sábado, 25 de dezembro de 2004

Filipe Natal a todos vós!

Filipe Leote: "Natal" (CD-R'04; auto-edição)

A sociedade capitalista tem de começar a ter mais atenção à merda que faz. Se as empresas tem ideias parvas de oferecer CD's com músicas de Natal a tipos como o Filipe Leote (Liriscumbrus, Kromleqs, Melody-Free Men) podem acontecer desgraças como estas. Eu explico, o Filipe remisturou aquelas músicas melosas, lixou-as alterando os ritmos e/ou acrescentando ruídos electrónicos/industriais. Depois gravou uns CD-R's e ofereceu como prenda de Natal (envenada) aos camaradas mais próximos - assim aconteceu na 1ª Feira Laica...
Mas, ele melhorou a qualidade da música?
Não muito mas o suficiente para nos vingar desse coisa irritante que é o Espírito de Natal.
E a ideia é original?
Não e aconselho a audição do CD "Mutated Christmas" pela Illegal Art.

quinta-feira, 4 de novembro de 2004

CCC com todos...

a Chili Com Carne participa numa série de Feiras de Fanzines esta semana...
1) Festival Inter-Acções, em Corroios – amanhã, Sexta-feira, dia 5. A Feira de Fanzines é organizada em colaboração com a revista Underworld.
2) A CCC organiza uma Feira de Fanzines na Ilustração Portuguesa 2004 na Galeria Municipal da Cordoaria Nacional, Lisboa - Sábado dia 7.
3) A C CC tem parte do seu catálogo na Bd Amadora num stand da revista Bíblia - identificada como "Faneditores"!? Até dia 8.
4) a CCC vai-se promover em Aveiro com o apoio da melhor livraria de Aveiro, O Navio de Espelhos. A CCC organizará uma FEIRA de FANZINES e DJ Golden Shower colocará som no bar do Teatro Municipal. Sábado, dia 13 de Novembro.

sábado, 30 de outubro de 2004

Terminal #15

Dr. Makete; Nov'04

E lá tem saido o fanzine algarvio Terminal... numa base anual lá se vai monstrando ao mundo o que se produz de bd/ilustração/design/contos por aquelas terras e outras - é notória a participação internacional nas suas páginas. Um número dedicado à "gravidade, levitação, meditação, explosão" (como disse?) em que mais uma vez a maior parte dos trabalhos não sai da mediocridade de ideias. A nível gráfico alguns autores surpreendem à primeira vista (sobretudo os estrangeiros) mas depois ficamos com uma sensação de desilusão...
Bom arranjo gráfico como sempre mas ficamos por aqui como sempre...

2,5

sexta-feira, 29 de outubro de 2004

C'est Bon Anthology #1

C'est Bon Kultur; 2004

Antologia internacional de bd produzida por um colectivo sueco e felizmente a língua oficial da revista é o inglês. Destaque para as participações do finlandês Tommi Musturi (recentemente estreado em Portugal, no Quadrado #5) e a alemã Anke Feuchtenberger. Boa apresentação, apesar da "mattotiana" capa de Teddy Kristiansen. Um projecto que tem como "irmãos de luta" a Stripburger da Eslovénia, a Crica da Chili Com Carne, ou a Inguine Mah!zine ou o Sturgeon White Moss da Inglaterra.

3,5

quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Succedâneo #29

João Bragança; Mai'03

A vida é complicada de vez enquando. Só agora é que reparei que nunca falei do Succedâneo número 29. Espero que o público deste blog e o seu editor, João Bragança, me perdoem esta falha. Seja como for, tenho na mão uma luva de jardinagem para dar mote ao tema sobre o "trabalho", e dentro dela estão dois zines e um CD-Rom. Ao folhear um dos zines encontro um saco de sementes de Oliveira Milenária que podia plantar até Outubro do ano passado... Raios! Mais frustrante torna-se abordar esta edição que ainda faz parte de uma fase do Succedâneo que é sempre acompanhado ou fazendo parte de um objecto - números anteriores incluiram cadernos escolares de putos, a revista Flama, carteira Digimon.
As críticas sociais dos trabalhos publicados são duras . As intervenções fazem uma espécie de reportagem do que é este país - na cidade ou no campo - no novo milénio, de envergonhar o Eça.
Fica assim um pequeno lembrete para outros ainda mais esquecidos do que eu. Não sabem que o Succedâneo é o melhor zine dos últimos tempos?

4

www.succedaneo.com

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

Napa box

Napa; 2004

O colectivo finlandês Napa editou uma caixinha (no formato de uma caixa de cigarros) com 60 autocolantes feitos por 6 dos autores ligados ao colectivo. Cada um dos autores criou sequências não necessariamente narrativas uma vez que cada autocolante pode ser lido isoladamente. Destaque para a "série" de Jenni Rope, autora que continua a desenvolver trabalhos intitulados com os dias da semana - ver http://gentebruta.blogspot.com/2004_04_01_gentebruta_archive.html">Arquivo - desta vez é "(as pessoas que conheci numa) Quinta-Feira".
Ideia porreira. Bem produzido.

4,5

Bonus Striper limited edition

Kosmoplovci; 2003?

