Acid Arena (2008) de Dave 2000 deve ser o único livro de 3D em que me senti bem em ser idiota - tentei pegar / tocar as imagens que como toda a gete sabe não passa de uma ilusão óptica feita das separações do veremelho e azul. E também - e uma vez que não jogo seja o que for (cartas, jogos de computador,...) - não me sinto mal em estar viciado num jogo de computador super-parvo...
Antes disso, é de referir que com este título as confusões continuam: o livro é Acid Arena e o jogo de computador que o acompanha também se chama isso com o sub-título Monster Blast?
Não sabe / Não responde.
Só posso dizer que temos um dos livros do LDC mais alucinantes de sempre. O autor Dave 2000 é uma espécie de Fredox do digital, com todo o mau gosto implícito - não da escatologia mas sim dos truques do mundo digital, ou seja, excesso de imagens perfeitinhas e cheias de degradés e cores pirosas. Claro que depois lixa a coisa toda com a habitual fórmula "vexo & siolência" mas ainda assim o sabor do plástico está sempre lá. Mas desta vez usando a técnica do 3D os desenhos ganham outra dimensão (que piada!) de tal forma que ficamos mesmo sujeitos a imergir numa... realidade virtual (!) de mutantes excitados por pornografia barata, genitais a derreter pixels e insectos esótericos para o século XXI. Um terror que se quer mexer para saber se é verdade. Errado!!! Como se costuma dizer para ver não é preciso mexer!!! E se aquilo fosse real de certeza que se apanhava uma valente gonorreia cibernética.
O jogo de computador ainda é pior (ou melhor para quem quiser). A lógica é toda ela "Quake": andar a matar malta mutante ou ser morto - sendo também o jogador um mutante. Há mutantes vestidos de latas de cerveja e de outras formas fantásticas e xungas a darem tiros de arma lazer, caçadeira, mega-lazer... É preciso gerir vidas e munição, o normal, excepto que aqui a dimensão pós-apocalíptica já está a niveis muito elevados de degeneração estética e moral. Literalmente é matar ou ser morto, tudo é rápido e quase nada faz sentido. Ultra-violência para queimados, sem dúvida, em especial num cenário, o "Plasma Freak", em que não há ponta por onde se pegue - literalmente!! Um tipo anda por lá a baloiçar (aos tiros, claro) de parede multicolor em parede multicolor. E claro morre antes de qualquer hipotese do pesadelo LSD ser passivel de ser assimilado.
O livro tem capa em serigrafia, o interior é impresso e é acompnahdo por óculos 3D. O jogo vem num CD e só dá para PC. Mais do que isto não posso ajudar.
O prometido "snif" ao "Japão paranóico" é por Shitknobs unideth (2008) de Miruki Tusko. Na realidade há um livro chamado Japon Parano (2008) que junta Daisuke Ichiba, Norihiro Sekitani, Takashinemoto, Ayano e Daisuke Tamano mas se o LDC pode confundir-nos porque não poderei fazer o mesmo?
E na verdade o autor nem se quer é japonês - é um belga... Disfarça bem, não fosse uma série de tiques da nova geração "graphzine" europeia, onde podemos incluir o LDC ou os Opuntia Books: degeneração das figuras Pop, criações de espaços abstractos, desenhos descontrolados como se fossem de criança, fascínio pelo Heavy Metal extremista...
O Tusko, o que tem mais de piada é o uso de bonecada tosca com pinta oriental (não a bonecada óbvia tipo Manga!) que borra com cores pesadas e ajudadas com a impressão em serigrafia. O livro todo ele é serigrafado, diga-se. Como dizia, engana bem, podia passar por oriental... mas falta-lhe o Extremo Oriente!
ITO (2008) de Yann Taille é um livro que só podia ser feito depois do M.C. Escher e do Codex Seraphinianus... ou ainda, depois de Jim Woodring. Tudo a que temos acesso é "alien": o texto (uma linguagem encriptada?), as máquinas, os cenários, as formas de vida, o sistema...
Só há uma certeza, porque não é muito diferente da nossa vida terrestre: nascer, trabalhar, reproduzir e morrer... ou nascer, escola, trabalho, morte... Taille coloca as suas criaturas nesta direcção, ou na falta dela, porque as suas vidas são verdadeiros "loops" infinitos num sistema fechado e repressivo.
Capa em serigrafia. Belo livro!
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