Como já tinha referido aqui, a autora alemã Anke Feuchtenberger criou com o seu marido Stefano Ricci uma editora, a Mami, onde têm publicado trabalhos seus e também de alunos da Faculdade de Hamburgo onde Anke ministra um curso de ilustração e bd. Sem grande informação na Internet - e sem tempo para grandes discursos - escrevo apenas que chegaram Ich weiß de Birgit Weyhe e CandieColouredClown de Jul Gordon, belas edições: boas encadernações, boa escolha de papel e trabalhos de bd com impacto à primeira vista. O problema é que é preciso saber alemão para poder apreciar a primeira e 50% da segunda (algumas bd's estão em inglês)...
S! (com uma "coisa-acento" no "s") é uma mini-revista que era o Kus (que também tinha algo no "s"), novo conceito para tempos de crise, ou seja, reduziu-se para um formato A5 super-simpático completamente a cores onde convivem autores nacionais (continuando a Anete Melece a ser a autora mais interessante) e estrangeiros como Emilie Östergren (Suécia), Henning Wagenbreth (Alemanha - alguém se lembra do Salão Lisboa 2003?), Bendik Kaltenborn (Noruega) ou Nicolene Louw (África do Sul)... Sairam dois números entre Outubro 2008 e Fevereiro 2009.
Passados 10 números e 12 anos de actividade editorial, Tommi Musturi - um dos muitos autores de bd da Finlândia com talento e voz própria - cansou-se de editar o Glömp, projecto que começou como zine e passou a antologia. Como explicou quando esteve cá, para se despedir do projecto tinha de fazer algo de especial daí que GlömpX (Huuda Huuda; 2009) seja um livro saudávelmente pretensioso, querendo ser um marco na história das antologias de bd - o editorial do livro não deixa dúvidas em relação a isso fazendo um breve resumo dessa história. Apresenta-se em capa dura, todo a cores, com um CD banda sonora (Fricara Pacchu, Amon Düde & The Hoppo, Kiiskinen e Nuslux), e sobretudo e o que importa, um conceito de querer publicar e expor "narrativas em três dimensões". Ou seja, fugindo do tradicional "lápis + caneta sobre papel" (embora também haja situações dessas em alguns trabalhos), criaram-se bd's plasticamente diferentes do tradicional. Por exemplo, Hanneriina Moisseinen fez uma bd em bordados. Na exposição é preciso entrar numa tenda para poder ler a dita cuja - como poderam ver os que visiram a exposição que esteve patente na Bedeteca de Lisboa. Katri Sipiläinen criou um ambiente-escultura com alguns bonecos, esse ambiente fotografado tem uma carga cinematográfica e dramática fortíssima depois de composto em páginas de bd. Outras bd's são interactivas como a de Roope Eronen cujas tiras de bd podem ser lidas de formas diferentes com um sistema rotativo de paralelepipedos numa caixa - no livro, o autor (e o editor) oferece a hipótese (remota) de destruirmos o livro para recriarmos esses paralelepidos. Talvez nem tudo o que é apresentado na exposição seja competente - claro que não poderia ser - mas comparando com um projecto idêntico do passado, o Zalão de Danda Besenhada, os finlandeses sobretudo não se esqueceram de uma coisa, a bd no final é sempre transmitida via livro ou papel. E é aqui que não há falhas, o GlömpX merece um glorioso epitáfio na História da BD.
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