Nerve cabrão vamos-te queimar o caseirão!
Nerve: "Eu não das palavras troco a ordem" (Matarroa; 2008)
Já estava na hora de aparecer um sacanita assim: provocador e divertido. Já estava a ficar farto dos padrecos do Hip Hop ou dos "apenas talentosos" (que me perdoem!). Nerve sabe o que faz, seja pela base instrumental rica em mudanças sonoras (grande trabalho de samplagem!) e pelas letras que conseguem ir para um domínio fantasista irónico longe dos óbvios queixumes dos tais "padrecos e apenas talentosos".
É certo que o Hip Hop resgatou a língua portuguesa para a música urbana/pop ultrapassando a seníl Pop/Rock mas infelizmente faltava uma figura não alinhada e que fugisse de uma certa média - embora nomes já hajam alguns nomes como XEG (onde pará este?) ou Sam the Kid... A verve de Nerve é acompanhada pelo seu "anjinho" (boa conciência) e "diabinho" (má fila) que resulta muitas vezes em frases mal-comportadas e de mau-gosto conseguindo chocar o ouvinte mais desatento.
Quem se der ao trabalho de ir ouvindo as deambulações "white trash" de Nerve em Alter-Ego (usando um jargão super-heroístico), Sacana Nervoso (um mash-up de um agente secreto com esquizofrenia urbana), O Serviço (gangsta-tripeiro), Preguiça e Vizinho de cima (críticas à vida pendular suburbana) vai descobrir inteligência escondida pela pretensa verborreia de quem é um troca-tintas que das palavras não troca.
Da rapaziada "branquela" da Matarroa é bem capaz de ser o melhor álbum desta editora!
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