Ainda ontem fui ver o último do Kusturica, uma desilusão de filme apesar do espírito caótico balcânico estar todo lá. Se procuram isso, e neste caso num misto de web-design, bd, ilustração, animação, músicos (de Electrónica) em que depois já se torna difícil perceber onde estão os limites de cada área, visitem os sítios www.kosmoplovci.net e www.crsn.com/striper em que a loucura é tal que se percebe por aqueles lados há autores furiosos, hipertensos e sedentos de acção.
O zine que evocou este artigo, é um daqueles zines que nem se sabe bem por onde pegar com medo que ele se estatele todo tal é a quantidade de "suplementos" que estão todos presos a um cartão. Há 4 livrinhos e um CD-Rom cheio de caos gráfico, algumas bd's em inglês e outras em sérvios que nunca percebo nada.
Harmonia, aqui, só se for o espírito dos Balcãs com o dos fanzines. Na Europa pacificada de cá já não há zines assim!

3,5

New Thing #1: Identity

New Suit; 2001

Antologia de bd dirigida por Jim Higgins, que trabalha como editor para "majors". Este editor sentiu que faltava uma antologia de bd alternativa, ou se preferirmos de autor, com estórias bem-feitas, o quer dizer - para ele - bem narradas, com principio, meio e fim, sem delírios puramente gráficos.
À sua conta e risco meteu-se à obra e pegou em gente tão diferente como Nick Bertozzi, Tomer Hanuka, Pauline Martin, Katja Tukiainen ou... Yuko Shimizu. Entre eles destaco os dois primeiros com estórias de múltiplas leituras bem interessantes. Os restantes trabalhos também tem uma qualidade acima da média. O que é estranho é a inclusão de uma bd de espionagem escrita pelo próprio editor e desenhada por Landgdon Foss, esteticamente foleira, na linha do "realismo" super-heróico/aventura/acção norte-americana.

4,4

sábado, 2 de outubro de 2004

Hyena Book ; Kylmä Liha

J. Rojola, T.K.; 2004

Dois graf'zines finlandeses. O primeiro feito por 3 raparigas e um rapaz, deles destaca-se Johanna Rojola por ser mais conhecida. Este grupo abusam da serigrafia para fazer um livro-objecto caótico, histérico e com o período, tal é a quantidade aberrante de vermelho e cor-de-rosa que abundam nas páginas... o livro é atraente logo ao primeiro toque mas o conteúdo parece inócuo passada a euforia do tacto, é a paixão momentânea do "fogo-de-vista".
O segundo, é "thanatos" puro: imagens da destruição do corpo humano visto pela óptica da banalidade do quotidiano. Estilisticamente as ilustrações fazem-me lembrar um misto de David Soares e João Cabaço. Há texto, em finlandês, por isso creio que perco algo, sem dúvida...

roju@kaapeli.fi ; tieto-kon3@luukku.com

3; 3,4 respectivamente

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

Inguine MAH!gazine #1/4

Coniglio; Mai'03/Jun'04

Revista de bd produzida pelo colectivo Inguine, grupo de autores de bd e webdesigners italianos que compoem, também, a Associação Mirada. Editada pela Coniglio (a mesma de L'Ostile, ver Arquivo em Bruto), parece uma boa forma de se redimir da péssima revista que é L'Ostile. Esta MAH!gazine é mesmo alternativa, com autores alternativos, etc... Dedica-se sobretudo à bd e também ao Design. No conteúdo é espécie de revista-irmã da CanibalCrica Ilustrada da Ass. Chili Com Carne. Alguns colaboradores são conhecidos como Aleksandar Zograf, Gianluca Constantini (que faz o barroco mas bonito Design da revista!), Julie Doucet, Chris Lanier, Max Andersson & Lars Sjunnesson (com o "Cão Capacho Bósnio" recentemente publicado na Quadrado), James Kochalka, Renée French e justamente porque maior parte deste trabalhos são reedições de outras revistas (como a Stripburger) e já serem autores que conhecemos, quem nos supreende é o trabalho de Paper Resistance. É uma série de ilustrações (que existem também em versão autocolante!) politicamente engajadas, embora de uma forma um quanto estranha. São imagens de figuras conhecidas com as suas biografias a acompanhar, a selecção fica à vossa opinião: Ian Mackaye (criador do Straight Edge), Kingpin (vilão das bd's de super-heróis), Phil Spector (o grande produtor musical), GG Allin (sem comentários), Linda Lovelace (lenda do porno), Ulrike Meinhof (terrorista alemã) são os mais famosos...
O número 3 é um especial E.U.A., interrompe o "Cão Capacho Bósnio" mas publica Peter Kuper, Winston Smith e os habituais autores italianos...

4

www.inguine.net

sexta-feira, 24 de setembro de 2004

CCC de Sul a Norte...

a Chili Com Carne vai participar numa série de Feiras de Fanzines em Setembro e Outubro...
1) Mostra de Cultura Alternativa, entre 24 e 26 de Setembro, em Sines. Haverá sobretudo concertos com bandas nacionais, uma enorme feira de discos, ... a Feira de Fanzines é organizada pela Família Alternativa - edições independentes
2) A CCC vai a Aveiro, à excelente Livraria O Navio de Espelhos mostrar o seu catálogo, fazer uma festa (com o DJ Golden Shower) e Rafael Dionísio fará acrobacia poética-lírica. adiado...
3) A Família Alternativa participará mais uma vez no Mundo Mix, que será na Feira de Artesanato do Estoril, entre 2 e 3 de Outubro. Títulos da Chili e associados estarão lá presentes para venda...

sexta-feira, 13 de agosto de 2004

CRIME CREME DOMÉSTICO

No apartamento onde mora o Marcos, o Pepe e o Ruivo, situada na Rua de Arroios nº25, 1º esq., deixará de os ter como residentes no fim de Agosto 2004... e com festa ou não o colectivo mutante Crime Creme aproveita para fazer exposições de artistas e autores e autistas que gostam de mostrar trabalhos em sítios pouco convencionais.

