Este zine está mais volumoso e completa o seu ciclo de cores CMYK para as capas. A capa deste número é negra, talvez do tipo funeral porque abandonou as colagens loucas dos primeiros números e entregou-se mais às bd humorísticas, que são o género principal na produção brasileira e que tem dado o mote a estes "posts" (vejam os anteriores). Perdeu um bocado o interesse assim... embora as bd's de Gabriel Mesquita, Guido Imbroisi e Gabriel Góes (curiosamente todos eles colaboraram no recém-premiado Seitan Seitan Scum) fazem a diferença ao resto do material. Falta a experimentação gráfica que os números anteriores tinham...
Espero que não seja o primeiro prego para o caixão!
Espero que não seja o primeiro prego para o caixão!
Curiosamente outro bicho que se destaca no último Prego com um suplemento A5, é Diego Gerlach que também apareceu no pacote que recebemos com 4 números do seu zine fotocopiado Pinacoderal da Parahyba (2009-10). Trata-se de uma bd surrealista "work-in-progress" que tem como tradição as deambulações feitas pelo Moebius - por ser uma bd em regime de escrita automática. O ponto de chegada é outro embora não se saiba muito bem qual é - não deve ser lido como algo negativo! O desenho tem vindo a refinar-se, não há piadinhas (ou pelo menos não consegui descobrir) e sabe-se lá que monstro sairá daqui. A acompanhar sob a máxima atenção de um "bongo-scope"!
Com o primeiro número de Peiote (Macacos Humanos; 2009) fico a pensar que a última coisa que chegou ao Brasil relativamente a bd de autor foi o Moebius... ou ainda o Richard Corben. As influências são óbvias - os resultados bem menores com a excepção para Law Tissot, velho da cena e como tal com maturidade para estar fora do resto da pandilha. Também é lhe realizada uma entrevista. Bem impressa e luxuosa, o pessoal da revista bem que precisa de tomar a substância que dá título à publicação. A Quase #12 (Out'09) quase tem piada... se não têm é porque exagera em textos de humor-retrete-forward, algumas bd's beisteirol-cliché... No momento ou noutro tem piada - como a fotonovela do retardado que é violado por bonecos insufláveis - mas o aspecto geral da publicação dá vontade fugir...
Por fim, um sabor contemporâneo... A Comadre do Zé (Graffiti 76; 2009) de Luciano Irrthum é um livro de bd, que podia ter sido desenhado por um francês alternativo dos anos 90 mas não é, é por um brasileiro dos anos 90. É uma estória de fadas do sertão brasileiro em que o "cumpadre" Zé ganha uma amiga chamada Morte... Graficamente pode ser julgado como um cruzamento entre Pedro Zamith e o Kapreles, não deixando de ser melhor ou pior por isso. Este livro faz parte de uma "nova tendência" no Brasil de editar autores em formato livro, sendo este título incluído na colecção "100% Quadrinhos" de onde já tinha saído um livro do Guazzelli. Por fim, a antologia Favo de Fel (2009) é composta por 160 páginas A5, um bocado mal impressas e coladas numa capa vermelho-revolução, e embalada ainda numa caixa de cartão. O interior é que desilude, como sempre com bd's piadolas brasileiras, o que safa acabam por ser os estrangeiros como a portuguesa Teresa Câmara Pestana, o sérvio Aleksandar Zogra, o italiano 81-85,... mete o Brasil nas rotas das antologias internacionais. É uma primeira tentativa...
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