A Música Portuguesa é bela, gosta de si própria.
E percebe-se quando entrou nos meados dos anos 90 os Blind Zero, uma banda portuense que sempre que pensamos nela temos de ir à discografia dos Holocausto Canibal sacar um título para a descrever.
Foi uma banda que marcou uma Era, a do Profissionalismo, Cosmopolitismo e Capitalismo em estado de graça. Nunca outro projecto de Rock alternativo acedeu a tanto orçamento e champagne para vencer nesses velhacos caminhos da carreira musical. Até cantaram em inglês para ganhar os mercados estrangeiros.
Malgré tout nada conseguiram, a dada altura mendigavam (oh vergonha alheia!) por uma pequena editora independente madrilena!
Uma turma de invisuais num workshop de música não podiam ver a beleza dos longos fios de cabelo do vocalista mas reconheceram a sua lírica talentosa. Perguntaram: "Mas como é que ele nunca recebeu um Prémio da SPA pela sua poesia?" Sim, se o Dylan recebeu o Nobel, o que é Guedes abaixo dele?
Antes que respondam a esta provocação, a turma afincou-se a criar o seu clube de fãs - os Braille Zero - e atiram-se a traduzir as líricas para português, num desespero para que a população portuguesa possa apreciar mais - melhor, diríamos nós! - o que merece ser canonizado.
Justamente 25 anos depois do termo "Grunge", em Portugal, ter sido mal traduzido para "azeite" (e não "gordura") eis o Gatilho que a Chili Com Carne e Rotten // Trash disparam para começar a sua série de edições de Musica portuguesa a melhorar-se dela própria.
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