Gunas e mitras
Aparato / Harshcore (Kicking Lolypops; 200?)
Expeão : Maskhara, reconstructed versions (Faca Monstro + Banzé / Compact; 2009)
Ghuna X : Rokscape (Marvellous Tone; 2009)
v/a: Folk War, Fuck the Bastards Broadcast Sessions, vol.2 (Fuck the Bastards; 2008)
Rokscape é a primeira edição da Marvellous Tone que é "industrial" – não no som mas na embalagem, que infelizmente não cumpriu a promessa de fazer capas em serigrafia, o que é uma pena. Mas quem vê capas não vê corações e o que interessa é mesmo a rodela de plástico que debita uma espécie de Dubstep não assumido durante quase meia-hora tirando na faixa Triplets and Drive que se solta para o Drum’n’Bass. Ao que parece a coisa é feita de forma analógica mas não sei pormenores técnicos, excepto quando recebi o e-mail do Ghuna:
«o nome remete-se a rock and roll landscape, foi uma performance que fiz em Dezembro no Festival Quadros de Dança, (...) este foi o resultado... a performance tinha a ver com um gajo, eu, a tocar tipo banda rock, isto resolvido tecnicamente com amps e routing de sinais sonoros para diversas fontes. É uma cena muito basica, meia duzia de instrumentos e de estrutura simples. A "Triplets and drive" é realmente a mais complexa, era mais antiga mas que eu na altura decidi adaptar a performance e depois incluir neste cd».
É um EP que se ouve bem... ao contrário de Maskhara que é uma salganhada de remisturas de vários estilos electrónicos funcionais (House, Dubstep, Transe, Drum'n'Bass), tanto que muito exceptionalmente a faixa 6 é a pior do disco - não é normal uma faixa 6 ser má!!! Bom mas até há pior como as remisturas de DJ Case e The Dead:Lees que também andam pelo Mongo Dance / House - ou a ainda a Transe de Illow. As melhores misturas são as destructivas, claro, a cargo de HHY, Ghuna X, 1Way, DJ Order e Sírius que metem Drum'n'Bass, Grime, Breakcore e Dub Urbano, tudo isto ao barulho sobre as rimas sem papas na língua do Expeão. Infelizmente não conheço o álbum original, só posso analizar algumas letras pela primeira parte deste CD que é mais dado à remistura com letras - do que a segunda parte que segue por um caminho mais instrumental em que a voz é um complemento sonoro sem importância. Talvez o álbum original seja uma treta a nível instrumental como acontece com a maior parte dos discos de Hip Hop portugueses, talvez se safem as letras lixadas (de alguma forma, lembra a agressividade "white-trash" do Nerve) mas sinceramente não tenho minima ideia. Mas uma coisa é certa, se eu fosse o Expeão passava a usar os préstimos desta malta barulhenta para definitivamente entrar no século XXI e cagar para os paradigmas do Hip Hop anos 90 que já chateiam!
Na Mula Ruge (que acaba este Sábado!), ou melhor na sua inauguração havia para lá espanhóis extremistas - uns bebiam como uns loucos outros nunca tinham bebido na vida! -... bom... troquei CD's com os que bebiam, acho... Um dos CD's é um "split" com uma embalagem em serigrafia em cartão vermelho canelado tão mitra que não se percebe um caralho do que está lá escrito. Com dificuldade e ajuda da 'net lá descobri que era portanto um "split" de Aparato (de Espanha) e dos Harshcore (de Itália) e que a editora, Kicking Lolypops se calhar chama-se antes No dejare que salves este mundo mas tudo bem... o que importa? É mais um pedaço de música livre solta pelo mundo fora. Não sei quais são as faixas de Aparato e quais dos Harshcore mas a primeira é bastante "sexy" (Electrónica a roçar o Dubstep) e que se mantem numa onda electrónica mais ou menos calma até à quinta faixa, onde que suponho entram os italianos com "loops" irritantes "ma non troppo"... não é grave mas também não é bom.
O Folk War é uma compilação do programa "Fuck the Bastards" transmitido na rádio pirata Bronka (de Barcelona). São sessões ao vivo no programa onde pelos vistos vale tudo: Ambient (Hillary Jeffery de Inglaterra), Noise (Justice Yeldham & the Dinamic Ribbon Device da Austrália), Breakcore (The Toilet da Suécia, a lembrar o Otto), Folk, Blues - estes últimos géneros quase a servirem mais como "separadores" ou "interlúdios" para os extremos electrónicos, o que aliás suaviza a viagem sonora do disco especialmente depois de faixas longas e potentíssimas como a de Dave Phillips (da Suiça). Aliás, esta é sem dúvida a faixa mais potente e estranha como já não ouvia há muito muito tempo! Em 14 minutos um ambiente Dark Drone que podia ser mais uma chatice registada em áudio transforma-se numa demência sonora com latidos de cães e urros de humanos,... Tenho de "checar" este tipo...
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