Nada se espera da imprensa nacional ou da "crítica" (mesmo aquela que se diz estar atenta às novas tendências) sobre um projecto seminal como o Futuro Primitivo. Em breve deixarei algumas considerações sobre o livro - a sua resolução, problemas, etc... Até lá vamos recebendo feedback estranho dos autores e leitores que reproduzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzimos aqui
«curti bué do futuro primitivo memo,antes de ler(verdade seja dita) pareceu-me completamente caotico e sem minima hipotese de fio condutor,depois tive a tarde toda a pensar sera q aquilo tá perceptivel...e só as 19H 30 quando sai do bules é q pude entao disfruta-lo,e é lindo , mixaste um livro ou melhor mixaste o melhor pós apocalipse de sempre.tem tudo...o mix bate nas horas!!!!e a junção de desenhos graficamente diferentes foi mesmo em cheio!!!!
tá forte» - aparicio desaparece / Tue, 7 Jun 2011 23:56:00 +0100
«pah curti, sei q as minhs opniões são um bocado seca mas eu aprendo com alguns trabalhos, quer dizer, n é para ser pedagógico nem merda q se assemelhe e mesmo nem concordando com pontos de vista das histórias e das freakalhadas está com sumo e sustento.» - ana maria On 2011/06/08, at 18:03
«epá de vez em quando tem alguns saltos em que o leitor se perde,mas isso até é giro e é momentaneo ,porque o fio condutor reaparece logo de seguida,acho q no todo está bastante perceptivel,a ideia base está lá sempre presente.» - aparicio desaparece / Wed, 8 Jun 2011 21:15:28 +0100
«Futuro Primitivo tem sobretudo autores nacionais e no fundo serve de catálogo à exposição com o mesmo nome. A qual, enquanto conceito e qualidade global, foi em minha opinião a mais conseguida de todo o Festival.» - João Ramalho Santos in JL (21/06/11)
Comentário do editor, Marcos Farrajota: Holy caramba! Não é um catálogo da exposição! Há quem fique com essa ideia - não sei porquê, no outro dia alguém dizia que era um "catálogo dos artistas da Associação". Não percebo, o livro não vale per se? Sei que a aplicação do conceito - mistura das bds de vários autores - será seminal (creio) e dado a erros e falhas (há muitas, admito) como se pode esperar do seu carácter experimental mas pensar que é um catálogo já me deixa a pensar que falhei muito mais do que previa...
A exposição em Beja foi quase uma improvisação, o projecto real estará mais próximo na versão que foi para o Crack - espero fotos em breve para perceber se correu bem. Ou seja, tal como no livro pretende-se que nas exposições seja possível também misturar as tiras de bd de forma a criar sempre novas narrativas. Em Beja, como eram originais que estavam expostos não eram possível misturar o material dos autores (pela razão típica de protecção dos originais). Aproveitamos para deitar o lixo tecnológico na exposição como mera cenografia apocalíptica - tema do livro. Na verdade sempre abominamos as cenografias das exposições de bd mas esta permitiu diversão gratuíta. Como se costuma dizer: "para fazer uma instalação, atiram-se merdas pro chão!" - no colectivo P.I.d.E. já sabiamos disso nos Encontros CCC 1999, em 2011 continua a ser verdade, pelo menos prós cromos da bd que ficaram convencidos da qualidade da exposição. O importante é que se leia o livro...
«A unidade narrativa alcançada com esta espécie de remix aplicado às imagens e às sequências que os vários autores criaram é notável, até pelo potencial caótico dos próprios temas, entre a ficção científica distópica e os mundos pós-apocalípticos.
