Lisboa é Very Very Typical
experiências de quem estudou ou trabalhou em Lisboa
experiências de quem estudou ou trabalhou em Lisboa
1 Capital europeia / 12 autores estrangeiros / 9 países / 3 continentes
Nesta colecção para quem gosta de "viajar sem apanhar transportes e gastar dinheiro" já se deram muitas voltas, da Europa aborrecida à Guiné-Bissau. Pela primeira vez, vira-se para o umbigo e viaja por Portugal, ou melhor... por Lisboa!
Todas as nossas antologias nascem de ideias puras mas por serem tão ingénuas acabam sempre erráticas... Não nos estamos a queixar antes pelo contrário, glorificamos o erro! A culpa é da "espanhola do caralho" que nos foi impingida para entrar na Zona de Desconforto, colectânea de autores de BD portugueses que contavam as suas experiências no estrangeiro enquanto estudantes ou trabalhadores. Begoña Claveria seria um contra-ponto, uma estrangeira a comentar Portugal, uma ideia com piada mas que não coube nesse volume e a sua BD ficou em águas de bacalhau...
Passado um ano e dado ao sucesso que obtivemos com Zona de Desconforto, pensamos que seria um bom desafio juntar estrangeiros que vivem ou viveram em Portugal. Plano arriscado! Há assim tantos autores que tenham passado por cá? E que queiram arriscar a fazer uma BD?
Há! E muitos! Ao ponto de alguns não terem deixado de dar notícias - temos muita pena dos autores africanos que nos deixaram na mão... Outros apareceram e sem papas na língua. De três continentes diferentes e com experiências variadas, muitas em volta das questões laborais portuguesas, eis Lisboa é Very Very Typical.
Lisboa!? Não era para ser sobre Portugal? É coincidência mas a verdade é que todas as BDs tem a capital como centro geográfico dando razão ao que se diz que "o resto é paisagem"! Talvez de futuro tenhamos de fazer uma antologia sobre estrangeiros no Porto ou Alentejo, até lá fiquem com as visões de Anica Govedarica (Croácia), Taís Koshino (Brasil), Elias Taño (Espanha), Alejandro Levacov (Argentina), BNK TNK (Japão), Martina Manya (Espanha), Aude Barrio (Suiça), Nicolae Negura (Roménia), Dileydi Florez (Colômbia), Alain Corbel (França) e Téo Pitella (Brasil). A capa é da responsabilidade do alemão Lars Henkel - autor que já estudou também em Lisboa e chegou a participar na Feira Laica.
Historial: mostra de originais do livro na BD Amadora 2015 ... Festa de lançamento no dia 29 de Outubro na Zaratan organizada pela 1359 com unDJ MMMNNNRRRG ...
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136p a verde branco, 8p p/b 16,5x23cm, capa a cores com badanas
sem ISBN porque a APEL pretende humilhar os pequenos editores
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Últimos exemplares talvez ainda na Mundo Fantasma, Bertrand e Palavra de Viajante.
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136p a verde branco, 8p p/b 16,5x23cm, capa a cores com badanas
sem ISBN porque a APEL pretende humilhar os pequenos editores
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Últimos exemplares talvez ainda na Mundo Fantasma, Bertrand e Palavra de Viajante.
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Feedback:
Depois de Zona de Desconforto, livro que reunia bandas desenhadas de vários autores portugueses vivendo no estrangeiro, o novo volume colectivo editado pela Chili Com Carne junta autores estrangeiros que vivem em Lisboa. O propósito é o mesmo: dar espaço à reflexão sobre as experiências individuais, as pequenas histórias, as expectativas, potenciando uma leitura mais ampla sobre como é ser-se estrangeiro numa cidade (e logo numa que cada vez mais se promove como destino de sonho para turistas) nos dias que correm.
Blimunda
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Uma Lisboa posta à mesa pelos atípicos (...) é uma obra de arte e em simultâneo o relato na primeira voz o que é ser-se estranho num lugar tão típico.
Dif
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Com várias antologias originais de banda desenhada no currículo (...) a Chili Com Carne tem sabido rodear-se de alguns dos mais prometedores autores de banda desenhada, muitas vezes apostando em principiantes, sempre sem ceder no capítulo da qualidade e da vontade de experimentar caminhos a partir da linguagem da banda desenhada. (...) Com um título como este, o livro arrisca-se a aliciar turistas para uma suposta cidade que, afinal, não cabe nestas páginas. Apesar disso, Marcos Farrajota acredita que Lisboa É Very Very Typical não deixa de ser um cartão de visita da capital, sobretudo para quem não ande à procura de tuk-tuks, tascas gourmet e casas de fado com preços astronomicamente inflacionados: “Não é um diário de viagem ou um daqueles livros de esboços chatos. Quase nunca se vê a cidade, mas daí, qual o problema disso? São as pessoas que fazem as cidades e não os monumentos e museus. Se calhar até é um livro de despedida da Lisboa anacrónica e do século XX para uma nova, menos romântica, provavelmente...” Menos romântica, mas com espaço para gente que se descobre estrangeira apesar de falar a mesma língua, como na história de Téo Pitella, infiltrações inevitáveis nos prédios antigos, a despertarem a bronquite e a narrativa de Alejandro Levacov, casas que desaparecem e voltam a erguer-se à medida que alguém precisa de as habitar, na história de Taís Koshino.