Desta vez, o Crime será passional e na cozinha! Sexta-feira 13, há festa dedicada a André Ruivo que durante dois anos estará fora de Portugal. Naquele que foi o seu quarto durante um ano, estará em exposição uma série de pinturas selvagens! 

Perdida pela casa fora, encontrarão trabalhos de Piggy e Filipe, da João Gralha e Ondina Pires (The Great Lesbian Show), Joana Figueiredo (Na verdade tenho 60 anos), Pitchu! (Sub) e André Lemos (Super Fight II)... 

E uma Feira de Fanzines e Edições Independentes organizada pela Associação Chili Com Carne. Tragam bebidas com álcool, alguma má disposição e amigos para batermos no cão! 

Até dia 18 sempre entre as 20h e as 24h.

quarta-feira, 30 de junho de 2004

Sobre BD

David Soares
Círculo de Abuso; 2004

David Soares tem sido um dos autores de bd mais dinâmicos da "geração 2000". Com um imaginário forte na literatura de Horror e Esotérica, ganhou logo uma personalidade única no panorama português. Escreveu um dos melhores trabalhos dos últimos anos - o "Mr. Burroughts" com desenhos de Pedro Nora - e desenhou uns 3 livros - um deles com o apoio das bolsas de Criação Artística do Ministério da Cultura. Auto-editou toda a sua obra através da sua Círculo de Abuso.
A auto-edição, pode ser vista como uma forma do autor proteger a sua criação desde a concepção até ao produto-final, como pode ser vista como uma espécie de fuga às regras de mercado que rejeita o trabalho do autor fundamentando que não existe lugar para ele. Seja uma ou as duas razões que levam ao David a auto-editar, o que acaba por interessar é sempre é o conteúdo do seu trabalho. No entanto, devo admitir que "Sobre BD", apesar da excelente qualidade dos escritos sobre 5 bd's - 5 ensaios de análise literária e artística - não deixa de ser um livro estranho: porque é caro, porque é estranho ter um livro com 5 ensaios (ok, há livros ainda mais estranhos no mundo, eu sei), porque não há imagens das bd's de que se fala, etc...
O stress de David mostrar ao mundo as suas criações são quase tão obscuras como as sua criações - desconfio que até podem ser estratégias & arquitecturas telúricas - mas por outro lado dada à modorra que se instalou na bd portuguesa - o trabalho artístico desenvolvido na década de 90 foi ultrapassado para uma simples especulação comercial - "Sobre BD" é necessária para discutirmos, para chatearmo-nos... para acontecer... alguma coisa.

4

nota 0: as 5 bd's que são analisadas são: "Maus" de Art Spiegelman, "Swamp Thing" de Alan Moore [et al], "Vincent & Van Gogh" de Gradimir Smudja, "Arkham Asylum" de Grant Morrison e Dave McKean e "Uzumaki" de Junji Ito.
nota 1: o livro vai ser lançado oficialmente no dia 5 de Junho na Feira do Livro de Lisboa, seguido de debate.
nota 2: tal como a Associação Chili Com Carne e a revista Satélite Internacional, também a Círculo de Abuso não tem actualmente distribuição livreira a nivel nacional. Por isso, a maneira mais fácil de adquirir este livro será pelo próprio autor/editor: d_w_father@hotmail.com

Coser, Cantar ; Que suerte! nº Petroleo, Gaz, Oil; nº Mecánico; nº Tapas Enfermos

Olaf; 200_ O primeiro título é um zine A6 que tem duas versões, uma em francês outra em castelhano, em que ensina a fazer um "Doo Rag", cortesia de Olaf, um belga que reside em Madrid que para além de fazer bd's mudas e ilustrações ainda dinamiza a capital espanhola. Ah! Sim, o que é um "Doo Rag"? Não tenho bem a certeza mas creio que é o que Olaf chama a um instrumento musical inventado, o nome vem de uma banda que usa esse tipo de instrumentos... Neste caso, Olaf explica como fazer um "Doo Rag" com uma "Arma Laser" (de brinquedo claro!). Mas falar do Olaf sem falar do seu zine de bd Que Suerte! seria sempre algo incompleto de se fazer. Sendo belga residente em Madrid, Olaf consegue a proeza de reunir no seu zine uma série de autores que provavelmente nunca teriam expressão em Espanha. Assim, em números temáticos, 95% do material é constituído por bd's mudas de gente tão diferente como Alvarez Rabo, Mauro Entrialgo, Jose Parrondo, Claudio Parentela, Calulnio, Sophie Dutertre, Pakino Bolino, Caroline Sury (o casal do Le Dernier Cri), Marcel Ruitjers, Max Andersson, Fábio Zimbres entre muitos outros. Que suerte! é mesmo uma sorte do caraças pois reúne nas suas páginas humildemente fotocopiadas autores amadores lado a lado de autores conceituados. As capas são estampadas e dão-lhe um ar bonito sem deixar de ser DIY! 

