Não se pode proibir os metaleiros de fazerem figuras ainda mais ridículas do que o seu habitual (vivem bem os cabrões - viram os caseirões?) mas pelo menos consegue-se proibir da RTP de duplicar o seu financiamento e dos seus amiguitos. O que nada está proibido de se fazer nesta altura de grande crise para os músicos que viviam de espectáculos é apoiar os músicos jovens / novos / underground - e não não falo do nacional-cançonetismo da actual produção Rock/ Pop. Falo de, por exemplo, de UNITEDSTATESOF e a nova k7 pela Rotten \ Fresh intitulada Selections 1.
Como podem imaginar, lançar um objecto físico na pandemia corona & internet das coisas é suicídio. Vá, apoiem! É verdade que o Lado A da k7 vê-se que o Aphex Twin pariu montes de filhos, mas o Lado B, que só se pode ouvir em k7 (como aconteceu com Black Taiga), as "remixes" de Odete, Ondness, Oströl e mais outros produtores não começados por "O" mostram-se mais dinâmicas e potentes que os temas originais. Acontece...
Com "remixes" ou não, sente-se uma música que vive de duas interpretações antagónicas como se Selections 1 tivesse sido racionalmente projectado para sair neste exacto momento de "pandemônio XIX". Uma forma de interpretar é anacrónica pois projecta uma fronteira de uma vida que deixou de ser possível fazer nos próximos dois anos - ir a Londres, por exemplo, curtir a depressão - assim a puxar ao Vaporwave e toda a nostalgia desse sub-género. A outra é super actual e mórbida, que nos diz não há razões para patetices alegres, que não vale a pena esconder a miséria exitêncial que se sofre, manter as aparências, comer carne-merda-plástico, status quo, etc... O som em casa-do-isolamento tem de ser este, abstracto e meditativo, um papel-de-parede para o Apocalipse.
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