IPDJ
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
Sonic Hentai
O imaginário Manga / Anime na Aldeia Global é absorvido de forma subreptícia, por mais que os fachos da Disney e da Marvel (o que significa a mesma coisa desde 2009) tentem sabotar a sua divulgação, a verdade é que o processo é imparável, dos bebés aos adultos todos adoram os olhos grandes das personagens, as linhas cinéticas das BDs e aqueles "stills" psicodramáticos a fingirem movimento. A nível sonoro a coisa é menos óbvia embora a freakalhices do J-Pop já tenha poiso até em Portugal - um submundo fedorento de farçolice e kitsch. Os Atari Teenage Riot verdadeiros terroristas anarco-ecuménicos começaram cedo por samplarem sons dos Animes mas não sei se houve grandes continuações destas ideias. Recentemente encontrei o Yeongrak (da Nova Zelândia, ali perto do Japão) e este italiano Venta Protesix editado no ano passado pela Urubu Tapes.
Ambos projectos musicais remetem para a iconoclastia sonora como se fossem irmãozinhos da "nossa" Camarada Hetamoé. A embalagem da k7 Hello Kitty Box Cutter For Emasculation parece que foi feita por ela com técnicas 3D. Desde já é de referir que a Urubu não só está-se a tornar na editora de k7s mais interessante de sempre em Portugal, pelo catálogo heterogéneo dentro de um espectro "experimental" mas também pelo excelente trabalho gráfico das suas edições. Esta é mais uma prova disso com o seu ar "slick" e plástico cor-de-rosa que faz qualquer fetichista chorar como uma Maria Madalena. A música é que é mera pica-miolos toing-toing, Noise e Glitch já mais do que visto, chato como a potassa sem aproveitar nada dos sons nipónicos como nos é vendida como ideia - se samplou Hentai só se ouve um gemido fofinho algures... Não estamos nos humores de V/VM ou de Vomit Lunchs nem na fantasmagoria de Yeongrak, infelizmente. É daquelas merdas que se ouve uma vez e fica-se a pensar "o que raios vou fazer com esta k7 tão gira?"
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
I'm going deeper underground
Rui Eduardo Paes finalmente é entrevistado pelos ⒶnⒶrquistⒶs... Estávamos a ver que não! No último número do mítico jornal A Batalha, só falta o Mapa mexer a peidinha para além da tirinha...