Em Lisboa, é possível comprar o Que Suerte! na loja Eklet (Bairro Alto). Se não encontrarem é de escrever para Olaf, apartado 18280, 28080 Madrid, Espanha.

segunda-feira, 28 de junho de 2004

Die biographie der Frau Trockenthal

Anke Feuchtenberger
Jochen; 1999

Se bem percebi - porque está em alemão - este livro é uma espécie de catálogo ou um portfolio dos cartazes feitos pela Anke Feuchtenberger entre 1990 e 1997. Para quem não a conhece deve ter estado a dormir nos últimos 7 anos (ou mais) pois é dos(as) poucos(as) autores(as) da Alemanha que Portugal teve a felicidade de conhecer, fosse em publicações como o Azul BD3 ou no Quadrado, fosse pelos os seus magníficos originais expostos no Salão Lisboa 2003. Mas voltando ao livro, o que temos é uma apresentação fora do vulgar, para já, a Frau Trockenthal é um trocadilho de Anke Feutchenberger (que quer dizer "montanha do fogo" creio por isso Trockenthal deverá ser "vale de água"... mas como não tenho a certeza não levem isto como garantido!), e o livro é uma biografia da Frau... o engraçado como já vos disse, o que existe são vários cartazes (belíssimos) da Anke reproduzidos e acompanhados por comentários que ditam essa "biografia".
Um livro bem bonito. Quase esgotado provavelmente (pelo menos a editora original faliu), quando o apanharem não o larguem! Creio que a Reprodukt deverá ter uma reedição.

4,5

terça-feira, 22 de junho de 2004

Vamos a contar cosas cochinas

El Coco, 2004

Tal como no "post" anterior, a história é a mesma, os espanholitos sempre com pica mesmo quando pouco tem para dizer/mostrar... este é um caso de um autor que tem auto-editado livros ilustrados para a infância como este que é pequeno parecido com um bloco de notas ou uma agenda telefonica. Com uma escatologia pseudo-Ren & Stimpy, aprendemos (e as crianças) a contar em castelhano e já agora, que "mocos" são macacos (do nariz!), "eructitos" são arrotitos, "piojos" são piolhos "pedetes" são peidos... A ilustração é vulgar (comercial), o humor não é provocante embora tente parecer.

2

muchochechu@hotmail.com

Cabezas Cortantes #01 ; Radio Ethiopia #13 ; Vacas Flacas

La Chatarreria; Mar'04
Radio Ethiopia; 2003
Pocas Páginas; 2004

Os «nuestros hermanos» são um povo descontraido. Até demais diria... E com esse à vontade que vão fazendo as suas coisas mesmo que elas sejam maior parte das vezes uma merda. Ou então sou eu, português-da-silva, que acha que uma produção amadora não deveria consumir recursos caros como se passa com estes dois zines impressos em formato comic-book. Ambos publicam bd e ainda alguns artigos e textos (sobre Topor, Robert Wyatt...) no caso da Radio Ethiopia. São apenas mais dois zines no seio do movimento fanzinista espanhol. Nota-se na Radio Ethiopia uma maturidade que escapa à Vacas Flacas, sendo que o arranjo gráfico necessite de um trabalho mais cuidado. Radio tem coisas minimamente porreiras (converto-me ao "ibérico-porreirismo"?) enquanto que as Vacas é um desastre se não fosse as participacões mínimas dos conhecidos Miguel B. Nuñez e Fermin Solis, e já agora , e as bd's poéticas de Lluis Alabern.
Cabezas Cortantes é um luxo, todo impresso a cores, gratuíto. Falta-lhe ainda identidade, conteúdo e direcção apesar do cuidado gráfico. Talvez possa a ir a algum lugar... o lugar da Pop subvertida e divertida a julgar pelo material que edita: uma cyber-bd, fotos de graffitis, artigos sobre japonesa Junko Mizuno, uma entrevista ao sheriff dos Playmobil (como?)... Aconselhável até um dia destes...

2,7, 2,4 e 1,3 respectivamente

quarta-feira, 16 de junho de 2004

Laca #3

Out/Dez'03

É no fim do CD "Ama Romanta Sempre" que João Peste com uma granda-pedrada deixa mais um bocadinho do seu dadaísmo-sonoro dizendo qualquer coisa como "... Pá... nós transformamo-nos naquilo que éramos (...) acredito num novo movimento que podia ser denominado como Cyber-ecolo" [corte na gravação]. E é isso que o fanzine Laca me faz lembrar... pelo menos este número porque é dedicado a "velhas/e/novas/modernices", um número de reflexão não-dogmática sobre as (novas) tecnologias com um distanciamento "situacionista" q.b. para não ficar parolo.
Dada à frescura do zine (e é isso que se pede a um fanzine!) sente-se que revistas como a Bíblia e a maior parte das publicações portuguesas sobre Arte e Cultura pararam na abordagem dos temas contemporâneos enquanto a Laca continuou o trabalho parado: os grafismos, os textos, os manifestos que cheiram assumidamente a novo milénio nem que seja só pelo facto de só usarem 15% de trabalho manual - como dizem algures.
Muito recomendável. O fanzine já existe há dois anos, por onde andaram? Ou melhor, por onde tenho eu andado?

laca@mail.pt

4

terça-feira, 15 de junho de 2004

Virus Demente

David; 2004?

Mais um zine «demente» das Caldas da Rainha, cidade cuja faculdade de Design permite fazer dela viveiro de zines. Este zine é de banda desenhada, formato quadrado (quase parecido com um CD), capa serigrafada, o que lhe dá um ar (muito) charmoso. O conteúdo tem a sua piada, uma pequena peça (quase de Teatro diria) que se desenrola com a TV a ser alvo de crítica. Estranho, o grafismo todo da bd que parece ser feito por uma rapariga e não por um rapaz - digo isto sem qualquer de preconceito ou piada foleira... a sério pá!

