sexta-feira, 30 de abril de 2010

PEQUENO É BOM encontros sobre edição independente (2ª sessão)

cartaz por Lucas (4 anos) na oficina «Obrigatório Afixar» ministrada por José Smith na Casa da Achada

Encontro mensal na Casa da Achada / Centro Mário Dionísio sobre questões de edição independente (fanzines, zines, livros de autor, CD-R,...).

Nesta sessão dá-se atenção à criatividade e "mãos na massa" estando no programa:
- Orgia Gráfica, workshop por Lucas Almeida;
- A habitual Feira de Fanzines desta vez com uma selecção de títulos ligadas ao desenho/ ilustração/ graphzines;

títulos dísponíveis: da Chili Com Carne, Imprensa Canalha, Le Dernier Cri, MMMNNNRRRG, Nazi Knife, Opuntia Books, U.D.A. (de Blanquet) entre outras produções nacionais e estrangeiras (Suiça, Sérvia, Espanha, França, Itália, Suécia).
Novidades editoriais: A Segunda Vida de Djon de Nha Bia (Chili Com Carne), romance de Nuno Rebocho; ...

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sobre a Orgia Gráfica ou Bacanal de Desenho Experimental:
Desenho em conjunto, experimentação gráfica com várias pessoas, tendo como fim a libertação e a interacção entre as várias pessoas ao nível do desenho. Encarando o desenho como uma extensão do interior da pessoa, uma expressão única e genuína. Pretende-se com este encontro uma reunião de vários estilos e registos gráficos, expondo a ligação do desenho com a actividade sexual, fazer amor com o papel através do lápis ou pincel. Conseguir partilhar com as outras pessoas essa intimidade de desenhar e deixar que actuem no seu desenho. É um exercício de abertura, através do desenho explorar a dimensão do tesão e das energias que estão associadas. Encarar o desafio de por cá para fora o mais genuíno e único que cada um sente em relação à partilha de intimidade, através de meios gráfico de expressão.

Os materiais: Cartolinas, lápis, tintas, canetas etc…

Tendo como possível fim uma publicação, dependendo dos resultados alcançados. Sendo uma sessão experimental , fica em aberto esta possibilidade.

sábado, 24 de abril de 2010

Necrofilia


Knullkraft : Rannstensromantik ; Wince : Chaude-pisse (Narcolepsia; 2010)

O que leva alguém a editar k7's de Noise de 40 e poucos exemplares? Será uma pergunta a responder num PEQUENO é bom certamente... e talvez mais cedo que se pense porque já se programa a terceira sessão (de 5 de Junho).
Da Suécia ou dos EUA, este projectos fazem a banda sonora de um tanque steam-punk a tritur esqueletos humanos e de robots abandonados num campo de batalha do futuro previsto no Terminator, com ruído digital, algum analógico batendo em metais e alguns urros primitivos, Noise é Noise e não há muito mais a dizer.
Mas a melhor a pergunta a fazer será porque raios o lado B da k7 do Knullkraft não têm nada gravado? Melhor ainda: posso gravar alguma desse lado?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

E por falar na Suiça...


O Último Fósforo foi para o importante Festival Fumetto, continuando a saga das cidades começadas por "L" (neste caso Lucerna). + info aqui

GRRRRR


Ingo Giezendanner ou GRRRR é um desenhador suiço que participou no Mutate & Survive (e recentemente numa exposição em Lisboa) enviou dois das suas últimas produções, nomeadamente www.binzbleibtbinz.com (GRR40 / Rollo Press; 2009) que é sobre uma casa okupada na Suiça e Baku & Back (GRR41 / Nieves; 2009) que é um caderno de viagens de Zurique a Baku (Azerbaijão).
Ingo é um monstro a desenhar, detalhado, texturado, não há mais caos de paisagem urbana ou natural que ele não ponha no papel. Usará fotografia e depois desenha no conforto do lar? Ainda que seja verdade (sinceramente não sei e prefiro não saber) continuará a ser um monstro a desenhar!
Cada trabalho que sai em livro / zine / mini / livro de autor, e mais recentemente em vídeo pelo que percebi, (auto) edita ou é editado por outras casas, coloca um número à produção - como se um número de catálogo fosse: GRR##. Mas uma publicação pode estar dentro de outra como aconteceu com Fucked (GRR10), um "mini-comix", que foi adaptado para o formato do Mutate & Survive. E isso leva-me a outro ponto interessante do seu trabalho, para além do virtuosismo e técnica enquanto desenhador, Ingo tal como adaptou para outro formato um trabalho para o Mutate, também o faz regularmente com todos as suas publicações quando transpõe para a 'net - no sítio grrr.net. E invés de apenas despejar matéria para um monitor estático, potencializa e dá novas leituras ao seu trabalho usando a linguagem digital (passagens/ navegação de páginas, uso de técnicas de animação, exploração dos limites das páginas virtuais). As versões digitais ganham um autonomia - como se fossem "outro trabalho" - em que NÃO são um mero documento digital, um parente pobre, do trabalho "analógico". Já o faz há imensos anos e já tinha chamado atenção para isso há alguns anos também... bof!
Mas já agora, é interessante que também no "mundo material" há vontade de dar outras leituras (por exemplo o GRR14: Karachi) ou este Baku & Back, em que os desenhos da viagem sucedem-se por ordem tal como a própria viagem tem uma direcção - pensando no livro, é o normal, o folheamento das páginas é feito da esquerda prá direita, claro. Ora para indicar o caminho inverso - de Baku para Zurique - é nos sugerido que se pode ver essa viagem de volta (daí o & Back...) vendo o mesmo livro na direcção contrária, folheando da direita para a esquerda - como os livros japoneses, por exemplo. Engenhoso e simples...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

