quarta-feira, 25 de outubro de 2023
Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing
Conheci a Ravenna este ano e demorei a digerir esta sua k7 intitulada Selected Works 2017-2019 (AMDNP; 2022) sobretudo porque é uma caixa de surpresas. Apesar de ser mais conhecida como saxofonista - o que me pouco interessa como instrumento, devo admitir - começa logo com uma tortura electrónica Noise inesperada, e essa sensação de espanto irá continuar ao longo da fita o tempo inteiro. Depois dos doze minutos de tortura, vai para o saxofone, depois para música(s) ambiente(s), toca piano, guitarra, capta gravações caseiras embriagadas, "field-recordings" e dronaria, iá, é a mulher dos sete instrumentos! O que torna difícil avaliar o conjunto da obra, pelo menos desta forma amadora como faço aqui, neste blogue. O engraçado é que todos estes temas dispersos em géneros e anos (apesar de não creditados) estão unidos de uma forma que parece uma peça única (no bandcamp da Ravenna isso até é assumido como tal), o que cria uma sensação de viagem ou de sonho. Graças a isso nós, meros mortais, podemos absorver esta jornada sonora sem problemas de erudição musical, ufa! O problema é sempre passar os primeiros doze minutos!
sábado, 21 de outubro de 2023
Crianças que alucinam, masmorras, entregas ao domicílio, dates antes e depois da da pandemia, cartas tarot, insónias, casas que morrem, entrevista a Carlos "Zíngaro" e muito mais como sempre...
QUARTO número da revista PENTÂNGULO |
além de estar à venda nas referidas lojas ainda se encontra na nossa em linha e na Alquimia, Sirigaita, Senhora Presidenta, Tigre de Papel, ZDB, Matéria Prima e Utopia.
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sábado, 14 de outubro de 2023
chichili cocom cacarne amada na Alquimia
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
Hoje é...
SEXTA-FEIRA 13!!! Para todos os tarados supersticiosos é melhor hoje não sair de casa, não vá um merdas de tuk-tuk (ou é tik-tok!?) atropelar-te! Mais vale ficar a ouvir música no sofá mesmo que seja este Pacto com o Diabo, recentemente editado pela Sinais e Universal Tongue - esta última uma editora que bem curtimos!
Trata-se de uma colectânea de bandas nacionais de Metal a homenagearem os Black Cross, a mítica (cóf cóf cóf) primeira banda Black Metal 'tuga, sobre os quais as duas editoras já tinham feito, em 2019, um livro sobre a sua divertida história (escrevi uma resenha n'A Batalha, babes, fuck 'net!) incluindo também um CD que reeditava a demo-tape Sexta-Feira 13, de 1986, e mais uns temas extras ao vivo. Podiam ter ficar por aqui, toda a gente ficaria feliz, tipo História e Património recuperados, caso raro em Portugal, mas nãooooooooo... Nem é pelo pessoal ser metaleiro, porque esta doença do completismo, "peter-panismo" e elaboração de realidades paralelas calha a todos, dos maluquinhos dos Beatles aos da Marvel.
Eis que avançam com revisitações sonoras os Decayed (esta sim a primeira banda "oficial" de BM'tuga, ou então a primeira de BM memo'à séria!), Morte, Martelo Negro, Cães de Guerra e os novatos Red Eyes, que infelizmente nenhuma destas bandas conseguiu melhorar o que era impossível de melhorar, isto é, uma banda metaleira dos anos 80 com letras muito naifs, de miúdos do Barreiro, fruto do seu tempo, colados a Venom e que só editaram uma demo. É certo que o "mito" em volta de Black Cross extravasa a demo-tape, concertos e a música porque há um culto ao kitsch da virgindade portuguesa naqueles anos em que podiam acontecer crossovers culturais bizarros q.b., hoje impossíveis de repetir. Os Black Cross que nunca tiveram uma carreira profissional sólida, ganharam notoriedade com um anúncio televisivo contra as drogas, e à pala disso foram meter nojo à "VIParia" da altura numa almoçarada institucional com o Presidente da República e Pop stars, apenas hilariante! Menos divertido são estas versões, que parecem apenas melhoramentos profissionais (execução, gravação) do que uma homenagem à séria. O que as bandas deviam ter feito era uma verdadeira orgia satânico-destrutiva para termos algo mais do que um simples "update" ao original. Como sabemos sempre que há "updates" no sistema, as coisas começam a funcionar pior... especialmente numa Sexta-Feira 13!
