segunda-feira, 20 de maio de 2013

Descartes X



Ghuna X (Marvellous Tone; 2011)

E ao quarto álbum chegou o vinil. Depois de Rokspace (CD), Patine (online) e A Grande Explosão (CD-R e online), Ghuna X chega a um LP (em vinil, boy!) homónimo que têm mais ligações ao último registo devido ao seu estranho fascínio pelos sintetizadores siderais dos "Cosmonautas-músicos" manhosos dos anos 70 e 80. Se eram manhosos há 30 anos, continuam a ser nos dias de hoje mesmo que se ponha carradas de Electrónica, Hip Hop e Dub de qualidade por cima.
Sendo um dos objectos fonográficos mais bonitos alguma vez feito em Portugal merece desde logo a nossa atenção graças à sua bela capa serigrafada e à grande rodela de vinil transparente! Se calhar, merece mais a nossa atenção por ser um disco disfuncional, que promete algo que nunca oferece. O seu possível roteiro de dança é sempre desviado. Os breakbeats brekam demais. Os sintetizadores vintage-foleiros interrompem-nos o bom-gosto. O dubstep não stepa nem duba como esperamos. No fundo é um disco sintonizado ao Universo porque como sabemos ele não funciona bem. As manias mecanicistas que o Universo é divino, perfeito e matemático são uma treta - ver as teorias das Borboletas, Entropia e Caos a provarem justamente o contrário. Na verdade, basta imaginar isto, depois de milénios de angústia existêncial, de luta contra o Capitalismo, a Opressão e a salvar baleias, imaginem isto, sim, imaginem isto: chega prái um meteorito à Terra e arrebenta com isto tudo! Um bocado "injusto" não é? Que se lixe o Descartes, viva o Ghuna X!
Não me entra este disco, desconfio que seja daqueles discos que só se vou perceber a sua importância daqui a 30 anos, não querendo dizer isto que o Jean Michel Jarre será melhor 60 anos depois...

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