3,9

davefantasy@hotmail.com

segunda-feira, 14 de junho de 2004

Inguine.net

Inguine / Mirada; 2004

É um catálogo de uma exposição realizada em Março deste ano algures em Itália... A exposição/catálogo é dedicada ao colectivo Inguine.net, grupo de autores de bd e (web)designers politicamente empenhados. Ora este grupo tem trabalhado uma série de projectos interessantes seja como exposições e workshops com autores de bd como Joe Sacco e Marjane Satrapi, a revista Inguine Mah!gazine, etc... Desse trabalho todo foram escolhidos "os melhores momentos" traduzido em imagens feitas por Gianluca Costantini, Squaz, Paper Resistance, Claudio Parentela, entre outros desconhecidos, para não falar do grande Peter Kuper.

3,5

Pecarritchitchi #2

João Bragança; Abr'04

O fanzine enfezado ataca outra vez... Em 2002 tinha saído o primeiro número e ficamos à espera se o Pecarritchitchi seria um "one-shot" ou se iria continuar.... e se iria continuar qual seria o desafio? Qual seria "raison d'être" do próximo número? Pelos vistos a razão de ser é tentar ser mesmo o fanzine mais pequeno do mundo... Se havia 90% hipóteses do #1 ser o mais pequeno, o #2 passou a percentagem para 99%!
Apesar do conteúdo manter a onda do Succedâneo (fanzine-pai das produções de João Bragança) a verdade que o "Peca" é um zine que se deseja pelo objecto e o conteúdo acaba por ser esquecido após a leitura. A experimentação é sempre bem vinda como é óbvio mas algo parece estar-se a perder...

3,9

www.succedaneo.com

domingo, 23 de maio de 2004

Feira do Livro de Lisboa 2004

Vários títulos da Associação Chili Com Carne estão presentes na Feira do Livro de Lisboa (até 10 de Junho - ATENçãO que a data foi prolongada) graças à Família Alternativa – Editores Independentes, em parceria com a Bedeteca de Lisboa, que organiza uma Feira de Edições Independentes no espaço Quiosque da Bedeteca.
É uma óptima oportunidade para conhecer os títulos da Associação e dos seus associados e aproveitar os descontos habituais da Feira do Livro.
Nas iniciativas que se desenrolarão no Quiosque, destacamos a LxComicsZine, um diário da Feira do Livro feito por autores que participaram na colecção Lx Comics, da Bedeteca de Lisboa. Diariamente, entre as 17h e 20h, um autor faz uma página de bd sobre a Feira. Da lista destacamos: Rui Gamito (dia 24), Pedro Zamith (dia 25), Pepedelrey (26), Francisco Vidal (27), Pedro Brito (28), Richard Câmara (1 de Junho), Marcos Farrajota (dia 3), João Chambel (4), Pedro Nora (5) e Isabel Carvalho (6).

terça-feira, 11 de maio de 2004

Comunicar:Design 2004

A Associação Chili Com Carne vem desta forma divulgar a Comunicar:Design 2004, evento que vai na sua segunda edição. Composto essencialmente por um ciclo de conferências cujo debate centrar-se-à na questão da responsabilidade crítica e social dos designers de comunicação, na sociedade contemporânea.
Entre 11 e 15 de Maio na ESTGAD, Caldas da Rainha, são convidados da organização: Associação “Ne Pas Plier”, Academia de Design de Eindhoven, Associação “SUS - Projectar para Todos”, João Serpa, revista Umbigo, Josélia Neves, Marcos Farrajota (dia 13, às 14h30), Tiago Machado, professores, estudantes, profissionais de diversas áreas do Design de Comunicação e outros agentes culturais e sociais.
Para estimular esta troca de experiências e informação, a organização continua a promover um conjunto de eventos e actividades paralelas - workshops, feira de fanzines (organizada pela Família Alternativa e onde encontrarão títulos do catálogo da Associação Chili Com Carne e dos seus associados), maratona Lomográfica e exposições - que têm como principal objectivo, complementar a formação dos estudantes na área do design de comunicação.

sexta-feira, 30 de abril de 2004

Laikku #01

Asema; 2001

Revista ou livro? Não será pelo ISSN ou pelo ISBN que saberemos como denominar a/o Laikku, uma vez que possui estes dois registos internacionais para revistas (o primeiro) e para livros (o segundo). Sendo assim, para simplificar é uma revista porque tem numeração, apesar de ter o aspecto de um livro, situação, aliás, mais que banal desde a segunda série da Raw passando pelo Lapin ou o "nosso" Quadrado. E por falar nisso, sabendo que o mais recente número da Quadrado tem um dossiê dedicado à Finlândia, é dos autores deste país nórdico que Laikku mais divulga porque é essa a sua nação mas também aceita participações estrangeiras como o norte-americano Scott Mills e o italiano Gianluca Costantini - ambos publicados no Mutate & Survive.
Editada pelo autor Mika Lietzen (editado também no Quadrado já num estilo diferente no que se apresenta neste número da Laikku), a revista é o reflexo de uma das cenas mais frescas na Europa. Os registos são vários de quem trabalha com a bd independente: autobiografia em fragmentos, prosa gráfica, surrealismos urbanos e tudo em finlandês - que bom!!! Brinco... se é verdade que todas as legendagens das bd's estão escritas e/ou traduzidas em finlandês, a verdade é que na Finlândia eles perceberam que para fugir à barreira linguística não precisavam de se vender totalmente ao inglês-esperanto, e portanto traduziram as bd's para inglês e colocaram as traduções debaixo das pranchas como se um filme legendado se tratasse. Inteligentes, não? O modelo é tão bom que vai ser copiado em Portugal, pelo menos já foi prometido na Quadrado...

4

domingo, 25 de abril de 2004

Comilona ; Ladyfriend #6 ; Succedâneo #30

Filipa Pontes; 2003
Christa; 2004?
João Bragança; Dez'03

Comilona é um trabalho de universidade, Ladyfriend é um zine norte-americano na onda "riot-grrl", o Succ é o estravagante zine de João Bragança... o que tem eles em comum? Ambos dedicam-se ao tema da "Comida".