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
ccc@fexti
cartaz de Amanda Baeza |
Sábado 14. 17-18h Mesa de diálogo sobre el panorama del cómic en Portugal con João Sequeira y Marcos Farrajota. Conduce Pablo García Martín.
Sábado 14. 19-20h Encontro con autoras con Amanda Baeza y Mayte Alvarado. conduce: elena Masarah
terça-feira, 10 de outubro de 2023
O meu 1bigo é meu amigo, o seu cotão é meu irmão*
A revista Umbigo publicou, neste número de Setembro / Dezembro, um diálogo gráfico entre Tiago Baptista e a Bedeteca da Amadora e com os vários livros da Chili Com Carne a serem bombados na bibliografia da peça!! Não percebemos qual a raison d'etrê disto tudo, admitimos que estamos confusos com os meandros da Arte Contemporânea mas obrigado, sei lá...
*Repórter Estrábico sempre!
segunda-feira, 9 de outubro de 2023
O que é isto?
É o Vale dos Vencidos de José Smith Vargas!!
Quem diria?
Fui ao Festival de Fanzines e BD de Alpiarça, assim em modo de "onde é mesmo Alpiarça!?" e comprei muito mais fanzines do que na capital Raia. Marado, não é?
Na mesma mesa do Olho estava uma antologia brasileira, onde Carcassa participou, intitulada Pé-de-Cabra - acho que confundi com aquela banda de Hardcore de Linda-A-Velha que tocava o Punk Pudim! O número dois, de 2019, tem como tema a "Doença" (mais um profético para os anos covid), e quem esperar daqui BDs realistas e intimistas sobre este tema, evocando os grandes Harvey Pekar (Our Cancer Year) ou David B (L'ascension du haut mal), esqueçam. O objectivo é escatologia gráfica para meter, e conseguem!, aquele nojo "underground" sem terreno beatificado. Destaque para o Diego Gerlach, um dos poucos artistas brasileiros que vale mesmo seguir e que ninguém em 'tuga tem colhones para publicar! Mas há mais malta com interesse para quem gosta de gangrena: Victor Bello, Panhoca (que é o editor da revista), Marcio Bocchini, Bruno Guma, Fábio Vermelho e Fralvez. Diga-se que o "besteirol" brasileiro está a ficar mais sofisticado e graficamente exuberante (mesmo quando trata de borbulhas e pus) no seu bom A4. Só por isto valeu a pena ir a Alpiarça!!
Depois numa mesa de uns miúdos (Colectivo Tribeart) encontrei umas produções bem amadoras e verdes dignas de chamar de fanzine nos anos 90 - embora se tenha de contactar a Biblioteca de Alpiarça para arranjar esta pérola, olha o zinewashing! O Among Us #0 ganhou-me o coração até porque era um "benefit" para um canil. Os miúdos agora só pensam em Manga e Anime mas já começam a javardar também com isso. Um pouco, creio - até porque se calhar eu não conheço as referências... Mas pelo amadorismo e aura naive, parece-me bem melhor que a tonelada de "dojinshis" (fanzines em japonês) que uma amiga minha trouxe recentemente daquelas bandas. Destaco uma tal de Beatriz, acho, porque ou não se creditam os trabalhos ou não se percebem as assinaturas, que faz uns monstros bem "cool". E também para uma BD infográfica sobre a Polónia, o país que mais guerras perdeu. A5 a cores porque a Biblioteca deve ter pago as fotocópias, ao menos isso...domingo, 8 de outubro de 2023
Colectiva CCC#6: "Carne Para Canhão" in Alpiarça
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
Agendas
vinhetas de Holocausto de Merda, de Carlos Carcassa |
Este fim-de-semana que passou, a Chili Com Carne foi enganada, tal como muitas outras editoras e livrarias pela FLIFA, uma pretensa "Feira de Livro Independente" organizada pela Junta de Freguesia de Arroios, poiso de gente muito feia de direita em Lisboa (nitidamente com problemas de consanguinidade), o que coloca em questão onde está a "Comuna de Arroios", se não passa de um marketing de vendas de T-shirts...
O ano passado estivemos lá e foi um flop (de vendas) e com uma programação bizarra - lembro-me de uma tia e as suas crias bem treinadas a debitarem clichés sobre a "leitura". Mais, os carolas que se lembraram de fazer este projecto, dois gajos simpáticos armados em fura-vidas, já se queixavam que tinham sido enganados ou que o projecto tinha-lhes fugido do controlo, que a Junta pegou nas suas ideias e modificou como quiseram. Lembrei-me logo da história do Cais do Rock, em Póvoa de Varzim, que foi roubada ao Arnaldo Pedro e a sua "cru" nos finais dos anos 90, quando a Câmara da Póvoa registou o nome do evento. Para além de não ter feito mais nada com isso - e era um evento importante - impossibilitaram também ao Arnaldo de mudar de poiso se quisesse. Para quem ainda acredita no Estado...
