quinta-feira, 10 de julho de 2008

Fufas não engolem sapos


The Great Lesbian Show - "You're not human tonight" (Zounds / Sabotage; 2008)

Eis a primeira banda pós-zombificada portuguesa (embora o José Cid seja o primeiro Zombie Pop 'tuga): existem desde os anos 90, tiveram hipóteses de serem mais conhecidos na altura, tiveram azares de carreira, não gravaram nada, "morreram", e de repente, eis que em 2004, saltam cá para fora o primeiro (o primeiro!) álbum auto-editado (auto-editado!) Psykitsch Kaleidoscope. E assim, sem mais nem menos estas granda-fufas partem para uma segunda vida gravando 4 anos depois este segundo álbum e desta vez com uma chancela editorial, a muy nobre Zounds!
Desde logo nota-se um trabalho de produção superior ao disco de estreia - o produtor foi o emblemático Jorge Ferraz, que até faz um divertido remix numa "faixa escondida" do CD. Mas previno desde já que é um álbum "difícil", fragmentado sem conseguir um ambiente linear, e como tal cria alguma confusão e resistência ao ouvi-lo até porque as influências dos TGLS (transexuais, gays, lésbicos e simpatizantes?) deixaram de ser óbvias. Após umas repetições auditivas lá vão aparecendo músicas "atraentes" mas que funcionam mais em isolado do que numa ideia de álbum. Por exemplo, Tokyo, Copacabana, é daquelas músicas que são do melhor de TGLS: experimentação sónica (usando até brinquedos) que se torna numa Bossa Nova "traveca" com os excessos poliglotas da banda (é mesmo fixe ouvir "belo belo" ou palavrões em italiano). Depois há um bocadinho de tudo como Rock, Soul, Cabaret com direito a pastiche de 007/John Barry (o melhor título do disco: The man of the golden peanuts), cristianismo 'tuga (O lavrador de Almas), Yma Súmac (muitas músicas), Situacionismo Vintage (Urbagnole) ou chinecises como The tall neck of the girrafe (com envocações ao Pokemon) e Fist of Mao in a Humbaga.
Embora a máxima "It's fun to have fun" não deva ser NUNCA contestada (excepto no Domingo de manhã), um bocadinho mais de contenção e menos ânsia (ou seja umas faixas a menos) e seria um álbum mais "coerente". Afinal se a banda já morreu uma vez...

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