Os cinco membros do Juri desta edição do concurso interno da CCC, Toma lá 500 paus e faz uma BD já decidiram sobre o projecto vencedor!
O vencedor é Pinheiro-Bravo (título provisório) de autoria de Tiago Baptista, futuro livro de 50 páginas a publicar no final do ano na Colecção CCC, que trata da Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934.
Uma sinopse possível segundo as palavras do autor:
Cresci numa aldeia perto de Leiria e quando era criança para irmos à praia passávamos geralmente pela Marinha Grande. O meu pai costumava contar, quando parávamos nos semáforos, que ali naquelas ruas tinha sido a primeira vez que tinha visto mulheres a conduzir bicicletas, ou pelo menos várias ao mesmo tempo.
Eu era uma criança sem noção de que a Marinha Grande era um forte centro da Esquerda em Portugal devido ao grande número de operários naquela zona, sobretudo da industria vidreira. Só mais tarde me apercebi disso e a partir daí vejo a cidade com outros olhos, com respeito, talvez. Bem, as mulheres que o meu pai via, iam para as fábricas trabalhar. Eu imaginava-as vigorosas, cheias de energia, decididas. Emancipadas. Sei eu agora que era isso que pensava, mas não conhecia a palavra nem o seu significado.
Esta imagem ficou marcada na minha cabeça! Há poucos anos tropecei, por acaso, num livro sobre uma Greve Geral que houve, ou que foi convocada em Portugal, durante o Estado Novo, a 18 de Janeiro de 1934. Em 1933 há uma "salarização" dos sindicatos que passam para o domínio do estado, face a isto é convocada uma Greve Geral. Essa Greve foi um fracasso, a maior parte dos dirigentes sindicais, anarquistas e comunistas são presos e alguns deles vão inclusive estrear o Campo de Concentração para presos políticos no Tarrafal em Cabo Verde.
A partir daqui tento desenvolver, uma estória do que aconteceu na Marinha Grande, contando com alguns documentos e teses do que se passou. Não se assegura a realidade dos facto. Este não será um documento válido para estudo catedrático. É uma pequena homenagem.
Foram entregues dezasseis propostas, a maior participação de sempre desde que começamos a promover este concurso em 2013, sendo que o nível médio da qualidade das propostas é bastante aceitável.
A maioria do Júri inclinou-se para o trabalho de Baptista por tantas razões que tornaria este acto de oficialização do vencedor deste concurso num ensaio! Invés dos argumentos fúteis (forte documentação e pesquisa, percurso do autor e a sua qualidade gráfica e narrativa, obra inédita e tema político) preferimos dois aspectos que são mais sólidos como a abordagem poética do autor sobre um tipo de trabalho que normalmente se insere na categoria de "BD Histórica" e pela ousadia do autor em querer reavivar episódios revolucionários nacionais que vão sendo saneados com as ideias tolas de que as revoluções em Portugal devem ser pacíficas ou feitas nas redes sociais.
Uma sinopse possível segundo as palavras do autor:
Cresci numa aldeia perto de Leiria e quando era criança para irmos à praia passávamos geralmente pela Marinha Grande. O meu pai costumava contar, quando parávamos nos semáforos, que ali naquelas ruas tinha sido a primeira vez que tinha visto mulheres a conduzir bicicletas, ou pelo menos várias ao mesmo tempo.
Eu era uma criança sem noção de que a Marinha Grande era um forte centro da Esquerda em Portugal devido ao grande número de operários naquela zona, sobretudo da industria vidreira. Só mais tarde me apercebi disso e a partir daí vejo a cidade com outros olhos, com respeito, talvez. Bem, as mulheres que o meu pai via, iam para as fábricas trabalhar. Eu imaginava-as vigorosas, cheias de energia, decididas. Emancipadas. Sei eu agora que era isso que pensava, mas não conhecia a palavra nem o seu significado.
