B Fachada : Há festa na Moradia (Mbari; 2010)
Tiago Lacrau : O Inverno Desinspirado do Rapaz do Sul do Céu (Um Disco Pronto e Sincero; 2011)
Não importa se és marxista ou de Marte, se és Punk ou Designer... é preciso ter pica e não ter medo de arriscar para fazer "coisas". Eis dois exemplos de pessoas que não conseguem estar quietas, dividindo um historial mais ou menos comum estão agora em pontos equidistantes.
Ambos fizeram parte da euforia FlorCaveira e na descoberta mediática e pública dos “cantautores” dos últimos anos. B Fachada começou pela estrutura FlorCaveira, não era cristão, era aliás o "primeiro pagão" nas fileiras da editora / colectivo. Fazia parte da estratégia da FlorCaveira em apostar na linha do "cantautorismo" abandonando lentamente os projectos Punk e Grindcore do passado. "B" fez/faz furor e há muito que edita por outros lados. As suas letras de puto blasé e a voz de sub-Zappa meio canino irritam pessoas sábias como eu. Tiago Lacrau (ou Guillul ou Cavaco) foi a peça principal da FlorCaveira e da incontornável popularidade destes "cantautorismos", tendo desenterrado criaturas como o Jorge Cruz, aproximado este tipo de artistas à estrutura para dar força a um movimento que conseguiu temporariamente expurgar-nos a lembrança de atentados nacionais como David Fonseca ou Old Jerusalem. Para além de militante e activista, mostrou ser um exímio produtor “lo-fi”, alguém com uma natural apetência para gravar Pop seja no quarto seja num estúdio luxuoso. Admite que não tem perfil para ser artista Pop, desistiu o ano passado de dar concertos e até da FlorCaveira que criou e desenvolveu.
O "Pagão B" quer viver da música e vive para ela, editando e dando concertos com regularidade. O "Protestante T" tem mais que fazer do que lidar com o mundo parvo da "indústria da música Pop" mas também vive de forma epidérmica para a música, tanto que dogmaticamente o seu “panque” e o seu cristianismo (que se intersectam ou se completam mesmo que sejam ideologicamente opostos) não o deixam ficar pelas regras do jogo instituído. “T” precisa de fazer coisas sempre com novas regras - as suas regras - e isso é que faz dele um artista, mesmo que nos arrepie o seu relacionamento espiritual com o cristianismo. Um artista concretiza a sua visão sobre o mundo, mesmo que tenha de pagar por essas escolhas, podendo ter como consequências o vedamento da difusão da obra, irritações no seio da comunidade, constrangimentos económicos, etc...
"B" e "T" tem usado as potencialidades de misturar música realmente tocada (por instrumentos e voz) com “loops” / “samplers” sacados aqui e acolá, e estes dois discos são novos frutos dessas explorações. No caso do "B" ainda não percebi o que se passa, são várias pessoas a acharem este disco um dos mais importantes da MMP dos últimos anos (?!). Se for então também pode levar o título da Pior Capa de Sempre bem como a pior "Font" Possível de Escolher. Eu que adoro vinis de 10" tenho vergonha de ter este disco na minha colecção - mantenho-o por respeito ao Camarada Fom-Fom que me o ofereceu no Natal. Porque raios gastaram tanto dinheiro num objecto tão feio? E depois o som está todo lixado, juro que pela primeira vez que acho que a versão digital de uma música é melhor que em vinil. Também não percebo porque nos vários sites se fala em "música de intervenção" de "B". Que eu saiba na minha terra, "crítica de costumes" não é "música de intervenção", e é isso que "B" sabe fazer (e bem): crítica de costumes tal como toda a Pop portuguesa está bem recheada disso (António Variações, G.N.R. ou Repórter Estrábico, para dar os melhores exemplos). O "Loop Pop" de "B" tem interesse, é um bocado repetitivo mas bem seleccionado o rapinanço sonoro. É também uma boa forma de sair do saco do "cantautorismo" que já ninguém aguenta.
