Foi um fim-de-semana no mínimo activo em eventos musicais underground, em Lisboa e no Porto - era preciso era escolher a cidade...
Em Lisboa houve um concerto de Presidente Drógado que lançou o EP A minha drogaria (Leote Records; 2012) de seis músicas sobre... drogas! Algumas são sacadas a edições anteriores do Drógado, outras são novas - sim porque este tipo pode ser agarrado mas tem mais pica que qualquer outro músico "clean" que ande por aí.
A versão de Waiting for the man (at Cova da Moura) é de um neo-realismo feliz, A broca é hilariante (excelente imitação de voz de mitra), O vinho e o Haxixe é uma rapsódia divertida... Foi um concerto em ambiente "relax", quase familiar, banda sonora para uma geração que se drogou ou que se droga,... no fundo até se percebe porque o Presidente ainda não foi editado de forma profissional, as editoras fonográficas são geridas por betinhos que não entendem o humor de agarrados e afins...
Antes do Drogadito-Mor apareceu um puto Smiley Face, também "cantautor" humorístico como o Presidente mas com letras dedicadas à vida teenager portuguesa deste milénio. Nice! É bom saber que o "cantautorismo" português está a fugir às secas Bob Dylans + poesia urbana da sarjeta + amor de Deus...
Foi neste concerto que conheci a simpática e fascinada "crew" da Cafreta Records que me arranjaram a sua colectânea Granda Compilação! (2008-2011) onde os projectos deste grupo de jovens se manifestam no esplendor DIY do CD-R eda capa em fotocópia. As malhas que se ouvem passam pelo indie-rock-sónico (Pega Monstro, Kimo Ameba, Egg Shell), alguma electrónica (Go Suck a Fuck), Noise (Rabu Mastah) e folk (Éme) geralmente com letras (quando se percebem no meio da sujeira lo fi das gravações) de inocência (auto)trocista da idade que vivem - conseguindo emitir histórias sobre testes de matemática e namoricos.
Como já devem ter reparado, eles andam na boca do povo, apadrinhados pelo B Fachada e pela Filho Único, o que é estranho dada à leveza musical verde que os projectos deste colectivo ainda se encontram. É difícil perceber se é oportunismo bacoco ou apenas desespero por uma ausência de projectos musicais Pop/Rock com interesse em Lisboa. Talvez seja paternalismo e nostalgia, ao ponto que já se tenha forçado uma comparação da Cafetra à Beekeeper (editora lo fi dos anos 90) por culpa da grande cota-parte de Rock Sónico de ambos catálogos. Mas a única comparação possível será à FlorCaveira, pelo simples facto de que a Cafetra são uns 10 putos que se juntaram numa estrutura comum - por amizade, companheirismo e... "namoradismo". A Beekeeper era uma estrutura vertical, com bandas que tinham o seu individualimo, com percurso próprio e que apenas estavam juntas por haver uma ou duas cabeças que as juntaram com as prácticas DIY da altura: zines (um número apenas seja como for), distro, edição em formatos baratos (demo-tapes em k7) e discos colectivos. Sempre pelo prisma parvinho do Rock Indie / Sónico, só mais tarde é que se abriu ao Garage e Hardcore. No fundo eram as mesmas prácticas do mundo underground Punk, Industrial / Electrónico, Hardcore e Metal que existia em Portugal desde os anos 80. A Beekeeper não era uma família ao contrário da FlorCaveira (unidos pela religião em primeiro lugar, onde nos primeiros tempos cabia Punk ou Grind e só mais tarde a febre do "cantautorismo") ou da Cafetra - que são amigos e têm um leque abrangente de géneros sonoros. Só a pseudo-elite lisboeta, burra que nem uma porta, pouco crítica e ansiosa é que cria um "hype" onde não há nada para "hypar" - os putos são verdes e inseguros e Lisboa continua a ser um deserto com ou sem Cafetra.
Em Lisboa houve um concerto de Presidente Drógado que lançou o EP A minha drogaria (Leote Records; 2012) de seis músicas sobre... drogas! Algumas são sacadas a edições anteriores do Drógado, outras são novas - sim porque este tipo pode ser agarrado mas tem mais pica que qualquer outro músico "clean" que ande por aí.