Comilona é um fanzine de receitas culinárias vegetarianas com um aspecto bem bonito: a capa é em papel de parede e como marcador existe um boneco/objecto em esponja que fica agarrado a um pedaço de velcro que existe em todas as páginas. O interior é menos engraçado que a capa alegre embora seja obviamente um zine porreiro para aprender a fazer umas coisitas fixes para ter uma vida mais saudável. Curiosamente, este zine é um trabalho de uma aluna para a ESTGAD. Será que teve uma boa nota? Hum... devia levar uma nega por afirmar que o fanzine é uma palavra derivada da aglutinação das palavras "fun" e "magazine"... Que fazer um zine é "fun" tudo bem mas cientificamente está errada afirmação. Assim acontece no circuito universitário...

Ladyfriend é um zine típico norte-americano: formato B5, capa colorida, entrevistas, críticas, artigos, desenhos e bd's em registo de ensaio, ficção e autobiografia tudo de origem de uma rede de pessoas com interesses idênticos que contribuem de forma despretensiosa e "non-profit". Os norte-americanos por não terem fé são loucos por dogmas e lá vão descobrindo verdades nas conspirações, desta vez é a comida que mostra que afinal o seu «american way of life» não é lá grande coisa. Especialmente bom um texto sobre a relação dos hábitos alimentares dos norte-americanos com a condição social-económico, i.é., quanto mais gordo for um americano mais pobre ele será... O próximo número será sobre um especial "Cute" e esperam trabalhos de «ladies and all their friends» até dia 12 de Junho...

Succedâneo é o incansável e imparável zine de João Bragança que depois de ter feito o Succ em sacos para dejectos caninos, carteiras do Pokémon, solas de sapatos na capa, intervenções em cadernos de putos ou na revista Flama, agora apresenta-se como uma «sandes de succedâneo» embalado numa caixa de plástico!!! Infelizmente o conteúdo deste número não satisfaz a barriga do leitor, pois as contribuições escapam muito ao tema, na maioria parecem fracotas para além de algum material soar a reaccionário... De resto, este número está cheio de "assemblages", suplementos, anexos, um CD-Rom e pão torrado que passado 4 meses atraiu um mofo... foda-se! Nunca disseram para não brincarem com a comida!?

3,6

C: flipa_flipa@mail.pt
L: ladyfriendzine@hotmail.com
S: www.succedaneo.com

Sempre! 6 histórias de Abril

Má Criação; 2004

É sempre horrível temas instituicionalzecos: é a SIDA, o Racismo, o 25 de Abril... é mesmo horrível. Por muito bom que seja o autor que participa, há sempre uma altura que parece que ele se acovarda, que tenta agradar a entidade institucional que lhe encomendou o trabalho ou o público sensível habituado a um tratamento mais PC dos temas. A certa altura, este tipo de trabalho tende a ser lamechas e a ser apenas um exercício de estilo que se abstem de individualismo, de dúvidas ou de defeitos. Se tal é verdade, nunca podemos ter como referência este tipo de trabalhos para avaliar a obra de um determinado artista/autor, ou pelo menos é muito raro e este volume é curioso porque temos o tal problema do exercício de estilo e "A Excepção".
Antes demais o que é o "Sempre!"? É uma edição bastarda que algo que foi um trabalho institucional para comemorar os 25 anos do 25 de Abril. O projecto chamou-se "25 anos, 25 histórias, 25 autores" (se não foi este o nome então foi parecido) e 25 autores de bd fizeram 25 bd's pré-publicadas no jornal Público, foram expostas as bd's numa exposição na Cordoaria e por fim, cherry on the top, seriam publicadas/compiladas num álbum. Entre o comissário Nuno Saraiva, o atelier Cayate (acho que tem dois t's) e a editora Contemporânea (entretanto falida), reza a lenda que se perderam os originais das bd's numa noite de bebedeira, tendo sobrevivido algumas bd's feitas em processo digital (cujos ficheiros tenham resistido aos problemas que a informática tem: virus, "format c:", apagar sem querer, essas coisas), a bd da Ana Cortesão (porque trabalha a preto e branco e tirou fotocópias) e os originais de Alice Geirinhas porque tinham sido comprados por um particular... Desse pouco material, a Má Criação, pegou em 6 histórias e publicou-as. Claro que já há autores ressabiados que acham que isto não pode ser assim, não há critério nhanhanha e isso tudo, mas dadas as condições, mais vale pegar no pouco que há e dar-lhe uma utilidade (editorial) do que não ter nada.
Mas vamos ao que interessa, "Sempre!" antes demais é curiosamente egualitário, 3 bd's feitas por mulheres e 3 por homens: Cristina Sampaio, Alice Geirinhas, Ana Cortesão, e Daniel Lima, Jorge Mateus com argumento de Luís Rainha e André Carrilho com João Paulo Simões (Belle Chase Hotel, Quarteto Tati). "Sempre!" como se estava à espera é covarde, os autores fazem os seus exercícios de estilo: Cristina Sampaio faz uma experiência à la Chris Ware, Daniel Lima faz o seu melhor trabalho num estilo que infelizmente abandonou, André Carrilho tem aqui o que viria a ser o seu estilo na bd publicada no livro "Em lume brando" (Polvo, 2002) ou no #3 da Satélite Internacional, Jorge Mateus não impressiona e pior ainda, assusta com o excesso de clichés glamourosos e hollywodescos - nunca percebi porque cenas de tortura ou com armas levam a pessoas a glamourisar a dor e/ou a morte, deve ser uma fantasia católica - e Ana Cortesão, talvez por ter tido uma filha (e isso deve-lhe ter dado uma alegria maior do que se possa imaginar!) também desilude por ter feito uma história tão cor-de-rosa. É pena, pois Ana Cortesão foi sempre o(a) meu(minha) autor(a) favorito(a) em Portugal... E quem e a excepção? É a Alice Geirinhas que talvez até por não ser uma autora de bd - há pessoas que insistem que sim mas eu acho que não - talvez tenha menos a provar, ou talvez esteja mais à vontade, ou talvez porque sempre foi provocadora nos seus trabalhos enquanto artista plástica, a verdade é que num estilo auto-biográfico Alice consegue ser mais interessante do que todos os outros virtuosos, mais uma vez o conteúdo bate a forma. Obrigado Alice!


