quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Casal de Santa Luzia - ESGOTADO

 



O novo Mesinha de Cabeceira foi impresso em risografia pela super-bacana Mago Studio

Carambinha, o MdC também sabe andar na moda mesmo com 30 anos de existência!!

E não é só sobre... gatos! 

Casal de Santa Luzia é realmente mais do que isso. Matilde Basto (2001) vai mais longe nesta banda desenhada para criticar uma cidade - Lisboa, que não haja dúvidas - que se vende ao metro quadrado sem qualquer enquadramento ecológico ou sociológico. O ambiente da BD entra em algo de Fantástico - lembra superficialmente o início da série Gideon Falls - sem nunca entrar numa aventura sci fi espectacular. Se há fogo de artifício esse passa pela mix-art da autora.

BD de 48 páginas mais ou menos A5, impressa uma cor (verde) em risografia e uma capa a duas cores, é mais um fascículo deste zine que comemora os seus 30 anos, sendo que a obra foi realizada no âmbito de um estágio não-explorador da London College of Communication entre Março e Maio 2022.




ESGOTADO mas pode ainda existir na Linha de Sombra, Tigre de Papel, Matéria Prima, ZDB, Snob, Alquimia e Tinta nos Nervos.



Lançado no Penhasco, 16 de Julho, com unDJ MMMNNNRRRG (single e com singles)


Entretanto o André Ferreira (por email) comentou isto: Do Casal de Santa Luzia gostei muito dos desenhos, mas o que mais me surpreendeu foi a forma como a história é contada, como a Matilde Basto nos vai dando pistas, como todos os pormenores contam e ampliam o significado da narrativa. Os gatos são o símbolo duma ameaça que paira sobre todos, um cerco que se aperta, e que nos vai expulsando dos espaços. A seguir para onde vão os gatos? Para onde vamos nós? 

O Rodolfo MarianoGostei muito do Casal de Santa Luzia. O que parecia ser uma história fantasmagórica misteriosa, sem perder esse lançar das conchas sobrenatural, transforma-se numa mensagem de chamada de atenção para o degredo imobiliário. As sequências e o desenho são bons, os desenhos dos interlúdios mais elaborados suaves cremosos fazem um bom contraste com o desenho riscado imprevisível.

André Pereira: (...) gostei, especialmente da prancha em que ela fala de como começa a ver no miar dos gatos um presságio para como vai correr o dia. Boa cena!

O André Coelho: Acho que um formato maior até iria ajudar naqueles desenhos mais gatafunhados dos gatos! Gostei mesmo muito da forma como abordou a gentrificação como algo, mais do que desumano, alienígena e intrusivo.

E Sara Figueiredo Costa na Blimunda escreveu: (...) O baldio dos gatos é um universo em si, um oráculo, uma “boca cósmica”, como se lê numa das vinhetas. É apenas um baldio ao lado da casa de quem narra, mas vai-se agigantando como algo mais. É na leitura dos sinais que essa concretização ganha o corpo possível, com a mudança a revelar-se na cidade e nas vidas de quem a habita. E é nesse momento que Casal de Santa Luzia se revela como eco da pólis, onde facilmente reconhecemos uma Lisboa presa nas malhas da especulação imobiliária, esse fenómeno que as secções de economia dos jornais tratam como algo intangível, explicando subidas e descidas de preços, mas que é, na verdade, uma espada real pendendo sobre as cabeças de quem aqui mora. (...)

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