A versão de Waiting for the man (at Cova da Moura) é de um neo-realismo feliz, A broca é hilariante (excelente imitação de voz de mitra), O vinho e o Haxixe é uma rapsódia divertida... Foi um concerto em ambiente "relax", quase familiar, banda sonora para uma geração que se drogou ou que se droga,... no fundo até se percebe porque o Presidente ainda não foi editado de forma profissional, as editoras fonográficas são geridas por betinhos que não entendem o humor de agarrados e afins...
Antes do Drogadito-Mor apareceu um puto Smiley Face, também "cantautor" humorístico como o Presidente mas com letras dedicadas à vida teenager portuguesa deste milénio. Nice! É bom saber que o "cantautorismo" português está a fugir às secas Bob Dylans + poesia urbana da sarjeta + amor de Deus...
Foi neste concerto que conheci a simpática e fascinada "crew" da Cafreta Records que me arranjaram a sua colectânea Granda Compilação! (2008-2011) onde os projectos deste grupo de jovens se manifestam no esplendor DIY do CD-R eda capa em fotocópia. As malhas que se ouvem passam pelo indie-rock-sónico (Pega Monstro, Kimo Ameba, Egg Shell), alguma electrónica (Go Suck a Fuck), Noise (Rabu Mastah) e folk (Éme) geralmente com letras (quando se percebem no meio da sujeira lo fi das gravações) de inocência (auto)trocista da idade que vivem - conseguindo emitir histórias sobre testes de matemática e namoricos.
Como já devem ter reparado, eles andam na boca do povo, apadrinhados pelo B Fachada e pela Filho Único, o que é estranho dada à leveza musical verde que os projectos deste colectivo ainda se encontram. É difícil perceber se é oportunismo bacoco ou apenas desespero por uma ausência de projectos musicais Pop/Rock com interesse em Lisboa. Talvez seja paternalismo e nostalgia, ao ponto que já se tenha forçado uma comparação da Cafetra à Beekeeper (editora lo fi dos anos 90) por culpa da grande cota-parte de Rock Sónico de ambos catálogos. Mas a única comparação possível será à FlorCaveira, pelo simples facto de que a Cafetra são uns 10 putos que se juntaram numa estrutura comum - por amizade, companheirismo e... "namoradismo". A Beekeeper era uma estrutura vertical, com bandas que tinham o seu individualimo, com percurso próprio e que apenas estavam juntas por haver uma ou duas cabeças que as juntaram com as prácticas DIY da altura: zines (um número apenas seja como for), distro, edição em formatos baratos (demo-tapes em k7) e discos colectivos. Sempre pelo prisma parvinho do Rock Indie / Sónico, só mais tarde é que se abriu ao Garage e Hardcore. No fundo eram as mesmas prácticas do mundo underground Punk, Industrial / Electrónico, Hardcore e Metal que existia em Portugal desde os anos 80. A Beekeeper não era uma família ao contrário da FlorCaveira (unidos pela religião em primeiro lugar, onde nos primeiros tempos cabia Punk ou Grind e só mais tarde a febre do "cantautorismo") ou da Cafetra - que são amigos e têm um leque abrangente de géneros sonoros. Só a pseudo-elite lisboeta, burra que nem uma porta, pouco crítica e ansiosa é que cria um "hype" onde não há nada para "hypar" - os putos são verdes e inseguros e Lisboa continua a ser um deserto com ou sem Cafetra.
Talvez não haja nada para estragar a não ser nomes fixes como Putas Bêbadas (não se encontram na compilação) e vontade de ser autónomo à falta de tesão lisboeta. Espero que estes putos façam bandas de Death e Grind para afastar os idiotas do costume e para que eu possa ouvir o CD mais do que uma vez - há muito que não suporto esta coisa morta chamada de Rock que se insiste em chicotear...