Mais de quarenta autores responderam ao desafio, escolhendo itens de uma lista cuidadosamente preparada para registar as invenções tecnológicas que terão colocado a humanidade a caminho do abismo. Da roda às armas de fogo, da imprensa à energia nuclear, a lista é suficientemente ampla para incluir elementos facilmente identificáveis com o caos ambiental e o desequilíbrio de produção alimentar que vivemos, mas igualmente com as grandes revoluções do progresso, o que só acentua o tom apocalíptico, configurando uma visão fatalista que alia qualquer avanço a uma inevitável degradação e que traça os princípios programáticos desta edição numa espécie de no future onde não haverá prisioneiros. Enquanto a devastação não chega, a clonagem da ovelha Dolly convive com as lições de sobrevivência que os genes humanos transportam e os autores abandonam as suas personagens à sorte de várias incógnitas, investigando o comportamento humano perante a ameaça do fim. Profecias, loucura, gestos de violência ou o desregramento total são alguns dos resultados. Autores consagrados e outros ainda em começo de publicação criaram sequências fortes, imagens perturbadoras e espaços de reflexão poderosos, mas é o trabalho de edição que lhes confere a unidade imprescindível para que este volume seja um marco para a afirmação da banda desenhada de autor no espaço, acanhado, da edição nacional.» Sara Figueiredo Costa in Expresso (Jul'11)
Mais de quarenta autores responderam ao desafio, escolhendo itens de uma lista cuidadosamente preparada para registar as invenções tecnológicas que terão colocado a humanidade a caminho do abismo. Da roda às armas de fogo, da imprensa à energia nuclear, a lista é suficientemente ampla para incluir elementos facilmente identificáveis com o caos ambiental e o desequilíbrio de produção alimentar que vivemos, mas igualmente com as grandes revoluções do progresso, o que só acentua o tom apocalíptico, configurando uma visão fatalista que alia qualquer avanço a uma inevitável degradação e que traça os princípios programáticos desta edição numa espécie de no future onde não haverá prisioneiros. Enquanto a devastação não chega, a clonagem da ovelha Dolly convive com as lições de sobrevivência que os genes humanos transportam e os autores abandonam as suas personagens à sorte de várias incógnitas, investigando o comportamento humano perante a ameaça do fim. Profecias, loucura, gestos de violência ou o desregramento total são alguns dos resultados. Autores consagrados e outros ainda em começo de publicação criaram sequências fortes, imagens perturbadoras e espaços de reflexão poderosos, mas é o trabalho de edição que lhes confere a unidade imprescindível para que este volume seja um marco para a afirmação da banda desenhada de autor no espaço, acanhado, da edição nacional.» Sara Figueiredo Costa in Expresso (Jul'11)
Comentário do editor: hum... boa abordagem / pespectiva que me propões... um dos problemas do livro é que alguns autores fecharam demasiado as narrativas para o livro ser mais "visual" mas faz sentido as "micro-narrativas" numa estrutura maior, talvez... Resposta de A.C., às 16:43: «Ya, mas olha que de certa forma, as micro narrativas acabam por funcionar como âncoras, no sentido em que criam momentos de focagem que depois só acentuam o caos gráfico que vem a seguir. Quase como teres momentos melódicos entre uma jarda de ruido sonoro num disco de noise ou assim. O livro tem uma dinâmica do caralho e nem sequer é um "album de BD" nem tão pouco tem aquela pinta de "antologia". É mesmo um overload fodido.»
«El fin esta cerca. El 2012, las profecías mayas, tormentas solares, inminente invasión reptiliana, conspiraciones a la orden del día. A la humanidad le quedan 2 días. ¿Y después qué?. Osea, si algunos pocos "privilegiados" llegan a sobrevivir ¿qué futuro les depararía? No olvidemos que muchas veces el hombre es como una roña difícil de quitar.
Estas preguntas son el punto de partida del álbum distópico que la asociación Chili Com Carne nos hace al completo. Si, porque en Futuro Primitivo participan los alrededor de 40 socios que tienen, en un cadáver exquisito apocalíptico y antológico.
A pesar de lo difícil que resulta organizar un cadaver exquisito entre autores de diferentes estilos, algunos muy diferentes entre sí, el resultado es sólido, primando un aire a ciencia ficción pura y dura, con artefactos ultratecnológicos, contaminación en proporciones elevadas y mutantes y escombros a la vuelta de cada página.» - Martin - 16/09/11 - in Bolido de Fuego
«I thought one great thing about Futuro Primitivo was that I couldn't understanding all of it. It felt like that was the point, like a global, multidimensional dystopia and you only understand the bit you can see with your own eyes. On the other hand, I think that was my very own subjective reading experince (I understand a little Portuguese but not enough to be sure what the comics were about, a bit like dreaming and half-understanding). Really impressed that you guys have translated it!» On 2011/11/20, at 20:06, tecknarn Sling
«Confessamos que não compreendemos por que razão os editores desta antologia afirmam, na introdução, de que esta é uma experiência “falhada”. Tecnicamente, trata-se de uma recombinação editorial feita sobre material que os autores providenciaram, ora sob a forma de tiras passíveis de serem quebradas e remisturadas, ora várias sequências em cadáver esquisito. A influência deste projecto parece ter sido semeada no tour do Boring Europa, como essa outra publicação demonstra. Todavia, a experiência editorial - que segue os projectos lançados por Marcos Farrajota que procura sempre soluções inovadoras e arriscadas num dito mercado nacional mas que encontra uma recepção francamente positiva noutros circuitos - que temos neste Futuro Primitivo parece-nos ter atingido o seu resultado prático justo. (...) Tendo conhecimento de algumas antologias nacionais e internacionais, é realmente bizarro que a atenção para com este projecto seja pautada por um silêncio quase consensual, apesar da franca “vanguarda” que ela apresenta (...) Falhanço? Ou trata-se isso de um exercício de contradição face aos discursos habituais das “vitórias” e “sucessos”, no campo em que apenas se vasculha na continuidade de sempre?» Pedro Moura in LerBD 16/05/12
«A compilation of (post-)apocalyptic comics from Portugal and beyond, assembled as a kind of continuous, disjointed, exquisite corpse. This presentation actually makes for something surprisingly more cohesive and intriguing than most comps as it forces parallels and themes to emerge across juxtaposed artists' work. (did each know what the other would do, or is this happenstance? Is there a larger picture?) (...) I was going to come back and write more, but this remains cryptic and interesting as ever. Kind of a widely collaborative, free-association-narrative-connected art book.» Nate D / Goodreads / May 2012
27 MAIO 2012 - nomeado para Troféu Central Comics Melhor Publicação Nacional 2011 - seja lá o que isso quer dizer e que nada trás para reflexão sobre o projecto ...