Páragrafo
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cria um rosto real, tangível, endereçado que nos permite entrar em diálogo imediato com o que está a ser discutido. Não se procura nenhum tipo de concordância imediata, mas antes uma compreensão dessa mesma perspectiva. Assim, a Lisboa ou Portugal que emerge destes retratos pode revelar-se menos gloriosa do que muitas vezes “nós” pintamos. Em segundo lugar, essas mesmas discussões não têm uma tonalidade pedagógica e institucionalizada – lá está, supostamente objectiva. Reforçando o aspecto dialogal.
Pedro Moura / Ler BD
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(...) título brincalhão com que se apresenta um livro coligindo bandas desenhadas da autoria de artistas estrangeiros - homens e mulheres - que estiveram, ou ainda permanecem em Portugal, e que escolheram Lisboa para simples passagem ou mesmo fixação.
É exactamente o caso da pintora Nina Govedarica, que veio da Croácia visitar Portugal em 1998, escolheu Lisboa, cidade de que gostou de imediato, aqui conheceu Fernando Relvas, casaram, e ficou a morar com ele na Amadora.
Assim, quando o editor Marcos Farrajota da Chili Com Carne teve a ideia (bem interessante) de convidar artistas estrangeiros, de passagem ou a viver em Lisboa, a transformarem em banda desenhada as suas impressões sobre a Mui Nobre e Sempre Leal cidade, Nina aceitou o desafio, ela que nunca fizera BD (...) além de provar ter invulgar capacidade ilustrativa, demonstrou um fino sentido crítico em relação aos lisboetas (extensível aos portugueses em geral), gozando, por exemplo, com o significado que é dado à palavra amanhã, sempre muito variável, tanto pode querer dizer para a semana, no próximo mês, para o ano, ou mesmo nunca.
Geraldes Lino
Artigo na Gazeta das Caldas
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Apesar dos riscos inerentes a uma recolha, de todas as (boas) propostas coletivas da editora Chili Com Carne esta é talvez a mais conseguida de todas, e um excelente livro que vale a pena levar aos olhos enquanto espelho.
Artigo na Gazeta das Caldas
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Apesar dos riscos inerentes a uma recolha, de todas as (boas) propostas coletivas da editora Chili Com Carne esta é talvez a mais conseguida de todas, e um excelente livro que vale a pena levar aos olhos enquanto espelho.
sobre os autores:
Aude Barrio (1985, França)… a mãe é suiça e o pai português. Vive e trabalha entre Genebra e Lisboa. Faz parte da editora Hécatombe (que já esteve presente numa Feira Laica e exposição na Matéria Prima) e participou em várias antologias como Un Fanzine carré ou Turkey Comics (The Hoochie Coochie). Em 2014, realizou o seu primeiro livro a solo Petit Lapiin Chouin Chouiiin e inaugurou Zonas de Habitabilidade, colecção de BDs "à quatro mãos" com Barbara Meuli, em 2015.
Begoña Claveria (Lleida, 1982) Graduada em Design Gráfico pela Escola de Disseny i Art (Barcelona), fez também uma pós-graduação em ilustração pela mesma escola. Entre 2005 e 2009 trabalhou como designer e ilustradora colaborando com vários ateliers. Em 2009 mudou-se para Lisboa onde realizou um estágio com a PVK Editions e em 2010 começou a trabalhar na Ivity Brand Corp. Actualmente trabalha em regime de part-time nesta firma e colabora habitualmente em projectos no âmbito da edição e da ilustração. Publicou seu primeiro livro de desenhos em 2014 Vous avez de la biére? Non, juste le whiskey bérbère pela Senhora do Monte, editora que ajudou a fundar com Anafaia Supico e Nuno Barroso.