quinta-feira, 15 de abril de 2004

Frontiera, romanzo incompiuto in otto capitoli

V/A
Black Velvet; 1999

Livro de banda desenhada, projecto conceptual constituído por várias estórias escritas por dois autores e desenhadas por autores diferentes, entre eles Alberto Corradi (que participou no Mutate & Survive). Os interlúdios são apenas escritos. Os desenhadores tem tendências mainstream, excepto o Corradi. A capa é da interessante Francesca Ghermandi. O tema deste livro são as Fronteiras, ou a Fronteira... O meu inexistente italiano permitiu ler as histórias mas não perceber tudo, e julgar que o livro parece um bocado chato ou até mesmo pretensioso mas não não tenho a certeza... hum... é isso mesmo: 3

sábado, 10 de abril de 2004

Associação Chili Com Carne para Abril:

1) os trabalhos de André Lemos [O fabuloso guia das capacidades inexploradas] e Pedro Moura com Marcos Farrajota [Supermen] que sairam na CanibalCriCa Ilustrada 1/3 vão estar expostos na galeria Kunstraum via 113 (Hildesheim, Alemanha). A exposição comissariada e organizada pelo colectivo Lampe inicia um ciclo de exposições intitulado de "Comic School" cujo objectivo é mostrar banda desenhada alternativa. A primeira exposição inaugura 16 de Abril, com o tema "Ägypten" (Egipto) e com trabalhos de Ellen Backes, Alix Einfeldt, Gero Schulze, Jonas Möhring, Max Görgen... A segunda exposição inaugura dia 30 de Abril, intitulada "Willi, George & Busch" também com trabalhos de André Lemos desta vez da edição Super Fight II (Mesinha de Cabeceira #16) constituída por uma luta de boxe-ilustração entre George Grosz e André Lemos.



2) na feira de fanzines e edições independentes a decorrer na Galeria Zé dos Bois entre 23 e 24 de Abril será lançado o segundo número de CriCaClássica Ilustrada. este número conta com trabalhos de Mike Diana [EUA], Pepedelrey, Patrícia Duarte, Tatiana Gill [EUA], Janus, Miguel Tavares & Ana Ribeiro, André Ruivo, Pedro Moura & Marcos Farrajota, Joana Figueiredo, Chokz Fritz, André Lemos, Nuno Valério (capa), Rafael Dionísio (texto com ilustração de Pedro Zamith), João Cabaço e João Fazenda (ambos com ilustrações).


a Associação Chili Com Carne trabalha actualmente um «laboratório sincopado de texto + imagem», intitulado de CanibalCriCa Ilustrada e que será integr


condições de participação: 1) formato 21 x 26 cm (ao alto), interior a preto e branco, capa a cores (já realizadas - as três - como pode ver na imagem acima) 2) conteúdo original. literatura, ilustração, poesia visual, bd, fotonovela, diários de viagem, livros de esboços, etc... máximo de 12 páginas por trabalho. 3) condições após a sua publicação esse material não poderá ser publicado noutro suporte ou formato durante um ano sem autorização da associação. 4) pagamento 10€ à página, pagamento a efectuar um mês após a publicação. 5) exemplares para os colaboradores 1 por colaborador. desconto de 50% no PVP para cópias extras. 6) conversa gostariamos de vos ouvir e ver o trabalho antes de o receber. queremos discutir ideias e planear a edição com os autores. 7) entrega não aceitamos originais, excepto para casos de formatos excêntricos. enviem em fotocópia lazer, ou em formato digital (e-mail, CD-R, diskette). os formatos digitais aceitáveis são .rtf (para texto), .tif e/ou .eps (para material visual) com 300 dpi's e em grayscale. 8) datas a terceira entrega é a 30 de Março para o número de Maio.

terça-feira, 30 de março de 2004

Mbleh! #1

Clamnut Comix; 200_

Até a Irlanda tem merda desta: Mbleh! é um comic book auto-editado por Bob Byrne na linha da escatologia politicamente incorrecta do engraçado e supra-imitado ("supra-imitado" existe?) "Johnny, the homicidal maniac" (foda-se, é assim que se escreve!?) do norte-americano (esqueci-me do nome mas é uma bd gira ao contrário desta)... onde ia? Ah, sim! Temos então umas bd's cheias de violência, humor negro, desenhos meio grafitti & street-wear com efeitos básicos & chatos de photo-shop (será que tem hífen a palavra "photoshop"?) e como na Irlanda há mais vacas que humanos e os ingleses são uns cabrões para os irlandeses - e para o resto do mundo já agora - o autor teve de auto-editar-se...
Giro saber que na Irlanda também há bd. Uma pena que seja mais um débil mental no mundo que acha que tem piada.