Literalmente debaixo de terra, na cave do Café au Lait (Porto - esta sim uma cidade que sabe o que é música) foi lançado um novo projecto, o GhunaGangh, parceria de Ghuna X com Rey, à procura de violência punk no formato electrónica pós-dubstep. De facto ela é conseguida se quiserem ouvir no leitor mais abaixo - dizem que partiram a noite do lançamento do disco, eu acredito... As letras do Rey nada têm haver com o delicodoce do seu álbum de estreia nem o som do Ghuna X anda nos passeios cósmicos do seu 12". Ah! a edição do disco é algo no minímo insólita porque é um "patch" (um remendo para colocar no meu casaco de metaleiro arrependido) que dá acesso à descarga em linha do disco. À venda aqui.
Literalmente debaixo de terra, na cave do Café au Lait (Porto - esta sim uma cidade que sabe o que é música) foi lançado um novo projecto, o GhunaGangh, parceria de Ghuna X com Rey, à procura de violência punk no formato electrónica pós-dubstep. De facto ela é conseguida se quiserem ouvir no leitor mais abaixo - dizem que partiram a noite do lançamento do disco, eu acredito... As letras do Rey nada têm haver com o delicodoce do seu álbum de estreia nem o som do Ghuna X anda nos passeios cósmicos do seu 12". Ah! a edição do disco é algo no minímo insólita porque é um "patch" (um remendo para colocar no meu casaco de metaleiro arrependido) que dá acesso à descarga em linha do disco. À venda aqui.
Apesar de ser um abstencionista fanático, não podia deixar de responder a um comentário de luxo como este. Afinal, a CcC já tinha o meu respect ainda andava eu a deixar crescer o buço. Compreendo o espanto com as comparações broncas de quem fala por falar e tens razão em tudo o que (não) ouves nessa compilação mais que verde da fetra. No entanto, parece-me precipitado fazer julgamentos sem pelo menos ouvir um par de minutos da produção mais recente dos "putos" para compreenderes o entusiasmo que eu e outros sentimos com a força de melhorar e andar para a frente. Essa falta de tusa generalizada não me parece que seja um problema de género... antes pelo contrário, o problema (no caso da música, mas não só) será antes que andam as ovelhas todas a tentar produzir géneros para se generalizarem.
ResponderEliminarDe qualquer forma, e só posso falar por mim, a minha proximidade à Cafetra não se resume à música: às vezes as pessoas dão-se bem.
Apesar dos nossos caminhos nunca se terem cruzado, sou um seguidor do vosso trabalho há anos suficientes para terem influenciado o meu.
Um abraço,
Fachada.
obrigado BF, não podemos imaginar como a CCC o tenha influenciado, ficamos sentidos desde já.
ResponderEliminarquanto à minha resenha crítica ela obviamente peca de detalhe e maior descrição, no entanto, o aviso que faço (e desejo pessoal) é que esses putos da Fetra sejam independentes e que as aproximações externas não sejam demasiado nocivas. Do género, espero que aprendam a pescar e não lhes dêem peixe... Acho que eles têm pica no que fazem, caso raro no meio português em geral. Isso vale ouro especialmente em Lisboa, só não o fundam em barras e depositem num banco ou o vendam naquelas lojas que existem por todo lado que compram o vil meta.
abraços
M
Comecei por me oferecer para gravar o disco de Pega Monstro cá em casa quando Conheci a fetra: elas aceitaram a ajuda, vieram e em 3 dias gravámos (em cassete) aquele que para mim é um dos discos de Roque mais genuínos da nossa magra história musical. Eu limitei-me a carregar no rec, e a esperar pelo take certo: as influências só são nocivas para os fracos de espírito. Quando alguém faz uma coisa bem feita, mesmo que seja uma que tu nunca fizesses, é fácil absorver a lição e integrá-la a teu favor. Já aprendi mais com a fetra que eles comigo: são muitos e eu sou só um e além disso têm mais informação e mais referências que eu. Na adolescência, aprendi as minhas lições de independência onde as havia para aprender, na BD, nas zines, nos músicos de rua, mais tarde no Porto. tenho alguma facilidade em roubar de todo o lado para trabalhar e isso sempre me pareceu favorável.
ResponderEliminarUm abraço.