Esta imagem ficou marcada na minha cabeça! Há poucos anos tropecei, por acaso, num livro sobre uma Greve Geral que houve, ou que foi convocada em Portugal, durante o Estado Novo, a 18 de Janeiro de 1934. Em 1933 há uma "salarização" dos sindicatos que passam para o domínio do estado, face a isto é convocada uma Greve Geral. Essa Greve foi um fracasso, a maior parte dos dirigentes sindicais, anarquistas e comunistas são presos e alguns deles vão inclusive estrear o Campo de Concentração para presos políticos no Tarrafal em Cabo Verde.
A partir daqui tento desenvolver, uma estória do que aconteceu na Marinha Grande, contando com alguns documentos e teses do que se passou. Não se assegura a realidade dos facto. Este não será um documento válido para estudo catedrático. É uma pequena homenagem.
Foram entregues dezasseis propostas, a maior participação de sempre desde que começamos a promover este concurso em 2013, sendo que o nível médio da qualidade das propostas é bastante aceitável.
A maioria do Júri inclinou-se para o trabalho de Baptista por tantas razões que tornaria este acto de oficialização do vencedor deste concurso num ensaio! Invés dos argumentos fúteis (forte documentação e pesquisa, percurso do autor e a sua qualidade gráfica e narrativa, obra inédita e tema político) preferimos dois aspectos que são mais sólidos como a abordagem poética do autor sobre um tipo de trabalho que normalmente se insere na categoria de "BD Histórica" e pela ousadia do autor em querer reavivar episódios revolucionários nacionais que vão sendo saneados com as ideias tolas de que as revoluções em Portugal devem ser pacíficas ou feitas nas redes sociais.
A Associação Chili Com Carne agradece a todos os sócios que participaram nesta iniciativa, em especial aos que pagaram a sua quota anual e permitiram o prémio monetário - relembramos que actualmente as quotas anuais dos sócios tem como objectivo financiar o concurso "Toma lá 500 paus!" invés de serem apenas um mero pequeno investimento para o consumo com descontos das nossas publicações.
Esta iniciativa tem o apoio do IPDJ e relembramos que graças a este concurso foram publicados quatro livros, a saber: O Cuidado dos Pássaros / The Care of Birds (vencedor de 2013) de Francisco Sousa Lobo, Askar, O General de Dileydi Florez, O Subtraído à Vista de Filipe Felizardo e Acedia (vencedor de 2015) de André Coelho.
foto: Catarina Domingues |
Vencedor do Prémio Aquisição Amadeo de Souza-Cardoso 2015 e do Prémio Fidelidade Mundial Jovens Pintores em 2009. Das suas exposições destacam-se em 2016 Obscuro ver, Edifício do Banco de Portugal, Leiria e Questionamentos, Palácio Vila Flor em Guimarães e na Sala de Arte Joven em Madrid; em 2015 A pequena realidade, Galeria 3+1, Lisboa; em 2013 Prémio EDP Novos Artistas, Fundação EDP e Casa da Música, Porto, Under the influence of, João Cocteau, Berlim; em 2012 Tem calma, o teu país está a desaparecer, Galeria Zé dos Bois, Lisboa; em 2011 Guimarães Arte Contemporânea 2011, Palácio Vila Flor e Laboratório das Artes, Guimarães; em 2010 A culpa não é minha - Obras da Colecção António Cachola, Museu Colecção Berardo.
Em 2013 participou na residência artística da Culturia em Berlim e desde 2010 está em residência artística na Galeria Zé Dos Bois.
Em 2012 a publicação Fábricas, baldios, fé e pedras tiradas à lama co-editada pela Oficina do Cego e pelo colectivo a9)))) ganhou o Prémio de Melhor fanzine do Festival Amadora BD, que compilava bandas desenhadas suas feitas entre 2008 e 2012. Participou na antologia Zona de Desconforto da Chili Com Carne.
Bibliografia
- Fábricas, baldios, fé e pedras tiradas à lama (Oficina do Cego + a9)))); 2012)
- Stalker (col. O Filme da Minha Vida, Ao Norte; 2015)
- Imagem Viagem (col. Toupeira, Bedeteca de Beja; 2016)
colectivos:
- Zona de Desconforto (Chili com Carne; 2014)
- Maga (entrevista, Chili Com Carne + Clube do Inferno + Thisco; 2015)
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