B25



Para seguir o exemplo destas damas e cavalheiros é favor clicar na imagem

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mitras de 2008

O que começou por uma forma de fazer umas batotas para criar uma playlist de música no Myspace da Chili e aproveitando o jingle publicitário da Rádio Zero... acabou por ser um videoclip a relembrar o Furacão Mitra.
Aos interessados em ver outras experiencias de vídeo made by Zarzanga, é por aqui...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Xô Satanâs!



Hexerei ; Sanabra Enxebre (Latrina do Chifrudo; Dez'09)


E o Norte não pára de surpreender! Depois da música de André Coelho, lá vem ele com heresias publicadas no Glorioso formato do Zine A5 fotocopiado. Com o primeiro título cria um portfolio de ilustrações românticas, sturm und drang puro e duro, que poderá ser a delicia para fãs de Kevin Nowlan ou de João Maio Pinto. Desenhos de elmos, morcegos, caveiras e outras ossadas são acompanhas por legendas em alemão a identificar o objecto ou animal desenhado. Virtuoso para metaleiros. Não conspurqueis este Zine, ó resultado do Cristianismo e vítima da moda!
No Festival Matanças (em Dezembro na Casa Viva) foi lançado o segundo título em que podemos definir a publicação de “Fanzine Iconoclasta de Black Metal e de Adoração Intelectual ao Grande Chifrudo”. “Fanzine” porque o formato é mesmo a ideia “old-school” do zine, ou seja, um tema é tratado por fãs em que não faltam textos, ilustrações, bd, entrevistas a Músicos Iluminados e resenhas críticas a Música Satânica (que são ainda assim a parte mais divertida do fanzine mas já lá iremos). “Iconoclasta” porque os textos e gozo como se escreve, não é de um suburbano sem cérebro que curte Black Metal por causa das glândulas mamárias das sleeve-shirts dos Craddle of Filth – não senhor, quem escreve e desenha é intelectual pelo menos de Café do Diabo ou é artista com tomates, porque só alguém seria capaz de escrever um texto tão Haiku como «Que FODIDO!» referindo se ao disco Sub Templum dos Moss… ou ainda «Tanta merda só para isto? Chato, chato chato chato chato chato» acerca de Quantos Possunt Ad Satanitatem Trahunt dos Gorgoroth. "Black Metal" porque há Black Metal envolvido, ponto. E "Adoração bla bla bla" porque os textos embora com uma ironia e distanciamento de gozo aos clichés, dá "food for brain" o suficiente para temas para quem reconhece a Luz de Lúcifer na nossa triste vida mundana controlada pelos grunhos morais do Porco Nazareno.

Ah! o Rudolfo também participa e é entrevistado...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

PEQUENO'zines...


