sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Parmigiano Agnóstico

Antes de escrever sobre este disco, umas palavras de apreciação pelo fantástico trabalho da Rotten // Fresh, editora de música electrónica portuguesa que só pode ser vista como uma "micro-editora" porque os seus donos não são uns riquinhos a capitalizar estéticas uniformes para ganhar o comércio da Aldeia Global. Longe do infantil Príncipe ou dos aborrecidos clones da Hyperdub - o que pouco quer dizer já que a própria Hyperdub é a maior fraude de sempre, meninagem que finge não conhecer Coil ou Vangelis - a "RF" tem um orçamento rafeiro ("rotten"?) e só pode lançar uns CD-Rs manhosos ou umas k7s, tudo à mãozinha de DIY pobreta. Só que é mesmo "fresh" o que lançam, a julgar pelo catálogo não me digam que não é ISTO que deve uma editora, um espaço de encontros de várias personalidades e estilos. Noise, Doomduro, Glitch, Trap, escatologia V/Vniana, Ambient, Dance é só escolher e apoiar esta malta. Lembra a Thisco se tivesse parido um bastardinho, sendo esta a única editora portuguesa que bem merece ter um herdeiro cultural, só espero é que não se prove o adágio merdoso da "História repete-se", seria bem triste se assim fosse...

Para manter-se num plano cimeiro, eis que lançam o segundo disco de Kara Konchar na próxima Quarta-Feira - preparem-se para ouvir no bancamp e/ou comprarem o CD-R de edição limitada. Se o primeiro disco parece que o Kara caiu uns pontos abaixo - o artista era conhecido por AtilA e quem ainda tem memória em 2021 deve saber que este produziu os melhores discos de Electrónica da década passada - na realidade parece que estava a fazer o esboço para este monstrinho que se intitula de Goth Partisan. O que é isto? IDM para Góticos? EBM para gente inteligente? Isto dança-se? A violência deste Kara é do campeonato de shhh..., (OMG!! a "história repete-se"!!!) menos Ambient e mais excessivo. Breaks que não param de aparecer em soluços enquanto se ouvem vozinhas sampladas e sintetizadores de "música Gótica" dramática e má-onda. Mas estamos perante uma colagem e não na representação desta subcultura urbana, por isso, suponho que a piada do título seja mesmo assumir-se como um "partisano do Gótico", tipo guerrilha, 'tá lá no meio da selva do rímel, teias, rendas e doc martens mas é para lutar contra a modorra intelectual dessa malta. Esperto este Kara! É claro que nunca o Club Noir iria deixá-lo assustar a morcegada na sua pista nem os abortos da Music Box deixariam aterrorizar os seus betos e betas. Não havendo mirones e "poseurs" na sala de jantar, ao contrário das aborrecidas discotecas lisboetas, meu, é ir em frente! Cuidado é com os bibelôs e o tomateiro em crescimento!

Entretanto, uma pitada da coisa:

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