Alain Corbel (Bretanha, França, 1965) viveu em lugares tão diferente como Bruxelas, Marselha, na Gasconha, em Lisboa e Baltimore. É conhecido como ilustrador e colaborou com muitos autores portugueses. É também autor de BDs, escreve, faz fotografias e sestas com muito gosto. Desde 2000, e a seguir o projecto de livro Ilhas de fogo (ACEP; 2002), viajou regularmente nos países africanos de língua portuguesa, assim como em Timor-Leste, onde organiza oficinas de ilustração e escrita. É é professor no departamento de Ilustração do Maryland Institute College of Art (EUA) e é também o coordenador do programa Unspoiled Africa.
Dileydi Florez ( Bogotá, 1990) É ilustradora e Designer. Estudou Design no IADE e Ilustração Artística na Universidade de Évora. Em 2013/14 foi bolseira e finalista do curso de Ilustração e BD no Ar.Co. Actualmente vive e trabalha em Lisboa. A sua primeira obra de BD Askar, o General (Chili Com Carne; 2015) é inspirada em iluminuras persas e gravuras japonesas.
Anica Nina Govedarica (Zagreg; 1971) Estudou Belas-Artes em Zagreb durante quatro anos, desde 1997 que se dedica às artes plásticas e participou em numerosas exposições individuais e colectivas em Portugal, Croácia e Inglaterra. Esta é a sua primeira experiência em BD.
Taís Koshino (Brasília, 1992) é estudante de Comunicação Social com habilitação em audiovisual na Universidade de Brasília, tendo feito programa de intercâmbio na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. É co-fundadora do selo editorial Piqui, criado em 2011, com mais de dez publicações e participações em feiras nacionais e internacionais.
Alejandro Levacov (Buenos Aires; 1973) Três anos depois de nascer começou a Ditadura mais sangrenta do seu país. Desde então já passaram 14 Presidentes por este país (4 deles ditadores), mega-desvalorizações e uma bancarrota. A história recente argentina exemplifica a capacidade de improvisação e sobrevivência que caracteriza os seus habitantes. Emigrou para a Europa em 2002 (pós "corralito") morando em Barcelona, Lisboa, Maputo e Porto e trabalhando como Designer, ilustrador, cozinheiro, modelo, actor… Retornou ao seu país em 2013 com Júlia Tovar – ver Zona de Desconforto (Chili Com Carne; 2014) vivendo os dois (três!) em Buenos Aires.
Martina Manyà (Barcelona, 1983) estudou nas Belas Artes de Barcelona. No início de 2006 muda-se para Lisboa, para fazer um Erasmus, e desde então não conseguiu deixar Portugal. Tirou o curso de Ilustração e BD no Arco e actualmente vive e trabalha entre as duas cidades.
Nicolae Negura (Vaslui; 1987) é um ilustrador e artista romeno que desde há alguns anos tem feito de Lisboa a sua casa e fonte de inspiração. Gosta de utilizar cores fortes e garridas mesmo quando aborda temáticas mais depressivas . Outra fonte de inspiração é a BD vintage, que define completamente o seu traço.
Téo Pitella (1985) tirou o curso de Design Gráfico na Universidade Federal do Paraná, Gravura na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e é Mestre em Arte Multimédia com especialização em Fotografia na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Actualmente dirige o projecto editorial 1359, onde trabalha com Risografia e edições de autor. Já realizou exposições no Brasil, Portugal, França, Moçambique e EUA. Tem experiência em fotografia editorial produzindo material para edições de diversas revistas e jornais.
BNK TNK (1976; Tóquio) chegou a Portugal em 2005 com um diploma em arte do vidro (TAMA - Universidade de Arte em Tóquio) e um amor por todas as coisas relacionadas à luz e reflexos. Rapidamente apaixonou-se pela luz de Lisboa e, consequentemente, decidiu ficar e completar a sua formação, tirando um curso avançado de Artes Plásticas no Ar.Co. Foi um passo natural combinar o conhecimento adquirido e sua grande paixão por culturas orientais - tanto o lado artístico e espiritual a fim de desenvolver diferentes formas de artes cénicas, sempre inspirados na natureza e no seu interior e os fluxos de energia exteriores. Desde esse momento tem realizado inúmeras intervenções, espectáculos e performances a solo e em colaboração com diversas instituições, passando por países como Itália, Japão e Portugal.
Elías Taño (1983) é desenhador e editor ocasional na cidade de "Violência" desde 2004. Dedica o seu tempo a andar para cima e para baixo com livros e outras coisas, viajando sobretudo pelas penínsulas europeias (a italiana e a ibérica) e por outros lugares do sul do mundo com a companhia de teatro-político Atirohecho. O seu grafismo tem fins políticos e de insurreição e trabalha em cartazes sobre os muros da cidade de forma totalmente anónima. Edita desde 2011, a revista Arròs Negre. Trabalha em serigrafia num edifício em ruínas que partilha com um escritor das ruas e um indigente napolitano.
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