sábado, 27 de março de 2004

A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer

Alice Geirinhas
Fenda, 1995; Mimesis, António Henriques, 2003

Três livros em volta das exposições de Alice Geirinhas, artista plástica e ilustradora que também editou fanzines de banda desenhada (juntamente com João Fonte Santa criaram o selo A vaca que veio do espaço). Nas suas intervenções artísticas, Alice mistura vários médiuns, e a prova é o primeiro volume de "A nossa necessidade (...)" que num formato pequeno imita a estrutura e intenções dos mini-zines, por um lado publica duas bd's que fizeram parte da sua exposição na Galeria Zé Dos Bois em 1995 servindo como catálogo ao mesmo tempo que divulga de forma económica o trabalho da autora.
Já o segundo volume, existe nitidamente um aburguesamento de intenções pois assume-se mesmo como um catálogo da exposição na Galeria Marta Vidal (no Porto) em 2002. Embora o aspecto do livro seja muito agradável enquanto produto final e as participações "marginal deluxe" seja (sempre) interessantes - como a controversa escritora Sarah Adamopoulos e a esquizofrénica poetisa Adília Lopes - acho que a organização do livro é confusa para dar um efeito "alucinado" mas que acaba por ser dar um ar falso a todo o livro...
O trabalho de Alice neste ciclo é sobre a condição feminina na sociedade portuguesa nos últimos 15 anos. No primeiro volume o tema é abordado pelas tenções entre gerações e as vivências urbanas, já o segundo volume trata das questões da mulher (já) emancipada. Ambos deixam sempre questões no ar, como se a Alice (projectada nas personagens de alguma forma) se questiona do seu próprio futuro. Em 1995 a Alice tinha os seus 20 e tal anos dai a temática ser mais "bad" + "punk" no primeiro volume e há pouco mais de 2 anos tem 30 e tal (eu sei que não se deve revelar a idade de uma "Leide"!) a visão é mais tecnocrata no segundo...
Entretanto pensava eu «Hum... será que daqui uns anitos vamos ter uma terceira entrega (exposição + livro) com uma Alice quarentona? Vai ser bonito-vai!» mas esqueci-me que já tinha havido uma terceira exposição desta vez na Galeria António Henriques (em Viseu) que parece muito pouco inspirada, ou pelo menos o catálogo não dá para perceber o que se passou...

3,7 ambos

terça-feira, 23 de março de 2004

Notibó #5?

J. Cabaço; 2003

Mais um número não numerado do fanzine de João Cabaço, ultra-talentoso desenhador já publicado no Mutate & Survive e na CanibalCriCa Ilustrada (ambas edições da Chili Com Carne). O Notibó é um depósito de desenhos e bd's livres sem pretenções nem acabamentos finais para consumo de terceiros. São desenhos puros, expressivos e selvagens. E é só isso mesmo. Talento em bruto. Esperamos a algum tempo que Cabaço saia do casulo - as participações que ele teve nos projectos já referidos foram tirados a ferros!!!

3,8

jcnotibo@icqmail.com

domingo, 21 de março de 2004

Floralia

Ulf K.
Edition 52, 2002

Floralia é um livro de banda desenhada "muda" (sem palavras) do alemão Ulf K., autor que esteve presente no Salão Lisboa 2003. A história é simples e tecnicamente bem narrada (e desenhada) tal como se podia esperar deste autor já com provas dadas em vários trabalhos publicados - inclusive em Portugal com dois livros pelas edições Polvo. Existe sempre uma aura minimalista no trabalho de Ulf K., seja no desenho que opta seguindo a tradição da «linha clara» quer pelas histórias que podem ser lidas por vários públicos. Neste caso temos uma história sobre um palhaço apaixonado por uma flor. A Morte aparece como é habitual nos temas de Ulk (Noite, Lua, Morte...) mas mais não posso contar pois é uma bd tão simples e curta que não aguenta nem uma sinopse. É um livro giro para oferecer no Dia dos Namorados - Ops, já foi! E que tal na comemoração da Primavera!? Nã! Sendo o livro impresso a preto e amarelo, talvez lá para o Outono se possa oferecer a quem se ama...

3,9

quarta-feira, 10 de março de 2004

Foi uma festa!

Foi no sábado, no dia 4 de Março, que lá saiu o último número do fanzine Zundap como um falso número 100 mas um verdadeiro fim. Neste número participaram André Ruivo e Marcos Farrajota. Estão vários números deste zine disponíveis no nosso catálogo.

quarta-feira, 3 de março de 2004

Bíblia #18, 19

T.Gomes, Fev'2004

Dois números de uma só vez, talvez para comemorar a 20ª edição desta revista de experimentação artística e literária (ilustração, fotografia, design, bd, video prints, prosa, conto...). Comemoram também uma prova de resistência incrível, enquanto as outras publicações do género tem morrido, a Bíblia têm se mantido. E se de Morte falo, não é por acaso. A Bíblia também anda a morrer mas é uma Morte Cerebral pois há muito tempo que deixou de ser interessante e/ou atraente tendo afastado da sua esfera os trabalhos de mérito e progressivamente publicado trabalhos cada vez mais fracos. Exceptua-se o interessante ensaio (no #18) sobre música Noise por Jorge Mantas e o arranjo gráfico de ambos números [é sempre um designer diferente que trabalha em cada número] e ficamos por aqui!
É notória a vontade de continuar mas também é notável a debilidade do projecto. Se é verdade que "a Bíblia salva" então também é verdade que Bíblia precisa de ser salva. Criadores do mundo: enviem para lá bons trabalhos!!!

2,7

http://biblia.werbehure.com