Correu «melhor do que estava à esperava» (como se costuma dizer) a primeira sessão de PEQUENO é bom! Não só de público e do interesse das pessoas, falo também das novas caras e novas edições que sairam de propósito para o evento. A excepção é Subir a montanha / Up the mountain (Café Royal Books; 2010) a propósito da exposição de Marta Monteiro na galeria Dama Aflita em Novembro do ano passado. Este título - como aliás, todos os outros - é um "graphzine", monográfico do trabalho de ilustração da autora, bem reproduzido com a impressão lazer. Um trabalho elegante que rapina um imaginário nostálgico do bem-estar burguês dos anos 50 juntamente com elementos surrealistas e fantasmagóricos apanágio de grande produção cultural e artística dos dias de hoje, como se todos procurassem um abrigo ou uma explicação porque essa promessa de bem-estar capitalista gerou a desorientação dos dias de hoje. Curiosamente até há vários estilos gráficos (como manifesto para uma exploração futura?) ao longo das 24 páginas A5, mostrando que Monteiro poderá fugir para outras temáticas no futuro.
Apesar de várias aproximações ao zine de Monteiro na questão técnica (zine impresso a lazer, formato A5, papel reciclado e desenhos a grafite), Jucifer trabalha num campeonato bem longe da nostalgia e de pretensas elegâncias do estilos. O novo título chama-se Techno Allah #0 (Blam Blam; Abr'10) e o título já diz que o século em que estamos é o século XXI. O zine reproduz uma série de desenhos feitos para o blogue da autora, todos eles à abrir, feitos em urgência de criação e na visão de um horror "non-sense" que pode ser visto como um "mash-up" do Shuehiro Maruo como da malta da Canicola. Num dos desenhos escreve: Vamos retro ou sempre em frente? Prefiro sempre em frente até ao embate mortal... Eu também prefiro isso! E mais, é o único zine que tem uma (mísera) página de bd!
Sou daquelas (Abr'10) de Sílvia Rodrigues também vive de Nostalgia mas esta da sua infância - e dos seus familiares. As ilustrações parecem exercícios de colagem de memórias - que são fotográficas como mostram as "guardas" deste zine impresso a lazer a cores em formato A6. Há sorrisos imortalizados pela e para a câmara fotográfica, figuras transformadas em enormes peluches e bonecada com um trago "vintage" - "vintage" esse português, e não o "vintage" norte-americano cliché que vários idiotas procuram. Sobretudo o registo documental do zine tem um efeito perturbante, lembra cores e ambientes de um passado em Portugal, que a mobília Ikea e lutadores de Wrestling irão apagar ao uniformisarem a paisagem e imaginação. Vale apena a Sílvia explorar esta vertente com mais coerência e afinco, até por Nostalgia por Nostalgia fede a mofo...
Por fim, Meteoro Imprevisivel (Paracetamol; Abr'10) junta desenhos de David Campos com textos de Nuno Marques em 40 clássicas páginas A5 preto e branco, experimentam as possibilidades de haver desenhos feitos para serem escritos textos à posteriori - invertendo o sentido da ilustração como Pedro Zamith fez num livro. Os desenhos variam entre os do livros de esboços mal-paridos e desenhos com ar "finalizado" mas os que se destacam mais são sempre os primeiros, a maior parte das vezes são pouco interessantes, próximos do cómico e do caricatural, e existem em maioria. Os textos aparecem tão confusos como as imagens, faltando um discurso próprio que se afaste mais das imagens, especialmente das mais manhosas... em compensação os desenhos "finalizados" são mesmo bons, longe de freakalhices e influências desnecessárias dos outros, e, (isto é curioso) a qualidade dos textos acompanham os dos desenhos. Vai melhorar no segundo volume?

à excepção do zine da Marta Monteiro, todos os outros zines podem ser pedidos à CCC - caso não queiram pedir directamente aos seus autores.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

PEQUENO É BOM encontros sobre edição independente (1ª sessão)


cartaz de José Feitor

PROGRAMA

- Fanzines: continuação da aventura por Daniel Seabra Lopes
- Exibição de excerto sobre fanzines da série de tv Ver BD (de Pedro Moura)
- Conferência de imprensa sobre a comemoração dos 10 anos da MMMNNNRRRG
- Feira de Fanzines

Alguns títulos disponíveis nesta sessão: vários da Chili Com Carne, Imprensa Canalha, MMMNNNRRRG e Opuntia Books, zines do Rudolfo, Dogma, Latrina do Chifrudo, Alçapão - zine de arquitectura dura, Cospe Aqui, Reject'zine, King Cat entre vários títulos estrangeiros vindos de França, Itália, Sérvia, Brasil, Bélgica, EUA, Inglaterra, Espanha, Suécia e Noruega.

Novidades:

Heron Rules de Massimiliano Bomba pela Opuntia Books

Meteoro imprevisível de David Campos e Nuno Marques, pela Paracetamol

Subir a Montanha de Marta Monteiro, editado pela Café Royal Books (Inglaterra)

Sou daquelas de Silvia Rodrigues

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organização: Chili Com Carne com o apoio do Centro Mário Dionísio

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Alice e That's why they call it crushes

A obra Alice's Adventures in Wonderland de Lewis Carroll tem sido objecto das mais variadas apropriações desde que foi editada em 1865. Foi também o mote para o primeiro fanzine lançado por Katty Bouthier no ano passado. Desiludam-se os que esperam uma abordagem mais ou menos convencional ao texto de Carroll. Ao longo de uma breve dezena de páginas, assistimos à depuração de Alice in Wonderland, reduzida ao seu esqueleto narrativo mínimo, restando apenas os elementos e personagens essenciais.

O mais recente That's why they call it crushes é um trabalho de muito maior fôlego. Neste novo fanzine Katty Bouthier explora o universo pessoal de forma muito consistente. A autora utiliza apenas as páginas ímpares, onde intercala uma página com um pequeno texto em inglês seguido de uma página com uma ilustração de um rosto que teima em olhar-nos fixamente. Neste trabalho, desfiam-se em tom de desabafo, as palavras que ficaram por dizer, a ambição e as dúvidas, os desencontros amorosos e por fim a incerteza de sobreviver a um coração despedaçado.

Dois novos fanzines muito interessantes, sendo notável a evolução registada no That's why they call it crushes, que me fazem aguardar com muita curiosidade as novas edições, prometidas para breve, desta jovem autora a estudar no Porto.
Contacto: kattybouthier@gmail.com