As edições deste ano do festival Crack fugiram um bocado ao habitual - e ainda bem, nada pior que a monotonia para sabotar a vida de um evento cultural. Assim ao contrário de outros anos em que a antologia Ponti que metia tudo ao molho, este ano decidiu dedicar-se exclusivamente a artistas dos Balcãs. Motivo para meter os outros trabalhos (de italianos e franceses) noutra colecção intitulada de Deriva (Forte Pressa). O primeiro título tem aspecto meio-retro de zine - por ser A5 e parecer "modesto" - intitulada HateLove Knots. "Hate Love" era o tema deste ano e as abordagens aqui são ecléticas como sempre. Estes são os "restos" que não entraram no Ponti deste ano, ainda bem que foram "recuperados" como os Irmãos Guedin, Craoman, Filosa, Yoshi... O segundo título é um monográfico de Valério Bindi, cabeça do festival, intitulado de Flashes : Climate of Hate em que o próprio escreve uma crónica do clima de Itália nos dias de hoje. É interessante o que se descobre de Itália através dele e é interessante a impressão em "violeta forte" deste livrinho agrafado de formato horizontal (mais conhecido de italiano, ironia editorial...). Resulta bem e mais uma vez tira-nos da rotina - desta vez do preto e branco...
Quanto ao "prato principal" HateLove : 3rd Ponti Comix Anthology (Komikaze + Forte Pressa) é um "best of" em inglês de quem conhece o Komikaze #6 e o Balkan Twilight. Não fossem os editores deste "Ponti" os mesmos das antologias referidas, a primeira da Croácia e a segunda da Sérvia, países de onde provém a maior parte dos autores à excepção do romeno Branea (que participou no Greetings from Cartoonia), Anna Ehrlemak (sueca que vive na Croácia), Goran Dacev (Macedónia), Jakob Klemencic (Eslovénia) e Nina Bunjevac (sérvia que vive no Canadá). Alguns nomes já são (ou começam a ser) conhecidos: Igor Hofbauer, Aleksandar Zograf, Aleksandar Opacic (que já participou num Mesinha de Cabeceira), Mr. Stocca, Wostok,... Na teoria o livro está com uma função de "split", ou seja, tem duas capas e estórias de "Amor" vão para um dos lados do livro, enquanto as estórias de "Ódio" vão para o outro. Os grafismos das Balcãs são tão negros que é difícil distinguir o que é o "amor" e o que é o "Ódio". De resto, muito do material deste volume são reedições de bd's das antologias acima referidas, agora traduzidas em inglês para chegar a mais pessoas suponho. Ainda assim, um bom trabalho e mais um feliz gesto de eterna generosidade do festival Crack!
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