«I like the book, there are different moments actually, some parts look like a complete story and some are scattered, I don't understand most of the text so that could be the reason for me not being able to connect everything, but that is also kind of apocalyptic approach consistent to the theme. It can also be a part of the concept (this lack of communication that happened to me on the trip gave me an idea) that you have a solid story with a complete action, characters, articulate conversation at the beginning of the story, but as far as story goes on, everything is starting to lose the connection and at the end becomes a completely unconnectable neurotic abstraction of words and images. As the apocalypse has happened to the medium of narrative comic approach, lets say. I know it's not a hot water (as croats say), but I think it can be used related to the theme. And I like the theme.» Ivana Zubovic ... Tue, 24 Jul 2012 13:47:54 +0200
Panel are broken up from their sequence and then reorganized together, creating graphic tension between multiple artists' work on easch spread. The overall resilt of this strategy makes for a disconcerting and disjointed reading experience but sucessfully demonstrates a collaborative, group-derived aesthetic Kate Morgan / Journal of Artists Books 33/ Spring 2013
«Confessamos que não compreendemos por que razão os editores desta antologia afirmam, na introdução, de que esta é uma experiência “falhada”. Tecnicamente, trata-se de uma recombinação editorial feita sobre material que os autores providenciaram, ora sob a forma de tiras passíveis de serem quebradas e remisturadas, ora várias sequências em cadáver esquisito. A influência deste projecto parece ter sido semeada no tour do Boring Europa, como essa outra publicação demonstra. Todavia, a experiência editorial - que segue os projectos lançados por Marcos Farrajota que procura sempre soluções inovadoras e arriscadas num dito mercado nacional mas que encontra uma recepção francamente positiva noutros circuitos - que temos neste Futuro Primitivo parece-nos ter atingido o seu resultado prático justo. (...) Tendo conhecimento de algumas antologias nacionais e internacionais, é realmente bizarro que a atenção para com este projecto seja pautada por um silêncio quase consensual, apesar da franca “vanguarda” que ela apresenta (...) Falhanço? Ou trata-se isso de um exercício de contradição face aos discursos habituais das “vitórias” e “sucessos”, no campo em que apenas se vasculha na continuidade de sempre?» Pedro Moura in LerBD 16/05/12
«A compilation of (post-)apocalyptic comics from Portugal and beyond, assembled as a kind of continuous, disjointed, exquisite corpse. This presentation actually makes for something surprisingly more cohesive and intriguing than most comps as it forces parallels and themes to emerge across juxtaposed artists' work. (did each know what the other would do, or is this happenstance? Is there a larger picture?) (...) I was going to come back and write more, but this remains cryptic and interesting as ever. Kind of a widely collaborative, free-association-narrative-connected art book.» Nate D / Goodreads / May 2012
27 MAIO 2012 - nomeado para Troféu Central Comics Melhor Publicação Nacional 2011 - seja lá o que isso quer dizer e que nada trás para reflexão sobre o projecto ...
«I like the book, there are different moments actually, some parts look like a complete story and some are scattered, I don't understand most of the text so that could be the reason for me not being able to connect everything, but that is also kind of apocalyptic approach consistent to the theme. It can also be a part of the concept (this lack of communication that happened to me on the trip gave me an idea) that you have a solid story with a complete action, characters, articulate conversation at the beginning of the story, but as far as story goes on, everything is starting to lose the connection and at the end becomes a completely unconnectable neurotic abstraction of words and images. As the apocalypse has happened to the medium of narrative comic approach, lets say. I know it's not a hot water (as croats say), but I think it can be used related to the theme. And I like the theme.» Ivana Zubovic ... Tue, 24 Jul 2012 13:47:54 +0200
Panel are broken up from their sequence and then reorganized together, creating graphic tension between multiple artists' work on easch spread. The overall resilt of this strategy makes for a disconcerting and disjointed reading experience but sucessfully demonstrates a collaborative, group-derived aesthetic Kate Morgan / Journal of Artists Books 33/ Spring 2013
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