terça-feira, 9 de março de 2021

I was not a pop star in 2015

No "underground" nacional há sempre pequenas pérolas que vão sendo ignoradas (passado), redescobertas (presente) e ignoradas outra vez (futuro). Não não vamos entrar nessa que "vai tudo correr bem", bandas como os Volcano Skin não tem hipóteses contra os paus da MMP. 
Os três machos cis dos The Great Lesbian Show continuaram na música e criaram estes Volcano Skin (homenagem ao resto da pele da circuncisão do Mr. Spock!?) que lançaram um EP e dois CDs em regime de auto-edição. O EP 7" de estreia (2012) já dizia o que iria acontecer, que viajariam com os mapas errados. E é o que acontece, não é preciso invocar o Svenonius para gozar com este trio, no sentido que o norte-americano diz que as bandas Rock fazem discos em que as canções não passam de um apanhado de coisas sem coerência. É esse o pecadilho do álbum a few moments of sleeping and waking (2015) que tem momentos altos e médios sem chegar a um sítio concreto. Ouve-se restos de Great Lesbian Show, Pop Dell Arte quando era bom nos anos 80 (Constantinople Street), Jorge Ferraz (Fauno), algo tradicional, loucura Pumf, entre o Pop/Rock e o Post-punk (a capa é homenagem à Factory?), a canção e o recital musicado com textos irónicos para toda a sociedade pós-industrial, só que... Não sei acaba por ser cansativo pela falta de norte, que se suporta melhor num EP do que num "LP". Apesar de ninguém se lembrar já de 2015 este álbum deveria estar nas listas que a imprensa costuma fazer de melhores do ano. Ah! Acho que eles falam do "Blake & Mortimer" não quererem ter filhos mas se calhar não percebi bem.

Quanto ao segundo disco a solo de Karlon - o verdadeiro Carlão, não confundir com aquela putinha que se vende à McDonald's e às empresas de apostas em linha - intitulado Meskalina (Kreduson Produson; 2015) é bom apenas naquilo que se propõe, ou seja, um disco de Hip Hop. 
Como não? Karlon sempre se destacou como um MC brutal em Nigga Poison e só os hipsters branquelas que há alguns anos andaram a discutir publicamente em linha quem era o melhor rapper português, é que o poderiam esquecer - ou nem saber que ele existe! Claro! Afinal ele dá-lhe em  "krioulo" e os velhos hábitos da "inteligência" portuguesa ignora essa existência. 
Longe dos mil caminhos sonoros de Nigga Poison, Meskalina é Hip Hop puro mesmo que tenha uma boa amplitude de beats ecléticos que amortizam o cansaço que álbuns deste gênero musical comportam. Não será a despedida de Karlon ao Hip Hop mais formal, sem a abertura fantástica que fará no excelente Passaporti, ele voltará ao Hip Hop em Tinha k Ser (2020). Acho mesmo injusto quer Nigga quer Karlon não serem maiores...

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