Mas os carolas decidiram tentar outra vez! E novamente foram engrupidos - mas aceitaram de certeza o pagamento pelos seus serviços - e arrastaram umas série de editores que não concordavam com a programação, divulgada em cima do joelho, planeada maquiavelicamente, de forma a colocar no último dia e na última hora, uma conversa do decadente Pacheco Pereira com o Jaime Nogueira Pinto, um bostinha da extrema direita.
As Insurgentes foram as primeiras a recusar a participar no evento. O restante das grande maioria - claro que os cãezinhos da Junta disseram para a imprensa que só três editores é que boicotaram o evento - fechou as mesas por volta das 17h como forma de repúdio a ter presente um nazi num evento que se diz "independente" - mas que fez tudo para meter pessoas televisivas a promoverem o seu cuzinho ou que, pior, armou estas provocações infantis. Por isso, FLIFA nunca mais! Vão-se foder, palhaços!!!
Já no passado, numa Laica nessa mesma Junta - com regime PSD na altura - a coisa tinha sido amarga. O sucesso do evento foi estrondoso (de público, vendas, programação, tudo) mas o merdinhas do Presidente da altura, depois do fim do evento, só foi capaz de dizer isto: "não havia editoras de Direita", seja lá o que isso quer dizer...
Também neste mesmo fim-de-semana, recebemos um email a dizer "Remover" da Agenda Cultural de Lisboa. Foi o que fizemos imediatamente, tiramos da nossa "mailing-list", afinal, nunca foram capazes de divulgar um evento nosso ou uma publicação nossa. O "email do "remover" até era sobre o nosso jornal Carne Para Canhão, que só tem sido distribuído em Lisboa. Belo serviço público, putedo!
E já agora, em Agosto, andámos por Braga e acedemos à agenda do Theatro Circo. Na capa estava os nossos amigos dos Unsafe Space Garden (merecido!) mas reparei que de repente havia um suplemento na agenda intitulado O Dramatista, subintitulado O fanzine do Theatro Circo (o "bold" é deles!). Fanzine? Que me lembra, um fanzine nunca poderá ser editado por uma instituição (pública ou privada). Que eu saiba um fanzine é feita por pessoas que fazem por amor a uma causa e com poucos recursos. Que tenha reparado, um fanzine é uma publicação que edita informação pouco conhecida pela população, que se esforça em criar conteúdos originais e não apenas apenas reproduzir fotografias promocionais dos músicos que vão tocar num teatro público... Tudo isto cheira a a esturro.
Em primeiro porque já devem ter reparado, nos últimos anos, como os programas de Culturgest, Gulbenkian ou vários teatros lisboetas, não poupam os tostões em fazer destas publicações hiper-luxuosas, cheias de brilhantes efeitos gráficos como vernizes localizados, cortes, papeis luxuosos e diferentes entre si, com pesadas gramagens, cores por todo lado mas também douradinhos e fluorescentes... Quem sou eu, editor pobreta, para criticar como as instituições gastam o seu dinheiro? Quem sou eu para pensar que um designer deve receber tanta importância versus os artistas dos programas? Mas não deixo de achar estranho, tal como as publicações das Juntas já agora, que haja tanto dinheiro para estes objectos gratuitos, enquanto que nós pequenos editores nos custa tanto fazer os nossos livros. Será que é assim que as Juntas e instituições pagam favores às empresas de comunicação por terem trabalhado nas suas campanhas eleitorais? No caso das Juntas de certeza que é isso, com as instituições culturais, não sei, pode ser só corrupção e senilidade dos gestores deste capitalismo tardio?
Em segundo, já não basta a direita roubar constantemente as ideias dos radicais de esquerda ou anarquistas, as suas formas de luta social ou as suas manifestações contraculturais - por exemplo, o Metal cristão -, como ainda por cima, temos agora instituições públicas a quererem ser "cool" usurpando a cultura alternativa com "fanzines-agendas" ou "feiras de edição independente". Se com a GALP ou EDP vive-se o "greenwashing", nos museus de arte contemporânea é o "artwashing", então é melhor cunhar já um "zinewashing" para estes tempos manhosos que vivemos...