"B" e "T" tem usado as potencialidades de misturar música realmente tocada (por instrumentos e voz) com “loops” / “samplers” sacados aqui e acolá, e estes dois discos são novos frutos dessas explorações. No caso do "B" ainda não percebi o que se passa, são várias pessoas a acharem este disco um dos mais importantes da MMP dos últimos anos (?!). Se for então também pode levar o título da Pior Capa de Sempre bem como a pior "Font" Possível de Escolher. Eu que adoro vinis de 10" tenho vergonha de ter este disco na minha colecção - mantenho-o por respeito ao Camarada Fom-Fom que me o ofereceu no Natal. Porque raios gastaram tanto dinheiro num objecto tão feio? E depois o som está todo lixado, juro que pela primeira vez que acho que a versão digital de uma música é melhor que em vinil. Também não percebo porque nos vários sites se fala em "música de intervenção" de "B". Que eu saiba na minha terra, "crítica de costumes" não é "música de intervenção", e é isso que "B" sabe fazer (e bem): crítica de costumes tal como toda a Pop portuguesa está bem recheada disso (António Variações, G.N.R. ou Repórter Estrábico, para dar os melhores exemplos). O "Loop Pop" de "B" tem interesse, é um bocado repetitivo mas bem seleccionado o rapinanço sonoro. É também uma boa forma de sair do saco do "cantautorismo" que já ninguém aguenta.
"T" seja Guillul seja Lacrau já andava a fazer umas brincadeiras giras com "loops" de músicas evangélicas mas agora foi “samplar” o «satanismo soft-teen» dos Slayer!!! Isto poderá ser um choque para quem o vê como um Pastor Pop catita e esqueceu-se dos seus momentos agressivos de Borboletas Borbulhas, verdadeiro Hardcore de Jesus! Para fãs do “cultural jamming” (aqui invertido) há muito que esperava este regresso paradoxal de cristandade com xungaria metaleira, criando mais um exótico produto cultural. “T” decidiu deixar a promissora carreira de Estrela Pop para voltar com um CD-R em verdadeiro espírito DIY, com aquele prazer de fazer as coisas com as mãos e com o coração virado para o mundo: gravação caseira, sem masterização (acho bem, masterização é para pussies!), 333 exemplares de CD-R's gravados e numerados, capa em fotocópia a preto e branco,... como um verdadeiro punk ou metaleiro dos anos 90! Samplou um álbum inteiro dos seminais Slayer, South of Heaven (Def Jam; 1988), recriando-o faixa a faixa com novas adendas cristãs porque ele não percebe porque os Satânicos têm direito a melhor música que os Cristãos – a resposta é simples mas pelos visto “T” não sabe. O disco é um álbum conceptual em que emerge um enorme Sermão Pop-Metal desvairado. No futuro (ou agora no presente) ainda vão perguntar se estamos perante um génio ou um doido varrido! “T” até pode pregar o Nazismo que eu nem quero saber, qualquer gajo que consegue misturar Slayer com Raul Indipwo merece "respect bro!" - ainda o convido para pôr música numa sessão de unDJ MMMNNNRRRG!
"T" pode pregar as suas ofensas ao Grande Bode e os seus seguidores, que nós o perdoamos pela forma baralhada como o artista se encontra! Há uma percentagem de gajos assim, são poucos mesmo quando se chamam Horde, que pensam que estão a usar o Metal para converter os ímpios. Mas estes valiosos guerreiros de Cristo já estão perdidos nas garras manhosas e musicais de Lúcifer - Diabolus in musica. Tal como o disco de “B” este disco de “T” é um disco falhado mas por outras razões, tenta ser programático («este disco não é sobre música mas sobre o evangelho») mas o humor vai aparecendo e subvertendo o disco como um Eminem – e claro, Satananás ri-se lá nas adegas do Inferno! Humor é inteligência, inteligência é a luz de Lúcifer, será que o “T” agora percebe porque a música “satânica” é melhor? Baralhado com esse humor / inteligência / luz ainda goza na última faixa com a treta da cena Mod lisboeta – o que é uma cereja no topo deste bolo oferecido aos amigos do artista no passado Dia de S. Valetim. Assim sim, vale a pena ter amigos artistas!
o b fachada não começou pela florcaveira. começou pela merzbau onde deixou 3 eps que valem bem a pena.
ResponderEliminarhttp://www.merzbau-label.org/merz0033_pt.htm
http://www.merzbau-label.org/merz0032_pt.htm
http://www.merzbau-label.org/merz0023_pt.htm