vinhetas de Holocausto de Merda, de Carlos Carcassa |
Este fim-de-semana que passou, a Chili Com Carne foi enganada, tal como muitas outras editoras e livrarias pela FLIFA, uma pretensa "Feira de Livro Independente" organizada pela Junta de Freguesia de Arroios, poiso de gente muito feia de direita em Lisboa (nitidamente com problemas de consanguinidade), o que coloca em questão onde está a "Comuna de Arroios", se não passa de um marketing de vendas de T-shirts...
O ano passado estivemos lá e foi um flop (de vendas) e com uma programação bizarra - lembro-me de uma tia e as suas crias bem treinadas a debitarem clichés sobre a "leitura". Mais, os carolas que se lembraram de fazer este projecto, dois gajos simpáticos armados em fura-vidas, já se queixavam que tinham sido enganados ou que o projecto tinha-lhes fugido do controlo, que a Junta pegou nas suas ideias e modificou como quiseram. Lembrei-me logo da história do Cais do Rock, em Póvoa de Varzim, que foi roubada ao Arnaldo Pedro e a sua "cru" nos finais dos anos 90, quando a Câmara da Póvoa registou o nome do evento. Para além de não ter feito mais nada com isso - e era um evento importante - impossibilitaram também ao Arnaldo de mudar de poiso se quisesse. Para quem ainda acredita no Estado...
Mas os carolas decidiram tentar outra vez! E novamente foram engrupidos - mas aceitaram de certeza o pagamento pelos seus serviços - e arrastaram umas série de editores que não concordavam com a programação, divulgada em cima do joelho, planeada maquiavelicamente, de forma a colocar no último dia e na última hora, uma conversa do decadente Pacheco Pereira com o Jaime Nogueira Pinto, um bostinha da extrema direita.
As Insurgentes foram as primeiras a recusar a participar no evento. O restante das grande maioria - claro que os cãezinhos da Junta disseram para a imprensa que só três editores é que boicotaram o evento - fechou as mesas por volta das 17h como forma de repúdio a ter presente um nazi num evento que se diz "independente" - mas que fez tudo para meter pessoas televisivas a promoverem o seu cuzinho ou que, pior, armou estas provocações infantis. Por isso, FLIFA nunca mais! Vão-se foder, palhaços!!!
Já no passado, numa Laica nessa mesma Junta - com regime PSD na altura - a coisa tinha sido amarga. O sucesso do evento foi estrondoso (de público, vendas, programação, tudo) mas o merdinhas do Presidente da altura, depois do fim do evento, só foi capaz de dizer isto: "não havia editoras de Direita", seja lá o que isso quer dizer...
Também neste mesmo fim-de-semana, recebemos um email a dizer "Remover" da Agenda Cultural de Lisboa. Foi o que fizemos imediatamente, tiramos da nossa "mailing-list", afinal, nunca foram capazes de divulgar um evento nosso ou uma publicação nossa. O "email do "remover" até era sobre o nosso jornal Carne Para Canhão, que só tem sido distribuído em Lisboa. Belo serviço público, putedo!
E já agora, em Agosto, andámos por Braga e acedemos à agenda do Theatro Circo. Na capa estava os nossos amigos dos Unsafe Space Garden (merecido!) mas reparei que de repente havia um suplemento na agenda intitulado O Dramatista, subintitulado O fanzine do Theatro Circo (o "bold" é deles!). Fanzine? Que me lembra, um fanzine nunca poderá ser editado por uma instituição (pública ou privada). Que eu saiba um fanzine é feita por pessoas que fazem por amor a uma causa e com poucos recursos. Que tenha reparado, um fanzine é uma publicação que edita informação pouco conhecida pela população, que se esforça em criar conteúdos originais e não apenas apenas reproduzir fotografias promocionais dos músicos que vão tocar num teatro público... Tudo isto cheira a a esturro.
Em primeiro porque já devem ter reparado, nos últimos anos, como os programas de Culturgest, Gulbenkian ou vários teatros lisboetas, não poupam os tostões em fazer destas publicações hiper-luxuosas, cheias de brilhantes efeitos gráficos como vernizes localizados, cortes, papeis luxuosos e diferentes entre si, com pesadas gramagens, cores por todo lado mas também douradinhos e fluorescentes... Quem sou eu, editor pobreta, para criticar como as instituições gastam o seu dinheiro? Quem sou eu para pensar que um designer deve receber tanta importância versus os artistas dos programas? Mas não deixo de achar estranho, tal como as publicações das Juntas já agora, que haja tanto dinheiro para estes objectos gratuitos, enquanto que nós pequenos editores nos custa tanto fazer os nossos livros. Será que é assim que as Juntas e instituições pagam favores às empresas de comunicação por terem trabalhado nas suas campanhas eleitorais? No caso das Juntas de certeza que é isso, com as instituições culturais, não sei, pode ser só corrupção e senilidade dos gestores deste capitalismo tardio?
Em segundo, já não basta a direita roubar constantemente as ideias dos radicais de esquerda ou anarquistas, as suas formas de luta social ou as suas manifestações contraculturais - por exemplo, o Metal cristão -, como ainda por cima, temos agora instituições públicas a quererem ser "cool" usurpando a cultura alternativa com "fanzines-agendas" ou "feiras de edição independente". Se com a GALP ou EDP vive-se o "greenwashing", nos museus de arte contemporânea é o "artwashing", então é melhor cunhar já um "zinewashing" para estes tempos manhosos que vivemos...
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