Turba (New Approach) de Metadevice.
Já perdi a conta das edições de Metamachine, projecto que aparece no meio da pandemia covid, ainda mais porque apanhei uma edição especial deste disco que inclui um CD-R limitado, Atomization, no meio de tanto luxo editorial: capas e posters e capas e posters e capas e posters, dentro uns dos outros e não sei o quê que a dada altura já nem sei voltar a montar a edição como estava. Queixas? Não, o sentido estético é tão exigente como a música, deixando de haver diferença entre André Coelho músico e desenhador.
São discos que tratam deste mundo que acaba com um soluço e não com uma explosão, dada a impotência de todos contra uma máquina fora de controlo mas que nos controla e dirige. O alerta vai para a desmaterialização do ambiente humano para um digital zombie. E se a música soa a contínuos electrochoques com títulos colocados por um gajo inteligente e observador não significa que tenha conteúdo político - é uma questão debatida, o ruído per se é político? Para libertar as dúvidas venham as vozes de Rui Almeida sacando as literaturas ambientais de Nathaniel West e Thomas Pynchon, moldam um retrato de 2021 e a nossa paradoxal miséria humana - voltem Situacionistas, estão perdoados.
Por fim, destaque ainda para duas produções portuguesas deste ano, a saber Chroma (Nau) do lisboeta Bernardo Devlin a acrescentar mais desnorte existencial e Ata Saturna (Lovers & Lollypops) dos Conferência Inferno que apesar de ainda serem uns Suicide e New Order mitrados, tem potencial para algo mais.
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