quarta-feira, 24 de maio de 2017

Caldas morning...



A visita "matinal-anual" de ontem ao Comunicar:Design foi mais produtivo que nos outros últimos anos. Vim de lá com três livrinhos de autor... zines? Sei lá, "fanzines" e "zines" nas Caldas nunca pegou como se testemunha num texto meu perdido no Quadrado #5 (3ª série, Bedeteca de Lisboa; Jun'03). Há produção mas não há promoção nem vontade de sair para fora, pelo menos foi o que me sempre pareceu. A crítica que teço é que os "fanzines" obrigatoriamente são publicações e como a palavra "publicações" significa é para dar-se a conhecer ao público. Ou é pelas tenras idades ou por serem da província, nas Caldas divulgar as edições lá feitas nunca foi uma prioridade. A razão por existirem estes objectos é criar Arte para mostrar aos colegas apenas... Talvez eu tenha demorado a reconhecer isto e que esta situação não é um maldade nenhuma per se. Apenas sinto frustração de saber que existem estes livrinhos fechados e que nunca saberei da sua beleza.

No Comunicar:design é ainda mais real a falta de "comunicação", os stands apresentam-se com os nomes dos autores/editores quase todos a soar nomes de empresas de comércio, infelizmente alguns a roçar o foleiro. Já se sabe, quando se é jovem além de odiarmos os nosso nome oficial também dá para inventar pseudónimos parvos como Kevin Claro ou Bina Tangerina (!?). Isto pode servir para quem faz autocolantes, cartazes e outras bugigangas (boooooring!) com o objectivo de fazer mais tarde murais para bairros de pobres e edifícios para especulação imobiliária ou intervenções do kitsch & do gamanço como a Joana Vasconcelos. No entanto esta lógica empresarial não se coordena com a realidade do mundo da edição ou da arte. Foi bom ver que há por ali pequenos germes prontos a contaminar e mudar o mercadito do Comunicar, espero que pró ano haja mais livros e fanzines!

O Claro (aka João Gastão) fez um livro de BD em serigrafia com pintura de manchas, ou seja, muito trabalhinho à mão como ele bem refere na contra-capa. Já conhecia os trabalhos publicados porque estiveram a concurso nos "500 paus". São BDs exercícios de estilo e de narração que encontraram o que andavam à procura: micro-edição, edição manual, intimidade e tactilidade, características que não encaixavam no que se propõe os 500 Paus. Claro auto-editou o Acorda e Ão (é mesmo isso, um livro em acordeão) e fez muito bem este belo objecto cor-de-rosa! Embora se coloque a questão porque não fez antes um folioscópio dada a animação destas mundanas vinhetas?


Comprei a "versão mitra" de Sea of trees da Bina Tangerina (a sério, como é que se chama a autora? é a Sabina!) cuja a edição original era em gravura - cujo preço será proibitivo para alunos e professores sem cheta. A versão barata é uma edição de intimista que parece um missal profano em capas pretas e duras que carregam dois acordeões de imagens em sequências ilustradas que evocam esoterismos maçónicos de fim-de-semana. É inexplicável a atracção que este livrinho produz...

Por fim, o Ros (a sério!? Ros!?) fez o mini-comix Exclamação Arroba & Asterisco todo giro e existencialista, uma BD que é um desabafado de um estudante universitário e que revela humor inteligente - raro numa Era de Bestas de Batinas. Sabe a pouco e queria ver/ler mais, Ros, vá lá, tens mais do que potencial para maiores criações, muda é esse pseudónimo tótó!

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